24/10/2023

ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR EM SALA DE AULA

Shutterstock_388646113

ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR EM SALA DE AULA

 

DE SOUZA, Letícia Prado.[1]

CARDOSO, Katia Silva.[2]

FERNANDES, Diovana Lopes Rodrigues.[3]

ALENCAR, Leila Catherine da Silva.[4]

DE BRITO, Ana Claudia.[5]

 

RESUMO

O período de acolhimento e adaptação é um processo que o indivíduo se depara no momento de ingressar em uma instituição, sendo uma situação que engloba um conjunto de experiências, vivências e novas realidades, que exige um tempo adaptativo e de condições adequadas para o sujeito lidar com as diversas mudanças ao redor, tendo um valor significativo para a escolarização e a formação, principalmente, na Educação Infantil. A educação infantil não pode ter apenas uma equipe docente qualificada, mas de oferecer as condições adequadas para o desenvolvimento das crianças, a escola deve fazer além do seu papel, devendo estar preparada, organizada e estruturada, como a dimensão das salas, o tamanho da área de recreação, o espaço confortável e o ambiente verde. Desse modo, a escola deve considerar a infraestrutura física e a extensão geométrica, principalmente, tem que ser um local que trabalhe o interesse em aprender, a construção do conhecimento, a produção das relações sociais, o processo de adaptação e o desenvolvimento das crianças em tal período da vida escolar.

Palavras-chave: Acolhimento. Escola. Bem-estar.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

INTRODUÇÃO

      O processo de socialização aparece como um fator de suma importância para a construção da segurança e confiança da criança, sendo um período que não deve ser abordado apenas no começo das aulas e em casos que necessite utilizar tal método, mas que precisa ser realizado durante a rotina escolar e em todas as situações que os alunos estejam envolvidos, para que seja possível oferecer cuidados e proteção.

      A autora Gisele Ortiz (2000, p.4) vai apresentar um estudo sobre o acolhimento e a sua importância para o desenvolvimento da criança no ensino infantil, mais especificamente, as etapas que envolvem tal processo e que não pode ser um fator considerado somente no início das aulas, onde a estudiosa vai explicar que:

O acolhimento traz em si a dimensão do cotidiano, acolhimento todo dia na entrada, acolhimento após uma temporada sem vir à escola, acolhimento quando algum imprevisto acontece e a criança sai mais tarde, quando as outras já saíram, acolhimento após um período de doença, acolhimento por que é bom ser recebida e sentir-se importante para alguém.

 

      De acordo com a autora, o período de acolhimento é um processo complexo, tanto para a família quanto para os professores, seja em casa, na escola, no meio social ou em qualquer outro lugar, sendo uma situação que mostra a importância da instituição oferecer um planejamento que possibilite desenvolver métodos especiais para deixar os estudantes mais tranquilos e familiarizados com o novo ambiente.

      Dessa forma, o processo de socialização inicia-se em casa e na relação dos familiares com a escola, já que a família tem um papel fundamental no momento de escolher a instituição, sendo uma situação complexa e que não basta apenas matricular as crianças, mas de possibilitar que todos os responsáveis participem, contribuam e se envolvam. Para compreender a complexidade do processo de socialização no Ensino Infantil, mais especificamente, a relação da família, escola e crianças, torna-se importante mencionar o estudo do autor M. Strenzel (2000, p.3), como é possível analisar:

Inserção, ingresso, acolhida, não é uma questão de adaptação no sentido de modulação, que considera a criança como um sujeito passivo que se submete, se acomoda e se enquadra a uma dada situação. É um momento fundamental e delicado que não pode ser considerado como simples aceitação de um ambiente desconhecido e de separação da mãe ou de uma figura familiar, ou de fazer a criança parar de chorar.

      Como é possível observar no estudo do autor, o período de adaptação não pode ser considerado uma forma de submeter a criança a determinada situação que venha forçá-la a aprender a lidar com tal processo, mas, deve existir a compreensão de que é um momento complexo e difícil para todos os envolvidos. Para que seja possível desenvolver um trabalho de socialização mais adequada para as crianças, não basta apenas trabalhar o ambiente escolar, mas que no decorrer de tal processo, a instituição tenha a função de passar a confiança e segurança necessária para estabelecer uma relação com a família e que os pais comecem a entender a importância de participarem.

 

O ACOLHIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

      Como a pesquisadora e educadora Fabíola da Costa Farias traz, que “acolher as famílias em sua diversidade e acolher as crianças em suas singularidades são atitudes fundamentais para a efetivação do trabalho da escola”. Cada criança possui um comportamento. É difícil padronizar esse processo. Sendo assim, o acolhimento deve ter um olhar mais específico para cada estudante. Há os que possuem rituais para comer, dormir e executar atividades, e todo esse comportamento deve ser compreendido e levado em consideração, adaptando a criança à nova rotina e respeitando seu tempo e seus limites.

