Conscientização do Autismo e suas Barbáries
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
O mês de abril é considerado o mês da consciência autista, que teve como o dia 2, o Dia Mundial do Autismo.
Este mês tem como objetivo envolver toda sociedade nas causas de combate ao preconceito e a desinformação quanto ao Transtorno do Espectro Autista fazendo com que os envolvidos fiquem mais conscientes.
Abril foi um mês que marcou o país seja pelo bullying ou pelas imbecilidades ditas por um parlamentar de caráter duvidoso e que por meio de sua fala, externalizou toda sua ignorância em relação ao tema aqui proposto.
Quanto ao primeiro caso, infelizmente era uma situação que poderia ter sido evitado se a “escola” tivesse tomado a postura e reprimisse qualquer ato de violência, seja ela física e/ou psicológica e se os familiares dos agressores de Carlos Gomes, de 13 anos, tivessem educado corretamente seus filhos, já que o bullying não passa de um tratamento repetitivo e intencional de agressão física, verbal ou psicológica que tem como marco um desequilíbrio de poder e que tem o intuito de humilhar e/ou prejudicar a outra pessoa e cabe aqui ressaltar que atitude assim é um reflexo da criação que a criança recebe de seus responsáveis.
Isto implica em dizer que os pais são culpados pelos comportamentos de seus filhos, pela permissividade e também pela omissão, gerando assim em relação aos filhos gera pessoas inconsequentes, impulsivas e irresponsáveis, a ponto de banalizarem os comportamentos dos agressores do jovem Carlos Gomes, e que a justiça seja feita com todo o seu rigor.
Em relação ao segundo caso supracitado que aborda as estultices do vereador do Amapá[1], o agravante está em ele ser um formador de opinião e eleito por um povo que o tem como representante.
Imagine o perfil destas pessoas que votaram em alguém tão obtuso assim? Existe ainda um agravante neste parlamentar que é a acusação de estupro de vulnerável, porém o Ministério Público alegou que não houve indícios suficientes e emitiu parecer favorável ao arquivamento do processo, divergindo dos depoimentos da criança e dos profissionais de saúde que atenderam a vítima[2].
O vereador, no dia 18 de abril em sessão ocorrida questionou a possibilidade de evitar o nascimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) mediante uma “seleção genética”.
É sabido que parlamentares representam a sociedade, e infelizmente ela tem se demonstrado cada vez mais exclusivista, já que isso representa uma eugenia e explicita a falta de historicidade e a completa imbecilidade deste parlamentar.
Como pontuado no livro Educação uma questão de politizar, publicado pela Ícone em 2022, a falta do discernimento histórico é um agravante para os preconceitos, segregação e a desinformação.
Dando continuidade a obra supracitada, é afirmado por George Santayna, que "aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-los" ou Edmund Burke quando dizia que "aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la" e o que suscintamente o vereador propôs foi uma eugenia que caracterizou uma higienização do Brasil[3], que foi o último país a aderir a abolição e em 1920 ele foi considerado o país que teve o maior partido nazista do mundo fora da Alemanha.
Cabe ressaltar que o nazismo pregava a eugenia mostrando sem fundamentos científicos que existia uma raça superior as demais, e ela era a branca, e isso implicava na desvalorização do ser humano que não fizesse parte deste suposto universo contido pelos brancos.
A eugenia era um racismo disfarçado de ciência que buscava condições mais favoráveis para a evolução da espécie.
Para a época o Brasil acreditava no paradigma da normalidade, isto é, o diferente era visto como anormal, e desta forma o país afundou na lama do preconceito com pessoas com Necessidades Especiais e com suas referidas especificidades.
Assim sendo, este parlamentar tornou público o seu pensamento eugênico, segregador, preconceituoso e vil, implicando assim em uma limpeza social como se as pessoas com TEA fossem vistas como pessoas anormais.
O fato é que a sociedade ainda tem muito trabalho a fazer para derrubar este muro de imbecilidades e barbáries com bases profundas no preconceito e na ignorância, pontuando que realmente, a educação deve ser uma ação transformadora e inalienável para que passa a ser imprescindível uma melhor atenção a ela, já que será a única forma de transformar as pessoas para que não sejamos mais complacentes com os absurdos dissertados neste texto, outrossim, para o que o povo tenha discernimento na hora de escolher o seu representante em qualquer parlamento.
[1]https://selesnafes.com/2024/04/em-sessao-vereador-pergunta-se-existe-como-evitar-nascimento-de-pessoas-com-autismo/
[2]https://selesnafes.com/2024/04/em-sessao-vereador-pergunta-se-existe-como-evitar-nascimento-de-pessoas-com-autismo/
[3]Para mais informações vide https://www.youtube.com/watch?v=_0bvG177IXg