A RELAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A PSICOMOTRICIDADE POR MEIO DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A RELAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A PSICOMOTRICIDADE POR MEIO DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
THE RELATIONSHIP OF PHYSICAL EDUCATION WITH PSYCHOMOTRICITY BY PLAYING FOR INTEGRAL DEVELOPMENT IN CHILD EDUCATION
OLIVEIRA, Ligia da Silva; ARAÚJO, Edivane dos Santos; COSTA, Jonatha Feliciano; ROCHA, Gustavo Fiais da; SILVA, Bruno Alves da; SILVA, Diogo dos Santos; [1]
Orientador: OKUHARA, Eduardo[2]
RESUMO
O presente trabalho teve como propósito a realização de pesquisa sobre conceitos e características da psicomotricidade e da ludicidade buscando compreender sua relação no desenvolvimento integral. O objetivo deste estudo foi apresentar as brincadeiras como instrumento para o desenvolvimento integral da criança no ensino infantil, por meio da psicomotricidade na educação física. Esta pesquisa tem caráter teórico e seus procedimentos metodológicos baseados em revisão literária, livros e artigos científicos. Quando aplicado às brincadeiras de maneira lúdica na educação infantil, a oportunidade do desenvolvimento no aspecto motor, social e cognitivo é maior para o indivíduo, iniciando desde as habilidades básicas de movimento as mais complexas, além da interação, entendimento de regras e responsabilidades sociais, e a formação das capacidades intelectuais.
Palavras-chave: Psicomotricidade, Desenvolvimento, Ensino Infantil, Educação Física, Brincadeiras.
ABSTRACT
The present work had the purpose of conducting research on concepts and characteristics of psychomotricity and playfulness seeking to understand their relationship in integral development. The objective of this study was to present the games as an instrument for the integral development of the child in the infantile education, through the psychomotricity in the physical education. This research has theoretical character and its methodological procedures based on literary revision, books and scientific articles. When applied to play in a playful way in early childhood education, the opportunity for development in the motor, social and cognitive aspect is greater for the individual, starting from the most complex basic movement skills, besides the interaction, understanding of social rules and responsibilities, and the formation of intellectual capacities.
Keywords: Psychomotricity, Development, Early Childhood Education, Physical Education, Jokes.
INTRODUÇÃO
O propósito da psicomotricidade na educação física é desenvolver o corpo de modo integral, tendo sua característica à união do corpo, mente e sentimento, tudo relacionado ao mundo interno e externo do indivíduo, devendo este desenvolvimento ser iniciado na educação infantil para que a criança inicie a formação por completa. (XISTO; BENETTI, 2012)
Por meio das atividades lúdicas como jogos, brinquedos, brincadeiras é possível desenvolver integralmente a aprendizagem da criança, ampliando as capacidades como afetividade, concentração e percepção motora, fazendo com que o indivíduo se envolva com outros por meio de jogos, potencializando e testando seus limites e emoções. Sua prática pode ser vista tanto na escola quanto no cotidiano da criança, devendo ser estimulada pelo professor de educação física que entrará como mediador, intervindo para o desenvolvimento. (CAMARGOS; MACIEL, 2016)
Todos os recursos disponíveis devem ser utilizados dentro da educação física, visando à formação da criança, haja vista que, muitos problemas desenvolvidos na aprendizagem podem estar relacionados a um campo da psicomotricidade mal desenvolvido ou pouco estimulado. (RAMOS; FERNANDES, 2011)
Este estudo tem como objetivo apresentar as brincadeiras como instrumento para o desenvolvimento integral da criança no ensino infantil, por meio da psicomotricidade na educação física. A metodologia utilizada foi à revisão de literatura, onde foram levantados dados sobre a psicomotricidade e sua relação com o brincar e a educação física. A pesquisa foi realizada em livros, bases on-line e repositórios de universidades brasileiras disponíveis na internet: RBFF, UEM, UERJ, Uninove, UFMS, FAEMA Luzimarteixeira, EFDeportes, PBWorks, UNESP, UFSM, Nucleo do Conhecimento, sendo combinados de várias formas as palavras chaves: psicomotricidade, educação física, brincadeiras, desenvolvimento, ensino infantil. Pretendeu-se com o resultado, demonstrar a importância de se desenvolver plenamente a criança por meio do lúdico.
