18/06/2019

Análise da Aptidão Física Relacionada À Saúdede Estudantes Do Ensino Médio

 Karem Rodrigues Röpke[1];

Everton Matheus Taborda Belloni[2];

Rodrigo De Rosso Krug[3];

Marilia de Rosso Krug[4];

 

Resumo

O presente estudo tem como objetivo analisar a aptidão física relacionada a saúde de estudantes do ensino médio da cidade de Cruz Alta – RS. Esta pesquisa possui caráter quantitativo do tipo descritivo, cujos dados foram coletados durante a 11ª Feira das Profissões da Universidade de Cruz Alta-RS. Foram avaliadas as variáveis: pressão arterial, frequência cardíaca, índice de massa corporal - IMC, flexibilidade e resistência muscular localizada - RML. Os dados foram analisados a partir da frequência percentual. Observou-se, após analisar os resultados, um alto percentual de adolescentes com valores pressóricos acima do normal para a idade, fraco índice de RML e flexibilidade, no entanto a maioria dos estudantes apresentou estado nutricional (IMC) eutrófico. Assim, foi possível concluir que os estudantes do ensino médio precisam rever seus hábitos alimentares e de atividade física para diminuírem seus valores de pressão arterial e aumentarem os valores de flexibilidade e RML.

Palavras chave: Avaliar, estudantes, valência física.

 

Introdução

A aptidão física é um dos elementos mais importantes da Educação Física, pois é a capacidade de realizar atividades do dia a dia com tranquilidade e menor esforço. Os seus componentes são organizados em duas categorias, o primeiro corresponde à aptidão física relacionada à saúde e o segundo diz respeito à aptidão física relacionada ao desempenho (GUEDES, 2007).

Segundo Farias, Dias e Azambuja (2014), a aptidão física relacionada a saúde é o conjunto de capacidade aeróbica, flexibilidade, força e resistência muscular localizada, e composição corporal.

A capacidade aeróbica, de acordo com Zagoto (2012) “corresponde a maior intensidade em que é verificado um equilíbrio entre a produção e remoção do lactato sanguíneo ou mesmo a intensidade em que ocorre um aumento abrupto da resposta lactacidêmica em relação ao exercício”, ainda, destaca o autor que “tem sido considerada um importante fenômeno fisiológico na avaliação da aptidão aeróbia, e prescrição da intensidade de exercício.”

Já a flexibilidade, corresponde aos maiores arcos de movimentos possíveis nas articulações envolvidas (BADARO, 2007).

Com relação à força e resistência muscular, cabe destacar as suas diferenças, sendo que a força muscular é a quantidade de tensão que um ou mais músculos podem gerar dentro de um movimento padronizado e com determinada velocidade de movimento (PARREIRA, 2005), enquanto a resistência muscular é a capacidade do músculo para suportar a carga por mais tempo (MARINHO; MARINS, 2012).

Arruda (2015) mostra que composição corporal é todas as porções que fazem parte do corpo, desde musculos, gorduras ossos e outras partes vitais.

Com relação a melhora que a aptidão física traz ao corpo Sarkey (2012) destaca que:

 

Aumentam a longevidade, reduzem as enfermidades e prolongam o auge da vida; ajudam a formar massa óssea, reduzindo o risco de osteoporose, osteoartrite e dor lombar; queimam calorias e diminuem o risco de adquirir sobrepeso e desenvolver diabetes, síndrome metabólica e alguns canceres. A gordura abdominal produz moléculas que entram na corrente sanguínea e, por conseguinte, podem ocasionar diabetes tipo 2 e cardiopatia. O exercício reduz a gordura abdominal e, assim, diminui o risco dessas doenças; minimizam o risco de cardiopatia, hipertensão, acidente vascular cerebral e outras complicações vasculares. O exercício reduz o colesterol ruim, que forma placas, e aumenta o colesterol bom, que remove placas. Melhoram a função do sistema imunológico. Durante o exercício moderado, o corpo aumenta a produção de macrófagos, imunoglobulina A salivar (a primeira defesa contra infecção do trato respira- tório superior) e outros componentes imunológicos; as células imunológicas circulam mais rapidamente e aniquilam bactérias e vírus. (SHARKEY, 2012, p 6)

 

 

O período mais importante para estabelecer padrões comportamentais de aptidão fisica e para o desenvolvimento corporal, cognitivo e motor é durante a infância e adolescência, pois o desenvolvimento neste período pode contribuir para a promoção da saúde no decorrer de toda vida (NOGUEIRA; PEREIRA, 2014).

 

Estudos internacionais recentes mostram que a aptidão física relacionada à saúde (afrs) de grande parte das crianças e adolescentes são insuficientes para uma boa saúde segundo o protocolo e os pontos de corte do Fitnessgram, estudo que aplicou em 4621 escolares americanos do ensino médio mostrou que 45% não atingiu a zona de aptidão para o IMC, 19,1% não atingiu para FRM e 29,6% não atingiu para ApC (PARREIRA, 2019).

