A Teoria da Investigação em John Dewey: Fundamentos do Pragmatismo como Filosofia da Experiência e da Ação.
Ivan Carlos Zampin;
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar a teoria da investigação de John Dewey dentro dos marcos do pragmatismo norte-americano, destacando como essa filosofia supera os limites do intelectualismo tradicional e do positivismo lógico. Dewey propõe uma nova forma de compreender o conhecimento humano, não como produto da mente isolada, mas como processo dinâmico de interação entre sujeito e ambiente. A investigação, para o filósofo, é uma prática que une pensamento e ação, situando-se no campo da experiência concreta e orientada para a resolução de problemas. A teoria da investigação de Dewey articula dimensões biológicas, culturais e sociais, concebendo o conhecimento como resultado de um processo cooperativo, experimental e transformador, no qual a verdade é entendida como assertividade garantida. Esta análise busca, portanto, desvelar as implicações éticas, políticas e educacionais dessa epistemologia radicalmente situada no mundo.
Palavras chave: Epistemologia Pragmática. Teoria da Investigação. John Dewey. Educação Democrática. Filosofia da Experiência
1. Introdução
O pensamento de John Dewey (1859 – 1952) insere-se na tradição do pragmatismo americano, ao lado de Charles Sanders Peirce e William James. O termo “pragmatismo” refere-se à doutrina segundo a qual o significado e a verdade das ideias devem ser avaliados em função de suas consequências práticas e do modo como operam na experiência. Para Dewey, a filosofia tinha perdido contato com os problemas concretos da vida humana, tornando-se excessivamente abstrata e desconectada da realidade social (DEWEY, 1938; MORGAN, 2014). Sua obra pode ser lida como um prolongamento crítico da noção de "habitus" de Pierre Bourdieu, ainda que anterior a ela, ao enfatizar como as estruturas cognitivas são moldadas pela prática e pelo ambiente social, e não por uma razão pura e desencarnada.
Em oposição à tradição intelectualista, originária em Descartes e Kant, Dewey propôs uma filosofia que alinha conhecimento e experiência, ações e consequências. Ao elaborar sua teoria da investigação, o filósofo definiu o ato de conhecer como experiência mediada pelo ambiente natural e social. Esse processo, para Dewey, envolve a passagem de uma situação de dúvida para uma situação de crença fundamentada, numa dinâmica contínua de transformação e aprendizado (DEWEY, 1938 apud CABRAL, 2014). Nesse sentido, sua epistemologia se opõe frontalmente ao "espectador desinteressado" criticado por Hannah Arendt, propondo um sujeito cognoscente intrinsecamente envolvido e afetado pelo que investiga.
Dewey reformula, assim, não apenas a teoria do conhecimento, mas também o papel da filosofia, da ciência e da educação. Sua teoria implica uma superação da ideia de verdade como mera correspondência entre pensamento e realidade, atribuindo-lhe caráter processual e experimental (assertividade garantida), como ele próprio define em “Lógica: Teoria da Investigação” (1938). Esta abordagem encontra ressonância na epistemologia feminista de Donna Haraway, que, décadas depois, defenderia a ideia de um "conhecimento situado", negando a possibilidade de uma visão desinteressada e universal e afirmando o saber como uma prática corporificada e contextual.
2. Referenciais Teóricos
O ponto de partida da teoria de Dewey é a crítica ao dualismo cartesiano, que separa mente e mundo, teoria e prática. Sua filosofia busca a unidade entre esses polos, propondo o conceito de investigação como operação prática do pensamento. Essa investigação é o método por meio do qual os indivíduos transformam situações indeterminadas em situações estáveis e significativas. Nesse aspecto, Dewey antecipa a crítica que Bruno Latour faria ao "Grande Divisão" entre natureza e cultura, mostrando como o conhecimento é produzido em redes híbridas de atores humanos e não-humanos.
Segundo Dewey (1950), o conhecimento não nasce da contemplação, mas da necessidade de resolver situações problemáticas que emergem na experiência. Assim, ele compartilha com Peirce e James a concepção de que a verdade e o significado das ideias repousam sobre seus resultados práticos, mas dá um passo além ao articular a dimensão social e cooperativa do conhecimento. Como destaca Richard Rorty (1991), em (Objectivity, Relativism, and Truth), Dewey efetua uma "virada linguística" sui generis, na qual a comunidade de investigação, e não a consciência individual, é o locus último da justificação.
Para Dewey, a racionalidade humana não é uma faculdade abstrata, mas um processo relacional entre meios e fins, [...] “A racionalidade consiste na relação entre os métodos empregados e as consequências alcançadas” (DEWEY, 1960, p. 9, apud CABRAL, 2014). Esta definição opera uma guinada instrumentalista, aproximando-se da noção de "racionalidade substantiva" de Max Weber, que avalia a ação pela adequação entre meios e fins no contexto de valores dados, em oposição a uma racionalidade formal e vazia.
