Breve Histórico das Tendências Pedagógicas Brasileiras
Breve Histórico das Tendências Pedagógicas Brasileiras
CLARIDES HENRICH DE BARBA[1]
MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO[2]
RESUMO: Por meio desse artigo, pretendemos mostrar o que são e para que servem as Tendências Pedagógicas Brasileiras.
PALAVRAS-CHAVE: Escola. Aluno. Professor. Tendências Pedagógicas.
ABSTRACT: Through this article, we intend to show what they are and what are the Pedagogical Trends Brazilian.
KEY WORDS: School. Student. Teacher. Pedagogical Trends.
1 INTRODUÇÃO
Neste breve ensaio, pretendemos mostrar um breve panorama das Tendências Pedagógicas no Brasil.
Além disso, trataremos ainda de três tendências filosóficas que visam a explicitar a Educação Brasileira, e, de acordo com Gadotti (2006), são as seguintes: a Redentora, a Reprodutora e a Transformadora.
Assim, no subitem abaixo trataremos separadamente de cada uma dessas tendências.
2 TENDÊNCIAS FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
A primeira tendência a qual será mostrada é a Redentora que em consonância com Gadotti (20006), aponta a Educação como meio de manter a organização social e resgatá-la, quando for necessária, por isso, segundo Libâneo (1994), um dos maiores representantes dessa tendência é Comenius, educador checo, nascido em 28 de março de 1592, na cidade de Nivnitz, que fica localizada em Moravia, região da Europa Central, pertencendo ao Reino da Boêmia – antiga Tcheco Eslováquia.
Nesse contexto, para Comenius (1997), a Educação se prestaria para salvar os indivíduos, protegendo-os dos seus possíveis pecados, faltas.
Nesse sentido, ainda de acordo com Comenius (1997), a Educação deve reproduzir a sociedade e as ideologias presentes nessa sociedade.
Desse modo, a escola transmite a ideologia das classes dominantes e, ao invés de libertar, a escola aprisiona e reproduz as diferenças sociais, perpetuando a ideologia oriunda unicamente das classes dominantes, por isso, se a Educação seguir cegamente a Linha de Comenius (1997), deve-se deduzir que quem domina sempre dominará e, quem é dominado, sempre será dominado.
Já a Tendência Transformadora, em conformidade com Libâneo (1994), assinala a Educação como uma interação originada de um projeto social.
Desse jeito, a Tendência acima mostrada tenta intermediar as Tendências citadas anteriormente, ou seja, não postula que a Educação seja tão pujante quanto à Tendência Redentora, muito menos tão pessimista quanto à Tendência Reprodutora, por isso, em consonância com Gadotti (2006), os teóricos da Tendência Transformadora mostram que a Educação deve se embasar na História, tendo um papel ativo na sociedade.
Logo, embasado nas três linhas filosóficas anteriormente citadas é que aparecem as Tendências Pedagógicas Brasileiras.
Dessa forma, veremos no subitem três cada uma dessas Tendências Pedagógicas.
3 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS
A primeira Tendência que mostraremos é a Tendência chamada de Pedagogia Liberal.
Assim, de acordo com Libâneo (1994), essa Tendência apregoa a adaptação dos indivíduos aos valores e às reformas propaladas pela sociedade de classes por meio da evolução da cultura de cada indivíduo, por isso, é dividida nas seguintes Tendências: Tradicional, Tecnicista, Renovada Progressista e Tendência Diretiva.
Já a segunda Tendência: Pedagogia Progressista, segundo Gadotti (2006), visa à análise crítica do Capitalismo, embasando-se nas finalidades sociais e políticas que permeiam a Educação.
Suas Tendências são assim classificadas:
- Tendência Libertária : no que tange à relação professor/aluno – essa relação possui a seguinte característica: ambos envolvidos nesse processo têm poder de decisão e no que se refere ao método utilizado por essa tendência, ele é embasado na autossugestão, ou melhor, os conteúdos são colocados à disposição do aluno, mas, não são “cobrados”, pois, o interesse é que influencia nessa relação, ou seja, se o aluno tem interesse, ele aprende, senão fica sem aprender e, já que os conteúdos não são exigidos, parece que nessa tendência o aluno pode ser promovido sem nada saber. Além disso, o papel da escola na Tendência Libertária, em consonância com Luckesi (1994) é: valorizar a aprendizagem informal via grupo, já quanto à avalição, a forma de avaliar, ainda segundo Luckesi (1994), consiste em valorizar toda e qualquer tipo de produção feita pelo aluno e, ainda de acordo com Luckesi (1994), seus principais representantes são: Maurício Tragtenberg e Miguel Gonzáles Arroyo.
