07/04/2021

Avaliações em Aulas Remotas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

     A pandemia e consequentemente o isolamento, trouxeram questionamentos quanto ao processo ensino aprendizagem e não menos significante, o processo de avaliação dos educandos

     É um momento singular para desenvolver a autonomia do aluno, todavia, alguns pais ao invés de fomentarem isso, estes "inconscientemente" fazem seus filhos ficarem mais inseguros e imaturos.

     Muitos pais em hora de prova ajudam seus filhos, para que os mesmos fiquem com uma boa nota. A questão é, como um pai consegue enganar o seu filho, fazendo ou ajudando a fazer uma prova de forma que o mesmo fique com uma nota ou conceito que não refletirá a sua realidade?

     Tal pai ou mãe com certeza, em momento próximo, será os que mais cobrará os professores pelas "excelentes notas que seu filho tirava", contudo, este que em tal situação terá a memória semelhante a de um peixe, como a Dory do desenho procurando Nemo, esquecendo-se de que ele(a) ou fez ou ajudou a fazer a tal avaliação e dirá em tom arrogante que seu filho só tirava boas notas, e com as aulas presenciais o mesmo teve uma queda no rendimento. Obviamente para este responsável a culpa será unicamente do professor pelo sofrível resultado.

     Está na hora de perceber que a avaliação como era antes da pandemia, deve também ser revista e corroborando com estas ideias, Gadotti em e seu livro História das Idéias Pedagógicas, publicado pela Ática; 2004, salienta que a avaliação tem que passar a ser um fator secundário, já que o docente tem que aproveitar este momento de isolamento e trabalhar a autonomia, criatividade, autoconfiança, autocrítica e auto-apreciação do educando que são critérios de grande relevância para o seu desenvolvimento integral como homem de bem.

     Dito isso, como deve ocorrer a avaliação e a participação das aprendizagens nas aulas remotas?

     O portal Faz Educação e tecnologia esclarece que "mesmo nas aulas a distância, a etapa de avaliação permanece sendo um processo transversal às práticas educacionais. Assim, a atribuição de notas é resultado de um processo que engloba todo o ciclo de aprendizagem do aluno" e cabe salientar que a diversificação dos instrumentos avaliativos deve ser um fator a contribuir para o processo ensino-aprendizagem.

     Dito isso, o portal complementa elucidando que tais instrumentos podem ser por meio de práticas quantitativas e/ou qualitativas, como: testes objetivos; provas discursivas; apresentações orais; desenvolvimento de projetos colaborativos online; avaliações com e sem consulta; participação nas atividades propostas e em fóruns; autoavaliação após videoaulas; cumprimento de tarefas em ambientes virtuais, dentre outras que o educador achar necessário fazer uso.

     Vale salientar que as avaliações não podem ser vistas como forma de punição, apenas um processo de analisar e constatar o que está sendo ou não assimilado pelo educando.

     Interessante observar que assim como o ensino remoto, a avaliação foi também um grande desafio para os educadores.

     O fato é que o método de avaliação tradicional como ressaltado acima, deve ser algo secundário, o momento agora é de buscar novos caminhos e desenvolver, como sugerido por Rosa e Maltempi no artigo intitulado A avaliação vista sob o aspecto da educação a distância, publicado pela Ensaio: aval.pol. públ. Educ., v. 14, n. 50, p. 57-76,  Mar.  2006. Para os autores, é necessário aliar o Construcionismo à Avaliação Formativa que visa ao aperfeiçoamento do processo de aprendizagem do aluno em vez de buscar medir o que este aprendeu.

     Segundo os autores, este método foi desenvolvido por Seymour Papert, que tem como base a teoria epistemológica desenvolvida por Jean Piaget que elucida o conhecimento e como o mesmo é desenvolvido pelas pessoas em diferentes etapas de suas vidas.

     Obviamente será um processo difícil, já que o professor não terá a presença de seu aluno, em contrapartida, é uma forma de trabalhar mais e de forma efetiva a auto-suficiência do educando.

     Para os autores supracitados, o método de avaliação baseado na quantificação que mede erroneamente o conhecimento adquirido pelo educando, incita em uma atribuição de valores ou conceitos relacionados ao que o educando sabe ou aprende, e isso para alguns educadores pode ser subjetivo e deveria ser visto com um olhar diferenciado principalmente sob um prisma do ensino remoto.

     Assim sendo, a avaliação da participação e da aprendizagem dos alunos precisa  ser mais trabalhada focando a criatividade e autonomia do educando, desta forma, Rosa e Maltempi citam D'Ambrósio (2003) quando salienta que avaliação jamais deve ser vista como um instrumento para reprovar ou reter alunos na construção de seus esquemas de conhecimento teórico e prático. Para os autores a verdadeira função do educador é ensinar e no caso, respeitar as especificidades e o tempo de cada um e não selecionar, classificar, filtrar, reprovar e aprovar indivíduos para isso ou aquilo. A verdadeira educação não deve excluir os alunos e sim respeitar e desenvolver suas habilidades trabalhando assim suas múltiplas inteligências.

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