17/06/2019

Análise da Flexibilidade dos Acadêmicos de Educação Física da Universidade de Cruz Alta

ANÁLISE DA FLEXIBILIDADE DOS ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA

Analysis of the Flexibility of the Academics of Physical Education of the University of Cruz Alta

GONÇALVES, Gabriela[1]; DORNELES, Gustavo[2];

BUHRING, Renan Luis[3];  KRUG, Marília de Rosso [4]

RESUMO

A flexibilidade é considerada um importante componente da aptidão física relacionada à saúde. Deste modo o estudo teve como objetivo analisar a flexibilidade dos acadêmicos de Educação Física da universidade de cruz alta - Unicruz, realizando um comparativo entre os sexos, e o nível de treinamento, tendo como classificação sedentários e ativos, relacionando os seus níveis de flexibilidade como bom e ruim. Participaram deste estudo de caso os acadêmicos do curso de bacharelado e licenciatura em Educação Física da universidade de cruz alta- Unicruz. Utilizou-se um teste de sentar e alcançar realizado no banco de Wells. Diante dos resultados obtidos constatamos que os alunos classificados como ativos, possuem uma maior flexibilidade, caracterizado como boa, já os alunos sedentários obtiveram um resultado classificado como ruim. O resultado analisado entre os sexos não apresentou diferença relevante entre ambos.

Palavras-Chaves: Flexibilidade. Educação Física. Acadêmicos. Teste de sentar e alcançar.

 

ABSTRACT

Flexibility is considered an important component of physical fitness related to health. In this way the study had as objective to analyze the flexibility of the academics of Physical education of the university of high cross - Unicruz, realizing a comparative between the sexes, and the level of training, being classified as sedentary and active, relating their levels of flexibility as good and bad. Participants in this case study were the undergraduate and undergraduate students in Physical Education at the University of High Cross - Unicruz. A sit-and-reach test was performed on the Wells bench. In view of the results obtained, we found that the students classified as active have a greater flexibility, characterized as good, and the sedentary students obtained a score classified as poor. The analyzed result between the sexes did not present significant difference between the two.

Keywords: Flexibility. Physical Education. Academics. Test to sit and reach.

 

INTRODUÇÃO

A flexibilidade, apesar de não se apresentar como a primeira capacidade física a ser percebida ou treinada tem um papel fundamental na aptidão física, uma vez que relacionada a saúde, está subjugada dentro do grupo da dimensão funcional motora, junto com a RML/Força e Resistencia Aeróbica. Entendemos a flexibilidade como a capacidade de movimentar as partes do corpo, através de uma ampla variação de movimentos, sem distensão excessiva das articulações e ligamentos musculares. A flexibilidade está diretamente relacionada à saúde e ao desempenho atlético. Embora ela não seja a única qualidade física importante na performance, ela está presente em quase todos os desportos, fazendo-se necessária também para realização de atividades cotidianas com maior qualidade (BADARO; SILVA; BECHE, 2007).

A aptidão física, elemento fundamental para qualquer movimento, é entendida como a condição que o indivíduo realiza determinado movimento sem apresentar fadiga muscular.  Uma boa flexibilidade, força e resistência muscular diminuem o risco de lesões ocasionadas por torções e quedas, ajudando a manter uma boa postura evitando o desenvolvimento de desvios posturais, e por fim aumenta a autoestima proporcionada pela sensação de bem-estar físico (PERUCI, 2009).

Sendo assim a flexibilidade torna-se fundamental e necessária para facilitar a realização das atividades de vida diária, proporcionando inúmeros benefícios, dos quais destacam o relaxamento de estresse e das tensões, relaxamento muscular e prevenção de lesões (SANTOS; RIBEIRO, 2016). Desta maneira um método para ter um ganho gradual de flexibilidade seriam os exercícios de alongamento. Para Alencar e Matia (2010) o alongamento, é uma manobra terapêutica utilizada para aumentar a mobilidade dos tecidos moles por promover aumento do comprimento das estruturas que tiveram encurtamento adaptativo, podendo ser definido também como técnica utilizada para aumentar a extensibilidade musculotendínea e do tecido conjuntivo periarticular, contribuindo para aumentar a flexibilidade articular, isto é, aumentar a amplitude de movimento (ADM).

