05/03/2021

Andragogia

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Quando se procura pesquisar sobre a escolaridade no Brasil, de imediato encontrar-se-á uma matéria dizendo que "Mais da metade dos brasileiros de 25 anos ou mais ainda não concluiu a educação básica, aponta IBGE"[1], e aprofundando a pesquisa, pode-se observar que só 16,5% da população acima de 25 anos concluiu o ensino superior.

Obviamente são muitas as variáveis que dificultam e até impedem que o aluno conclua a educação superior, sendo elas: baixa qualidade da educação no ensino médio, desmotivação, problemas financeiros, problemas pessoais, e até mesmo a falta de um profissional em andragogia, já que pesquisadores perceberam que existe uma diferença entre pedagogos e andragogos.

Para Noffs e Rodrigues no artigo Andragogia na Psicopedagogia: a atuação com adultos, publicado pela Rev. psicopedag em 2011[2], a andragogia é a arte a e ciência voltada para ajudar os adultos a aprender, o que contrasta com a pedagogia que trabalho com o ensino de crianças.

Barros aproveita da etimologia para explicar melhor os conceitos entre pedagogia e andragogia e complementar as falas de Noffs e Rodrigues, pois para o autor a pedagogia é oriunda do grego paid, que tem o significado de criança e a agogus significa conduzir ou indicar o caminho. e os termos añer e andr significam adulto, ou seja, a pedagogia é a arte e a ciência de ensinar crianças enquanto que andragogia é a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender.

Assim sendo, apesar das profissões focarem o aprendizado, ambas devem seguir métodos diferenciados, dito isso, pode-se perceber que um dos motivos de evasão no ensino superior bem como a educação para adultos é a falta deste profissional, já que o mesmo lidaria melhor com este tipo de público.

Para Noffs e Rodrigues, a andragogia se caracteriza pelo foco no processo de aprendizagem tendo o conteúdo como algo secundário e esta aprendizagem ocorre seguindo uma ordem como sensibilização (motivação), pesquisa (estudo), discussão (esclarecimento), experimentação (prática), Conclusão (convergência) e compartilhamento (sedimentação).

Vale ressaltar tanto na pedagogia quanto na andragogia que o diálogo é essencial para o processo ensino-aprendizagem, todavia na andragogia, o professor (mediador) e o aluno compartilham conhecimento de um com experiência do outro e ambos aprendem.

Lowenthal no livro Prática educativa. In: Saúde mental na infância: proposta de capacitação para atenção primária [online] [3] enfatiza que não é intenção substituir a andragogia pela pedagogia, pois ela serve como complemento, e a diferença entre ambas está na quantidade e qualidade de experiências de quem está aprendendo e também o controle dos alunos sobre o processo de aprendizagem e ambiente. Obviamente que os adultos tem uma experiência de vida maior e por isso o mesmo merece uma atenção e motivação diferenciada.

Interessante perceber as falas de Barros, no artigo Revisiting Knowles and Freire: Andragogy versus Pedagogy - or the Dialogic as the Essence of Socio-pedagogic Mediation, publicado pela Educ. Pesqui. em 2018[4], ao citar Knowles que elucida diferenças entre pedagogia e andragogia, dito isso, a pedagogia se refere ao currículo clássico e a uma educação desde o topo, e a andragogia se refere a um currículo romântico e a uma educação entre iguais.

Segundo o site AndragogiaBrasil[5] os métodos utilizados pela pedagogia tradicional não são eficazes e auto-dirigidos pelos alunos adultos e isso não está relacionado com a falta de habilidade do docente, e sim com as exigências dos alunos em sala de aula, já que estes têm controle "sobre grande parte da sua experiência de aprendizagem". Assim sendo, os mesmos deve ser incentivados cada vez mais a aprender, a pesquisar e a buscar de forma autônoma o conhecimento que possa ser aplicado na sua prática e realidade profissional.

Para AndragogiaBrasil, apesar de termos inúmeros cursos de pedagogia, o de andragogia deixa a desejar quanto a formação, já que não existe nem superior e tampouco técnico em andragogia e isso dificulta ainda mais as constatação em relação as diferenças citadas acima, entretanto o site corrobora ao afirmar que a falta de um profissional em andragogia possa refletir um pouco a evasão nas universidades brasileiras.

 

[1] Para mais informações vide https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/06/19/mais-da-metade-dos-brasileiros-de-25-anos-ou-mais-ainda-nao-concluiu-a-educacao-basica-aponta-ibge.ghtml

[2] Para mais informações vide NOFFS, Neide de Aquino; RODRIGUES, Carla Maria Rezende. Andragogia na Psicopedagogia: a atuação com adultos. Rev. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 28, n. 87, p. 283-292,   2011 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862011000300009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  04  mar.  2021.

[3] LOWENTHAL, R. Prática educativa. In: Saúde mental na infância: proposta de capacitação para atenção primária [online]. São Paulo: Editora Mackenzie, 2013. Saberes em tese collection, vol. 2, pp. 55-57. ISBN 978-85-8293-727-3. http://books.scielo.org/id/db864/pdf/lowenthal-9788582937273-08.pdf

[4] BARROS, Rosanna. Revisiting Knowles and Freire: Andragogy versus Pedagogy - or the Dialogic as the Essence of Socio-pedagogic Mediation. Educ. Pesqui.,  São Paulo ,  v. 44,  e173244,    2018 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022018000100465&lng=en&nrm=iso>. access on  04  Mar.  2021.  Epub Aug 06, 2018.  https://doi.org/10.1590/s1678-4634201844173244.

[5] Para mais informações vide https://andragogiabrasil.com.br/pedagogia-e-andragogia-sao-iguais/

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