17/01/2018

ADOLESCENTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE TAEKWONDO: uma análise comparativa da flexibilidade e agilidade

 

 

ADOLESCENTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE TAEKWONDO: uma análise comparativa da flexibilidade e agilidade

 

TAEKWONDO PRACTICAL AND NON-PRACTICAL ADOLESCENTS: a comparative analysis of flexibility and agility

 

*Bruno Afonso Parreira Pinto

*Daniele Ramos da Silva

*Deivd Sousa Ferreira

*Keila Afonsina Pereira Apolinário

*Leidiane Antônia Pereira Resende

*Lorena Ferreira Caetano

*Sther Azevedo Marques

**Giuliano Roberto da Silva

***Alexandre Maia Reis

 

*Acadêmicos do Curso de Educação Física no Centro Mineiro do Ensino Superior – CEMES – Campo Belo – MG.

** Professor Doutor do Curso de Educação Física no (a): Centro Mineiro do Ensino Superior – CEMES – Campo Belo – MG; Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS – Alfenas – MG; Faculdade Presbiteriana Gammon – FAGAMMON – Lavras – MG.

*** Professor Especialista do Curso de Educação Física no Centro Mineiro do Ensino Superior – CEMES – Campo Belo – MG.

 

RESUMO

Introdução: O Taekwondo, luta de origem coreana, caracteriza-se por chutes giratórios, altos e rápidos, sendo que esta arte marcial auxilia a coordenação motora, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, e ainda melhora a capacidade de autodefesa. Objetivo: Analisar se o Taekwondo contribui na melhora das variáveis: flexibilidade, agilidade de jovens praticantes. Metodologia: Os participantes de ambos os gêneros (n=40) possuíam idade entre 12 e 15 anos, foram divididos em “grupo teste” (n=20) e “grupo controle” não praticantes de Taekwondo (n=20). Foram avaliados inicialmente para aferição dos valores das variáveis. Após, foi promovido um protocolo de treinamento com a durabilidade de 12 semanas (três vezes na semana com duração de 2 horas cada seção), cada seção foi estruturada em três etapas: i) aquecimento (alongamentos); ii) técnicas da arte marcial (chutes, combates, poomses); iii) (alongamentos). Após a execução do protocolo, foram realizadas reavaliações para averiguar se houve mudanças nas variáveis. Os testes realizados foram: Teste de Sentar e Alcançar no Banco de Wells, ShuttleRun. O nível de significância adotado nos testes foi p ≤ 0,05. Resultados: Foi possível através da prática do Taekwondo, melhorar os níveis das variáveisdos sexos feminino e masculino respectivamente, (flexibilidade: p=0,02 e p=0,003), (agilidade: p=0,02 e p=0,001),porém o mesmo não ocorreu no grupo controle. Conclusão: O Taekwondo contribuiu para melhora dos níveis das valências físicas: flexibilidade e agilidade em ambos os gêneros estudados no grupo teste.

Palavras-chave: Comparação; Flexibilidade; Agilidade.

 

ABSTRACT

Introduction: Taekwondo, a fight of Korean origin, is characterized by swift, high and fast kicks, and this martial art helps motor coordination, flexibility, agility, balance, and even improves the capacity for self-defense. Objective: To analyze if Taekwondo contributes to the improvement of the variables: flexibility, agility of young practitioners. Methodology: Participants of both genders (n = 40) were aged between 12 and 15 years, were divided into "test group" (n = 20) and "control group" non-Taekwondo practitioners (n = 20). They were initially evaluated for the values ​​of the variables. After, a training protocol with a durability of 12 weeks (three times a week for 2 hours each section) was promoted, each section was structured in three steps: i) heating (stretching); ii) martial art techniques (kicks, combats, poomses); iii) (stretching). After the protocol was executed, reassessments were made to determine if there were changes in the variables. The tests performed were: Sit and Reach Test at Wells Bank, ShuttleRun. The level of significance adopted in the tests was p ≤ 0.05. Results: It was possible through the practice of Taekwondo to improve the levels of the male and female variables respectively (flexibility: p = 0.02 and p = 0.003), (agility: p = 0.02 and p = 0.001), but the same did not occur in the control group. Conclusion: Taekwondo contributed to the improvement of physical valence levels: flexibility and agility in both genders studied in the test group.

Keywords: Comparison; Flexibility; Agility.

 

INTRODUÇÃO

O Taekwondo, luta de origem coreana, caracteriza-se por chutes giratórios, altos e rápidos, sendo que esta arte marcial por origem se tornou esporte olímpico em Sidney, no ano 2000 (LIN et al., 2006; Albuquerque et al., 2008). Exponencialmente houve um crescimento no número de praticantes e devido a esta mudança, resultou em uma maior divulgação na mídia (Albuquerque et al., 2008; KAZEMI et al., 2006).

Auxilia a coordenação motora, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, concentração, disciplina, autoconfiança, autoestima e ainda melhora a capacidade de autodefesa.Para adolescentes, promove um desenvolvimento moral, onde elas aprendem a respeitar a elas mesmas assim como aos outros, e a autodisciplina, consequência de aprender e praticar as técnicas reflete-se geralmente em outras áreas de suas vidas, onde melhorando frequentemente, aprendem a focar seus objetivos e trabalhar em busca de realizações (GOULART, 2002).

