Celular e a Nova Caverna de Platão
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
No livro escrito por mim, intitulado Educação: uma questão de politizar, publicado pela Ícone 2022, é relatado que o conhecimento para se tornar algo empoderador, necessita ser aplicado para transformar o contexto de quem o detém.
Hodiernamente, com o avanço da Tecnologia da Informação e Comunicação, principalmente o uso abusivo de celulares, o mito da caverna de Platão passa a ter outro foco.
Este texto nos dá a sensação de que ainda estamos vivendo este mito, já que nos encontramos na escuridão da ignorância e muitos sequer conseguem acreditar nas verdades contadas por quem saiu desta caverna.
As pessoas querem acreditar nas suas próprias verdades, isto é, se uma falácia é replicada e isso convergir com sua errônea forma de pensar, ele ecoará esta estultice como uma verdade inquestionável e todos sabemos que toda verdade tem que ser questionada, já que somos conhecedores da incompletude do conhecimento.
O mau uso do celular fez com que as pessoas, principalmente os jovens adentrassem novamente nessa caverna acorrentados em seus preconceitos, fakenews, falácias e muitas imbecilidades que os fazem enxergar apenas o que lhes convém.
Não querem vislumbrar a maravilha em ler um livro, em sua magia e encantamento, em seu poder de transformação, enfim, estas pessoas perdem justamente as suas individualidades engrossando cada vez mais as normas coletivas que ditam as regras com o intuito de efetivar cada vez mais a docilização e em concomitância, a massa de manobra.
E um pensar mais crítico, que divirja do que foi replicado erroneamente, é considerado uma mentira, impondo assim uma inversão de valores éticos e morais.
Para estas pessoas que pensam assim, a ignorância é reconfortante, e pelo mau uso do celular, elas buscam aumentar cada vez mais o seu contingente, para ecoar mais longe as estultices.
Como visto no texto o poder do livro no combate a demência digital, publicado pela Revista Gestão Universitária em janeiro de 2024[1] o uso exacerbado dos celulares na infância e adolescência tem implicado em uma demência digital que incide na redução das habilidades cognitivas devido ao demasiado uso de smartphones, videogames e computadores.
Tais usos tem sido um grande empecilho para que a criança e/ou adolescente consiga manter a atenção na sala de aula e principalmente no hábito de leitura, e quando o aluno se abstém da leitura, ele se subtrai da imaginação, da criatividade, do enriquecimento de seu vocabulário e da construção de seu conhecimento de forma autônoma e critica.
Obvio que o celular não deve ser proibido, mas pode ser usado como um suporte na educação, uma ferramenta enriquecedora e uma maneira de se sair da caverna de Platão.
[1]http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/o-poder-do-livro-no-combate-a-demencia-digital