MARCO TEÓRICO

INTRODUÇÃO

O tema atividade física e a alimentação, por atender a uma das necessidades básicas dos indivíduos, tem sido amplamente discutido nos últimos anos, seja na melhora do desempenho físico, na prevenção de doenças e promoção da saúde (1).

A saúde na atualidade é um tema bastaste discutido entre as pessoas, existe um número cada vez maior de estudos e documentos que comprovam e relatam os benefícios da atividade física para a saúde (2,3).

A educação física é essencial ao profissional moderno, não somente com a função de prepará-lo para as adversidades, mas, sobretudo de melhorar sua condição de saúde (4).

Então a educação física está diretamente ligada à capacidade de trabalho que envolve o bem-estar físico e mental do trabalhador e ao modo como ele pode desenvolver sua tarefa da melhor maneira, como na profissão de Polícia (5).

Portanto, são de extrema necessidade bons níveis de aptidão física para que seja realizado com qualidade o trabalho de policial militar, sem que venha comprometer sua saúde, segurança individual e coletiva (3).

Conforme Pereira (3), nas classes militares, a atividade física é um fator determinante, ou seja, níveis baixos de aptidão física influenciam negativamente a saúde da pessoa e profissionalmente ao sistema de promoção da carreira militar.

Neste contexto a análise da composição corporal torna-se importante no auxílio da estimativa dos componentes corporais para o desempenho físico e saúde, tendo em vista a estreita relação existente entre quantidade e distribuição da gordura corporal e alguns indicadores de saúde (5).

Ao se verificar que o tecido adiposo é um dos componentes estruturais dos seres humanos, como tal precisa estar inserido em um nível equilibrado, surge o interesse em compreender este episódio e monitorar suas estruturas corporais com regularidade, onde a falta de acompanhamento dos componentes orgânicos pode ter relação com o aumento nos níveis de adiposidade vivenciado atualmente, problema que tem afetado de forma generalizada todas as classes sociais e profissionais (5).

Porém, não é nova a idéia de estudar as variantes que compõem o corpo humano, onde o peso corporal é constituído de aglomerados de ossos, músculos, gorduras e outros tecidos, constituindo o aspecto anatômico formado de massa muscular, massa gordurosa, massa óssea e massa residual e no aspecto bioquímico o corpo humano é formado por água, proteínas, minerais e lipídios (6).

Os motivos que podem causar a obesidade e alterar o estilo de vida pessoal e profissional são multifatoriais, onde a obesidade não causa sinais e sintomas e sim manifestações decorrentes da doença instalada, principalmente limitação do movimento, onde a demanda física é muito importante, como é o caso da profissão de policia (7).

Estima-se que o estudo da composição corporal é referência necessária para desenvolver programas relacionados à saúde e para redução adequada de peso. No entanto, a composição corporal é importante não somente para a saúde, mas também para certos profissionais interessados em melhorar sua aptidão física, o que não se tem dúvida é o caso dos Policiais Militares (7).

A mudança desse estilo de vida, não vem somente com a erradicação do comportamento sedentário, mas também com bons hábitos alimentares (1).

Atualmente a alimentação do mundo ocidental modificou de alimentos frescos para uma dieta rica e farta de alimentos processados, refinados e de origem animal. Isto tem levado a população a ingerir calorias em forma de açúcar e gorduras em excesso. Paralelamente ocorreu aumento de tecnologias poupando energia da população. Esses dois fatores tiveram como resultado previsível na população mundial que foi o ganho de peso corporal (1).

Assim, o sedentarismo e os distúrbios alimentares são os principais causadores da obesidade, ou seja, a inatividade física e a diminuição do gasto energético associado ao aumento da ingestão alimentar (1).

