Aprendendo com a História
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A história só tem a nos ensinar quando estamos dispostos a aprender com ela, e apesar de seu contexto que obviamente deve ser analisado, ela se repete as vezes de forma tênue, porém pontuando as mesmas situações e estratégias usadas para tal época.
Raras vezes conseguimos ler algo inteligível nas redes sociais, algo que não seja tendencioso, parcial e até mesmo, alienante para aumentar a massa de manobra que encontram-se nessas redes.
Para isso acontecer, faz-se necessário um verdadeiro garimpo, todavia, ao encontrar algo que seja digno de uma leitura, nem sempre as pessoas terão o discernimento para perceber o quão é valiosa e crítica será a leitura.
A professora Alessandra Vieira é uma profissional que com suas sábias palavras conseguiu transmitir por meio da história, a realidade do nosso povo tão acostumado ao individualismo tendo foco na sua subsistência.
Sem tirar os devidos créditos da professora, ela faz uma brilhante comparação dos tempos de hoje com a época em que os judeus eram subjugados pelos nazistas na guerra que dizimou por meio do Holocausto, mais de 6 milhões de judeus.
Segundo a professora, uma das estratégias nazistas era manter os judeus em constante fome, assim sua principal preocupação seria apenas sanar sua fome e assim sobreviver, com isso, a busca de alimento era essencial.
Um povo faminto perde até a sua dignidade, e os nazistas sabiam disso, e usava a fome como verdadeira aliada, isso porque com fome, os judeus não teriam tempo para conspirar, rebelar, pensar em planos de fuga, isso tudo porque o seu objetivo era simplesmente buscar alimento e sobreviver um dia de cada vez, fazendo com que se tornassem individualista, egoísta e até mesmo solitário, minando qualquer chance de reação.
Para Alice, a nossa cultura é semelhante, já que na mais tenra idade, somos preparados para a sobrevivência tendo como conquista moradia, comida, escola e saúde.
Eu sou de uma geração em que só víamos o meu pai, as vezes, nos finais de semana, já que ele trabalhava mais de 12 horas em uma empresa siderúrgica devido a necessidade de fazer horas extras para melhorar o orçamento da família, e era comum trabalhar finais de semana com “biscates”, o que nos privava de sua presença, e assim foi para muitas famílias em que os pais deram praticamente a vida ao trabalho, enriquecendo o empresário que sequer preocupou com o seu bem estar.
Por meio da mídia, somos levados a continuarmos com esta sina como acordar cedo, pegar condução em estado precário, viajar por horas para trabalhar e ganhar um salário baixo, já que quanto menor o salário, maior será o lucro do empresário.
Interessante perceber que os parlamentares que deveriam defender melhores condições aos trabalhadores, são contra os colegas que assim fazem.
Estes mesmos parlamentares defendem horas exaustivas de trabalho e escala 6x1 sendo seis dias de trabalho e 1 de descanso, porém, eles mesmos trabalham na escala 3x4, ou seja, três dias de trabalho e 4 de folga.
Apesar de existir uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para reduzir a jornada de trabalho para a escala 4x3, ou seja, trabalhar quatro dias e folgar 3, e isso é fruto de uma mobilização do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), obviamente, os ditos representantes do povo (parlamentares) são contra, explicitando assim não uma política voltada para o povo, mas para a elite.
Observe o quão seria interessante se tal projeto fosse mesmo aprovado. Quanto benefício tiraríamos disso como educação de qualidade (os alunos teriam mais tempo para estudar devido a escala 4x3), baixa evasão escolar (discentes mais velhos conseguiriam conciliar tempo de estudo com trabalho), qualidade de vida elevado, mais saúde emocional, menos burnout, menos acidentes de trabalho, menos acidente de trânsito, mais tempo para a família, menos pessoas em áreas de risco ou aliciadas já que as famílias poderiam estar mais presentes, enfim, a ideia é válida, mas os interesses dos que são contra convergem para a elite e nunca para o povo.
Voltando as falas da professora Alice, somos forçados a uma lavagem cerebral de que trabalhar arduamente é digno, e assim compramos a ideia de trabalharmos até o fim da vida, e em concomitância, abrimos mão da convivência com a família, e se tornando um autômato, alheio a qualquer problema, inclusive a tentativas de golpe, já que a sua preocupação é sobreviver e trabalhar até o fim de seus dias.
Da mesma forma que a comida foi tirada propositalmente dos judeus, e ideia de trabalho árdua é colocada em nossa cultura mostrando que trabalhar até morrer é algo digno a se fazer.