05/07/2017

Burocratização da escola!

 

Nilton Bruno Tomelin

A grande maioria das pessoas convive de forma indireta com a escola. São alunos, pais de alunos, amigos de alunos, professores, amigos de professores, ex-alunos que frequentemente se deparam com situações críticas de inabilidade de crianças, jovens e adultos em realizar atividade que exigem uma mínima capacidade de raciocínio. Mais do que não saber efetuar certas operações, conjugar determinados verbos, há uma carência de pensar. Há uma escola burocrática, cumpridora de tarefas, de programações que se repetem à décadas, apenas decoradas com adornos (métodos) que disfarçadamente burocratizam a escola.

Uma escola burocrata renuncia a luta pela emancipação de seus alunos, opõe-se a qualquer manifestação de liberdade que visivelmente ameace a autoridade construída sobre arrogância de instituição detentora da verdade. Pode-se dizer que esta escola cerca-se de um poder invisível da domesticação alienante e de burocratização da mente. Crianças e jovens são treinados à exercer tarefas, torna-se um bom trabalhador, não um bom profissional ou um bom cidadão.

A escola burocrata não provoca o pensamento, apenas treina corpos portadores de uma mente cheia e dominada a cumprir determinadas funções. Produz-se uma multidão de anônimos que não constam na história, apenas nas estatísticas. São convencidos a autodemitir-se da condição de humana e demitir sua mente. Sujeitos que falam e agem como um robô, unindo-se a outros formando uma “massa de manobra”. A manobra é esperada e cuidadosamente executada por quem pensa e quem planeja a escola burocrata.

Há várias formas de se burocratizar a escola, e juntas a transformam num verdadeiro centro de adestramento. Vejamos! Estabeleça uma grade curricular que impeça qualquer sujeito, por mais criativo que seja, de sair daquele rol de conteúdos pré-estabelecidos. Em seguida submeta a gestão da escola à uma cartilha política que engesse todas as iniciativas de postura crítica contra a ordem estabelecida. Por fim imponha a concepção de que a escola deve ser neutra, “sem partido”, servindo apenas de depósito de conhecimentos que alguns arrogantes julgam ter e por isso emprestar em partes.

Uma escola burocrata costuma reprovar seus alunos por “aquele trabalho” que não foi entregue, por aquela prova ou até mesmo por alguma atitude de desafio que o aluno propôs a seu professor, afinal uma escola burocrata é também sistêmica, mecânica e autoritária. Se todas as tarefas não forem executadas conforme o manual (currículo) o produto final (aluno treinado) sairá deformado. Em hipótese alguma está se desmerecendo a necessidade de se avaliar o processo de aprendizagem, mas não apenas o aluno, como quer a escola burocrata e seus mentores.

O produto final então será entregue ao mercado (de trabalho) e será vendido conforme a relação entre oferta e procura. Corpos carregando mentes demitidas oferecem-se para executar tarefas e conforme as leis de mercado vão sendo consumidos e geram outros corpos que seguem para escolas que repetem estrategicamente suas atribuições formando novas gerações de bons trabalhadores inabilitados para a função de pensar!

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