Diante do exposto, é possível compreender que o tempo destinado à alimentação e ao lazer é colocado em segundo plano, e deve ser considerada como prioridade para melhorar a saúde dos Policiais Militares. Para isso, se faz necessário definir o problema, identificando a prevalência deste estilo de vida inadequado da população-alvo e as barreiras enfrentadas para que mudanças ocorram para ai sim, implantar alternativas baseadas nas evidências concretas (8).

Tendo em vista a importância da ligação entre sedentarismo e o aumento do peso corporal, o propósito deste estudo será identificar até que ponto o aumento do percentual de gordura corporal prejudica no desempenho físico do policial militar no TAF, na vida pessoal diária e no desempenho profissional.

Sabendo que à inatividade física e hábitos nutricionais inadequados esta atrelada com aumento da obesidade, que compromete uma saúde ideal, portanto, o alto teor de gordura corporal acima do recomendável tem associação com o sedentarismo com isso contribui para o aumento de peso corporal, e até que ponto interfere no desempenho físico?

JUSTIFICATIVA

Na Instituição Militar o tema atividade física e alimentação saudável é bastante discutido no dia a dia, no padrão alimentar e condicionamento físico dos Policiais Militares, para um perfeito equilíbrio das vertentes da vida saudável, seja na ausência ou prevenção de doenças e manutenção da saúde (4).

A literatura tem apresentado evidências de sobrepeso, obesidade na Policia Militar (8,9,10).

Justifica-se este estudo pela importância do condicionamento físico contribuir para o aumento significativo da prontidão dos militares para o combate, onde a atividade física regular ajuda a manter ou mesmo aumentar a massa e a força muscular, a reduzir a gordura corporal, e consequentemente, melhorar o desempenho motor do ser humano.

A atividade física relacionada à saúde consiste em congregar vários aspectos dos componentes relacionados à força, à flexibilidade, à resistência muscular, à capacidade cardiorrespiratória com o objetivo de obter níveis adequados de saúde que possibilitem dificultar a ação do risco de doenças crônica degenerativas.

Hábitos alimentares adequados são um dos pilares para a saúde, onde mudanças no padrão alimentar são consideradas consequências diretas para obesidade nos policiais militares.

Uma variável importante na composição corporal é a alimentação. Quando o balanço calórico é positivo na dieta, pode ocorrer um aumento do percentual de gordura (6).

A sabedoria convencional encara um aumento na ingestão de alimento como a causa primária da condição de gordura excessiva, como resultado sobrepeso e obesidade.

Dieta inadequada e baixo nível da aptidão física dos policiais militares estão vinculados ao sobrepeso e obesidade que se associam com desfechos negativos para a saúde e que podem comprometer a execução de determinadas tarefas inerentes à profissão.

Sobrepeso e obesidade afeta de forma negativa o desempenho motor num todo, mas em especial as atividades que ocorrem o deslocamento da massa corporal e o equilíbrio, devido às alterações posturais acometidas por intermédio do excesso de massa corpórea (6).

Esses fatores podem influenciar negativamente o rendimento profissional, diminuindo a capacidade de exercer adequadamente a profissão, causando um declínio progressivo na saúde dos policiais militares.

Pesquisas nesse campo de conhecimento sugerem associação entre fatores como alimentação adequada e atividade física são importantes para a manutenção da saúde, bem estar e qualidade de vida, além de melhorar no desempenho da função policial militar.

Considerando o mencionado anteriormente, que atividade física e os hábitos alimentares são dois fatores relevantes no tratamento e prevenção de doenças e manutenção da saúde, fez se necessário avaliar a composição corporal dos Policiais Militares para determinar a incidência do sobrepeso nesta população estudada, e se há um comprometimento nas atividades profissionais diárias, associada ao excesso de peso corporal.

