31/10/2019

Como Maestro

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            A educação tem um poder esclarecedor além de fomentar o conhecimento protagônico e crítico, dito isso, precisamos perceber a importância das escolhas de nossos representantes, já que estes deveriam ser esclarecidos, compromissados e com o lado humanista aflorado.

            Peguemos como exemplo o maestro de uma orquestra. O mesmo não executa o trecho de uma música com todos os instrumentos e com a mesma maestria dos músicos ali presente, porém, ele é capaz de reconhecer quando um profissional está em desacordo com a melodia e harmonia, e desta mesma forma é que tem que ser nossos representantes, em todos os níveis, sejam federal, estadual e/ou municipal.

            Tais representantes devem ser esclarecidos o suficiente para em primeira mão, saberem escolher uma boa equipe para dar total suporte, e esta mesma equipe tem que estar fundamentada sobre as bases do profissionalismo e da ética.

            Dito isso, pode-se perceber a importância em se ter uma educação protagônica cognoscente e não adestradora, já que está última não implica em transformação, implica em servidão e/ou apenas a resposta a um estímulo oferecido., como Pavlov fazia com suas galinhas dançantes.

            Obviamente o conhecimento oferecido não precisa necessariamente ser um conhecimento formal, mas a força de vontade, autonomia, iniciativa são pré-requisitos para se disciplinar em buscar desvendar o desconhecido e aprender. Assim sendo, podemos ter na leitura a condição de um educar não formal.

            O hábito de leitura dá condições para que o indivíduo se torne conhecedor de certos assuntos. Todavia, este ato infelizmente não é algo cultural em nosso país, o que é corroborado na pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro e divulgada na 4ª edição dos “Retratos da Leitura no Brasil” desenvolvida em março de 2016, afirmando que o brasileiro lê em média apenas 2,43 livros por ano. A mesma pesquisa ressalta que 30% da população nunca comprou um livro.

            Temos hoje vários caminhos para a busca do saber, mas entre saber e fazer é necessário que haja uma convergência, ou seja, o saber tem que implicar em um fazer para que mudanças positivas ocorram.

            É ímpar conviver com pessoas cultas e até mesmo ricas em erudição, mas a erudição é algo visto de forma equivocada desde o século II, pois já afirmavam Burke e Ornstein no livro O Presente do Fazedor de Machados – Os dois gumes da história da cultura humana, publicado pela Bertrand Brasil em 1998, que quando os pensadores gnósticos do século citado propuseram um caminho para a salvação através da erudição e do autoconhecimento, seus livros foram queimados e eles próprios proscritos pela detentora do conhecimento antigamente que era a Igreja que usava deste poder como estratégia de corte-e-controle.

            Alguns representantes conseguem desvendar o próprio véu da hipocrisia em um simples falar recheado de preconceito, falta de conhecimento, agressividade verbal e total falta de argumento, e nós ainda não aprendemos a que seja educação formal ou não, ela é o que nos diferencia das verdadeiras bestas.

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