Como engajar os pais na educação de seus filhos?
No ano passado, a Fundação Lemann realizou uma pesquisa, em parceria com a Omidyar Network e a IDEO, para entender como podemos evoluir em direção a uma sociedade totalmente engajada com a educação. Foram ouvidos especialistas, pais e alunos e o resultado, divulgado essa semana, não deixou dúvidas: primeiramente, os pais devem estar engajados com a educação de seus próprios filhos, para então começarem a se envolver com as escolas e assim com o tema educação de maneira mais ampla.
Partindo desse entendimento, a fundação abriu uma chamada para projetos e empreendedores com o objetivo de encontrar um parceiro para o desenvolvimento de soluções que estimulem o engajamento de pais na educação de seus filhos fora do ambiente escolar
As inscrições estão abertas até o dia 17 deste mês e devem cumprir cinco princípios mandatórios: a solução deve ser simples e intuitiva, permitindo uso autônomo dos pais; deve ter como foco alavancar o apoio dos pais na educação dos filhos fora do ambiente escolar; deve oferecer um canal de comunicação direto com os pais para o envio de sugestões de atividades a serem realizadas com seus filhos; tem que possibilitar o feedback dos pais e o compartilhamento de experiências; e deve prever um banco de dados de recursos para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Esse último item é fundamentado pela relação do desenvolvimento dessas competências com uma significativa melhora no aprendizado cognitivo. O Porvir abordou amplamente o tema em um material especial sobre as habilidades sociemocionais e como preparar os alunos de hoje para o século 21.
Lucas Machado, coordenador de projetos da Fundação Lemann, destaca pontos interessantes que apareceram no levantamento: “Surgiram vários aprendizados como, por exemplo, que a grande maioria dos pais não se sente confortável em ajudar os filhos a estudar assuntos que são próprios da escola, de matemática, português, história ou qualquer tema de conhecimento cognitivo. Preferem trabalhar com educação em casa quando são atividades que desenvolvem habilidades como resiliência, curiosidade e persistência”.
O estudo mostra que os pais não se sentem qualificados e preparados para ajudar os filhos com conteúdos escolares, e assim, colocam nos professores a responsabilidade direta pela qualidade da educação oferecida e pelo desempenho acadêmico.
Protótipo
Ao final da pesquisa, foi realizado um experimento com 16 famílias que receberam, durante uma semana, de duas a três mensagens de texto no celular com sugestões de atividades para realizar, em casa, com seus filhos. Também foi criado um grupo no Facebook para que eles pudessem trocar e compartilhar suas experiências.
“Eram sugestões com propostas do tipo: vamos desenhar um mapa da nossa vizinhança e entender o caminho que fazemos para chegar na escola”, exemplifica Machado. Segundo ele, o retorno deste primeiro teste foi bastante positivo pois os pais disseram se sentir mais preparados e estimulados a realizar as atividades com os filhos. “Eles se sentiram capazes e disseram que poderiam fazer isso com mais frequência se tivessem um maior entendimento do tipo de coisas eles poderiam fazer”.
O projeto selecionado para desenvolver a solução receberá um investimento financeiro de até R$ 300 mil, contato com especialistas em educação e parceria com escolas públicas para testes e validação do produto. Mais informações podem ser encontradas na página do edital: http://www.fundacaolemann.org.br/engajamentodepaisnaeducacao/
PORVIR