19/07/2017

Brasil: Da Democracia à Creptocracia

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Dizem que política, religião e futebol não se discutem, mas cabe aqui uma ressalva quanto à política, os demais temas, cabem apenas respeitar os credos e times.

            Porque se deve discutir política? Quais são os pré-requisitos para se discutir política?

            Primeiro, o povo brasileiro precisa perceber que não existe essa de que não gosto de política, pois a mesma se faz necessária em todas as instâncias de nossas vidas, seja no lar, na sociedade, entre amigos, enfim, tudo está ligado a política que nada mais é do que relação de poder e persuasão.

            Para começar, de acordo com Rios em seu livro Ética e Competência, publicado pela Editora Cortez em 1993, é enfatizado que não há vida social que não seja política e aí está um dos motivos para se discutir a política.

            Se não houver discussão sobre política, nosso pais se afundará ainda mais neste mar de corrupção e desmandos, com este governo usurpador e autoritário.

            Vivemos sob uma falsa democracia, com um governo corrupto e políticos tão sujos quanto nosso governo. São estes os verdadeiros Judas da sociedade, que se vendem comprometendo assim o sonho do povo brasileiro.

            É justamente por não discutirmos política que a situação está como está. Que este governo simplesmente usa o dinheiro público para poder barganhar ementas constitucionais e também invalidar processos que poderiam se voltar contra ele, apesar de todas as provas cabíveis, ou seja, isso reforça ainda mais que a justiça no Brasil é totalmente falha, valendo apenas para o povo que sangra a sua dignidade.

            Este nosso governo usurpador, abriu os cofres, diante de uma crise, para barganhar uma blindagem que custou R$ 156.000,000,00 (cento e cinquenta e seis milhões de Reais), e isso se deu justamente na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania - CCJ para que ele não seja julgado, ou seja, estes políticos que tiveram alguns milhões depositado em suas contas, votaram não para Comissão que examinaria denúncia de corrupção contra ele próprio.

            Pior, temos o Procurador Geral da República que defende esta politicagem suja dizendo que se trata de jogo político, mas o povo não sabe que este jogo político, extraiu dos cofres públicos R$ 4 bilhões em agrados políticos[1].

            Onde está a nossa tão sonhada democracia? Estamos diante de um governo autoritário que usa a máquina pública para se manter no poder, o que é relatado por Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007 quando esclarece que um governo é autoritário quando governa de acordo com os princípios estabelecidos por ele próprio ou apenas do grupo social que lhe dá sustentação política, ou seja, por estes judas que fazem do Brasil um paraíso para se propagar a Cleptocracia, palavra oriunda do grego que significa Estado governado por ladrões.

            Em um país que prevalece a Cleptocracia, não existe prioridade social, não existe área de interesse que reverta em benefício do povo, aliás, o povo é totalmente ignorado por estes creptocratas que se blindam para fazerem uso da improbidade administrativa.

            Por isso, estes Judas precisam de um povo alienado, por isso se faz necessário esta educação pública de péssima qualidade fazendo valer a sua reforma a qual teremos estudantes de escola pública como mão de obra barata, desvalorizada e descartada quando necessário embasada pela reforma trabalhista.

            Por isso, nós professores, precisamos ignorar estas falas idiotas não deixando ecoar uma escola sem partido. Uma escola nunca poderá ser neutra, pois toda educação é uma ação política e cabe a nós profissionais da educação, de acordo com Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, preparar bem nossas aulas, lermos mais e sermos exemplos vivos para que nossos alunos apaixonem-se pela leitura, o amor pelo saber, a ética do trabalho e o interesse pela política para que possamos voltar acabar com este Estado de Cleptocracia.

            Toda escola tem sua missão política que converge com a prática educativa, preparando o cidadão para a compreensão da totalidade social a qual encontra-se inserido, para assim, mudar a sua realidade e jamais perder a sua dignidade.

            Precisamos recuperar nosso Estado democrático e isso só ocorrerá com a verdadeira educação, a educação libertadora que trabalhe o protagonismo de seus educandos minimizando a miséria a qual nos encontramos.

 


[1] Para mais informações vide http://epoca.globo.com/politica/noticia/2017/07/com-dinheiro-publico-e-ameacas-temer-vence-na-ccj.html

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