PSICOMOTRICIDADE: HISTÓRIA, CONCEITO E OS ELEMENTOS PSICOMOTORES PARA O DESENVOLVIMENTO
A psicomotricidade aplicada na educação física teve sua origem na França, em 1966, com o intuito de desenvolver a integralidade do corpo na educação. Ainda cita que os professores tinham como objetivo pedagógico principal, a excelência dos movimentos de uma forma mecânica. (XISTO; BENETTI, 2012)
Por volta da década de 80, surge um questionamento sobre o papel da educação física dentro da escola, e com isso o surgimento de novas propostas teóricas pedagógicas específicas da educação física e, a abordagem psicomotora é uma delas, tendo como principal representante Jean Le Boulch. (FERREIRA; SAMPAIO, 2013)
A psicomotricidade sendo a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto[3].
Na escola primária, a educação psicomotora deve ser vista como a base do ensino, uma vez que desenvolve a consciência corporal, lateralidade, domínio do tempo, coordenação de movimentos e a situar-se no espaço. (LE BOULCH, 2001).
processo de desenvolvimento psicomotor, em conjunto de todos os elementos motor, intelectual, emocional e expressivo é divido em primeira infância (0 a 3 anos) e segunda infância (3 a 7 anos), tendo sua maturação concluída aproximadamente aos 8 anos. (BUENO, 1998)
O mundo exterior é mais interessante entre os 15 meses aos 3 anos, permitindo a formação do seu lado afetivo e expressivo, estabilizando o seu lado espontâneo e controlado, permitindo um ajustamento das funções o levando a um bom desenvolvimento. Entre os 3 e 6 anos o processo de formação passa a ser o mundo interno, formação do espaço temporal e esquema corporal do indivíduo e este processo na psicomotricidade não pode ser formado com rupturas entre o mundo ilusório e o mundo que reina uma organização e estrutura. (LE BOULCH, 2001)
Sendo assim, a psicomotricidade aplicada pelos educadores físicos em seu método pedagógico no ensino infantil, são atividades lúdicas como as brincadeiras, para o desenvolvimento da criança. (CAMARGO; MACIEL, 2016). Molinari e Sens (2003) complementam a relação da psicomotricidade com a educação física, como estratégia didática, para uma melhor conduta comportamental do indivíduo e seu movimento harmonioso.
Beckert (2015) ainda cita que, a relação do corpo e mente possui dois fins, a ampliação dos movimentos corporais baseado em suas funções e o auxilio do crescimento no campo afetivo por meio do mundo externo.