- Tendência Libertadora: nessa tendência, fica claro que a relação professor/aluno é embasada no processo dialógico, a saber, os seguidores dessa tendência acreditam que o diálogo propicia a transformação social, somente por e através dele, os sujeitos se transformam na sociedade, assumindo diversos papéis e funções, todavia, no que se refere à avaliação, ela visa ao desenvolvimento do censo crítico do discente, fazendo-o compreender as relações sociais entre os homens e as mulheres, culminando assim com uma reflexão absolutamente crítica da sociedade. Dessa forma, seus principais colaboradores, em conformidade com Luckesi (1994), são: Paulo Freire, Michel Labrot e Celestin Freinet, conhecido no mundo acadêmico, por apenas Freinet.
- Tendência Crítico-Social dos Conteúdos: de acordo com Libâneo (1994), nessa tendência, a relação professor/aluno se efetiva da seguinte forma: há troca de conhecimentos entre ambos e, quanto à metodologia, ainda em conformidade com Libâneo (1994), ela se dá na interação entre conteúdos e a realidade social que cerca tanto o professor, quanto o aluno, fundamentando-se no que Freire (1997) chama de valorizar a bagagem do aluno, ou seja, valorizar o que o aluno já conhece ou já sabe, o conhecimento que traz de casa e da comunidade onde está inserido. Contudo, quanto ao papel da escola, ela deve preparar o discente para entender, compreender, sobreviver no mundo adulto e as questões que cercam esse mundo, sendo contraditórias ou não essas questões e, no que concerne à avaliação, essa tendência trabalha com a questão da problematização dos conteúdos. Além disso, os principais teóricos dessa tendência, segundo Luckesi (1994), são: George Snyders e Demerval Saviani.
- Tendência Tradicional: no que se refere a relação entre professor/discente, o professor é o centro do ensino e da aprendizagem, ou seja, o professor é o agente central da Educação, ele “sabe tudo” e o aluno é considerado uma “tábula rasa”. Assim, o professor tem “o poder” de “condenar” ou “absolver”, aprovar ou reprovar, promover ou reter, em suma, o professor “tudo pode” e o aluno “nada pode”, só tem de obedecer.
- Tendência Tecnicista: nessa tendência, a relação professor/discente é alicerçada sobre funções bem definidas entre docentes e discentes. Já quanto ao método é embasado na transmissão/recepção de informações por parte de professores e alunos e, a função da escola também muito definida: moderadora – procura buscar o equilíbrio nas relações entre professores e alunos, ou melhor, visa a controlar o comportamento humano por meio de manuais fornecidos por especialistas, pretendendo ainda forma mão de obra qualificada para atuar na sociedade. E a avaliação é tida como verdadeira, inquestionável, pois, tudo o que se diz deve ser considerado como algo sólido, certo, preciso, objetivo e racional. Além disso, seus principais precursores, de acordo com Libâneo (1994), são Skinner, Brigss, Glaser, dentre outros.
- Tendência Renovada Progressista: também conhecida como Escola Nova ou Escolanovismo. Nessa tendência, a relação professor/aluno se dá seguinte forma: relacionamento equilibrado, apropriado e democrático. Já quanto ao método é embasado em pequenas descobertas e, a avaliação é qualitativa, os seus principais representantes, segundo Libâneo (1994), são: John Dewey e Franz Cizek.
- Tendência Não-Diretiva: a relação professor/aluno se estabelece da seguinte maneira: é embasada totalmente no aluno, o docente, de acordo com Luckesi (1994), é apenas um facilitador da aprendizagem e, a função da escola prima pelas atitudes dos alunos. Já o método consiste em sensibilizar os alunos para melhorar a relação interpessoal. Quanto à avaliação, trabalha-se com autoavaliação. E, o principal representante é Carl Rogers.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do exposto, nota-se que as escolas brasileiras e os atores nela envolvidos devem optar por uma das tendências anteriormente citadas, contudo, não podem descartar também as vantagens oferecidas pelas outras tendências no que tange ao aprimoramento da forma de avaliar e, do desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.
5 REFERÊNCIAS
COMENIUS. (Tradução Ivone Castilho Benedetti). [...] Didactica Magna. São Paulo, Martins Fontes: 1977.
FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a liberdade e outros escritos. 8ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra: 1982.
____________. Educação e mudança. 21ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra: 1997.
____________. Pedagogia do Oprimido. 18ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra: 1988.
GADOTTI, MOACIR. Pensamento Pedagógico Brasileiro. 8 ed. São Paulo, Ática: 2006.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, Cortez: 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo, Cortez Editora: São Paulo, 1994.