OBJETIVO GERAL

O objetivo do presente estudo é relacionar a composição corporal com o nível de aptidão física dos policiais militares do gênero masculino que participarão das aulas de educação física no Estagio de Atualização Profissional (EAP).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Analisar a composição corporal dos policiais militares.
• Identificar o percentual de gordura corporal pela técnicas de bioimpedância.
• Estabelecer o risco cardiovascular dos policiais militares através da Circunferência Cintura.
• Avaliar o desempenho no Teste de Aptidão Física (TAF) que preconiza a Policia Militar do Estado de São Paulo.
• Classificar os participantes segundo o nível de atividade física.
• Analisar o cumprimento das recomendações de Atividade Física por parte dos policiais militares segundo sua classificação mencionada no objetivo anterior.

CAPÍTULO 1. OS COSTUMES E PADRÕES HABITUAIS DOS POLICIAIS MILITARES

1.1 Policia Militar do Estado de São Paulo e seu efetivo

É uma instituição que se preocupa com a qualidade de vida e saúde de seus integrantes. Fato comprovado em decorrência da obrigatoriedade da realização de determinados exames anualmente, no mês de aniversario do militar. Instituição fundada em 15 de dezembro de 1831, com mais de 90.000 (noventa mil) policiais militares ativos (masculinos e femininos) e mais de 40.000 (quarenta mil) inativos (10).

Não se pode pensar hoje em dia em garantir um envelhecimento bem sucedido sem que além das medidas gerais de saúde se inclua a atividade física e uma boa alimentação. A discussão em torno da qualidade de vida relacionada à saúde vem se firmando como uma intervenção multi e Inter setorial sobre os chamados determinantes do processo saúde-enfermidade (7).

A Policia Militar é uma Instituição pública cujo escopo é a defesa da sociedade, preservação da ordem publica, integridade física e dignidade da pessoa humana, onde o condicionamento físico do Policial Militar torna-se preponderante em situações de enfrentamento com infratores da lei (10).

Os níveis de condicionamento físico devem permanecer adequados no decorrer da carreira para o próprio bem estar do Policial, fato de que a melhoria da aptidão física contribui para o aumento significativo da prontidão ao combate com confiança e motivação, torna estes mais resistentes a doenças e possibilita uma recuperação mais rápida de lesões, se comparados a pessoas não aptas fisicamente (10).

1.2 Saúde do Policial Militar

A saúde é um tema discutido e abordado nos dias atuais em qualquer conversação entre as pessoas, na instituição policial militar não é diferente quando menciona qualidade de vida. Mas o que seria de fato qualidade de vida? Um sinônimo da saúde? Sabe-se que qualidade de vida esta relacionado com as condições de alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer e posse de terra e acesso a serviços médicos. Neste conceito, a qualidade de vida abrange os fatores que contribuem para um processo harmônico que se chama saúde.

Nos dias atuais, com uma rotina cada vez mais corrida, torna-se muito difícil cuidar da saúde e ter qualidade de vida, situação que atinge os policiais militares, agentes responsáveis por fazer cumprir a lei e salvar vidas, colocando em risco a sua própria vida, onde a Constituição Federal do Brasil (11), no seu Artigo 144, delega aos mesmos a missão de atuar na preservação da ordem pública.

Para realização de seu trabalho, tal instituição está exposta a riscos físicos e mentais, que podem trazer alterações para a saúde e afetar a qualidade de vida desses profissionais, que são alvo deste estudo. A questão norteadora é: Quais são as principais variáveis para conseguir uma qualidade de vida para os Policiais Militares promovendo a prevenção de doenças, aumento da expectativa de vida saudável e a manutenção da condição física mínima, visando o satisfatório desempenho da atividade profissional?

A saúde por ser um dos pilares da qualidade de vida, onde a transição nutricional ocorre com mudanças nos hábitos alimentares contribuindo para obesidade, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, contribui para condições que afetam a qualidade de vida e comprometem o rendimento profissional, como dificuldades respiratórias e problemas musculoesqueléticos (12).