Em Democracia e Educação (1916), Dewey aplica os princípios da investigação pragmatista à educação, defendendo o aprendizado ativo e problematizador. O saber é construído na interação entre o sujeito e o ambiente, e a escola deve reproduzir esse caráter experimental, substituindo a aprendizagem passiva pela investigação compartilhada entre professores e estudantes. Esta visão ecoa, posteriormente, na "pedagogia do oprimido" de Paulo Freire, para quem o conhecimento também emerge do diálogo e da problematização do mundo, rejeitando a "educação bancária".
3. Desenvolvimento
3.1. O contexto histórico e filosófico do pragmatismo
O pragmatismo surgiu no final do século XIX, nos Estados Unidos, em um ambiente intelectual interessado em conciliar ciência, filosofia e sociedade. Peirce, com sua máxima pragmática, sustentava que o significado de uma ideia devia ser buscado nas consequências concebíveis de sua aplicação. James ampliou esse princípio à psicologia e à religião, enfatizando o valor da crença como guia de ação. Dewey, por sua vez, incorporou esse legado e o aplicou ao campo da lógica, criando uma filosofia da experiência. Sua obra bebe da fonte do naturalismo darwiniano, entendendo a inteligência humana como um instrumento de adaptação e sobrevivência em um ambiente em constante mudança.
Para Dewey, a investigação é a maneira pela qual o ser humano lida com o caráter incerto da realidade. Nosso pensamento, longe de ser mero reflexo do mundo, é uma ferramenta “instrumentalismo” que nos permite controlar e reorganizar a experiência (RODRIGUES, 2008). Nesse ponto, sua filosofia converge com a teoria da atividade desenvolvida por A. N. Leontiev, para quem a consciência se forma e se transforma por meio da atividade prática e mediada por instrumentos sobre o objeto.
3.2. A estrutura da investigação
Em Lógica a Teoria da Investigação (1938), Dewey descreve a investigação como um processo que se desenvolve em cinco etapas, então são elas: 1) A presença de uma situação indeterminada, que gera dúvida; 2) A definição do problema, que organiza a dúvida em questão investigável; 3) A formação de hipóteses sobre possíveis soluções; 4) O raciocínio dedutivo e indutivo, que explora as consequências das hipóteses; 5) A verificação experimental, que confirma ou corrige as hipóteses. Essa estrutura ilustra o caráter dinâmico e cumulativo do conhecimento, isto é, cada investigação transforma o ambiente e abre novas possibilidades de pesquisa. Como afirma Dewey (1950), “Pensar é agir metodicamente no curso da experiência”. Este método reflexivo, como observa Schön (1983) em (The Reflective Practitioner), é a base para uma prática profissional competente, que opera na "zona pantanosa" dos problemas complexos e não estruturados.
3.3. A superação do intelectualismo e a noção de assertividade garantida
O ponto central do pragmatismo de Dewey é a crítica ao intelectualismo, que considera o conhecimento como um evento mental isolado. Para ele, conhecer é agir, e a verdade é substituída pela noção de assertibilidade garantida, é uma crença e racionalmente aceitável quando foi testada e comprovada no curso da experiência (NASCIMENTO, 2022). Esta concepção opera uma mudança do "paradigma da representação" para o "paradigma da ação", antecipando em décadas debates centrais na filosofia da ciência do século XX, como os trazidos por Thomas Kuhn em: A Estrutura das Revoluções Científicas (1997). A assertibilidade garantida é análoga ao consenso que emerge em uma comunidade científica em um dado período paradigmático.
Essa concepção rompe com a ideia clássica de verdade como correspondência e aproxima o pensamento da prática científica. Não há ideias eternas ou inquestionáveis, mas hipóteses em constante revisão. O conhecimento torna-se, assim, um processo social e histórico, não uma estrutura mental fixa. Nesse aspecto, Dewey se afasta de qualquer fundacionalismo e se aproxima de uma forma de "epistemologia naturalizada", tal como proposta posteriormente por Willard Van Orman Quine (1969), (COSTA, 2015, p. 110), que busca entender o conhecimento a partir de suas bases empíricas e biológicas, sem apelo a instâncias transcendentais.
4. O papel social e educativo da investigação
A epistemologia pragmatista de Dewey é inseparável de sua filosofia da educação e da democracia. Em Democracia e Educação, ele argumenta que a escolarização deve reproduzir os princípios da investigação, ou seja, colaboração, comunicação e experimentação. O saber só adquire sentido quando aplicado a problemas reais e quando promove crescimento coletivo (ZANATTA, 2012, e DEWEY, 1916). A sala de aula, portanto, deve ser uma "comunidade de investigação", um conceito que seria posteriormente desenvolvido por Matthew Lipman (1995) em sua proposta da Filosofia para Crianças, enfatizando o diálogo e a construção coletiva de significado.
