12/02/2021

Blended Learning ou Ensino Híbrido

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Nos tempos de pandemia e isolamento, a educação precisa se abster de velhos hábitos como sua metodologia tradicional que segundo Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, é uma metodologia que valoriza a transmissão da cultura geral e sua atividade escolar é centrada na figura do professor que é o transmissor do conhecimento.

Tais falas acima são corroboradas por Valente em seu artigo Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida, publicado pela Educ. rev., em 2014[1]. Segundo o autor, a metodologia tradicional foca a transmissão de informação, ignorando assim as singularidades de seus educandos bem como suas especificidades.

Por se tratar de uma metodologia focada em uma aprendiizagem passiva e bancária, a mesma pressupõe que todos aprendem no mesmo ritmo além de absorver as informações oriundas do professor.

Interessante perceber que nesta metodologia as salas de aulas são vistas como um subproduto do industrialismo, o mesmo aplicado nas linhas de montagens.

Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em 1996, é enfático ao alertar que as falas acima, trabalha com um método que deforma a necessária criatividade do educando e do educador.

Dito isso, nós educadores precisamos não só vislumbrar novas metodologias como também efetivá-las no processo ensino-aprendizagem e temos então como suporte a isso as metodologias ativas, que são centradas no aluno e no processo ensino aprendizagem, sendo esta significativa, o que para Aranha supracitada, um ensino voltado para a existência e para a vida cheia de significado e relevância.

            Vale ressaltar que a metodologia ativa trabalha a autonomia, a proatividade do educando, a empatia, coletividade e cooperação, e segundo Valente, é uma aprendizagem ativa, pois se baseia em pesquisa, no uso de jogos, na solução de Problemas e em projetos, tudo isso de forma contextualizada no mundo real do educando.

            Uma forma de se trabalhar com a metodologia ativa é através do blended learning ou ensino híbrido, o que para Valente, tal ensino faz com que a sala de aula deixe de ser visto como modo de produção em massa usado nas linhas de montagens, passando  a ser conhecida como sala de aula invertida.

            De acordo com Moran no seu artigo intitulado Metodologias ativas e modelos híbridos na educação, publicado em 2017[2], a flexibilidade é algo que deve ser destacada na aprendizagem híbrida.

            Nela é levada em consideração também a "mistura e o compartilhamento de espaços, tempo, atividades, materiais, técnicas e tecnologias" que fazem parte deste processo ativo.

            Barcelos e Batista, no artigo intitulado Ensino Híbrido: aspectos teóricos e análise de duas experiências pedagógicas com Sala de Aula Invertida[3], elucidam que ensino híbrido é uma modalidade do ensino formal, que é considerado um sistema de educação institucionalizado pelo Ministério de Educação e Cultura - MEC.

            Para as autoras, nesta modalidade de ensino, as atividades ocorrerão de forma presencial e remota, integrada e personalizada, buscando melhorar a construção do conhecimento em relação ao tema em estudo.

            Vale ressaltar nas falas das autoras que o educando é trabalhado de forma a ter que fazer escolhas, observe que ele deixa o papel de passividade e passa a assumir uma proatividade, desenvolvendo assim a sua autonomia no processo ensino aprendizagem, dito isso, as autoras ressaltam que o ensino híbrido é muito além de uma aula enriquecida com tecnologias da Informação e Comunicação - TICs.

            Com base no que foi dito pelos autores, cabe aqui o seguinte questionamento: o que diferencia o ensino presencial, híbrido e a distância?

            Segundo Barcelos e Batista supracitadas, no ensino presencial, a quantidade de aulas on-line pode variar entre 0 (zero) a 29%. Já no ensino híbrido é considerado uma proporção substancial do conteúdo e este deve ficar entre 30% a 79%, e o que passar deste último valor, deve ser considerado on-line.

            Barcelos e Batista deixam evidenciados que quando o ensino híbrido consegue ser aplicado sem provocar bruscas mudanças no cenário educacional tradicional, este modelo de ensino tende a ter melhor receptividade.

            Dito isso, cabe ressaltar que independente as modalidades (presencial, híbrido ou remota) caberá ao professor dar o seu melhor e trabalhar em seu educando a sua criticidade e o seu protagonismo cognoscente.

 

 

 

[1] VALENTE, José Armando. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida. Educ. rev.,  Curitiba ,  n. spe4, p. 79-97,    2014 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602014000800079&lng=en&nrm=iso>. access on  11  Feb.  2021.  https://doi.org/10.1590/0104-4060.38645.

[2] Para mais informações vide http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2018/03/Metodologias_Ativas.pdf

[3] Para mais informações vide https://www.seer.ufrgs.br/renote/article/viewFile/96587/54187

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