A flexibilidade é definida como a amplitude de um dado movimento articular ou de um grupo de músculos e/ou articulações, quando solicitados na realização de movimentos. A flexibilidade do atleta contribui nos seguintes aspectos: agilidade, velocidade e força (WEINECK, 1991).

A flexibilidade do atleta contribui nos seguintes aspectos: agilidade, velocidade e força. Os atletas condicionam-se melhor, previne acidentes como as distensões musculares, aumentam a capacidade mecânica músculo-articular, melhora as técnicas do desporto e permite aproveitamento mais econômico da energia durante o esforço (FERNANDES et al., 2008).

A agilidade é definida como a qualidade de mudar efetivamente e rapidamente a direção e o sentido de um movimento executado, e o deslocamento da altura do centro de gravidade de todo corpo ou parte dela, sendo fundamental na prática de esportes e na vida de todos os dias e no contexto esportivo é a resposta do ser humano em conseguir executar movimentos rápidos e coordenativos dentro de especificidade técnica (BARBANTI, 2003). É introduzida no Taekwondo, para defesas, movimentos em menor tempo possível, chutes giratórios, altos e rápidos, permitindo um gasto menor da força e energia muscular (OLIVEIRA, 2000).

O objetivo da pesquisa foi analisar se a arte marcial Taekwondo contribui na melhora dos níveis das valências físicas: flexibilidade e agilidade de jovens praticantes, comparando os resultados com os dados coletados para as mesmas variáveis físicas em jovens que não praticam esta arte marcial.

 

METODOLOGIA

Delineamento do Estudo e Caracterização Amostral

A referente pesquisa foi caracterizada como analítica e experimental (THOMAS & NELSON, 1996).

Foi obtida através de um grupo de indivíduos participantes deum projeto de iniciação desportiva da modalidade da arte marcial Taekwondo, na cidade de Campo Belo - MG. Os participantes frequentaram as sessões detreinostrês vezes semanais, durante 12 semanas (segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira), com duração de duas horas. Cada sessão de treinamento era estruturada em três etapas: i) aquecimento (alongamentos); ii) técnicas da arte marcial (chutes, combates, poomses); iii) (alongamentos).

Os indivíduos estudados possuíam idade ente 12 a 15 anos de idade, de ambos os sexos (masculino e feminino) totalizando uma amostra de 40 indivíduos, sendo um grupo com n=20 praticantes iniciantes de Taekwondo, denominado de “grupo experimental” (10 do gênero feminino e 10 do gênero masculino), e outro grupo de n=20 não praticantes, denominado “grupo controle” (10 do gênero feminino e 10 do gênero masculino), sendo estes últimos, jovens estudantes, que frequentavam apenas aulas de Educação Física em suas escolas, duas vezes na semana sem objetivos específicos de treinamento.

 

 

Testes

As valências físicas estudadas foram mensuradas através dos seguintes testes: i) Flexibilidade: avaliada pelo banco de Wells e Dillon (sentar e alcançar) (WELLS & DILLON, 1952); ii) Agilidade: aferida através do ShuttleRun (FILHO, 2003).

i) Sentar e Alcançar (Wells e Dillon): O teste de sentar e alcançar se trata de um teste indireto. Para realizá-lo é necessário o uso do banco específico, onde o avaliado deve estar sentado, com os pés devidamente apoiados ao banco e os joelhos estendidos. Na sequência, o tronco deve ser flexionado a frente buscando sempre a maior quantidade de centímetros possíveis.  Os joelhos dos avaliados devem ser apoiados pelo avaliador para evitar sua flexão (PITANGA, 2005).

ii)Teste de ShuttleRun: Tem como objetivo a avaliação da agilidade neuro-motora e da velocidade; o teste de ShuttleRun foi realizado da seguinte forma: os alunos ficaram na marca inicial, com uma perna a frente da outra o mais próximo possível da linha de saída. Ao comando do avaliador, um aluno de cada vez, correu o mais rápido possível até os blocos de madeira. Esses blocos foram colocados 10 centímetros atrás da outra linha que delimita os espaços que foram trabalhados a 9,14metros de distância da linha de largada. Chegando a essa linha, o aluno pegou um bloco e retornou a linha de largada e colocou este atrás da linha, não podendo jogá-lo e sim colocá-lo no chão. Sem interromper sua corrida, ele voltava e realizava o mesmo procedimento. O cronômetro foi interrompido assim que um dos pés do aluno ultrapassou a linha de largada. Foram realizadas duas tentativas, e adotado o menor tempo definido em décimos de segundos (ALVES et al., 2010).

 

Aspectos Éticos

Todos os procedimentos que foram adotados nesta pesquisa, obedeceram aos critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº466 de Dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Nenhum dos procedimentos ofereceu riscos à dignidade física e/ou psicológica dos participantes.

A aprovação de participação no estudo foi feita mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos pais ou responsáveis dos participantes.

 

Análise Estatística

Foi utilizado o teste não paramétrico de Friedman (utilizado quando o delineamento é em blocos casualizados (DBC), ou seja, as condições experimentais são heterogêneas (o sexo pode influenciar nas mudanças das valências físicas estudadas)), em que este informa se houve diferença ou não entre os grupos. Para verificar quais grupos foram diferentes, foi realizado um teste t de Student, baseado na soma de ranks dos tratamentos, onde o nível de significância adotado foi de 5% (p≤0,05).