 

Com base nisso, o presente estudo busca analisar a aptidão fisica relacionada a saúde de estudantes do ensino medio da cidade de Cruz Alta – RS.

 

Procedimentos Metodológicos

 

Esta pesquisa possui caráter quantitativo do tipo descritivo, cujos dados foram coletados durante a 11ª Feira das Profissões da Universidade de Cruz Alta e contou com 30 participantes (20 do sexo masculino e 10 do sexo feminino), todos alunos do ensino médio com idade entre 17 e 20 anos.

Aos participantes, incialmente, era realizado um questionário de identificação (nome, idade e sexo), após eram encaminhados para a verificação dos sinais vitais, tais como pressão arterial e frequência cardíaca; realização das medidas antropométricas peso corporal e  estatura utilizados para a determinação do índice de massa corporal (IMC) e a realização dos testes físicos flexibilidade e resistência muscular localizada.

Para determinação do IMC, os participantes do estudo foram pesados com balança digital portátil da marca welmy, modelo 110 CH, capacidade de 150Kg e divisões de 100g e aferidos sua estatura com estadiômetro portátil, da marca Sanny®, modelo Personal Caprice, com precisão de 1 milímetro. Após coletado as medidas de peso e estatura foi calculado o IMC com a seguinte equação, IMC = Peso (Kg) dividido pela estatura ao quadrado (m). Após os mesmos foram classificadas de acordo com a tabela proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004).

Para identificar a RML foi utilizado o teste de abdominal em um minuto, proposto por Matsudo (1987) sendo classificadas de acordo com a tabela proposta por Pollock e Wilmore (1993). Para a realização do teste de RML. Foi registrado o número máximo de execuções completas em 60 segundos (tocar o solo com as costas e tocar os joelhos com os cotovelos).

A flexibilidade foi determinada a partir do teste de sentar e alcançar com banco, proposto por Wells e Dillon (1952). Neste teste as avaliadas ficaram descalças e os calcanhares tocaram o banco, estando os mesmos separados 30 centímetros. Com os joelhos estendidos e as mãos sobrepostas, o avaliado inclinou-se lentamente e estendeu as mãos para frente o mais distante possível. Os avaliados permaneceram nesta posição o tempo necessário para a distância ser anotada. Foram realizadas três tentativas. As mulheres foram classificadas, seguindo a padronização canadense para os testes de avaliação da aptidão física do Canadian Standardized Test of Fitness (CSTF, 1986).

Foi explicado a todos os participantes sobre os procedimentos, etapas e objetivos do estudo e, em seguida foi-lhes entregue o termo de consentimento livre e esclarecido para que assinassem.

Ainda, o presente estudo atendeu os princípios da Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, sobre a ética das pesquisas com seres humanos. Além disso, esta pesquisa não trouxe nenhum risco fisíco aos participantes, mesmo que algumas perguntas podessem trazer algum desconforto psicológico para os mesmos.

Para a análise dos dados foi utilizada a frequência simples e percentual.

 

Resultados e discussão

 

            Participaram do estudo 30 estudantes do ensino médio com idade mínima de 16 anos e máxima de 20 anos, média de 17,53 ± 0,94 anos. Destes 19 (63,3%) eram do sexo masculino e 11 ( 36,7) do sexo feminino.

            Os estudantes foram avaliados quanto a Pressão arterial (PA), IMC, Flexibilidade e RML (TABELA 1).

 

TABELA 1 - Dados da classificação da PA, IMC, Flexibilidade e RML dos estudantes

Variáveis

Indicadores

F

%

 

PA

Normal

6

20

Pré Hipertensão

10

33

Hipertensão Estágio 1

12

40

Hipertensão Estágio 2

2

7

IMC

Peso Normal

27

90

Acima do peso

3

10

Flexibilidade

Excelente

4

13

Acima da média

5

17

Média

9

30

Abaixo da média

5

17

Ruim

7

23

RML

Excelente

2

7

Acima da média

3

10

Média

6

20

Abaixo da média

6

20

Fraco

13

43

Observando os resultados apresentado na tabela 1 é possível perceber um alto percentual (80%) de estudantes com pressão arterial acima do normal, resultado este bastante preocupante pois segundo Rodrigues et al (2009) valores altos de pressão arterial na adolescência podem ser indicativos de hipertensão arterial na idade adulta. Quanto as questões relacionadas ao IMC a maioria (90%) dos estudantes estão com peso normal, um dado positivo para esse estudo. Na flexibilidade a maioria apresentou valores médios (30%) e ruim (23%)e para a variávels RML constatou-se que a um grande percentual de estudantes com classificações fraco (43%) e abaixo da média (20%).

