Autismo não é Doença
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Que tal começarmos a leitura com a máxima que diz “deixe com que as pessoas pensem que você é um idiota, não fale sobre coisas, senão essas pessoas terão certeza”.
Podemos afirmar que um parlamentar da Câmara Municipal de Jucás[1], no interior do Ceará não é um cidadão que preza pelo adágio acima, pois em apenas uma sessão sobre o autismo, o vereador deixou de forma explícita toda sua ignorância e falta de empatia com as pessoas autistas e com seus familiares que sentem medo por seus filhos autistas, medo do futuro, do que pode ou não acontecer e medo até mesmo deste preconceito pronunciado pelo vereador.
Cabe ressaltar que o autismo não é doença, logo não existe uma cura para ele, logo o ignóbil parlamentar nunca foi autista, porque uma pessoa não deixa de ser autista, nem com surra de chibata como afirmou ter “perdido o seu autismo”.
De acordo com o Portal G1, o transtorno do espectro autista (TEA) afeta cerca de dois milhões de brasileiros e segundo o Ministério da Saúde o TEA é um “é um "distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento" e isso implica que a pessoa pode apresentar alterações na comunicação, interação social e no comportamento.
A Organização Panamericana de Saúde complementa que o TEA implica em uma séria de condições que caracterizam algum grau de comprometimento, sendo eles relacionados com o “comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva”[2].
Vale salientar que um diagnóstico de TEA não se baseia em um mero achismo, pois ele se fundamenta em evidências científicas, seguindo critérios estabelecidos pelo DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatístico da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-11 (Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde – OMS)[3].
Este texto não tem o intuito de dissertar sobre o autismo ou qualquer outra síndrome, apenas fazer um alerta para a falta de conhecimento das pessoas que geram preconceito, influenciando o modo de pensar e agir das pessoas, principalmente porque as principais falas preconceituosas vêm de parlamentares tornando-se algo recorrente no meio e como prova disso, basta fazer uma simples pesquisa em qualquer site de busca fazendo a seguinte pergunta: “falas preconceituosas de políticos” e terá como resultado dezenas de links.
Tivemos e continuamos tendo representantes que continuam fomentando ódio contra as homossexuais, mulheres, negros, indígenas, nordestinos, universidades, professores, pesquisadores e até mesmo a ciência entram em suas pautas de imbecilidades.
Infelizmente estes parlamentares e influenciadores são o termômetro de como nossa sociedade está débil e o quão árduo será a seara da educação para esclarecer seus educandos e até mesmo blindá-lo por meio do conhecimento e discernimento quanto a influência destas pessoas vis.
Que nós professores possamos cada vez mais desenvolver todo potencial de criticidade de nossos alunos para que estes não se sujeitem a alienação que culminará em sua manipulação, afinal de contas, não existe uma educação neutra, pois a neutralidade já é um braço da elite tentando calar o seu povo.