Em bases gerais, o gênero feminino é mais flexível do que o gênero masculino em todas as idades, talvez pelas atividades que exigem maior uso de flexibilidade das meninas e pelas atividades de força predominante nos meninos. É provável que os hábitos das sociedades contemporâneas exijam das meninas flexibilidade e dos meninos força. Durante a fase crucial da puberdade, o aumento da estatura anual eleva-se de 8 a 10 cm. O enorme crescimento em altura, por outro lado, a suscetibilidade mecânica diminuída nas cargas do aparelho motor passivo têm diversas consequências: primeiramente, pode-se constatar nessa fase uma deterioração da flexibilidade cuja causa encontra-se do fato de que o estiramento dos músculos e ligamentos responde tardiamente ao crescimento acelerado em estatura. Um trabalho sistemático de flexionamento é, portanto, obrigatório. Além disso, a menor capacidade mecânica de carga exige uma escolha cuidadosa dos meios, da intensidade da amplitude do exercício no treinamento da flexibilidade (BADARO; SILVA; BECHE, 2007). Dantas (2003), também relata que a flexibilidade, maleabilidade da pele e a elasticidade muscular são influenciadas por alguns fatores. Dentre esses fatores estão relacionados à idade, sexo, temperatura ambiente, estado de treinamento e situação do atleta.

Em relação a flexibilidade no esporte, surge vários estudos, dentre estes, a natação seria o esporte com maiores influências. Num estudo realizado na Croácia no início do calendário escolar 2002-2003, durante os meses de verão europeu, abrangendo 312 estudantes do 5º ao 8º ano (11-14 anos de idade), pesquisou as diferentes características motoras entre crianças e jovens incluídos e não-incluídos em um programa de natação. Os estudantes foram divididos em quatro grupos, de acordo com a idade e gênero: (1) meninos 11-12 e (2) meninos 13-14 anos; (3) meninas 11-12 e (4) meninas 13-14 anos. Cada grupo, então, foi subdividido em grupo experimental (praticantes de natação) e grupo controle (não praticantes). Na comparação entre indivíduos do mesmo gênero, o grupo experimental demonstrou melhores índices de flexibilidade em todos os casos. Na comparação entre meninos e meninas, elas obtiveram melhores resultados em todas as faixas etárias (PAVIĆ; TRNINIĆ; KATIĆ, 2008).

Neste sentido, o objetivo desta pesquisa foi analisar a flexibilidade dos acadêmicos de Educação Física da universidade de Cruz Alta, realizando um comparativo entre os sexos, e o nível de treinamento.

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

            Este estudo se caracteriza por ser uma pesquisa quantitativa do tipo estudo de caso. Segundo Yin (2005) o uso do estudo de caso é adequado quando se pretende investigar o como e o porquê ocorre um conjunto de eventos contemporâneos. O autor explica que o estudo de caso é uma investigação empírica que permite o estudo de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.

Participaram deste estudo de caso 23 acadêmicos do curso de Educação Física da universidade de Cruz Alta- Unicruz, com a média de idade entre 22,82 ± 3,5 anos. Para Yin (2005, p. 32), “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real”. Destes 15 (65,2 %) eram do sexo masculino e 8 (34,8%) do sexo feminino. O instrumento de pesquisa utilizado foi o Banco de Wells, deste modo o teste utilizado para avaliar a flexibilidade do tronco e dos músculos isquiotibiais foi o de Sentar e Alcançar proposto originalmente por Wells e Dillon em 1952, que devido sua fácil aplicação e baixo custo operacional é recomendado e utilizado pelas principais baterias de testes já padronizados em todo o mundo (MINATO et all 2010).

