27/09/2021

Consequências de uma Educação com Jugo diferente

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente– www.wolmer.pro.br

 

Uma sociedade é o reflexo de sua educação, desta forma, esta educação para projetar uma sociedade mais equitativa e humanista, precisa de um mesmo jugo.

Para quem não sabe, jugo é uma peça de madeira usada para atrelar bois a carroça ou arado, e estes bois ficam um de cada lado para puxar a carga. Quando o jugo é desigual, um boi fará mais esforço que o outro afetando assim a produtividade e dificultando o trabalho bem como a sua qualidade.

Obviamente este parágrafo trata-se de uma analogia, já que a educação nos livra de ser gado de manobra, embora na atual conjuntura política, os 24% que ainda aprovam as estultices de nosso governo (que aumentou a miséria de seu povo[1], acelerou a falência da ciência no Brasil e denegriu a imagem de nosso país no exterior) são chamados de gado.

Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, é enfático ao afirmar que Durkheim “centra-se na questão do consenso, perguntando como a ordem e a estabilidade são possíveis na sociedade e como a educação deverá se constituir como fator de desenvolvimento da solidariedade social, isto é, da coesão social”.

Com estas falas pode-se perceber que uma das funções da educação é justamente esta coesão social, ou seja, desenvolver o lado humano da sociedade para que esta se abstenha das barbáries e das indiferenças, embora estejamos em uma realidade em que se faz apologia ao ódio, a intolerância, ao negacionismo e ao descaso com o povo brasileiro.

Aranha em seu livro História da Educação, publicado pela Moderna em 2000 ressalta o trabalho de grandes educadores que foram desbravadores de uma educação mais crítica, incentivando alunos a se tornarem aprendizes ativos, íntegros, curiosos, criativos e críticos.

Estes educadores ficaram conhecidos como Educadores da escola nova, introduzindo assim um “pensamento liberal democrático, defendendo a escola pública para todos, a fim de se alcançar uma sociedade igualitária e sem privilégios”.

Vale salientar que a escola nova foi um movimento de educadores europeus e norte-americanos, cuja organização ocorreu no final do século XIX e se baseou nas idéias de Jean-Jacques Rousseau, Heinrich Pestalozzi, John Dewey e Freidrich Fröebel, e encontrou um terreno fértil em nosso país tendo como ativistas personagens como Rui Barbosa, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Cecília Meireles, Armanda Álvaro Alberto, Anísio Teixeira, dentre outros de mesmo renome.

Interessante perceber a atenção à individualidade de cada aluno, Incentivo à reflexão, à observação e ao pensamento crítico o que para muitos educadores têm sido colocado a margem estes princípios.

A verdadeira educação deve “servir não aos interesses de classes, mas aos interesses do indivíduo, e que se funda sobre o princípio da vinculação da escola com o meio social”[2].

Assim como o jugo tem que ter a mesma proporção, a educação também. É inconcebível uma educação antagonista, ou seja, para o povo uma educação sucateada e alienadora que compromete a sua qualidade e para uma minoria elitizada, uma educação de qualidade.

 


[1] https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/06/24/aprovacao-do-governo-bolsonaro-cai-para-23percent-e-reprovacao-sobe-para-50percent-aponta-pesquisa-ipec.ghtml

https://brasil.elpais.com/brasil/2020-07-13/imagem-do-brasil-derrete-no-exterior-e-salienta-crise-etica-e-de-falencia-de-gestao-com-bolsonaro.html

[2]Para mais informações, vide:

MENEZES, Ebenezer Takuno de. Verbete Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2001. Disponível em <https://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da-educacao-nova/>. Acesso em 27 set 2021.

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