 

RESULTADOS

Conforme apresenta a Figura 1, percebeu-se que na variável flexibilidade houve melhora de 1,67 centímetros (resultado da variação) em relação ao grupo experimental do sexo feminino, nota-se que, no pré-treino a média geral, foi de 28,58 centímetros (±6,31) e no pós-treino foi de 30,25 centímetros (±6,46) (p=0,02). Já no grupo experimental masculino a média passou de 24,26 centímetros (±6,24) para 28,83 centímetros (±6,55) obtendo melhora, com a variação de 4,57centímetros no nível de flexibilidade, com (p=0,003). No grupo controle não houve melhora significativa, mesmo que no sexo feminino houve uma queda de 0,44 centímetros na variação, obtendo como as médias de 1ª avaliação 28,13 centímetros (±4,21) e 2ª avaliação 27,69 centímetros (±4,57) (p = 0,13). E no sexo masculino, na 1ª avaliação foi 26,67 centímetros (±5,26) e na 2ª avaliação 26,22 centímetros (±3,99) com uma queda de 0,45 centímetros na variação, (p = 0,12).

Através do teste Wells e Dillon que analisa a flexibilidade da cadeia posterior, notou-se que houve melhora no grupo teste, em ambos os gêneros, porém o grupo experimental masculino obteve melhor resultado de ganho de flexibilidade na comparação do pré-treino para o pós-treino, com variação de 4,57 centímetros de ganho. Porém ao analisar qual gênero possui melhor flexibilidade, o grupo experimental feminino se destacou,mostrando que o mesmo tem uma flexibilidade melhor (pré (28,58) e pós-treino (30,25)) em relação ao grupo experimental masculino (pré (24,56) e pós-treino (28,33)), com p=0,049.

Comparando o resultado de acordo com o protocolo Wells e Dillon (Tabela 1), no grupo experimental feminino, cerca de 66,67% não melhoraram o índice, que eram “fraco”, “regular” e  “médio”aferidos antes dos treinos, e permaneceram com os mesmos índices após os treinos, porém, 33,33% da amostraobteve uma pequena melhora, passando de “regular” para “médio” e de “médio” para “bom”. Já no grupo experimental masculino, 56,56% não obtiveram melhora no índice de flexibilidade tanto no pré e pós treino em relação à classificaçãoda tabela de Wells e Dillon, e 44,44% da amostra, passaram das classificações: “regular” para “médio” e “regular’ para “bom”.

FIGURA 1 - Análise da Flexibilidade. *Diferença estatisticamente significativa (p≤0,05)

TABELA 1 - Classificação do Banco de Wells eDillon(WELLS & DILLON, 1952)

Na Figura 2 são apresentados os resultados obtidos para a variável agilidade, onde o grupo experimental do sexo feminino obteve no pré-treino a média de 12,86 segundos (±1,41), enquanto no pós-treino a média foi de 11,75 segundos (±0,94), havendo uma melhora com variação de 1,11 segundos (p=0,02). No grupo experimental masculino, a média do pré-treino foi de 11,73 segundos (±1,07), já no pós-treino o resultado foi de 10,82 segundos (±1,24), ou seja, com melhora, e a variação de 0,89 segundos (p= 0,001). Logo, nos grupos experimentais masculino e feminino houve melhora do nível de agilidade. Já no grupo controle os resultados não obtiveram melhora alguma, onde o grupo controle feminino teve a média na 1ª avaliação de 12,04 segundos (±0,53) e na 2ª avaliação de 12,15 segundos (±0,77) com uma variação de -0,11segundos (p=0,27), e no sexo masculino o resultado obtido na1ª avaliação foi 11,20 segundos (±0,99), e na2ª avaliação 11,54 segundos (±0,85), com uma variação de -0,34(p= 0,46).

Todavia, na comparação da variável física agilidade aferida neste estudo através do protocolo ShuttleRun, o grupo experimental obteve melhor resultado do que o controle, já na diferenciação entre os sexos, o sexo femininoobteve melhores resultados, pois passaram de 12,86 segundos no pré treino para 11,75 segundos no pós treino, ou seja, melhora de 1,11 segundos. O grupo masculino também obteve melhora, média de 11,73 segundos antes dos treinos, e após o treinamento, média de 10,84 segundos, ou seja, melhora de 0,89 segundos, porém menos significativa.No entanto, ao comparar qual gênero foi melhor na valência física agilidade,o grupo masculino se destacou em relação ao feminino.

Ao analisar e comparar os resultados deste estudo com a classificação do ShuttleRun (Tabela 2), no grupo experimental masculino,cerca de 66,67% deles melhoraram seus índices, passando de:“fraco” para “regular”, “regular’ para “médio”, “médio” para “bom”, “bom” para “excelente”, porém, 33,33% destes não conseguiram melhorar seus índices (permanecendo na mesma escala). Já no grupo experimental feminino, somente 16,67% conseguiram mudar o índice passando do nível “fraco” para “médio”, enquanto que 83,33% mantiveram seus índices.

FIGURA 2 - Análise da Agilidade. *Diferença estatisticamente significativa (p≤0,05)

TABELA 2- Classificação ShuttleRun (FILHO, 2003)

A tabela 3 apresenta os resultados obtidos no estudo do estado pré para o pós nos grupos estudados.