O movimento corporal é uma forma de comunicação e de relação com outros e o mundo. O corpo é capaz de comunicar-se com ele próprio e ao meio ambiente do indivíduo através de expressões, seja adulto ou criança. Mas nas crianças, o processo de interação corpo, mente e sentimento está em estado de transformação, devendo ser trabalhado na educação infantil por vias da psicomotricidade. (RAMOS; FERNANDES, 2011)
As mudanças ocorridas na capacidade mental, como aprendizagem, a linguagem, memória, pensamento e raciocínio, estão relacionados ao desenvolvimento cognitivo. A formação da personalidade e atributos próprios do indivíduo por meio de relações sociais está relacionada ao desenvolvimento social e afetivo. (PAPALIA; OLDS, 2000)
Juntamente com o desenvolvimento intelectual e social, existem elementos psicomotores que caracterizam a psicomotricidade. Estes elementos permitem o movimento do corpo e o reconhecimento do indivíduo sobre si, como as atividades motoras, a coordenação motora ampla e fina, o equilíbrio postural, ritmo, lateralidade, conhecimento corporal, todas trabalham em conjunto e tem suas características, como citado na quadro a baixo. (AQUINO et al., 2012)
Quadro 1 – Elementos Psicomotores. Fonte: (AQUINO et al., 2012, p. 248)
A aprendizagem esta em conjunto das ordens físicas, psíquica e sociocultural, capacitando a criança a ser, a aprender, a fazer e a ter, organizando e equilibrando sua relação com os diferentes meios e se relacionando com o mundo, devendo ser estimulada durante o início do seu desenvolvimento. (SEARA; ZAGO, 2010)
Ao formar o indivíduo por meio da aplicação da psicomotricidade, o professor estará estruturando os movimentos corporais, afetivos e lógicos. As situações e expressões criadas pela criança junto com outras, desenvolve seu lado social. (MOLINARI; SENS 2003). O profissional de educação física deve compreender o valor da psicomotricidade na evolução dos elementos intelectuais e físicos do aluno. (BECKERT, 2015)
A não aplicação ou falta de estimulo dos elementos psicomotores de base durante o desenvolvimento infantil, acarretará para a criança dificuldades em sua evolução física, psíquica e social, como dificuldade em criar, expressar, socializar com outros, possibilitando problemas na aprendizagem da escrita, leitura, direção, podendo torná-la insegura, tímida, além das restrições nas capacidades motoras. (KAMILA et al., 2010)
Silva et al. (2017) ainda cita que, os problemas encontrados na formação escolar não refere-se ao nível de classe onde encontra-se a criança, mas que a raiz do problema esta na estruturação dos elementos de base.
Le Boulch (1986, p. 25) afirma:
Muitos dos problemas de reeducação, não seriam mais colocados, se, ao lado da leitura, da escrita, da aritmética, uma parte do tempo escolar fosse reservado a uma educação psicomotora cujo material principal seria o movimento, associado a exercícios gráficos e as manipulações.
É necessário o respeito da faixa etária de cada indivíduo e suas dificuldades dentro do ensino, permitindo a formação da personalidade sem limitação, transformando em um ser crítico, capaz de agir perante o meio em que vive, buscando a felicidade. (BECKERT, 2015)
A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
De acordo com as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil de 2010, o currículo pedagógico deve ser estruturado e direcionado pela prática de brincadeiras e interações, que proporcione diversidade de experiências, adquirindo conhecimentos sobre si e o mundo, possibilitando o desenvolvimento do indivíduo de modo integral.
Para o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais, sociais e afetivas de uma criança, o professor de educação física deve buscar formas de envolvê-la, com atividades que gere a vontade e o prazer em praticar. Propondo aulas onde a criança se movimente, socialize, exponha sentimentos e emoções, possibilitando a capacidade de pensar, criar e recriar. E as atividades lúdicas como as brincadeiras, brinquedos e jogos entram como aliadas para esse processo pedagógico na educação física. (AQUINO et al. 2012; SEARA; ZAGO, 2010)
A ludicidade está intrínseca no ser humano desde a pré-história. O ato de brincar é a mais pura forma da criança se expressar, é brincando que ela expressa o que está sentindo e também interioriza o mundo ao seu redor. Porém, o ato de brincar vai muito além, é neste momento que os jogos começam a apresentar-se, e será através deles que a criança desenvolverá boa parte de suas habilidades motoros e cognitivas. (ZAFFALON JÚNIOR, 2009, apud REIS et al. 2015, p. 3)
Para melhor compreensão sobre a relação do desenvolvimento da criança por meio de brincadeiras, se faz necessário conhecer alguns conceitos a respeito do lúdico, jogo, brinquedo e brincadeira:
Segundo Almeida e Shigunov (2000, p. 70):
a brincadeira refere-se ao comportamento espontâneo ao realizar uma atividade das mais diversas. O jogo, é uma brincadeira que envolve certas regras, estipuladas pelos próprios participantes. O brinquedo é identificado como o objeto de brincadeira. A atividade lúdica compreende todos os conceitos anteriores. (grifo do autor)
Cordazzo e Vieira (2007, p. 93) tem a seguinte definição sobre estas atividades:
A palavra em português que indica a ação lúdica infantil é caracterizada pelos verbos brincar e jogar, sendo que brincar indica atividade lúdica não estruturada e jogar, atividade que envolve os jogos de regras propriamente ditos. [...] a função do brinquedo é a brincadeira. O brinquedo tem como princípio estimular a brincadeira e convidar a criança para esta atividade. A brincadeira é definida como uma atividade livre, que não pode ser delimitada e que, ao gerar prazer, possui um fim em si mesmo.