1.3 Atividade física na Policia Militar

Ao analisar o Programa Padrão de Treinamento Físico (4), no boletim geral numero 143 de 2002 da Policia Militar do Estado de São Paulo em seu conteúdo que menciona a pratica de treinamento físico através do teste de aptidão física que avalia fisicamente o condicionamento dos policiais militares, observa uma dessas variáveis estabelecidas e normatizadas como procedimento padrão sistematizadas para treinamento e a avaliação física em toda Policia Militar do Estado de São Paulo, de forma a atender às necessidades do binômio "Homem - profissional de polícia militar".

Para um bom nível de condicionamento físico e saúde, requer do Policial Militar prática contínua de exercício físico associado hábitos alimentares adequados, requisitos essenciais para o bom desempenho das funções Policiais Militares e a busca por essa tão almejada qualidade de vida (4).

É indispensável incutir a mentalidade de treinamento na tropa, inclusive após o período de formação, instituindo ainda, treinamento em caráter obrigatório e prioritário, mas não presencia isso! - é oposto do documentado, onde a dinâmica do serviço policial militar faz com que diversas vezes o treinamento físico da tropa fique relegado a segundo plano, deixando de ser praticado por longos períodos (4).

Acredita-se, que os Policiais Militares são prejudicados por não possuir na Instituição Militar a obrigatoriedade do treinamento físico de maneira sugerida a conquistar os policiais em mudanças de hábitos com programa de condicionamento físico.

Na Policia Militar do Estado do Espírito Santo, Que regulamentou a todo efetivo da corporação ao treinamento físico tanto da administração quanto o operacional no horário do expediente como parte da jornada semanal de trabalho, recebem acompanhamento profissional durante treinamento físico militar, o que faz grande diferença, pois na maioria das vezes o policial militar somente vem a praticar atividades físicas apenas uma vez por ano, ou seja, quando esta sendo submetido à aplicação do (TAF) tornando um grande problema em potencial (13,14).

Na Instituição Militar o tema atividade física é bastante discutido no dia a dia, em cursos, estágios, instruções, para fazer o policial militar ser remetido automaticamente a pensar no padrão de seu condicionamento físico contando na melhoria e um perfeito equilíbrio das vertentes da vida saudável, seja na ausência ou prevenção de doenças e manutenção de um estilo de vida fisicamente ativo, atingindo a tal almejada qualidade de vida (15-16).

Os Policiais Militares representam uma classe de trabalhadores diferenciados, por conta de vários fatores que influenciam sua profissão, onde em algumas décadas atrás eram exigidos muito fisicamente do profissional, pois estes não tinham o aparato que existe hoje (17).

Antigamente a maioria dos deslocamentos para atendimento de ocorrência Policial era realizado a pé, a forma de trabalhar para atender a demanda de ocorrências mudaram, veículos motorizados são utilizados, onde essa evolução foi muito positiva, porem influenciou o aumento do comportamento sedentário dos policiais militares (17).

Hoje durante seu turno de trabalho, o Policial Militar permanece por muitas horas sentados, com pouca movimentação corporal, destacando que nem após o termino de serviço esses policiais militares se propõe a uma pratica de atividade física devida o turno exaustivo e estressante (17).

1.4 Teste de Aptidão Física

Teste são exercícios para determinar a aptidão ou a capacidade do avaliado (18).

Aptidão física é a capacidade de realizar exercício físico com uma capacidade orgânica adequada, sem uma fadiga precoce (19).

TAF é uma bateria de teste físico destinado a avaliar aptidão física dos Policiais Militares que frequentam estágio de atualização profissional (19).

O EAP é um curso que todos os Policiais Militares do serviço ativo devem frequentar todo ano, com aulas teóricas aplicadas por professores relacionadas a procedimentos, regras, diretrizes que sofreram mudanças ou até mesmo atualizações da lei, são somente neste curso que são submetidos a exercício físico para concluir e ficar apto para a função Policial Militar (20).