TABELA 3– Resultados pré e pós das variáveis nos grupos teste e controle. *Diferença estatisticamente significativa (p≤0,05)

DISCUSSÃO              

Um estudo com resultados similares ao atual, em que no decorrer de 12 semanas de prática regular da Taekwondo em relação ao (pré e pós testes), foi apresentado diferenças nos níveis de flexibilidade, agilidade e força quando comparado ao GC (Grupo Controle) em ambos os gêneros. Isso se explica devido ao fato que nos movimentos utilizados nas técnicas de Taekwondo exigir muito dessas variáveis físicas (LUSSAC, 2009).

Em uma pesquisa foi aplicado um protocolo de lutas em um projeto escolar durante 16 semanas em 28 escolares, sendo, 14 meninos e 14 meninas, com idade entre 11 e 14 anos, ele obteve uma resposta significativa na melhora da valência flexibilidade após este período de prática. Onde 85% dos meninos e 95% das meninas melhoraram a flexibilidade, em que o teste foi o teste Sentar e Alcançar, corroborando os resultados deste estudo (MATOS, 2010).

Em um trabalho realizado com jovens praticantes de lutas, relataram que após o período de prática, a luta favoreceu o aumento significativo da valência física flexibilidade, pois, perceberam que neste tipo de modalidade a realização das técnicas exige grande amplitude de movimento, melhorando assim o grau de flexibilidade, os resultados destes autores assemelham-se ao encontrado neste estudo (MARINHO et al., 2011).

Em crianças e adolescentes, a flexibilidade é importantíssima para promover ajustes e melhoras posturais durante as fases do crescimento, melhorando e aperfeiçoando o bom desenvolvimento motor, agindo no equilíbrio todaa cadeia muscular posterior e anterior, sendo estas responsáveis pelo equilíbrio e boa sustentação da coluna vertebral (FERREIRA & LEDESMA, 2008). Há uma variedade de fatores, incluindo diferenças anatômicas e fisiológicas que podem ser responsáveis pela diferença na flexibilidade entre os sexos, dentre eles o formato da região pélvica das mulheres e também a curva superior do processo do olecrano do cotovelo, que é menor nas mulheres, possibilitando maior amplitude de extensão nessa articulação (ALTER, 1999).

Em relação à valência física agilidade segundo o estudo realizado com crianças e adolescentes com faixa etária entre 12 a 16 anos observou-se que os meninos são mais ágeis, e que quanto mais à idade avança menor é o tempo na agilidade, pois o menor tempo equivale a um melhor resultado (KREBS & MACEDO, 2005).

Em outro estudo realizado com 50 adolescentes com idade entre 11 e 13 anos, em sessões de treinamento de iniciação esportiva por duas vezes na semana durante 20 semanas, os resultados foram parecidos ao encontrado neste estudo, pois, a melhora foi significativa da agilidade comparando o pré e pós intervenção prática e o teste aplicado foi o mesmo aqui aplicado, o ShutlleRun (BORTONI & BOJIKIAN, 2007).

Todavia, em outro estudo, não obtiveram diferença significativa na valência física agilidade depois de realizar um protocolo de 14 semanas com a modalidade capoeira no pré e pós-teste com adolescentes que receberam intervenção, resultado este diferente ao encontrado neste estudo (SILVA et al., 2009). A capoeira melhora apenas o tempo de execução da corrida em comparação com outras atividades como, por exemplo, as atividades lecionadas nas aulas de Educação Física convencionais ou até mesmo outros esportes como o futebol (FILHO et al., 2013).

A valência física agilidade para esta faixa etária aqui investigada torna-se de suma importância seu estímulo através das modalidades devido ao fato, que esta qualidade motora está diretamente ligada ao desempenho motor, maturação biológica, composição corporal, experiência de prática esportiva, além de outros aspectos que devem ser considerados para estudos com esta população (RÉ et al., 2005).

 

CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos, percebeu-se que com a prática do Taekwondo, no gênero feminino, as variáveis flexibilidade e agilidade obtiveram melhoras significativas ao serem comparadas da fase pré para a pós prática. No gênero masculino também foram obtidas melhoras significativas das variáveis avaliadas, flexibilidade e agilidade, comparando a fase pré para a pós prática. Porém, o mesmo não ocorreu no grupo controle, em que não foi obtido melhoras significativas, que pode ser explicado pelo fato de não ter participado dos protocolos de treinamento de Taekwondo, onde apenas frequentaram aulas de Educação Física, sem nenhum objetivo de treinamento específico.

 

REFERÊNCIAS

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KREBS, R. J.; MACEDO, F. O. Desempenho da aptidão física de crianças e adolescentes. Revista Digital EFDeportes, v. 10, n. 85, p.1-11, 2005.

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WELLS, K. F.; DILLON, E. K.The sit and reach: a test of back and leg flexibility. 1º ed. Inglaterra: Ed. Books, 1952.