Jogos, brinquedos e brincadeiras estão respectivamente ligados ao lúdico, vinculado à alegria, ao prazer, espontaneidade, gerando prazer e satisfação ao realizar alguma atividade. Visto de forma cultural, o lúdico é caracterizado como a forma da criança assimilar e interpretar o mundo, a cultura, objetos, as relações e afetividade com outras pessoas, podendo desta maneira, o lúdico estar vinculado tanto a cultura da criança quanto ao prazer. (CORDAZZO; VIEIRA, 2007)
A utilização de jogos dentro do ensino, além de proporcionar o prazer, alegria e divertimento na realização da atividade, formará o conhecimento de regras que devem ser seguidas, desenvolvendo a competição e sensação de perda, vitória, conquista e derrota e a possibilidade em trabalhar em equipe, desenvolverá a socialização. Já as brincadeiras estão atreladas a criatividade, que possibilita mudanças através da criação do novo (ALMEIDA; SHIGUNOV, 2000). Um estímulo para auxiliar na evolução psíquica, a brincadeira deve ser vista como um instrumento de grande importância para o desenvolvimento infantil (ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008).
O jogo pelo ponto de vista educacional significa divertimento, brincadeira, passatempo, pois em nossa cultura o termo jogo é confundido com competição. Os jogos infantis pode até incluir uma ou outra competição, mas visando sempre a estimular o crescimento e aprendizagem com relação interpessoal, entre duas ou mais pessoas realizada através de determinadas regras, ainda que jogo seja uma brincadeira que envolve regras. (FANTACHOLI, 2011, p. 3)
Tavares e Souza Junior (2010), afirmam que as atividades por meio da brincadeira devem ser trabalhadas de forma livre e espontânea, permitindo que a criança se conheça por meio das suas escolhas e ações, desenvolvendo sua personalidade e autonomia, tendo o professor como aliado para a orientação do desenvolvimento promovendo a preparação para conhecimentos mais difíceis, por meio da interação entre professor e aluno. Ao utilizar a prática das brincadeiras dentro da educação física, como método de ensino/aprendizagem, é possível perceber as necessidades de cada criança, os níveis de seu desenvolvimento e sua organização. Silveira (2011) ressalva que, o brincar desenvolve várias habilidades, tendo a possiblidade de vivenciar novos conhecimentos, por tanto é necessário sua aplicação.
As brincadeiras devem ser resgatadas, de forma que os próprios alunos tragam para a educação física novas experiências de atividades vivenciadas tanto na escola como em seu cotidiano, fazendo com que tenham mais opções de atividades e brincadeiras e que estas, proporcione satisfação, já que simula a vivência do dia-a-dia do aluno. Desta forma, observa-se que, as brincadeiras são fortes influências para o processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança, sendo praticadas dentro ou fora da escola. (TAVARES; SOUZA JUNIOR, 2010)
APLICAÇÃO DAS BRINCADEIRAS PARA DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIADE DE MODO INTEGRAL
Com a prática das brincadeiras dentro do ambiente escolar, a criança vivência experiências corporais, que a possibilita de criar conceitos e organizar esquemas. O professor tem o papel de intermediador do desenvolvimento, possibilitando a capacidade de aprender, por meio de descobertas ao propor situações e estímulos variados, proporcionando experiências concretas, vividas com seu corpo de forma geral. (BECKERT, 2015)
Ramos e Fernandes (2011) propõem que, para o desenvolvimento integral da criança dentro do ambiente escolar, além do professor ser comprometido, deve haver um planejamento antecipado que visa alcançar um objetivo, e que este planejamento seja sempre reavaliado, traçando novas metas, por meio de observações feitas durante as atividades, onde o desenvolvimento do aluno seja avaliado, tanto o motor quanto social e emocional, os recursos não precisam ser modernos e sofisticados, mas que disponha de um espaço onde consiga desenvolver a aprendizagem da criança.
