28/05/2025

A Relação Família e Escola Frente aos Desafios da Indisciplina

Jogo-de-empurra

Denilsa Vicente da Silva Araujo

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Elizandra Bravo

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docencia da Educação Infantil e dos Anos Iniciais. Primavera do Leste, MT.

Raquel Bernardo Costa

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Cirlei Alves Borges

Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Contação de Historia e Musicalização na Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Maria Regina Gomes Moreira Duque

Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Autismo. Primavera do Leste, MT.

 


      A indisciplina escolar é um dos principais desafios enfrentados pelas instituições de ensino na contemporaneidade. Ela compromete não apenas o ambiente de aprendizagem, mas também o desenvolvimento social e emocional dos alunos. Diante desse cenário, a parceria entre família e escola torna-se fundamental para a construção de um ambiente educativo saudável e produtivo. Este artigo discute a importância dessa relação na prevenção e no enfrentamento da indisciplina, destacando estratégias e reflexões essenciais para educadores e familiares.

      A indisciplina pode ser entendida como o conjunto de comportamentos que violam as normas estabelecidas no ambiente escolar, prejudicando o convívio e o processo de aprendizagem (Oliveira, 2016). Esses comportamentos incluem desde atos de desrespeito a regras básicas, como interrupção das aulas, até agressões físicas e verbais.

      O impacto da indisciplina é amplo. Para a escola, gera dificuldades na gestão pedagógica, redução do rendimento escolar coletivo e aumento da evasão (Lima & Souza, 2018). Para o aluno, a prática de comportamentos indisciplinados está associada a prejuízos no desenvolvimento socioemocional e acadêmico, comprometendo sua trajetória escolar e social.

O Papel da Família na Educação e na Formação do Comportamento

      A família é o primeiro ambiente social do indivíduo e exerce papel crucial na formação dos valores, hábitos e comportamentos (Bronfenbrenner, 1996). A educação familiar, pautada em limites claros, diálogo e afeto, contribui diretamente para a internalização das normas sociais e para a construção da autonomia e da responsabilidade.

      Quando a família não participa ativamente da educação, há um aumento das chances de comportamentos indisciplinados na escola, já que a criança ou adolescente pode não compreender a importância do respeito às regras e aos outros (Guerra & Lima, 2017). Por outro lado, famílias engajadas e que mantêm comunicação frequente com a escola tendem a colaborar para um ambiente escolar mais equilibrado.

A Escola como Espaço de Aprendizagem e Socialização

      A escola não é apenas um local de transmissão de conhecimentos acadêmicos, mas também um espaço fundamental para o desenvolvimento social e emocional dos alunos (Vygotsky, 1991). Nesse ambiente, espera-se que os estudantes aprendam a conviver em grupo, respeitar regras e resolver conflitos.

      Para tanto, a escola deve promover uma cultura de respeito mútuo, com regras claras, justas e aplicadas de maneira consistente. Além disso, a instituição deve investir em práticas pedagógicas que valorizem a participação dos alunos, promovam a inclusão e incentivem o protagonismo juvenil (Freire, 1996).

A Importância da Parceria Família-Escola

      Diante dos desafios da indisciplina, a colaboração entre família e escola é fundamental. Estudos indicam que quando ambos os espaços dialogam e atuam em sintonia, os índices de comportamento problemático diminuem significativamente (Silva & Santos, 2019).

      Essa parceria pode se concretizar por meio de reuniões periódicas, acompanhamento do desempenho e comportamento dos alunos, além da criação de espaços de escuta para as demandas e dificuldades tanto dos estudantes quanto das famílias. A transparência e a confiança são essenciais para que a comunicação seja efetiva e não se torne um fator de conflito (Pereira, 2015).

      Estratégias Conjuntas para Enfrentar a Indisciplina

  1. Estabelecimento de Regras Claras e Consequências: É importante que família e escola alinhem as regras e as consequências dos atos indisciplinados para que haja coerência na educação dos alunos (Oliveira, 2016).
  2. Desenvolvimento de Competências Socioemocionais: Tanto a escola quanto a família podem atuar no fortalecimento das habilidades socioemocionais das crianças e adolescentes, como autocontrole, empatia e resolução pacífica de conflitos (CASEL, 2020).
  3. Envolvimento Ativo dos Pais: A participação dos pais nas atividades escolares e no acompanhamento da vida acadêmica do filho reforça a importância da escola e do respeito às normas (Guerra & Lima, 2017).
  4. Formação Continuada dos Educadores: Professores preparados para lidar com conflitos e diversidades comportamentais conseguem mediar situações de indisciplina de maneira mais eficaz (Lima & Souza, 2018).
  5. Espaços de Diálogo e Mediação: Criação de comissões ou grupos de trabalho envolvendo pais, professores e alunos para discutir questões disciplinares e buscar soluções coletivas (Pereira, 2015).

Desafios para a Construção dessa Parceria

      Embora a importância da relação família-escola seja reconhecida, a efetivação dessa parceria enfrenta obstáculos, como a falta de tempo dos pais, a pouca formação para o diálogo educacional e, às vezes, a desconfiança entre os envolvidos (Silva & Santos, 2019).

      Além disso, questões socioeconômicas e culturais influenciam o grau de participação familiar, exigindo que as escolas adotem uma postura acolhedora e inclusiva, buscando compreender as especificidades de cada comunidade (Bronfenbrenner, 1996).

Considerações Finais

      A indisciplina escolar é um desafio multifacetado que requer uma abordagem integrada. A parceria entre família e escola surge como uma estratégia essencial para a prevenção e o enfrentamento desses comportamentos, promovendo um ambiente mais saudável para o desenvolvimento integral dos alunos.

      Para que essa colaboração seja efetiva, é necessário que ambos os lados estejam dispostos a dialogar, compreender suas responsabilidades e atuar em conjunto, sempre visando o bem-estar e o sucesso dos estudantes.


Referências

  • Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed.
  • CASEL – Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning. (2020). What is SEL? Recuperado de https://casel.org/what-is-sel/
  • Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra.
  • Guerra, A. P., & Lima, R. S. (2017). A influência da família no comportamento escolar: um estudo com alunos do ensino fundamental. Revista Educação e Pesquisa, 43(1), 233-246.
  • Lima, C. R., & Souza, M. A. (2018). Indisciplina escolar: causas, consequências e alternativas. Revista de Psicologia Escolar e Educacional, 22(2), 165-172.
  • Oliveira, M. L. (2016). A indisciplina escolar e o desafio da gestão democrática. Cadernos de Educação, 39(65), 89-104.
  • Pereira, M. A. (2015). A comunicação entre família e escola como estratégia para o combate à indisciplina. Revista Educação em Foco, 3(2), 54-67.
  • Silva, T. F., & Santos, J. P. (2019). Parceria família-escola e o impacto no comportamento dos alunos. Revista Brasileira de Educação, 24(77), 1-15.
  • Vygotsky, L. S. (1991). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.

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