 

ADOLESCENTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE TAEKWONDO: uma análise comparativa da flexibilidade e agilidade

 

TAEKWONDO PRACTICAL AND NON-PRACTICAL ADOLESCENTS: a comparative analysis of flexibility and agility

 

*Bruno Afonso Parreira Pinto

*Daniele Ramos da Silva

*Deivd Sousa Ferreira

*Keila Afonsina Pereira Apolinário

*Leidiane Antônia Pereira Resende

*Lorena Ferreira Caetano

*Sther Azevedo Marques

**Giuliano Roberto da Silva

***Alexandre Maia Reis

 

*Acadêmicos do Curso de Educação Física no Centro Mineiro do Ensino Superior – CEMES – Campo Belo – MG.

** Professor Doutor do Curso de Educação Física no (a): Centro Mineiro do Ensino Superior – CEMES – Campo Belo – MG; Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS – Alfenas – MG; Faculdade Presbiteriana Gammon – FAGAMMON – Lavras – MG.

*** Professor Especialista do Curso de Educação Física no Centro Mineiro do Ensino Superior – CEMES – Campo Belo – MG.

 

RESUMO

Introdução: O Taekwondo, luta de origem coreana, caracteriza-se por chutes giratórios, altos e rápidos, sendo que esta arte marcial auxilia a coordenação motora, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, e ainda melhora a capacidade de autodefesa. Objetivo: Analisar se o Taekwondo contribui na melhora das variáveis: flexibilidade, agilidade de jovens praticantes. Metodologia: Os participantes de ambos os gêneros (n=40) possuíam idade entre 12 e 15 anos, foram divididos em “grupo teste” (n=20) e “grupo controle” não praticantes de Taekwondo (n=20). Foram avaliados inicialmente para aferição dos valores das variáveis. Após, foi promovido um protocolo de treinamento com a durabilidade de 12 semanas (três vezes na semana com duração de 2 horas cada seção), cada seção foi estruturada em três etapas: i) aquecimento (alongamentos); ii) técnicas da arte marcial (chutes, combates, poomses); iii) (alongamentos). Após a execução do protocolo, foram realizadas reavaliações para averiguar se houve mudanças nas variáveis. Os testes realizados foram: Teste de Sentar e Alcançar no Banco de Wells, ShuttleRun. O nível de significância adotado nos testes foi p ≤ 0,05. Resultados: Foi possível através da prática do Taekwondo, melhorar os níveis das variáveisdos sexos feminino e masculino respectivamente, (flexibilidade: p=0,02 e p=0,003), (agilidade: p=0,02 e p=0,001),porém o mesmo não ocorreu no grupo controle. Conclusão: O Taekwondo contribuiu para melhora dos níveis das valências físicas: flexibilidade e agilidade em ambos os gêneros estudados no grupo teste.

Palavras-chave: Comparação; Flexibilidade; Agilidade.

 

ABSTRACT

Introduction: Taekwondo, a fight of Korean origin, is characterized by swift, high and fast kicks, and this martial art helps motor coordination, flexibility, agility, balance, and even improves the capacity for self-defense. Objective: To analyze if Taekwondo contributes to the improvement of the variables: flexibility, agility of young practitioners. Methodology: Participants of both genders (n = 40) were aged between 12 and 15 years, were divided into "test group" (n = 20) and "control group" non-Taekwondo practitioners (n = 20). They were initially evaluated for the values ​​of the variables. After, a training protocol with a durability of 12 weeks (three times a week for 2 hours each section) was promoted, each section was structured in three steps: i) heating (stretching); ii) martial art techniques (kicks, combats, poomses); iii) (stretching). After the protocol was executed, reassessments were made to determine if there were changes in the variables. The tests performed were: Sit and Reach Test at Wells Bank, ShuttleRun. The level of significance adopted in the tests was p ≤ 0.05. Results: It was possible through the practice of Taekwondo to improve the levels of the male and female variables respectively (flexibility: p = 0.02 and p = 0.003), (agility: p = 0.02 and p = 0.001), but the same did not occur in the control group. Conclusion: Taekwondo contributed to the improvement of physical valence levels: flexibility and agility in both genders studied in the test group.

Keywords: Comparison; Flexibility; Agility.

 

INTRODUÇÃO

O Taekwondo, luta de origem coreana, caracteriza-se por chutes giratórios, altos e rápidos, sendo que esta arte marcial por origem se tornou esporte olímpico em Sidney, no ano 2000 (LIN et al., 2006; Albuquerque et al., 2008). Exponencialmente houve um crescimento no número de praticantes e devido a esta mudança, resultou em uma maior divulgação na mídia (Albuquerque et al., 2008; KAZEMI et al., 2006).

Auxilia a coordenação motora, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, concentração, disciplina, autoconfiança, autoestima e ainda melhora a capacidade de autodefesa.Para adolescentes, promove um desenvolvimento moral, onde elas aprendem a respeitar a elas mesmas assim como aos outros, e a autodisciplina, consequência de aprender e praticar as técnicas reflete-se geralmente em outras áreas de suas vidas, onde melhorando frequentemente, aprendem a focar seus objetivos e trabalhar em busca de realizações (GOULART, 2002).

A flexibilidade é definida como a amplitude de um dado movimento articular ou de um grupo de músculos e/ou articulações, quando solicitados na realização de movimentos. A flexibilidade do atleta contribui nos seguintes aspectos: agilidade, velocidade e força (WEINECK, 1991).

A flexibilidade do atleta contribui nos seguintes aspectos: agilidade, velocidade e força. Os atletas condicionam-se melhor, previne acidentes como as distensões musculares, aumentam a capacidade mecânica músculo-articular, melhora as técnicas do desporto e permite aproveitamento mais econômico da energia durante o esforço (FERNANDES et al., 2008).