O TAF tem por objetivo detectar e analisar a condição física do Policial Militar, através dos resultados obterem as informações necessárias para delinear um planejamento individual do estado físico do Policial (4).

Diante das observações feitas durante as aulas do EAP, onde todo policial deve frequentar anualmente, pode verificar o aumento do peso e baixo nível de atividade física, onde grande parte das Polícias Militares, não possuem programas sérios de prática continuada de Atividade física, principalmente, depois da formação. E tratando de profissionais que um bom nível de aptidão física é necessário para o desempenho do serviço militar, no cumprimento do dever constitucional de preservar a ordem pública e executar o policiamento ostensivo, o serviço militar a aptidão física é um fator determinante na atividade operacional e sistema promocional da carreira militar (20).

1.5 Hábitos dietéticos do Policial Militar

Uma variável importante na composição corporal é a alimentação. Quando o consumo calórico da dieta é superior às necessidades do dia a dia, pode ocorrer o acumulo das calorias e automaticamente um excesso de gordura no tecido adiposo (21).

Os hábitos alimentares da sociedade contemporânea vêm se modificando ao longo dos anos o qual é percebido padrões dietéticos inadequados, e os Policiais Militares estão inclusos nesta sociedade (22).

Estudar os hábitos alimentares dos Policiais Militares recai na discussão sobre a real dificuldade e limitações de se avaliar o consumo nutricional, mas na observação de padrões dietéticos dos Policiais Militares durante seu turno de serviço esta fortemente influenciada por fatores como jornada de trabalho, tipo de serviço, falta de tempo, provoca alteração direta no comportamento alimentar com um impacto negativo para a saúde (23).

CAPÍTULO 2. CONTEXTO HISTÓRICO

2.1 Aspecto morfofisiológicos

Segundo McArdle (6) aspecto morfofisiológico é considerado a menor unidade celular dos seres vivos como unidade básica e funcional do corpo, considerada assim porque define as formas (morfo) e as funções (fisio) dos seres vivos.

2.1.1 As diferentes formas de ver o corpo

A cineantropometria é uma forma de estudar as proporções de medida do corpo do homem, com o objetivo do comportamento, crescimento e desenvolvimento humano, conhecido como a fisiologia aplicada na atividade física e esporte (24).

Nosso corpo é um conglomerado de sistemas inteligentes, um organismo dinâmico em estado de constante mudança, todo momento ocorrem fenômenos de nascimento, crescimento, envelhecimento e morte.

O corpo humano é uma potência biológica que ainda não se conhecem todas as possibilidades de desenvolvimento e evolução, apresentam uma história maravilhosa no desenvolvimento de cada fase da vida, é na atividade física que se enfatiza a configuração e o formato corporal, buscando a excelência na estética (24).

2.1.2 Período Paleolítico (Grécia Antiga)

Para os antigos gregos, o corpo era o centro do universo, e os jogos Olímpicos demonstravam essa perfeita e bela apresentação nos palcos e arenas, e a medicina grega estava voltada para a medicina física terapêutica, que utilizavam os meios naturais para a manutenção da saúde, como exercício físico “lutas” (25).

2.1.3 Idade média (Sociedade Medieval)

Época da nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes), o corpo tinha valores divinos, mas no campo de tentação e perdição onde se defrontava o “bem e o mal”, sobre o “bem” visto como fonte de energia e vitalidade, o “mal” sendo como animal furioso que necessitava ser domado (25).

2.1.4 Renascimento (Idade Moderna)

A recuperação da identidade corporal onde faziam os europeus acreditarem que viviam em um novo tempo, muito diferentes daquele que imperou durante a idade média, a concepção antropocêntrica (o humanismo) que aos poucos se impôs, ainda que vários elementos doutrinais tenham sido preservados, a valorização das potencialidades humanas, da faculdade racional, da capacidade de criação artística, de observação, registro e cálculo dos fenômenos naturais e de organização política, também contribuiu para definir essa época que antecedeu o século XVII “século da Revolução Científica” (26).

