23/08/2007

Astronomia contribui para aprendizado de várias disciplinas

Por Julia Dietrich, do Aprendiz

Astronomia contribui para aprendizado de várias disciplinas

Estrelas cadentes, cometas e planetas. Quem já não passou horas olhando para o céu? De acordo com o astrônomo e editor da revista Scientific American do Brasil, Ulisses Capozzoli, por meio da Astronomia, tal divagação pode possibilitar um rico aprendizado sobre tudo. Sobre tudo? Sim. "Ela é interdisciplinar, pois permite discutir Filosofia, Religião, Arte, Matemática, Química, Física e História. Afinal, todo o universo é objeto de estudo", lembra.

Para o editor, para compreender todo esse conteúdo, a Astronomia trabalha com diferentes campos, que podem ser aproveitados pelos professores. Pela Cosmologia, por exemplo, é possível entender como interpretamos a origem e a evolução do universo. Pela Astrofísica estuda-se a composição físico-química dos astros. Com a Astroplanetária compreende-se as características e as histórias dos planetas.

"É um mundo de possibilidades, porém muitas vezes mal utilizado. O professor repete que o Sol é uma estrela de 5ª magnitude, mas não sabe o que isso significa", conta, explicando que magnitude diz respeito à unidade de brilho de um astro. "A ausência do estudo da Astronomia reflete a precariedade do ensino como um todo, porém nos programas escolares mais recentes observa-se que ela é uma disciplina fundamental", observa.

Capozzoli conta que não há justificativa financeira para não se aventurar no vasto campo de astros e planetas, especialmente se o plano de gastos for direcionado para a escola ou um grupo de estudantes. "Inicialmente não há necessidade de comprar um telescópio. Com R$15 adquiri-se um planisfério que tem a cartilha celeste representada. Por meio dele, o jovem pode sozinho aprender a localizar todas as constelações. Depois que conhecer as constelações, o aluno pode comprar um Atlas que custa, em média, R$50. Nele, o estudante encontrará o que há dentro de cada um desses 'bairros' do universo", explica.

Quando o jovem está craque, o professor recomenda a compra de um binóculo de 7X50 que tem uma lente objetiva de 50mm de diâmetro e amplia sete vezes o objeto e custa por volta de R$200. Embora tenha o preço mais salgado, Capozzoli afirma que é um instrumento que facilmente pode ser utilizado por grandes grupos. "Com ele é possível, além de observar o céu, ver a migração dos pássaros. O falcão peregrino, que é uma ave muito bonita, aparece de vez em quando na nossa região", lembra.

Para Capozzoli, além de aprender a manusear os instrumentos básicos da astronomia, todo estudante deve ler muito. Ele conta que publicações como a Scientific American do Brasil, da Editora Duetto, são ricos instrumentos de ensino. Criados e editados por equipe do Instituto Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), sites como o Ciência Hoje, que inclui também o Ciência Hoje das Crianças, reúnem extenso e diverso material para o estudo e aprendizado da Ciência.

Outra sugestão é o portal Aprende Brasil que disponibiliza conversas com especialistas de diversas áreas científicas, brincadeiras, desafios de lógica e material de aula para professores. Nele há também um museu virtual de artes plásticas que possibilita o desenvolvimento de projetos, além de um espaço dedicado à investigação científica e à Astronomia. "Conhecimento é a capacidade de interpretar as coisas continuamente e para isso não necessitamos de muitos objetos", conta, apontando que a vontade de aprender é mais importante que ter ou não ter as bugigangas necessárias.

Para Capozzoli, o estudo da Astronomia e da Ciência significa percorrer um caminho pelo desconhecido. "A cada reinterpretação das coisas nos descobrimos como pessoas novas e nos livramos de complexos e frustrações", conta.

Por isso, para ele, envelhecer não é um problema. "Se pensarmos, o Sol, que é uma estrela de meia idade e tem 10 bilhões de anos, um dia se extinguirá. Tudo o que somos é matéria e essa matéria não desaparece, se transforma. Da mesma forma que as estrelas azuis (jovens) aparecem a todo instante, as vermelhas (idosas) se apagam", diz, brincando com a possibilidade da eternidade do estar vivo.

Capozzoli lembra então de outro ponto fundamental e de importante correlação com a Astronomia. "Se nesse universo gigantesco, nós, na Terra, somos únicos e estamos sozinhos, talvez esteja na hora de nos tornarmos mais solidários e começarmos a nos tratar melhor", conclui.
(Envolverde/Aprendiz)

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