Com doação de José Mindlin, USP terá maior coleção brasiliana do mundo
Por Cristiane Capuchinho
Em 1927, José Mindlin iniciou sua incessante busca por livros. E após uma longa carreira como bibliófilo, o empresário reuniu o admirável marca de mais de 40 mil títulos em seu acervo pessoal, sendo grande parte dele feito de obras raras. De forma significativa, o editor sempre manteve o interesse por obras de estudos brasileiros, as chamadas brasilianas. Em 1999, Mindlin decidiu fazer a doação em vida desta parte de seu acervo para a Universidade de São Paulo.
Na “Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin”, os visitantes poderão encontrar obras e documentos de cinco séculos de Brasil. Entre elas, raridades como um exemplar da primeira edição de O Guarany, de José de Alencar. Esta doação, em conjunto com as obras já pertencentes à USP, formam o maior acervo especializado em estudos brasileiros do mundo.
Preocupado com a perenidade e com o acesso do maior número possível de pessoas, Mindlin escolheu a universidade como receptora da coleção que precisou de uma vida para constituir. “Esta é uma coleção que eu formei em 78 anos e não pode se dispersar. Para refazê-la seria quase impossível, pois ela forma um conjunto indivisível”, explica o bibliófilo responsável por “uma doação sem preço, uma fonte extraordinária de pesquisa e de estudo pela qual nunca conseguiremos agradecer”, nas palavras do bibliotecário e diretor da Escola de Comunicação e Artes, Luís Milanesi.
Para guardar a doação, a USP deve construir um prédio de 10 mil metros quadrados, que também armazenará o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros, mantenedor atual da coleção brasiliana da USP. Segundo Antônio Aguirra Massola, da Coordenadoria de Espaço Físico da USP, o projeto está em sua fase básica complementar, precedente da etapa executiva. “A estimativa é que este esteja pronto em 40 dias e se dê início às reuniões com possíveis patrocinadores para que possamos arregimentar recursos para sua construção”, explica o professor.