Alta Performance na Docência, Por Quê não?
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Interessante perceber que em uma linha de produção é comum medirmos produtividade, o desempenho do profissional, e até mesmo através de um planejamento, batermos metas de produção estipuladas, entretanto, nem todos profissionais podem trabalhar com produtividade.
Como medir produtividade de um professor? Pelo número de notas acima da média? Saiba que isso não é sinal algum de produtividade, pois fabricar números é muito fácil, mas este texto não visa ir pela seara das notas fabricadas para servir de estatísticas endossando a nossa medíocre e sofrível educação pública e sim, para mostrar que tem como um professor ter uma boa performance em sua sala de aula.
E esta performance não pode ser a mesma que é atribuída a um profissional de uma linha de produção, afinal de contas, ser docente é ser profissional que necessita estar bem preparado para lidar com pessoas, e pessoas são seres ímpares, o que torna complexo equacionarmos.
A alta performance para ser alcançada, necessita-se de atenções voltadas para si próprio, como a busca da excelência, inteligência emocional, trabalho em equipe, superação, administração do tempo e foco no resultado.
A busca da excelência é uma maneira de melhorarmos como profissionais e a mesma é um processo cíclico, e isso me remete a uma conversa com um professor universitário cuja fala era um pouco radical e afirmava que o homem jamais alcançaria a excelência devido a sua própria limitação como ser. Entretanto, este professor se esquecia de que na busca da excelência, nos destacamos entre os demais.
Como afirmo no livro Docência Momento Reflexivo publicado pela Ícone em 2007 e no Livro Gestão do Conhecimento, Educação e Sociedade do Conhecimento, publicado pela mesma editora em 2010, o conhecimento é poder, e este conhecimento é comparado com uma água que não sacia a nossa sede pelo saber, saber este que transforma vidas.
Assim sendo, a excelência está na busca incessante de conhecimento através de cursos, sejam longas ou curtas durações, mas cursos que agregarão a vida do professor, seja como profissional e/ou como pessoa.
A Inteligência Emocional não pode ser aqui confundida como autoajuda, corrente esta que tem arrastado dezenas e/ou centenas de pessoas para esta linha. Como visto em meu livro Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para Cidadania Crítica, publicado pela WAK em 2009, a Inteligência Emocional trabalha com as ideias socráticas do Conheça a ti mesmo, dito isso, esta inteligência trabalhará com as próprias emoções como controle, automotivação, empatia e relacionamento interpessoal.
A Inteligência Emocional se bem trabalhada, proporcionará o profissional a um menor nível de estresse e ansiedade, relacionamentos menos conturbados e mais proveitosos, clareza nos objetivos e tomadas de decisões.
A Inteligência Emocional possibilita o profissional buscar um hedonismo em sua atividade que para muitos é sinônimo de frustrações e doenças psicossomáticas.
O terceiro item a ser trabalhado para se alcançar a boa performance é a questão do trabalho em equipe, o que pode ser difícil caso o professor não tenha em si a segurança necessária.
Infelizmente, por sermos seres humanos, estamos ainda arraigados a desvios de caráter, ou seja, é tudo uma questão de vaidade, ou massagem de ego.
Alguns professores se sentem incomodados com o trabalho alheio e com a forma de como o mesmo é conduzido, diferenciando de seu método que na maioria das vezes é tradicional e totalmente obsoleto.
Aquele professor que ensina a mesma coisa e com mesmo método de 20 anos atrás e em momento algum se sente comprometido com o aprendizado do aluno, desconsiderando o grande clássico "o pequeno príncipe" cuja fala da raposa é bem enfática ao dizer que somos responsáveis por aquilo que cativamos.
Muitos professores não se preocupam em cativar o aluno. Simplesmente chegam em suas salas de aula como o senhores do conhecimento e despejam uma enxurrada de informações, as vezes desatualizadas e descontextualizadas com as realidades de seus alunos, e também sem uma interdisciplinaridade, de forma que os alunos consigam assimilar mais e melhor os conteúdos ministrados e os demais relacionados.
Desta forma, é preciso aprendermos a trabalhar em equipe e enxergarmos a escola como um relógio suíço cheio de pequenas e grandes engrenagens, entretanto, basta uma engrenagem emperrar, e por menor que seja, todo o resultado ficará comprometido.
O trabalho em equipe deve superar vaidades e focar no bem comum que é o sucesso de seu aluno, fazendo com que este vença suas próprias limitações e se torne um cidadão protagônico cognoscente.
O item relacionado à superação está em transpor o que achávamos impossível, como dizia Jean Cocteau, um francês falecido em 1963 e que foi completo em suas atividades como poeta, romancista, cineasta, designer, dramaturgo e ator: "não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez", e assim precisamos também agir. Não preocupar com o que é impossível, pois esta palavra pode ser vista apenas como uma questão de tempo.
E falando de tempo, este é o próximo item para se adquirir a alta performance. Este se for mal administrado, será o nosso maior algoz, pois jamais parará ou voltará, por isso a importância em administrá-lo com um planejamento. O tempo é o nosso bem mais precioso e por isso necessitamos aproveitá-lo ao máximo.
Utilizar bem o tempo não é sinônimo de fazer as coisas correndo, e sim de fazê-las bem feitas e não desperdiçar este precioso presente com coisas sem sentindo e que não agregará nada a sua vida ou a vida de seus alunos.
O último item a ser trabalhado neste texto para alta performance do docente é o foco no resultado, entretanto qual é o resultado que todo professor espera? O resultado de um bom professor é dado a longo prazo e não de imediato. É saber que aquele aluno desacreditado por quase todos se tornou uma pessoa de bem e realizada.
Diferentemente de uma linha de produção, o professor pode ter sim, a sua alta performance trabalhada para que ele se realize como docente e continue encantando seus alunos, tirando-os das áreas de riscos sociais e oferecendo-lhes oportunidades singulares que só o conhecimento e a educação são capazes.