26/08/2024

Auto avaliação para além das amarras paradigmáticas

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Karolynne Peres de Sousa Ramos

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional. Primavera do Leste, MT.

Marijane Batista Dias

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Especialista em Alfabetização e letramento. Primavera do Leste, MT.

Valda Rodrigues dos Santos

Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em educação infantil e letramento com ênfase em psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

Paulla Fernanda Praxedes

Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Educação infantil e Alfabetização. Primavera do Leste, MT.

Maria da Glória Ramos dos Santos

Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Especialista em Educação Especial/ AEE. Primavera do Leste, MT.

 


      O processo de aprendizagem selecionado pelo educador deve contar com um processo permanentemente reflexivo de ambos os sujeitos [educando e professor]. Entretanto, verifica-se que na maioria das vezes tal processo não ocorre verdadeiramente em benefício dos estudantes.

      Por isso, para Hoffmann (2001, p. 53),

Um processo de auto avaliação só tem significado enquanto reflexão do educando, adotando consciência sobre as aprendizagens e condutas cotidianas, de forma natural e espontânea como aspecto intrínseco ao seu desenvolvimento, e para ampliar o âmbito de suas potencialidades, favorecendo a superação em termos intelectuais. Ao pensar e escrever sobre suas estratégias de aprendizagem – explicar, por exemplo, porque resolveu um problema de matemática utilizando-se de determinados cálculos – o aluno objetiva tais estratégias, pensa sobre a sua própria forma de pensar, alargando o campo de sua consciência sobre o fazer e sobre os conceitos e noções implícitos ao fazer (HOFFMANN, 2001, p. 53).

 

      Um processo contínuo de auto avaliação está na relação entre educadores e educandos. Os estudantes tentam aprender ou agir de determinada forma. O professor por sua vez busca mediar a construção do conhecimento para que o aluno construa tais conceitos ou atitudes. Ambos desenvolvem processos reflexivos no sentido de buscar a melhor forma de prosseguir.

      Os educadores ao estimularem a aprendizagem segundo a “dinâmica reconstrutiva” sabem que o aluno constrói seu próprio conhecimento e dentro da sala de aula não devem exigir uma postura passiva do educando, escutando, copiando e desenvolvendo de modo reprodutivo qualquer atividade pedagógica. Partindo dessa reflexão “o professor tem papel importante no processo de aprendizagem, desde que possibilite ao aluno a oportunidade da reconstrução do conhecimento socialmente produzido” (CAVALCANTI NETO; AQUINO, 2009, p. 226).

      O professor deve refletir sobre o que está fazendo, retomar passo a passo seus processos, tomar consciência das estratégias de pensamento utilizadas. Para isso, necessitará “ajustar suas perguntas e desafios às possibilidades de cada um, às etapas do processo em que se encontra, priorizando uns e outros aspectos, decidindo sobre o que, como e quando falar, refletindo sobre o seu papel frente à possível vulnerabilidade do aprendiz” (HOFFMANN, 2001, p. 54). Nesse sentido, o caráter intuitivo e ético do educador faz-se fortemente presente, pois precisará promover tal reflexão a partir do papel que lhe cumpre e da forma de relacionamento que deseja estabelecer com seus alunos.

      É possível perceber ainda que a reflexão estimulada nos alunos também implica nos processos didáticos dos professores, ou seja, sobre “a adequação de suas perguntas, críticas, comentários, tomando consciência sobre o seu pensar e o seu fazer, num processo igualmente de auto avaliação” (HOFFMANN, 2001, p. 54). Assim, os educadores através de seus registros e anotações, partindo deste contexto serão capazes de objetivar o seu pensamento sobre o aluno, levando-o a tomar novas decisões.

      Considerando as situações do cotidiano escolar, os alunos revelam que estão conscientes de suas dificuldades, da sua necessidade de aprender mais e que precisam de ajuda e orientação. Da mesma forma, os professores também expressam, de muitas maneiras, sua tomada de consciência sobre a necessidade de orientação e apoio de colegas, supervisores, especialistas. É extremamente importante o professor estar atento aos alunos e garantir-lhes condições de auto reflexão e descobertas, dialogando com os mesmos sobre cada passo, evitando o perigo das posturas defensivas, promovendo o seu aprender a aprender. Por isso, Hansem e Levandovski (2009, p. 9-10) apontam que:

Para que a avaliação sirva a democratização do ensino, será necessário modificar a sua utilização de classificatória para diagnóstica. O que significa entender a avaliação como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem. Isto é, a função da avaliação será possibilitar ao educador, condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra e possa avançar em termos dos conhecimentos necessários, tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados para a sua aprendizagem (HANSEM; LEVANDOVSKI, 2009, p. 9-10).

 

      Os estudos em avaliação deixam para trás o caminho das verdades absolutas, dos critérios objetivos, das medidas padronizadas e das estatísticas, para alertar sobre o sentido essencial dos atos avaliativos de interpretação de valor sobre o objeto da avaliação, de um agir consciente e reflexivo frente às situações avaliadas e de exercício do diálogo entre os envolvidos.

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