A agilidade é definida como a qualidade de mudar efetivamente e rapidamente a direção e o sentido de um movimento executado, e o deslocamento da altura do centro de gravidade de todo corpo ou parte dela, sendo fundamental na prática de esportes e na vida de todos os dias e no contexto esportivo é a resposta do ser humano em conseguir executar movimentos rápidos e coordenativos dentro de especificidade técnica (BARBANTI, 2003). É introduzida no Taekwondo, para defesas, movimentos em menor tempo possível, chutes giratórios, altos e rápidos, permitindo um gasto menor da força e energia muscular (OLIVEIRA, 2000).

O objetivo da pesquisa foi analisar se a arte marcial Taekwondo contribui na melhora dos níveis das valências físicas: flexibilidade e agilidade de jovens praticantes, comparando os resultados com os dados coletados para as mesmas variáveis físicas em jovens que não praticam esta arte marcial.

 

METODOLOGIA

Delineamento do Estudo e Caracterização Amostral

A referente pesquisa foi caracterizada como analítica e experimental (THOMAS & NELSON, 1996).

Foi obtida através de um grupo de indivíduos participantes deum projeto de iniciação desportiva da modalidade da arte marcial Taekwondo, na cidade de Campo Belo - MG. Os participantes frequentaram as sessões detreinostrês vezes semanais, durante 12 semanas (segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira), com duração de duas horas. Cada sessão de treinamento era estruturada em três etapas: i) aquecimento (alongamentos); ii) técnicas da arte marcial (chutes, combates, poomses); iii) (alongamentos).

Os indivíduos estudados possuíam idade ente 12 a 15 anos de idade, de ambos os sexos (masculino e feminino) totalizando uma amostra de 40 indivíduos, sendo um grupo com n=20 praticantes iniciantes de Taekwondo, denominado de “grupo experimental” (10 do gênero feminino e 10 do gênero masculino), e outro grupo de n=20 não praticantes, denominado “grupo controle” (10 do gênero feminino e 10 do gênero masculino), sendo estes últimos, jovens estudantes, que frequentavam apenas aulas de Educação Física em suas escolas, duas vezes na semana sem objetivos específicos de treinamento.

 

 

Testes

As valências físicas estudadas foram mensuradas através dos seguintes testes: i) Flexibilidade: avaliada pelo banco de Wells e Dillon (sentar e alcançar) (WELLS & DILLON, 1952); ii) Agilidade: aferida através do ShuttleRun (FILHO, 2003).

i) Sentar e Alcançar (Wells e Dillon): O teste de sentar e alcançar se trata de um teste indireto. Para realizá-lo é necessário o uso do banco específico, onde o avaliado deve estar sentado, com os pés devidamente apoiados ao banco e os joelhos estendidos. Na sequência, o tronco deve ser flexionado a frente buscando sempre a maior quantidade de centímetros possíveis.  Os joelhos dos avaliados devem ser apoiados pelo avaliador para evitar sua flexão (PITANGA, 2005).

ii)Teste de ShuttleRun: Tem como objetivo a avaliação da agilidade neuro-motora e da velocidade; o teste de ShuttleRun foi realizado da seguinte forma: os alunos ficaram na marca inicial, com uma perna a frente da outra o mais próximo possível da linha de saída. Ao comando do avaliador, um aluno de cada vez, correu o mais rápido possível até os blocos de madeira. Esses blocos foram colocados 10 centímetros atrás da outra linha que delimita os espaços que foram trabalhados a 9,14metros de distância da linha de largada. Chegando a essa linha, o aluno pegou um bloco e retornou a linha de largada e colocou este atrás da linha, não podendo jogá-lo e sim colocá-lo no chão. Sem interromper sua corrida, ele voltava e realizava o mesmo procedimento. O cronômetro foi interrompido assim que um dos pés do aluno ultrapassou a linha de largada. Foram realizadas duas tentativas, e adotado o menor tempo definido em décimos de segundos (ALVES et al., 2010).

 

Aspectos Éticos

Todos os procedimentos que foram adotados nesta pesquisa, obedeceram aos critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº466 de Dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Nenhum dos procedimentos ofereceu riscos à dignidade física e/ou psicológica dos participantes.

A aprovação de participação no estudo foi feita mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos pais ou responsáveis dos participantes.

 

Análise Estatística

Foi utilizado o teste não paramétrico de Friedman (utilizado quando o delineamento é em blocos casualizados (DBC), ou seja, as condições experimentais são heterogêneas (o sexo pode influenciar nas mudanças das valências físicas estudadas)), em que este informa se houve diferença ou não entre os grupos. Para verificar quais grupos foram diferentes, foi realizado um teste t de Student, baseado na soma de ranks dos tratamentos, onde o nível de significância adotado foi de 5% (p≤0,05).