Diante desta opinião, AQUINO et al. (2012); KAMILA et al. (2010) e RAMOS e FERNANDES (2011), propõem algumas atividades e brincadeiras que podem ser utilizadas para se trabalhar os elementos psicomotores de base, contribuindo para o desenvolvimento da criança:
Coordenação Motora Ampla – brincar de rolar, balançar, dar cambalhota, amarelinha, futebol, rodar pneu de borracha, morto ou vivo, estátua, passar a bola, passar anel, esconde-esconde, ciranda, jogar bexiga no alto sem deixar cair no chão, pular corda e saco, brincar de queimada, rouba bandeira e fazer mimica;
Coordenação Motora Fina – recortes de papel, pinturas com tinta e giz, pegar bola de gude utilizando os dedos como pinça, desenho de figuras geométricas na areia, fazer bolinha de crepon, amarrar e desamarrar, tampar e destampar garrafa pet, equilibrar ovo na colher, queimada, rouba bandeira, boliche e tiro ao alvo.
Lateralidade – corda, rodas e cirandas, dobradura, futebol de botão, caça ao tesouro, amarelinha e manuseio de bolas com as mãos direita e depois esquerda;
Equilíbrio – caminhar por cima de cordas ou tacos, correr ou pular entre degraus de escada, andar sobre prancha de equilíbrio e permanecer com um pé e voltar a andar;
Estruturação Espacial – qualquer atividade onde a criança deva se localizar: à frente, atrás, ao lado, à direita, à esquerda, embaixo, em cima, acima, para frente, para trás, para cima/baixo, fora/dentro, perto/longe. Pode ser desenvolvido brincando de cabra-cega, tiro ao alvo, estafetas com arcos e pular saco.
Orientação Temporal – qualquer atividade a qual se tenha a percepção do movimento: rápido/lento, forte/franco, primeiro/seguinte/ultimo, deslocamento por marcação de batidas de pés e mãos ou outro instrumento, cantar cantigas, queimada, boliche e tiro ao alvo;
Ritmo – praticar sons por meio de instrumentos confeccionados por materiais recicláveis: chocalhos (latas), pratos (tampa de panela), tambores (lata de tinta). Por meio de música: o professor toca um instrumento e as crianças caminham de acordo com a pulsação;
Esquema Corporal – brincadeiras de cabra-cega, adoleta, bambolê, morto ou vivo, jogos de imitação, danças livres, de rua, circulares; Juntar partes de boneco desmontável, desenhar o contorno do corpo de outra criança no chão, brincadeiras na frente do espelho e mimica.
Além dos elementos psicomotores Ramos e Fernandes (2011) e Bueno (1998), propõem outros desenvolvimentos perceptíveis, que são capacidades do indivíduo e que também devem ser estimulados visando sua formação:
Percepção Olfativa – reconhecer os perfumes de flores, ou diferenciar cheiros do cotidiano, pó de café, perfume, produtos de limpeza;
Percepção Gustativa – reconhecimento dos sabores, texturas, consistência: comer alimentos diferentes que nunca haviam provado. Comer de olhos fechados, diferenciar entre doce e salgado, azedo ou amargo, quente e frio;
Percepção Auditiva – criar sons fracos e fortes com o mesmo instrumento (palmas, latas), descobrir entre dois sons qual o mais forte.
Percepção Visual – identificar e juntar objetos iguais, como tampinhas, bolinhas, latinhas, agrupar objetos pelas formas, cor ou tamanho;
Percepção Tátil – apalpar vários tipos de tecidos, algodão, madeira, papel. Fazer a criança andar por cima de vários objetos de consistência dura, jogados em um tapete, de olhos vendados, para que reconheça sua consistência por contraste do tapete macio.