      Afinal, como já dissemos aqui, a introdução na Educação Infantil pode ser assustadora, visto que tudo é novo, incluindo para a família, que também precisa se integrar na nova fase. Não se deve rotular o estudante por suas características rotineiras, mas, sim, acolher essas manifestações e entender as reações possíveis.

      Um exemplo clássico são crianças que possuem dificuldade em se despedir dos pais: não forçar a separação e dar uns minutinhos a mais pode ser uma forma efetiva de acolhimento. Outro exemplo é conversar com os pequenos, acolher seus sentimentos, explicar o motivo de eles estarem ali, o quão benéfico aquela experiência vai ser e quantas coisas legais farão durante o dia. Esse diálogo é de extrema importância e faz diferença.

      No que diz respeito ao projeto pedagógico para a Educação Infantil, é preciso que ele atue para garantir uma boa segurança emocional às crianças. As escolas podem se apoiar na orientação das diretrizes da BNCC, que afirma que as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e as brincadeiras. Estes dois pilares são o foco que a escola precisa para cumprir seu dever de assegurar aos estudantes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, se expressar e se conhecer.

      A partir dos eixos estruturantes, é possível organizar atividades que ajudem a proporcionar o sentimento de acolhida e sejam aliadas no processo de adaptação ao ambiente escolar.

 

A FAMÍLIA NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO

      É muito importante a participação da família nesse momento de adaptação e, também, de acolhimento. A escola precisa estar preparada para dar suporte aos pais e responsáveis que também passam por esse período, assegurando que será algo tranquilo e que podem confiar plenamente na estrutura pedagógica ali presente.

      Uma dica de ouro é começar o acolhimento já no início do ano letivo, promovendo reuniões nesse começo, mostrando a proposta da escola, estipulando as principais regras, explicando as atividades que os pequenos farão nos processos de adaptação e acolhimento e o papel de escola e família em tudo isso. As reuniões devem acontecer mais vezes durante o ano, tornando um compromisso de importância e transparência.

      Uma boa comunicação entre responsáveis e escola coopera e muito na parte de acolhimento às famílias, construindo uma relação de confiança e clareza, assegurando de que será uma experiência acolhedora aos seus pequenos. Esse tipo de atitude ajuda a gerar menos estresse entre todas as partes envolvidas.

      Quando falamos de retomada à escola após o ensino remoto, o papel da família se torna ainda mais importante, visto que as crianças conviviam ainda mais com os responsáveis durante o período de aulas online. Como citamos anteriormente, é preciso analisar caso a caso para manejar melhor cada situação.

      A proteção do professor prejudica menos o aluno frágil do que deixá-lo exposto a agressões desnecessárias na escola Segundo Tiba (1996) a distorção da autoestima também é uma das características relacionais muito sérias e que tem aumentado muito. É aquela criança que pais tratam como príncipe em casa e lhes servem o tempo todo. Esse aluno acaba perdendo o limite, acha que tudo é para ele, não respeita as pessoas e nem os bens alheios. Tiba (1996) afirma que é importante que a escola defina bem suas regras em relação aos problemas relacionais, para que fique bem claro ao aluno, ao professor e aos pais, caso contrário, essas regras com o passar dos tempos podem perder sua credibilidade. A escola mudou, e o professor também.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      O acolhimento como ato expressa uma ação de aproximação, uma atitude de inclusão. Esse gesto implica, por sua vez, estar em relação com algo ou alguém. Quando essa atitude é sobreposta na fase infantil, se torna ainda mais necessária. Afinal, a criança é um ser que demanda atenção, amor e estímulos para se desenvolver de forma satisfatória e plena.

      O acolhimento escolar é fundamental para um processo de familiarização e adaptação na vida dos alunos e familiares. No período da Educação Infantil, as crianças dão o primeiro passo na experiência social e de conhecimento que engloba o colégio, por isso, esse acolhimento precisa ser feito com muito carinho, empatia e escuta ativa, para que este desenvolvimento ocorra de forma tranquila, segura e repleta de experiências significativas tanto para os discentes quanto para os responsáveis.

      Ao serem inseridas em um novo ambiente, a criança pode manifestar sentimentos de alerta como insegurança, medo e desconforto. Por isso, acolher os pequenos em suas singularidades e as famílias em suas diversidades são atitudes extremamente importantes para a efetivação do trabalho da escola. A adaptação e o acolhimento são interrelacionados e devem ser priorizados na trajetória de conhecimento.

 

[1] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela instituição de ensino UNOPAR em 2016, Pós graduada em psicopedagogia clínica e institucional em 2017. Bacharelada em serviço social pela instituição de ensino UNOPAR em 2022.

[2] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Educação Infantil.

[3] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia.

[4] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Ata, Licenciatura em Pedagogia.

[5] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×