2.1.5 Revolução Cientifica (Idade Contemporânea)

O corpo se torna centro de funcionalidade, antes a população acreditava-se a respeito da composição da matéria baseava-se somente na terra, no fogo, no ar e na água, passado algum tempo sabiam da existência das pequenas partículas e seu papel na formação do corpo (26).

2.1.6 Revolução Industrial (Dias atuais)

A particularidade dessa época foi à substituição do trabalho artesanal pelo assalariado com uso das máquinas, o uso e as necessidades do corpo deixado em segundo plano, tudo devido o avanço tecnológico, como o computador, a engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época, época que as pessoas dominantemente ricas amam e vivem o corpo como instrumento de prazer e o cultiva nos cuidados dos salões de beleza, academia de ginástica, cirurgias plásticas, ótima nutrição, tudo para a conservação da beleza e o antienvelhecimento. Já os operários, pessoas economicamente pobres, vive o corpo como seu meio de subsistência, representando o escravo moderno, uma alimentação precária, falta de atividade física, pouco descanso, não lhe sendo permitido ficar doente, pois não terá meios de subsistência (25).

2.2 Composição corporal contemporânea

Durante muito tempo na história da humanidade o ganho de peso era visto como sinal de saúde e prosperidade. Porém, nos dias atuais o acumulo de gordura ou obesidade é considerado uma das doenças crônicas mais comuns. O que vem ocorrendo é a chamada inversão dos problemas nutricionais, a desnutrição vem diminuindo se comparada com a prevalência de sobrepeso ou obesidade, onde até o ano de 1950 a população rural era composta por mais de 66%, a partir dessa época o mundo tornou essencialmente urbano, mais pessoas residindo nos grandes centros e utilizando as tecnologias da atualidade (27).

“Ao mesmo tempo em que declina a ocorrência da desnutrição em crianças e adultos num ritmo bem acelerado, aumenta a prevalência de sobrepeso e obesidade na população. A projeção dos resultados de estudos efetuados nas últimas três décadas é indicativa de um comportamento claramente epidêmico do problema com tendências de aumento devido as circunstancias” (28).

2.2.1 Perspectiva da composição corporal

A literatura no domínio epidemiológico tem feito referência à subnutrição como um dos principais problemas da obesidade através do acumulo de gordura corporal (29).

Um processo influenciado por diversos fatores, genético e ambiental são uns deles, surge então, modificação no padrão alimentar (redução na taxa de oxidação de gorduras), e diminuição do nível de atividade física (incremento do metabolismo de hidratos de carbono), como resultado uma subnutrição crônica chamada de obesidade (29).

“Até um passado bem recente, a desnutrição e a subnutrição eram consideradas problemas relevantes nos países em desenvolvimento, enquanto que a obesidade era considerada um problema para os países desenvolvidos. Atualmente, desnutrição e obesidade constituem problemas sérios de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento” (29).

2.2.2 Crescimento e desenvolvimento corporal

O crescimento da pessoa humana é um processo biológico, de multiplicação e aumento do tamanho celular, expresso pelo aumento do tamanho corporal, dependendo das condições de vida a que esteja submetido desde a sua concepção até a idade adulta, altera-se esse tamanho consideravelmente. Portanto, pode dizer que o crescimento sofre influências de fatores intrínsecos (genéticos, metabólicos e muitas vezes correlacionados, ou seja, podem ser geneticamente determinada pelo meio ambiente) e de fatores extrínsecos, dentre os quais se destacam a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e outros, onde o crescimento significa aumento físico do corpo, como um todo ou em suas partes, e pode ser medido em termos de centímetros ou de gramas, que se analisa pelo crescimento do aumento do volume das células “hipertrofia” ou de seu número de célula “hiperplasia” (30).