Por meio das brincadeiras utilizadas para o desenvolvimento, Ferreira e Rubio (2012), defendem a importância da utilização das músicas como um instrumento sonoro, que serve de estimulo para a movimentação do corpo e formação do esquema corporal, além de outras áreas como a afetiva/emocional.
Diversos aspectos relacionados à vida da criança podem ser desenvolvidos pela prática das brincadeiras. Visando não apenas o aspecto motor, Almeida e Shigunov (2000, p. 72), destacam outros aspectos que são desenvolvimentos por meio de atividades lúdicas, e que contribuem para formação da criança:
Aspecto Social – brincadeiras com bonecas e carrinhos, a criança manifesta representações sociais, tendo como resultado a socialização; Aspecto Educacional – quebra cabeça, jogos de montar e caça ao tesouro: tem como objetivo a ampliação dos conhecimentos específicos e habilidades cognitivas e psicomotoras; Aspecto psicológico – jogos de confronto e competições: tem o objetivo de compreender as emoções e a personalidade, tendo como possíveis resultados o medo, cooperação, a sensação de perder e ganhar; Aspecto Antropológico – brincar de casinha: a reprodução de atividades dos adultos objetiva o reflexo de costumes, e resulta no conhecimento de cada cultura e suas características. Aspecto Folclórico – brincar de pião, cavalo de pau, amarelinha, que objetiva o conhecimento de tradições e costumes, como resultado a sua manutenção.
Ao trabalhar as brincadeiras na educação física, o professor deve visar objetivos para a formação da criança, como torná-la independente, segura, confiante, conhecedora de seu corpo, valorização dos seus hábitos, a saúde, gerando curiosidade para o desconhecido, explorando o ambiente visando à cooperação para conservar. Por meio destas atividades lúdicas é possível provocar estímulos que desenvolvam as emoções, desejos e necessidades, estabelecendo relações sociais, formando seus interesses e pontos de vista, utilizando as variadas formas de linguagem, como corporal, musical, oral e escrita, contribuindo para exposição de suas ideias e para uma formação significativa da criança. (AQUINO et al., 2012)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se após o estudo, que há uma concordância na literatura de que a prática de atividades psicomotoras e brincadeiras auxiliam a criança na sua formação.
A psicomotricidade como campo de estudo, visa o desenvolvimento integral da criança, por meio da integração entre corpo e mente, levando em consideração o crescimento afetivo, social e intelectual da criança e sua intervenção nas atividades lúdicas, aplicadas dentro da educação infantil, trás resultados positivos para a formação da criança, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Quando aplicadas, a oportunidade do desenvolvimento no aspecto motor, social e cognitivo é maior para o individuo, iniciando desde as habilidades básicas de movimento as mais complexas, além da formação da interação com outros, entendimento de regras e responsabilidades sociais, e a formação das capacidades intelectuais. Por meio das brincadeiras e jogos, a criança se movimenta, cria, expressa sentimentos e constrói relacionamentos com outros. Em uma brincadeira de caça ao tesouro ou rouba bandeira, a criança será estimulada a pensar, desenvolvendo seu raciocínio e quando estas brincadeiras são trabalhadas em conjunto de outras crianças, desenvolve a socialização, formando sua identidade como ser humano.
Na educação infantil, os alunos são crianças de pouca idade, devendo ser envolvidas por meio de atividades recreativas, não devendo as brincadeiras ser menosprezadas, pois é partir de sua prática que as crianças respondem a estímulos, sentindo e reconhecendo o seu corpo. O professor, na educação física, deve estar preparado e em busca de atividades que envolva o interesse e que contribua para o desenvolvimento da criança, visando potencializar seus aspectos positivos ou diminuir ou eliminar aspectos negativos.
REFERÊNCIAS
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[1] Graduandos do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
[2] Docente do curso de Educação Física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
[3] Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP). Disponível em: <https://psicomotricidade.com.br/> Acesso em: 22 nov. 2017.