Adolescentes ganham voz em documento nacional do MEC
As demandas de aprendizagem, inovação, clima, convivência e participação dos adolescentes nas escolas foram objeto de escuta e debate no Ministério da Educação (MEC). Nesta sexta-feira, 14 de fevereiro, o MEC foi palco de uma reunião para discutir o Relatório Nacional da Semana da Escuta das Adolescências. Por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB), o documento preliminar foi apresentado para as equipes do MEC e instituições envolvidas no processo da escuta. Elas auxiliaram na análise sobre questões essenciais trazidas pelos adolescentes, que serão incorporadas às políticas públicas educacionais. Na reunião, o grupo analisou os dados coletados e refletiu sobre as ações a serem desdobradas, a partir dos insumos oferecidos pelo relatório. A previsão é que o documento final seja entregue em março.
Durante a Semana da Escuta das Adolescências, foram ouvidos 2,3 milhões de estudantes de mais de 20 mil escolas. A iniciativa faz parte das ações do Programa de Fortalecimento para os Anos Finais do Ensino Fundamental – Escola das Adolescências. Ele conjuga esforços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal, a fim de construir uma proposta para esse percurso do ensino fundamental que se conecte com as diversas formas de viver a adolescência no Brasil e fomente a melhoria da aprendizagem. O MEC oferece apoio técnico-pedagógico e incentivo financeiro para as escolas, priorizadas segundo critérios socioeconômicos e étnico-raciais.
Com o objetivo de conhecer de forma aprofundada o que pensam os adolescentes dos anos finais do ensino fundamental e desenvolver estratégias para a política educacional, a semana foi uma ação estratégica do programa, realizada nas redes de educação de todo o país, entre os dias 13 e 27 de maio de 2024. O MEC considera que o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem coerente para esses estudantes passa por compreender suas necessidades específicas.
O diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do MEC, Alexsandro Santos, informou que a entrega do relatório possibilita a sistematização e o aprofundamento de questões identificadas na escuta. “Os estudantes valorizam muito a presença na escola, a socialização que eles conseguem fazer entre pares, a compreensão de outras formas de viver a adolescência e também os laços afetivos que eles acabam construindo no processo pedagógico. Isso nos ajuda a pensar, por exemplo, aspectos como a restrição do uso de celulares nessa faixa etária. Se eles apontam que a socialização, o afeto, a troca de ideias, o trabalho coletivo e colaborativo são pontos importantes que eles identificam na escola, a gente precisa mesmo criar oportunidades para que eles interajam e realizem projetos juntos”, afirmou.
Outro ponto destacado pelos estudantes, observou Santos, é a necessidade de ações e projetos culturais, além do esporte e lazer dentro do currículo da escola. “Isso nos ajuda a pensar a importância do Programa Escola em Tempo Integral, que favorece esse tipo de prática dentro do currículo e oportuniza essas experiências pedagógicas diferentes”, completou.
A coordenadora-geral de Ensino Fundamental do MEC, Tereza Farias, adiantou que o relatório nacional apresentará os principais pontos que os estudantes destacaram na escuta em relação a aprendizagem, clima, convivência, participação e inovação. “Toda essa escuta alimentou as estratégias da política e o nascimento do Programa Escola das Adolescências, que está perto de completar um ano. No ano passado, o MEC entregou os relatórios das escolas, estados e municípios. Hoje, junto com as instituições parceiras que fizeram toda a engenharia da escuta, estamos finalizando a redação da conclusão final para publicar o relatório nacional”, disse.
A escuta foi apoiada pelo Itaú Social e desenvolvida em parceria com a Rede de Conhecimento Social (Recos), o Portal Povir e a organização Interdisciplinaridade e Evidências do Debate Educacional (Iede).