A flexibilidade é medida com o auxílio de uma caixa de madeira com dimensões aproximadas de 30,5 x 30,5 centímetros, tendo a parte superior plana com 56,5 centímetros de comprimento, onde é fixada uma fita métrica, sendo que o valor 23 cm coincide com a linha onde o avaliado acomodava os pés. O avaliado deve então, conforme Figura 1, tentar alcançar o mais longe possível, marcando na fita métrica o valor que alcançou no movimento (HEYWARD, 2004).

Figura 1. Teste de Sentar e Alcançar

Os dados foram coletados durante a noite com todos os acadêmicos. Após estarem aquecidos os mesmos realizaram o teste três vezes e a melhor marca atingida serviu como resultado. Os dados de idade foram interpretados a partir da media e desvio padrão e as informações relacionadas as variáveis estudadas foram analisadas a partir da inferência percentual na comparação da Flexibilidade em relação ao sexo e ao nível de atividade física foi utilizado o teste do quiquadrado com o nível de significância a P ≤0,05.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A variável de flexibilidade foi dicotomizada em boa e ruim, sendo esse o grau de flexibilidade indicado, diferente do indicador encontrado que apresentou grau excelente, acima da média, média e abaixo da média. Todos os sujeitos que apresentaram uma flexibilidade na média ou acima foram considerados com uma boa flexibilidade e os acadêmicos que apresentaram uma flexibilidade abaixo da média foram considerados com um grau de flexibilidade ruim. A partir dessa nova reclassificação podemos verificar, na tabela 1, que os acadêmicos do curso de Educação Física apresentam, em sua maioria (82,5%), uma boa flexibilidade e apenas 17,5% apresentam uma flexibilidade considerada ruim.

Quadro 1 - Classificação da flexibilidade dos Acadêmicos

Variáveis

Indicadores

Frequência

Percentual

Flexibilidade

Excelente

3

13%

Acima da Média

7

30,4%

Média

9

39,1%

Abaixo da média

4

17,4%

 

Uma boa condição física é essencial para a qualidade de vida, e ela não depende apenas de níveis de potência máxima aeróbica satisfatórios, padrões apropriados de potência muscular e estabilidade corporal, mas depende também de bons níveis de flexibilidade. Estas variáveis em níveis apropriados parecem ser importantes para o bem-estar e para a autonomia do indivíduo (COELHO; ARAÚJO, 2000).

Um estilo de vida mais ativo, através da prática regular de atividades físicas, é associado a uma melhora no rendimento esportivo e qualidade de vida, e o exercício físico contribui não somente para a manutenção dos níveis de flexibilidade como também para a evolução dos seus níveis. Dessa forma os sujeitos ativos deveriam apresentar uma boa flexibilidade (DANTAS, 2003). A tabela 2 traz a comparação do grau de flexibilidade comparada ao nível de atividade física dos acadêmicos: sedentários e ativos.

Quadro 2 – Classificação da flexibilidade em relação ao nível de atividade física

Variáveis

Indicadores

Sedentários

Ativos

Flexibilidade

Boa

60%

89%

Ruim

40%

11%

           

Com os resultados obtidos identificamos que os indivíduos que possuem uma vida mais ativa apresentam melhores níveis de flexibilidade do que aqueles que são sedentários, confirmando assim o que os autores estudados apontam. Minnato et al. (2010) afirma que mulheres possuem maior flexibilidade que homens, porém em nosso estudo encontramos um resultado diferente do que os autores afirmaram. Percebemos que entre os sujeitos avaliados os homens apresentaram um grau de flexibilidade superior as mulheres, porém esta diferença não foi estatisticamente significativa ao nível de p ≤l 0,05.

