Aprendendo a Nadar na Enchente
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
A profissão de educador é uma das mais relevantes em termos de erudição e até mesmo conhecimento específico, pois trata-se de um profissional completo e adaptável as mudanças.
Como comentado por Diogo Almeida em Vida de Professor[1] , ao fazer a sua apresentação de forma mais séria, fala sobre a importância do planejamento e de se lidar com improvisos.
Tais falas são para conscientizar os educadores quanto ao retorno das aulas em algumas cidades, aulas estas sem um planejamento e preocupação para com os professores e alunos.
Diogo Almeida elucida que os professores aprenderam a nadar nas enchentes, fazendo uma alusão aos vários improvisos de que são capazes para oferecerem uma educação de qualidade, entretanto, o que o nadar na enchente representa metaforicamente na educação?
Observe nas falas acima que tal situação retrata a condição precária da educação pública que é totalmente proposital, em contrapartida, a predisposição dos profissionais da educação que levam a sério a ato intencional de educar, e que não medem e/ou mediram esforços ao abraçarem a causa de lecionar remotamente, reaprendendo para ensinar e, analogamente, foi o mesmo que trocar os 4 pneus do carro com ele em movimento, fala esta citada sob outro contexto por um executivo do agronegócio.
Ser professor é isso e muito mais, todavia, há necessidade de alguns governos repensarem na obrigatoriedade das escolas públicas retornarem as aulas presenciais e/ou híbridas, justamente pelas seguintes manchetes que crescerão de forma exponencial em todas as regiões em que houver atitudes assim tão levianas
Dois professores morrem de Covid-19 em intervalo de 3 dias em MT[2]
Professor morre por Covid-19, aos 33 anos, em Campina Grande[3]
Três professores da Ufam morrem por complicações da Covid-19 nesta semana[4]
Desde o início da pandemia, Ufam perdeu 33 professores, a maioria por Covid-19[5]
9 professores do Ifam mortos pela Covid[6]
Professora, marido e filho morrem com Covid-19 no intervalo de cinco dias em Cuiabá[7]
Observe que ações desta forma ratificam o descaso com o professor e ressaltam ainda mais a indiferença destes políticos com os docentes, reforçando o quão somos descartáveis.
Fico imaginando o quão mesquinho são as pessoas que, com a suas hipocrisias e pequenezes, exigem o retorno das aulas presenciais em escolas que sequer tem infraestrutura física por parte das instituições, e estrutura emocional por parte dos educadores, educandos e familiares.
Pode-se comparar estes governantes a generais que não ficam no front de guerra, pelo contrário, ficam em suas salas confortáveis brincando de Jogos de Guerra (WarGames), bolando estratégias absurdas sem a práxis do contexto.
Dito isso, nós educadores não podemos servir de peões a serem sacrificados em um tabuleiro de xadrez para mostrar que os alunos estão tendo aulas e massagear o ego de políticos sem compromisso com o seu povo e tampouco podemos deixar anular nossa dignidade e principalmente nossa vida em prol de uma politicagem corruptora e nefasta.
[1] Para mais informações https://www.youtube.com/watch?v=O7x4mEA--tE
[2] Para mais informações vide Dois professores morrem de Covid-19 em intervalo de 3 dias em MT
[3] https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2021/01/25/professor-morre-por-covid-19-aos-33-anos-em-campina-grande-fomos-muito-felizes-diz-esposa.ghtml
[4] https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/01/21/tres-professores-da-ufam-morrem-por-complicacoes-da-covid-19-nesta-semana.ghtml
[5] https://www.apufsc.org.br/2021/02/12/desde-o-inicio-da-pandemia-ufam-perdeu-33-professores-a-maioria-por-covid-19/
[6] https://amazonasatual.com.br/com-9-professores-do-ifam-mortos-pela-covid-docentes-querem-aulas-so-apos-vacina/
[7] https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2021/02/18/professora-marido-e-filho-morrem-com-covid-19-no-intervalo-de-cinco-dias-em-cuiaba.ghtml