2.2.3 Hipertrofia das células adiposas

Os adipócitos existentes aumentam de volume ou se enchem em geral quando as pessoas engordam como resultado de uma hiperalimentação elas estão “enchendo”, ou seja, aumentando o volume das células adiposas (30).

2.2.4 Hiperplasia das células adiposas

O número total de células adiposas aumenta. Esse número de adipócitos aumenta rapidamente durante o primeiro ano de vida, sendo cerca de três vezes maior após um ano que por ocasião do nascimento. A maioria dos adipócitos existentes antes do nascimento forma-se durante o último trimestre da gestação. Depois de um ano de idade, o número de células aumenta paulatinamente até cerca dos 10 anos. Com o aumento na dimensão das células, existe uma hiperplasia significativa durante a explosão de crescimento da adolescência, daí em diante, o número de células permanece estável (30).

Considerada uma epidemia mundial, o problema agrava-se quando surge na infância, pois geralmente persiste na fase adulta. Assim é fundamental que a prevenção da obesidade comece com limitação de ganho de peso durante a infância e adolescência, de modo a evitar a proliferação das células adiposas na fase adulta (30).

2.3 Análise da composição corporal

É necessário um bom conhecimento do corpo humano quando se possui medidas lineares, de área e de volume diferentes no que diz respeito à padronização das medidas e sua validade para o grupo ou indivíduo a ser avaliado (31).

Considerando que as técnicas mais acessíveis são justamente as que podem produzir mais erro, é importante que verifique as vantagens e limitações da técnica escolhida, para errar um pouco menos (31).

Naturalmente, há uma tendência para uma proporcionalidade entre as medidas corporais no ser humano, variando em gênero, nível de atividade física, comportamento alimentar, com o seu grau de crescimento e desenvolvimento, apresenta extrema diversidade, tanto nos homens como nas mulheres, levando resultados de características específicas aparências bastante distintas no corpo entre os seres humanos (31).

2.3.1 Contexto sociocultural

Em um determinado tipo de corpo específico para cada pessoa, sempre haverá um contexto sociocultural, pois o corpo humano apresenta proporções entre as suas diversas partes, e o estudo que permite essas medidas antropométricas das proporções, do tipo físico (somatotipo) e da composição corporal é abordado pelo ramo do conhecimento já mencionado anteriormente denominado de cineantropometria. “Cineantropometria” (uma especialização científica emergente que emprega medidas corporais) tem sido definida como a interface quantitativa entre anatomia e fisiologia, contribuindo para avaliar o tamanho corporal, forma, proporção, composição, maturação e função, que explora problemas relacionados ao crescimento, exercício, desempenho e nutrição (32).

No século XIX iniciou interesse em medir a quantidade dos diferentes componentes do corpo humano através da análise da composição corporal realizada pela dissecação de cadáveres (in vitro), considerada a maneira direta de medir os principais componentes do corpo humano (33).

Em 1984 iniciou estudos que tinham como objetivo estabelecer métodos indiretos (in vivo), dentre esses métodos surgiu o da pesagem hidrostática como base para estudos da composição corporal (33).

A fim de facilitar o diagnóstico da gordura corporal subcutânea nas pessoas, foram desenvolvidos vários métodos indiretos de análise para determinar composição corporal (33).

A partir disso, surgiram os métodos duplamente indiretos com boa aceitação por profissionais da saúde devido à facilidade na obtenção dos dados e ao menor custo dos equipamentos (33).

Entre métodos duplamente indiretos, já existirá no século XIX, o Índice de Massa Corporal (IMC) idealizado por Quételet que propusera uma estratégia de relacionar matematicamente o peso e a altura do indivíduo, uma ferramenta (formula) obtido facilmente, que reside em mensurar o peso do indivíduo em quilograma (massa) dividido pela sua altura em metro ao quadrado. Essa estratégia, que foi posteriormente denominada de índice de massa corporal, onde aparece em mais de seis mil artigos desde 1994 e apresenta consistência cient&am