15/08/2023

Avaliação em Filosofia

Thays de Lima Seiffert

 

A disciplina de Filosofia no Ensino Médio lida com o conteúdo “básico”, ou seja, mais especificamente, com a História da Filosofia. No entanto, isso se “justifica” por conta da carga horária emitida para esse ensino, que é normalmente uma vez por semana e em média 45/50 minutos-aula. Dessa forma, muitas vezes é difícil pensar em uma forma didática adequada de se aplicar uma avaliação que correlacione com o que é pedido, como por exemplo no ENEM ou em outros formatos de vestibulares. Mesmo sendo difícil alguns/as autores/as buscaram uma forma de entender o processo de ensino e avaliação na disciplina de Filosofia. Se situarmos a fala – um tanto quanto problemática - de Kant sobre não ser possível ensinar filosofia, mas sim ensinar a filosofar, ela é descrita como uma dicotomia por diversos/as autores/as.

Pensar em ensinar a filosofar sem ensinar Filosofia equivaleria a pensar em ensinar a tecer, sem, no entanto, produzir o tecido. Estaríamos, então, filosofando sobre o nada e tecendo o vazio (DIAS, 2010, p. 2).

 

É possível compreender que ao ensinar filosofia entra-se em concordância sobre as diferentes facetas, não sendo possível filosofar sem aprender Filosofia, referente a isso, alguns conceitos para essa aprendizagem foram estabelecidos. Dias (2010, p. 7) demonstra a diferença entre conteúdo conceitual, conteúdo histórico e conteúdo procedimental, a onde o primeiro refere-se aos conceitos filosóficos que buscam desenvolver as competências dos/as alunos/as através da linguagem filosófica, afim de ressignificar o real. Já o conteúdo histórico é sobre as questões que ocupam a história da humanidade, é a documentação do pensamento filosófico, a fim de compreender os períodos, localizações e dentre outros. Por último, e talvez um dos mais importantes, o conteúdo procedimental tem a intenção de raciocinar a partir dos outros dois primeiros conteúdos, materializa-se no saber-fazer filosófico. Essas competências da aprendizagem quando bem utilizadas e em conjunto, formam o que seria necessário para a introdução da avaliação objetiva – afinal a Filosofia pode sim ser tão objetiva quanto a matemática ou a física, basta o educador saber escolher os conteúdos e em como avaliá-los.

Contudo, o estudo da Filosofia mesmo com todo o preconceito regido por pessoas ou entidades que não possuem um mínimo de entendimento da área, só demonstram a necessidade de que ela realmente precisa ser posta como uma disciplina importante e fundamental. Desidério Murcho (p. 2) diz que os parâmetros de avaliação (feitas por idiossincrasias do professor) seria apenas uma pessoa incapaz de ser um/a bom/a professor/a, ou seja, a sua ideia principal não é colocar qual tipo de avaliação (objetiva ou subjetiva) é melhor, mas sim na capacidade em como se é posta essa avaliação (justa e correta, ou injusta e incorreta), sendo assim, voltando ao que Marinês Dias (2010, p. 3) diz, é em como o/a professor/a implica todo o processo pedagógico, sendo assim, é onde vai ser reproduzida a melhor versão do ensino filosófico e do papel do/a professor/a em relação a isso.

 

REFERÊNCIAS

DIAS, M. B de O. Avaliação em Filosofia sim! Por que não? Uma proposta para elaboração de instrumentos avaliativos de aprendizagem de Filosofia na Educação. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação (RESAFE), (13), 54-63, nov. 2009/abr. 2010. 

MURCHO, Desidério. "A natureza da filosofia e seu ensino". In: Educação e Filosofia. Uberlândia, vol. 22, n. 44, p. 79-99, 2008. 

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