O método experimental na sala de aula visa a desenvolver uma atitude científica de propor, testar e corrigir ideias, permitindo que os alunos aprendam pela prática e pela reflexão. Esse processo, além de cognitivo, é ético e político, pois cria cidadãos mais autônomos e críticos, capazes de compreender e intervir em seu meio (CORREIA, 2020). A educação, nesse sentido, é um processo de "reconstrução contínua da experiência", que visa expandir o significado das experiências presentes e aumentar a capacidade de direcionar o curso de experiências futuras.
5. O legado filosófico da teoria de Dewey
A filosofia de Dewey antecipa discussões contemporâneas sobre a interdisciplinaridade, o conhecimento situado e a relação entre teoria e prática nas ciências humanas. Sua concepção de investigação como processo social colaborativo dialoga com abordagens atuais da ciência pós-normal e da epistemologia feminista (MORGAN, 2014). Sua influência é marcante na "Teoria Ator-Rede" de Bruno Latour e Michel Callon (1994), que radicaliza a ideia deweyana de que os fatos são construídos numa rede de actantes humanos e não-humanos, e que a resolução de problemas é um empreendimento coletivo e híbrido.
O impacto do pragmatismo deweyano ultrapassa os limites da filosofia para influenciar a pedagogia, a psicologia, as ciências políticas e as ciências cognitivas. Seu pensamento reafirma a ideia de que o conhecimento é um bem público e uma construção social permanente, sempre sujeita ao diálogo e à revisão. Na psicologia, seu interacionismo é um precursor do construtivismo de Jean Piaget e Lev Vygotsky, para quem o conhecimento também se constrói na interação entre o organismo e o meio. Na ciência política, sua defesa de uma "democracia criativa", baseada na comunicação e na solução cooperativa de problemas, permanece um horizonte normativo potente para pensar as sociedades contemporâneas.
6. Conclusão
A teoria da investigação de John Dewey representa uma das mais profundas reformulações da epistemologia moderna, constituindo-se como uma verdadeira revolução copernicana no modo de compreender o conhecimento humano. Ao deslocar radicalmente o eixo do conhecimento da contemplação para a ação, Dewey transforma a investigação de um método científico restrito em uma atitude fundamental diante da vida em sua totalidade. Esta transformação implica o abandono definitivo da busca por verdades fixas e eternas, substituindo-a pelo engajamento em processos contínuos de experimentação, diálogo e cooperação que caracterizam o que poderíamos chamar de uma "ética da investigação permanente".
O pragmatismo deweyano se revela, assim, como uma filosofia da incerteza produtiva e da reconstrução permanente, na qual o pensamento deixa de ser compreendido como representação estática da realidade para converter-se em instrumento dinâmico de transformação do mundo e criação de novas possibilidades de existência. Nesta perspectiva, como destacaria Richard Rorty, a verdade deixa de ser um objetivo a ser descoberto para tornar-se uma ferramenta a ser construída - um conceito que encontra eco nas epistemologias contemporâneas que entendem o conhecimento como prática socialmente situada.
A investigação, enquanto prática racional e socialmente integrado, expressa o valor mais alto da democracia intelectual que Dewey tão ardentemente defendeu: o aprendizado coletivo através da experiência viva e compartilhada. Seu legado nos convida a abandonar a busca metafísica por fundamentos absolutos e a abraçar a coragem de pensar com e a partir de um mundo em constante devir, onde a única garantia disponível reside precisamente na capacidade humana de investigar, aprender e reconstruir incessantemente.
Esta concepção possui implicações profundas para a educação, a política e a ética contemporâneas. Na educação, exige a substituição do modelo bancário de transmissão de conhecimento por comunidades de investigação onde estudantes e professores constroem saberes significativos através da resolução colaborativa de problemas reais. Na esfera política, demanda o fortalecimento de instituições democráticas como espaços privilegiados de investigação coletiva sobre o bem comum. E no plano ético, implica o desenvolvimento de uma moral experimentalista, sensível às consequências das ações e aberta à revisão contínua.
O maior ensinamento que podemos extrair da filosofia deweyana talvez seja que a capacidade de investigar, de transformar situações problemáticas em experiências significativas, constitui a mais autêntica expressão da liberdade humana em um mundo sem garantias transcendentais. Neste sentido, a teoria da investigação não representa apenas uma contribuição técnica à epistemologia, mas sim um convite permanente à coragem intelectual e à responsabilidade compartilhada de criar futuros mais inteligentes e humanos.
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Ivan Carlos Zampin: Professor Doutor em Geografia, (Organização do Espaço), Graduado em Filosofia, Pesquisador, Docente no Ensino Superior, Ensino Fundamental, Médio, Especialista em Gestão Escolar e Gestão Pública.
Endereço para acessar este currículo: http://lattes.cnpq.br/2342324641763252