02/05/2019

A liderança é inata, aprendida ou desenvolvida?

Jorge Barros

Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

 

A área da liderança tem vindo a despertar muito interesse ultimamente, quer por académicos, quer por estudantes, quer por membros de organizações, decisores e mesmo por muitas outras personalidades que ocupam cargos de destaques na sociedade. Muitos estudos se têm realizado no âmbito desta temática. Muitas questões se têm levantado sobre este tema, assim como muitas interrogações se veem colocando neste domínio. Uma delas que nos vem ocupando o pensamento diz respeito ao facto de se pretender saber se a liderança é inata, aprendida ou desenvolvida.

Considerando, então, este como o foco principal deste artigo, podemos referir que a liderança pode ser inata, em que as competências dos líderes são fixas, já que as possuem, dado que nasceram com elas. Esta perspetiva foi dominante até finais dos anos 40 do século XX. Nela, a liderança é percecionada como algo intrinsecamente individual que apenas se manifesta nas situações ou de acordo com o contexto onde se encontram as pessoas. Neste período, a liderança foi, essencialmente, considerada como uma caraterística inata do indivíduo, pelo que se deveriam identificar as caraterísticas individuais, psicológicas, sociais, físicas, intelectuais e de personalidade de cada um que o caraterizam. Deste modo, os líderes ao possuírem determinadas caraterísticas especiais de personalidade, que os ajudavam no desempenho do papel de liderança, passaram a ser entendidos como «seres diferentes» das restantes pessoas.

Contudo, a liderança mais do que inata pode ser apreendida. Nesta perspetiva, é defendido que os líderes «não são feitos por encomenda», mas que antes «se vão construindo». A liderança está ancorada na experiência que o indivíduo adquire com o que faz, nas situações em que se envolve e de acordo com o contexto em que ocorre. Neste sentido, este «fazer-se» do líder implica formação e aprendizagem. Por este intermédio, as capacidades, habilidades, atitudes e competências destas pessoas podem ser adquiridas e aprendidas. Podem também ser desenvolvidas como veremos.

Por último, podemos dizer que a liderança também pode ser desenvolvida, ou como dizem na literatura da especialidade: «fabricada». Portanto, segundo esta perspetiva, as competências são em grande medida desenvolvidas, ou seja, a liderança não é meramente inata, já que pode ser «fabricada» e desenvolvida com conhecimento e prática. Portanto, as pessoas podem ter caraterísticas inatas de liderança, no entanto pode-se aprender à medida que se executa, mas desenvolve-se e melhora-se com a reflexão e a capacidade de aprendizagem sobre a prática.

Como nota conclusiva, podemos, assim, afirmar que a liderança tanto pode ser inata, como aprendida e mesmo desenvolvida por parte de cada pessoa. Desta forma, podemos acrescentar que os melhores líderes são, porventura, indivíduos praticantes reflexivos, que viajam entre a prática e a reflexão, dedicando algum tempo a esta segunda atividade, isto é, que se socorrem das capacidades e competências inatas que possuem e das que adquiriram e desenvolveram. Assim, de acordo com a nossa perspetiva, todas as pessoas podem ser líderes, dado que a liderança, enquanto processo de influência focado nas relações humanas, pode ser adquirida, aprendida e desenvolvida e não depende apenas e exclusivamente de caraterísticas inatas.

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