 

Quadro 3 – Classificação da flexibilidade em relação ao sexo

Variáveis

Indicadores

Masculino

Feminino

Flexibilidade

Boa

86,7%

75%

Ruim

13,3%

25%

 

Observando os resultados apresentados na tabela 3 percebe-se que uma classificação boa tanto para os acadêmicos do sexo masculino quanto para os do sexo feminino. Não observou-se diferenças estatisticamente significativa ao nível de p ≤l 0,05 entre os grupos estudados.

 

CONCLUSÃO

Concluímos, a partir dos estudos realizados, que a flexibilidade é um fator determinante tanto no desempenho físico quanto para o bem-estar. Ela está presente em praticamente todas as atividades e contribui para o melhor rendimento. Percebe-se então, a necessidade do treino e da manutenção dos seus níveis, tanto em atividades para desenvolver quanto manter a flexibilidade.

Também podemos concluir com este estudo que os acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta – Unicruz confirmam os apontamentos de alguns estudos, que afirmam que quanto mais ativo o indivíduo é maior o seu grau de flexibilidade. Percebemos também que os indivíduos de forma geral possuem uma boa flexibilidade e que os homens do curso possuem maior flexibilidade que as mulheres.

 

REFERÊNCIAS

ALENCAR, T. A. M. D.; MATIA; K. F. S. Princípios fisiológicos do aquecimento e alongamento muscular na atividade esportiva. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 16. N. 3., 2010. Disponível em: <http://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/1091>. Acesso em: 05 nov. 2018.

DANTAS, E. H. M. A Prática da Preparação Física. 5ª edição. Shape. 2003. Disponível em: <http://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/1091/902>. Acesso em: 05 nov. 2018.

PAVIĆ, R;TRNINIĆ, V.; KATIĆ, R. Sex differences in motor characteristics of elementary school children included/not included in swimming training. Coll. Antropol. v. 3, n. 3, p. 829 -834, 2008. p

PERUCI, D. A influência da prática do Body Balance na flexibilidade, força e resistência muscular. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. v. 3, n. 14. P. 48 – 68, 2009. Disponível em: < http://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/161/164>. Acesso em: 05 nov. 2018.

BADARO, A. F. V.; SILVA, A. H.; BECHE, D. Flexibilidade versus alongamento: esclarecendo as diferenças. Revista do Centro de Ciências da Saúde. v. 33, n.. 1.p. 134 – 148,  2007. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/view/6461/3929>. Acesso em: 05 nov. 2018.

COELHO, C. W.; ARAÚJO, C. G. S. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. v. 2, n. 1. 2000. Disponível em: <http://www.clinimex.com.br/artigoscientificos/RBC&DH_00_qualidade%20de%20vida%20e%20flexibilidade%20em%20adultos.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2018.

HEYWARD, V. H. Avaliação física e prescrição de exercícios: técnicas avançadas. Porto Alegre: Artmed, 2004.

MINATO, G.; RIBEIRO, R.; JUNIOR, A. A.; SANTOS, K. D. Idade, maturação sexual, variáveis antropométricas e composição corporal: influências na flexibilidade. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. v. 12, n. 3, p. 35 – 45. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v12n3/a03v12n3>. Acesso em: 05 nov. 2018.

SANTOS, Z, A.; RIBEIRO, R. Efeito do exercício físico na melhora do grau de flexibilidade na articulação dos joelhos em obesos exercitados comparados com obesos sedentários. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. v. 10, n. 55. 2016. Disponível em: < http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/401/374>. Acesso em: 05 nov. 2018.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

 

[1]Acadêmica do Curso de Educação Física - Licenciatura da Universidade de Cruz Alta/RS. E-mail: ga.leal@hotmail.com

[2]Acadêmico do Curso de Educação Física - Licenciatura da Universidade de Cruz Alta/RS. E-mail: guugs2010@hotmail.com

[3]Acadêmico do Curso de Educação Física - Licenciatura da Universidade de Cruz Alta/RS. E-mail: renanbuhring@gmail.com

[4]Doutora em Educação em Ciências pela Universidade UFSM. Docente do Curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta. E-mail: mkrug@unicruz.edu.br

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