Ancestralidade e Ensino nas Séries Iniciais: Identidade, Diversidade e Formação Cidadã
Adalgisa Pereira Corrêa Alves
Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa e Inglês. Especialista em Docência para Educação Profissional. Primavera do Leste, MT.
Sandra Ribeiro da Silvantos
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docência para educação Infantil. Primavera do Leste, MT.
Heloiza Tainá de Souza
Graduanda em Psicologia. Primavera do Leste, MT.
Silvana Regina Brancalhão Mazzo
Licenciatura em Pedagogia. Graduação em Administração. Primavera do Leste, MT.
Joelma Veiga da Silva
Licenciatura em Pedagogia. Primavera do Leste, MT.
O ensino nas séries iniciais é um momento essencial da formação das crianças, quando valores, identidades e concepções de mundo começam a ser consolidados. Nesse processo, a ancestralidade assume papel central, pois representa a ligação entre passado, presente e futuro, valorizando as raízes culturais e históricas de cada indivíduo e comunidade. Reconhecer a ancestralidade no ambiente escolar significa oferecer uma educação que respeita e celebra a diversidade, fortalece identidades e contribui para uma formação cidadã crítica e inclusiva.
A ancestralidade pode ser compreendida como o conjunto de valores, tradições, memórias e experiências transmitidas ao longo das gerações. Para Gomes (2017), a ancestralidade não se restringe a uma herança genética, mas abrange dimensões culturais, espirituais e simbólicas que estruturam identidades coletivas.
No contexto da educação, falar de ancestralidade implica reconhecer que os alunos chegam à escola carregados de histórias familiares, saberes tradicionais e experiências comunitárias que precisam ser valorizados no processo de ensino e aprendizagem. Essa valorização fortalece o sentimento de pertencimento e contribui para o desenvolvimento integral da criança.
A inserção da ancestralidade no ensino das séries iniciais está em consonância com a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas. Essa legislação busca corrigir a invisibilização histórica das contribuições de povos africanos e afrodescendentes, garantindo às crianças o acesso a uma educação plural e antirracista.
Nessa etapa, a ancestralidade pode ser trabalhada de maneira lúdica e interdisciplinar, por meio de contação de histórias, músicas, danças, artes visuais, brincadeiras tradicionais e exploração de mitologias. Como defendem Silva e Fonseca (2010), é fundamental que as práticas pedagógicas dialoguem com a diversidade cultural dos estudantes, promovendo respeito e reconhecimento das origens.
A ancestralidade, portanto, não se limita a conteúdos específicos, mas se articula como perspectiva pedagógica capaz de orientar o modo como a escola constrói saberes, relações e identidades. O ensino da ancestralidade nas séries iniciais é uma prática que transcende a simples transmissão de conteúdos: trata-se de formar crianças conscientes de suas origens, respeitosas com a diversidade e críticas em relação às desigualdades sociais. A escola, ao assumir esse compromisso, contribui para a construção de uma sociedade mais justa, plural e democrática.
Assim, integrar a ancestralidade ao ensino é não apenas cumprir uma determinação legal, mas sobretudo promover uma educação humanizadora, que reconhece no passado e nas memórias coletivas os alicerces para construir o futuro.