 

RESULTADOS

Conforme apresenta a Figura 1, percebeu-se que na variável flexibilidade houve melhora de 1,67 centímetros (resultado da variação) em relação ao grupo experimental do sexo feminino, nota-se que, no pré-treino a média geral, foi de 28,58 centímetros (±6,31) e no pós-treino foi de 30,25 centímetros (±6,46) (p=0,02). Já no grupo experimental masculino a média passou de 24,26 centímetros (±6,24) para 28,83 centímetros (±6,55) obtendo melhora, com a variação de 4,57centímetros no nível de flexibilidade, com (p=0,003). No grupo controle não houve melhora significativa, mesmo que no sexo feminino houve uma queda de 0,44 centímetros na variação, obtendo como as médias de 1ª avaliação 28,13 centímetros (±4,21) e 2ª avaliação 27,69 centímetros (±4,57) (p = 0,13). E no sexo masculino, na 1ª avaliação foi 26,67 centímetros (±5,26) e na 2ª avaliação 26,22 centímetros (±3,99) com uma queda de 0,45 centímetros na variação, (p = 0,12).

Através do teste Wells e Dillon que analisa a flexibilidade da cadeia posterior, notou-se que houve melhora no grupo teste, em ambos os gêneros, porém o grupo experimental masculino obteve melhor resultado de ganho de flexibilidade na comparação do pré-treino para o pós-treino, com variação de 4,57 centímetros de ganho. Porém ao analisar qual gênero possui melhor flexibilidade, o grupo experimental feminino se destacou,mostrando que o mesmo tem uma flexibilidade melhor (pré (28,58) e pós-treino (30,25)) em relação ao grupo experimental masculino (pré (24,56) e pós-treino (28,33)), com p=0,049.

Comparando o resultado de acordo com o protocolo Wells e Dillon (Tabela 1), no grupo experimental feminino, cerca de 66,67% não melhoraram o índice, que eram “fraco”, “regular” e  “médio”aferidos antes dos treinos, e permaneceram com os mesmos índices após os treinos, porém, 33,33% da amostraobteve uma pequena melhora, passando de “regular” para “médio” e de “médio” para “bom”. Já no grupo experimental masculino, 56,56% não obtiveram melhora no índice de flexibilidade tanto no pré e pós treino em relação à classificaçãoda tabela de Wells e Dillon, e 44,44% da amostra, passaram das classificações: “regular” para “médio” e “regular’ para “bom”.

FIGURA 1 - Análise da Flexibilidade. *Diferença estatisticamente significativa (p≤0,05)

TABELA 1 - Classificação do Banco de Wells eDillon(WELLS & DILLON, 1952)

Na Figura 2 são apresentados os resultados obtidos para a variável agilidade, onde o grupo experimental do sexo feminino obteve no pré-treino a média de 12,86 segundos (±1,41), enquanto no pós-treino a média foi de 11,75 segundos (±0,94), havendo uma melhora com variação de 1,11 segundos (p=0,02). No grupo experimental masculino, a média do pré-treino foi de 11,73 segundos (±1,07), já no pós-treino o resultado foi de 10,82 segundos (±1,24), ou seja, com melhora, e a variação de 0,89 segundos (p= 0,001). Logo, nos grupos experimentais masculino e feminino houve melhora do nível de agilidade. Já no grupo controle os resultados não obtiveram melhora alguma, onde o grupo controle feminino teve a média na 1ª avaliação de 12,04 segundos (±0,53) e na 2ª avaliação de 12,15 segundos (±0,77) com uma variação de -0,11segundos (p=0,27), e no sexo masculino o resultado obtido na1ª avaliação foi 11,20 segundos (±0,99), e na2ª avaliação 11,54 segundos (±0,85), com uma variação de -0,34(p= 0,46).

Todavia, na comparação da variável física agilidade aferida neste estudo através do protocolo ShuttleRun, o grupo experimental obteve melhor resultado do que o controle, já na diferenciação entre os sexos, o sexo femininoobteve melhores resultados, pois passaram de 12,86 segundos no pré treino para 11,75 segundos no pós treino, ou seja, melhora de 1,11 segundos. O grupo masculino também obteve melhora, média de 11,73 segundos antes dos treinos, e após o treinamento, média de 10,84 segundos, ou seja, melhora de 0,89 segundos, porém menos significativa.No entanto, ao comparar qual gênero foi melhor na valência física agilidade,o grupo masculino se destacou em relação ao feminino.

Ao analisar e comparar os resultados deste estudo com a classificação do ShuttleRun (Tabela 2), no grupo experimental masculino,cerca de 66,67% deles melhoraram seus índices, passando de:“fraco” para “regular”, “regular’ para “médio”, “médio” para “bom”, “bom” para “excelente”, porém, 33,33% destes não conseguiram melhorar seus índices (permanecendo na mesma escala). Já no grupo experimental feminino, somente 16,67% conseguiram mudar o índice passando do nível “fraco” para “médio”, enquanto que 83,33% mantiveram seus índices.

FIGURA 2 - Análise da Agilidade. *Diferença estatisticamente significativa (p≤0,05)

TABELA 2- Classificação ShuttleRun (FILHO, 2003)

A tabela 3 apresenta os resultados obtidos no estudo do estado pré para o pós nos grupos estudados.

TABELA 3– Resultados pré e pós das variáveis nos grupos teste e controle. *Diferença estatisticamente significativa (p≤0,05)

DISCUSSÃO              

Um estudo com resultados similares ao atual, em que no decorrer de 12 semanas de prática regular da Taekwondo em relação ao (pré e pós testes), foi apresentado diferenças nos níveis de flexibilidade, agilidade e força quando comparado ao GC (Grupo Controle) em ambos os gêneros. Isso se explica devido ao fato que nos movimentos utilizados nas técnicas de Taekwondo exigir muito dessas variáveis físicas (LUSSAC, 2009).

