Ciências Humanas e a Criticidade
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
A sociedade é reflexo de sua educação e na atual conjuntura dá para perceber em que pé estamos, pois falar nesciedades é algo comum em nosso governo, mas ecoar estas imbecilidades é a prova de quão precisamos trabalhar a educação de nosso país.
“Para destruir qualquer nação não é necessário usar bombas atômicas ou mísseis de longo alcance. Basta apenas reduzir a qualidade da educação [...] O colapso da Educação é o colapso da Nação[1]."
Com as falas acima, podemos perceber que nossa nação está em colapso, pois apesar de estarmos sendo representados por um governo negativista, iletrado, desinformado, inculto e manipulador, todavia, a sociedade não precisa ecoar suas imbecilidades, pois quando tal ação ocorre, ressalta que a pessoa que assim faz é tão néscio quanto o seu governo, e quando esta pessoa tem uma formação acadêmica, coloca-se em dúvida a legitimidade de sua formação. e/ou ressalta o seu pífio aproveitamento.
Todos sabem que disciplinas como sociologia, filosofia, história, ética, geografia dentre outras ligadas a Ciências Humanas, fazem os educandos pensarem de forma mais crítica e questionarem o Status Quo, já que a educação deve trilhar pela seara da liberdade e criticidade.
Triste saber que os meios de comunicação deveriam resguardar a educação de qualidade fazendo uso de seus canais para fomentarem sempre uma discussão que agregue conteúdo à educação e que alavanque a nação, todavia, encontramos extremistas em suas imbecilidades a pregarem suas verborréias para um público que pode não ter o discernimento em perceber a estultices ditas por estes representantes como foi o caso ocorrido no jornal das seis da 96 FM no dia 19 de novembro do corrido ano.
O locutor, que não interessa citar o nome, busca sua popularidade falando coisas desconexas e/ou verdadeiros absurdos como: professores estarem recebendo sem trabalhar durante a pandemia e a sua última foi que traficante não é o maior perigo para nossas crianças e sim professores de ética, história e geografia.
Como uma pessoa formada em direito e jornalismo é capaz de falar idiotices assim? De acordo com Aldemira do Rosário Santos[2] a ética, disciplina criticada pelo mesmo, é oferecida nos cursos de direito, começando pelo “estudo da Ética e Ética Jurídica para a formação do profissional de Direito”.
Para a autora, a ausência da Ética reflete no desrespeito ao próximo, aumento da violência e perda dos valores morais, sendo assim, pode-se perceber a extrema ignorância deste cidadão, que apesar de suas formação, falta-lhe discernimento para compreender a importância da ética na vida de qualquer pessoa, já que esta palavra é oriunda do grego “ethos” cujo significado é caráter de conduta.
Agora percebendo a importância da ética, vejamos também a importância da história na vida do educando. Segundo Zang e Klein[3], o ensino de História surgiu na Europa, nos fins do século XIX e continua até hoje desempenhando um papel de suma relevância na formação e preparação dos sujeitos para a vida social.
De acordo com os autores supracitados, o ensino desta disciplina auxilia na construção da democracia e da cidadania, além de “valorizar a problematização, a análise e a crítica da realidade” já que todos somos sujeitos históricos do cotidiano.
O ensino da Geografia, segundo Machado[4], auxilia o aluno a desenvolver o senso crítico, político e social, tornando-o um indivíduo reflexivo e conhecedor do espaço em que convive.
Quanto ao ensino de sociologia, segundo Chinoy em seu livro Sociedade: Uma introdução à sociologia, publicado pela Cultrix em 2006, possui duplo valor, ele pode “acrescentar o conhecimento que tem o homem de si mesmo e da sua sociedade, e pode contribuir para soluções de problemas que ele enfrenta, realizando e conservando a espécie de sociedade em que ele espera viver”.
Em relação a Filosofia, sabendo que sua origem diz respeito a sabedoria, este ensino busca desenvolver e impulsionar nossos alunos ao conhecimento, dito isso, as autoras Barcelos, Campos e Lima (2021)[5] complementam ao afirmar que a “Filosofia é uma forma de ver e compreender o mundo” e isso implica em uma forma de “reflexão sobre a gênese e razão de ser das coisas”.
O ensino de Filosofia tem que provocar a “reflexão, o exercício do pensamento, e o pensamento crítico”, assim sendo, observe o absurdo dito no jornal das seis da 96 FM, retrata apenas a imbecilidade de nosso personagem bem como a cumplicidade desta mídia em permitir tal absurdo.
Enfim, disciplinas voltadas para Ciências Humanas são essenciais para que nossos educandos não sejam aliciados por traficantes que para este indivíduo extremista em sua imbecilidade, faz menos mal do que professores destas disciplinas.
Que possamos desenvolver em nossos educandos discernimento para banir por completo pensamentos como o desta pessoa e muitas outras que usam e/ou ecoam discursos de ódios, negacionistas e infundados como este.
[1] Mensagem afixada no portão de entrada de uma Universidade da África do Sul)
[2] https://jus.com.br/artigos/34868/etica-juridica
[3] ZANG Mayara Santos; KLEIN, Marcos Rovian. A Discplina de História e sua Contribuição para a Construção da Cidadania. XI Seminário de Estudos Históricos: “A democracia ainda é a questão: Reflexões sobre a ditadura civil –militar e a Comissão Nacional da Verdade. 16 a 19 de setembro. 2013. Disponível em: < http://www.feevale.br/Comum/midias/1d2ad780-bc38-42c2-b7d8-7056e43257f9/A%20DISCPLINA%20DE%20HIST%C3%93RIA%20E%20SUA%20CONTRIBUI%C3%87%C3%83O%20PARA%20A%20CONSTRU%C3%87%C3%83O%20DA%20CIDADANIA.pdf>
[4] MACHADO, Gabriel de Brito. A Importância da Geografia na Formação do Aluno. Disponível em: < https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_gb_s.a_2.0.pdf>
[5] BARCELOS, Simone de Magalhães Vieira; CAMPOS, Gabriella Eduarda Costa; LIMA, Maria Vitória da Silva. Importância da Filosofia na educação básica e na universidade. Ensino em Perspectivas,Fortaleza, v. 2, n. 4, p. 1-8, 2021. Disponível em: <https://revistas.uece.br/index.php/ensinoemperspectivas/article/view/6215/5696>