Anorexia do Conhecimento
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Certa vez, assisti a um vídeo de Thiago Godoy ao qual ele definiu anorexia do conhecimento como a recusa da mente em trabalhar um pensamento crítico; ele ainda complementa ressaltando que as mentes inquietas que fizerem o mundo evoluir.
Interessante perceber que realmente nossa evolução se baseou nas pessoas que olharam além do prisma, questionando, refletindo e propondo ou até ressignificando novos pensamentos e ações.
Em contrapartida, em 2019 um parlamentar refutou o legado de Paulo Freire, alegando que ele não foi ninguém e tampouco contribuiu com a educação do país, mas como é tudo uma questão de palanque e manipulação da informação para ludibriar sua massa alienada, este texto vem apenas pontuar a sua importância que deixou fortes legados não apenas no Brasil, mas em vários países do mundo, sendo referência com suas obras que se tornaram verdadeiros clássicos.
Entender Paulo Freire é perceber que sua ideologia diverge da anorexia do conhecimento, já que este ícone da educação buscou desenvolver o pensamento crítico, a autonomia intelectual bem como fomentou a pesquisa.
O fato é que para levantar qualquer ação que macule a imagem deste grande pensador, tem que se embasar nas falácias, nas inverdades e até mesmo nos fake News, e Paulo Freire nunca foi contrário as críticas, afinal de contas é dele a fala de que “o direito incontestável de criticar exige de quem o exerce o dever de não mentir”, e o poder conquistado com mentiras, é para a história, um castelo de cartas... logo o vento do tempo derrubará.
Paulo Freire foi um intelectual amoroso com o povo, foi um cidadão cosmopolita, deixando exemplos seguidos ainda hoje na educação como Finlândia, Alemanha, Estados Unidos, Áustria, Holanda, Portugal, Inglaterra e Canadá, dentre outros, que pontuam o quão é global sua maneira de trabalhar a educação e como seu trabalho se repercute nos diferentes contextos, perpassando pelos sistemas educacionais formais, projetos de educação popular e movimentos sociais.
Seu engajamento com movimentos sociais era tão intenso que em uma de suas falas ele cita que “que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”.
Paulo Freire sonhava com a liberdade em sua plenitude, que perpassava pelo respeito do outro, respeito à diferença, ao direito que o outro tem de ser ele ou ela mesma, e principalmente a uma sociedade menos injusta.
Este ícone que nos representa na educação trabalho com o protagonismo do educando, instigando-o a pesquisa, ao discernimento e a transformação social o que diverge da anorexia do conhecimento ao qual pessoas são levadas a deixar o outro a pensar por ela mesma, como acontece com líderes religiosos diante de suas “ovelhas” que só fazem o que são direcionados a fazerem.
Pessoas que se abstém de qualquer tipo de autonomia sofrem com este tipo de anorexia, pois sabendo que o conhecimento incomoda, optam pela ignorância e pelas inverdades.
Sendo assim, cabe a educação por meio do seu corpo docente comprometido com a educação de qualidade trabalhar o conhecimento em seu educando para que ele possa desenvolver suas habilidades bem como autonomia que fará dele um ser mais consciente e protagonista cognoscente a agir no contexto ao qual se encontra inserido.