Em uma pesquisa foi aplicado um protocolo de lutas em um projeto escolar durante 16 semanas em 28 escolares, sendo, 14 meninos e 14 meninas, com idade entre 11 e 14 anos, ele obteve uma resposta significativa na melhora da valência flexibilidade após este período de prática. Onde 85% dos meninos e 95% das meninas melhoraram a flexibilidade, em que o teste foi o teste Sentar e Alcançar, corroborando os resultados deste estudo (MATOS, 2010).

Em um trabalho realizado com jovens praticantes de lutas, relataram que após o período de prática, a luta favoreceu o aumento significativo da valência física flexibilidade, pois, perceberam que neste tipo de modalidade a realização das técnicas exige grande amplitude de movimento, melhorando assim o grau de flexibilidade, os resultados destes autores assemelham-se ao encontrado neste estudo (MARINHO et al., 2011).

Em crianças e adolescentes, a flexibilidade é importantíssima para promover ajustes e melhoras posturais durante as fases do crescimento, melhorando e aperfeiçoando o bom desenvolvimento motor, agindo no equilíbrio todaa cadeia muscular posterior e anterior, sendo estas responsáveis pelo equilíbrio e boa sustentação da coluna vertebral (FERREIRA & LEDESMA, 2008). Há uma variedade de fatores, incluindo diferenças anatômicas e fisiológicas que podem ser responsáveis pela diferença na flexibilidade entre os sexos, dentre eles o formato da região pélvica das mulheres e também a curva superior do processo do olecrano do cotovelo, que é menor nas mulheres, possibilitando maior amplitude de extensão nessa articulação (ALTER, 1999).

Em relação à valência física agilidade segundo o estudo realizado com crianças e adolescentes com faixa etária entre 12 a 16 anos observou-se que os meninos são mais ágeis, e que quanto mais à idade avança menor é o tempo na agilidade, pois o menor tempo equivale a um melhor resultado (KREBS & MACEDO, 2005).

Em outro estudo realizado com 50 adolescentes com idade entre 11 e 13 anos, em sessões de treinamento de iniciação esportiva por duas vezes na semana durante 20 semanas, os resultados foram parecidos ao encontrado neste estudo, pois, a melhora foi significativa da agilidade comparando o pré e pós intervenção prática e o teste aplicado foi o mesmo aqui aplicado, o ShutlleRun (BORTONI & BOJIKIAN, 2007).

Todavia, em outro estudo, não obtiveram diferença significativa na valência física agilidade depois de realizar um protocolo de 14 semanas com a modalidade capoeira no pré e pós-teste com adolescentes que receberam intervenção, resultado este diferente ao encontrado neste estudo (SILVA et al., 2009). A capoeira melhora apenas o tempo de execução da corrida em comparação com outras atividades como, por exemplo, as atividades lecionadas nas aulas de Educação Física convencionais ou até mesmo outros esportes como o futebol (FILHO et al., 2013).

A valência física agilidade para esta faixa etária aqui investigada torna-se de suma importância seu estímulo através das modalidades devido ao fato, que esta qualidade motora está diretamente ligada ao desempenho motor, maturação biológica, composição corporal, experiência de prática esportiva, além de outros aspectos que devem ser considerados para estudos com esta população (RÉ et al., 2005).

 

CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos, percebeu-se que com a prática do Taekwondo, no gênero feminino, as variáveis flexibilidade e agilidade obtiveram melhoras significativas ao serem comparadas da fase pré para a pós prática. No gênero masculino também foram obtidas melhoras significativas das variáveis avaliadas, flexibilidade e agilidade, comparando a fase pré para a pós prática. Porém, o mesmo não ocorreu no grupo controle, em que não foi obtido melhoras significativas, que pode ser explicado pelo fato de não ter participado dos protocolos de treinamento de Taekwondo, onde apenas frequentaram aulas de Educação Física, sem nenhum objetivo de treinamento específico.

 

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, M. et al. Avaliação do perfil motivacional dos atletas de alto rendimento do taekwondo brasileiro. Revista Iberoamericana de Psicología Del Ejercicio y el Deporte, v. 3, n. 1, p. 76-88, 2008.

ALVES, L. S.; BORBA, D. A.; JÚNIOR, J. B. F.; MARTINI, A. R. P.; COELHO, L. G. M. O Desempenho no teste de ShuttleRun com e sem bola melhora após a partida de futsal em jovens de 14 a 16 anos de idade.  Revista Digital EFDeportes, v. 15, n. 145, p. 1-9, 2010. 

ALTER, M. J. Ciência da Flexibilidade. 2º ed. Porto Alegre: Ed. Artmed, 1999.

BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e esporte. 2º ed. São Paulo: Ed. Manole, 2003.

BORTONI, W. L.; BOJIKIAN, L. P. Crescimento e aptidão física em escolares do sexo masculino, participantes de programa de iniciação esportiva. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 1. n. 3, p.114-122, 2007.

FERNANDES, A.; MARINHO, A.; VOIGT, L.; LIMA, V. Cinesiologia do alongamento. 2ºed.

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