            Na comparação das variáveis estudas entre os sexos encontrou-se diferenças estatisticamente significativas, somente nas variáveis pressão arterial e RML. Ou seja, um maior percentual de estudantes do sexo masculino apresentou valores de pressão arterial acima do normal em relação às meninas (p= 0,008) e na variável RML as meninas apresentaram melhores classificações em relação aos meninos (p = 033).

            Na variável RML as meninas obtiveram valores significativos superiores aos apresentados pelos meninos o que comprova, que mulheres tendem a terem até três vezes mais resistência muscular localizada que homens, devido ao hormônio feminino estrogênio, algo que influência positivamente em sua performance quando se diz respeito a RML (GOLDAN, et al, 2013).

            A falta de nível semanal de atividades físicas, pode ser um forte contribuinte para alguns desses dados negativos constatados durante os testes na maioria dos alunos que os realizaram, o que gera um mal nível de aptidão física acarretando em um fraco condicionamento para o exercício de RML, gerando também falta de dependência física para outras valências físicas (LEITE; et al, 2009).

 

Conclusões

            Com base nos dados do presente estudo, podemos concluir que os adolescentes precisam cuidar de seus hábitos de vida, pois um percentual bem elevado apresentou valores pressóricos acima do ideal, assim como rever sua prática de exercícios físicos para melhorar a RML e a flexibilidade cuja a classificação da maioria ficou abaixo da média a ruim.

 

           

Referências

ARRUDA, W. M. Composição Corporal?. Circuito Mato Grosso, 2015. Disponível: <http://circuitomt.com.br/editorias/artigos/66680-composicao-corporal-.html>. Acesso em: 31 mar. 2019.

BADARO, A. F. V., SILVA, A. H., BRECHE, D.. Flexibilidade versus alongamento: esclarecendo as diferenças. Revista Saúde, Santa Maria, v. 33, n. 1, p. 32-36, 2007. Disponível em:  <http://www.def.ufla.br/marcoantonio/wp-content/uploads/2014/11/alongamento-e-flexibuilidade-2.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2019.

CANADIAN STANDARDIZED TEST OF FITNESS (CSTF). Operations manual. Fitness and Amateur Sport. Ottawa, 1986.

FARIAS, D. da. S; DIAS, J.C.S; AZAMBUJA, C. R.. Aptidão física relacionada a saúde: uma revisão. Faculdade Metodista de Santa Maria (Curso de Educação Física), v. 7, 2014. Disponível em: <http://fames.edu.br/jornada-academica-educacao-fisica-da-fames/anais/7a-jornada/antonio-fontana-junior-envelhecimento-fames.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2019

GUEDES, D.P. Implicações associadas ao acompanhamento do desempenho motor de crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 21, p.37-60, Número especial, 2007. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rbefe/article/download/16664/18377/>. Acesso em: 31 mar. 2019.

GOLDANI, D., DUARTE, D., LUCHESE, M., AZAMBUJA, R. C. Avaliação da Resistência muscular. Jornada Acadêmica do curso de Educação Física – FAMES 6ª, 2013 Santa Maria. Anais.... Santa Maria, 23 de out, 2013. Disponível em: http://metodistacentenario.com.br/jornada-academica-educacao-fisica-da-fames/anais/6a-jornada. Acesso em 9 Jun. 2019.

LEITE, et al. O efeito do exercício em mini-trampolim de solo sobre medidas de resistência muscular localizada (RML), capacidade aeróbia (VO2) e flexibilidade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.17, n.14, Brasília/DF, 2009.

MARINHO, B. F., MARINS, J. C. B.. Teste de força/resistência de membros superiores: análise metodológica e dados normativos. Revista Fisioterapia e Movimento, Curitiba, v. 25, n. 8, p. 219-290, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/fm/v25n1/a21v25n1.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2019.

MATSUDO, V. K . R. Testes de ciência do esporte. 6. ed. São Caetano do Sul: CELAFISCS, 1987. p. 12, 61.

NOGUEIRA, J. A. D., PEREIRA, C. H.. Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes participantes de programa esportivo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 25, p. 31-40, 2014. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbefe/v28n1/1807-5509-rbefe-28-01-00031.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2019.

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PARREIRA, S. L. S. Quantificação da força muscular e habilidades motoras de pacientes com Distrofia Muscular de Duchenne, em tratamento com corticoterapia. São Paulo, 2005, 167 p. (Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências). Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-04042006-153416/publico/SamaraLamounierSantanaParreira.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2019.

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RODRIGUES, N. A., PERES, J. A, PIRES, P. G. J., CARLETI, L., ARAÚJO, M. T. M., MOYSES, R. M., BISSOLI, S. N., ABREU, R. G. Fatores de risco cardiovasculares, suas associações e presença de síndrome metabólica em adolescentes. Jornal de Pediatria. v.85 n.1, Rio de Janeiro, RJ, 2009.

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¹Acadêmica do Curso de Educação Física Licenciatura da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ.

[2]Acadêmico do Curso de Educação Física Licenciatura da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ

[3]Prof. Dr. do Curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ

[4]Profª. Drª. do Curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ

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