30/06/2017

A Lenda da Educação Pública

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Uma lenda é um relato folclórico transmitido oralmente com o intuito de explicar acontecimentos baseados em histórias fantásticas mesclando realidade com fantasias ou ficção.

Para isso está caminhando a nossa educação, um passado glorioso se transformando em lenda, devido à realidade sofrível em que ela se encontra.

Passou a ser lenda o respeito e o status que o professor tinha perante a sociedade, passou a ser lenda os 4 meses de férias que alunos e professores usufruíam nas décadas de 70 e 80, férias que representavam os meses julho, dezembro janeiro e fevereiro.

Havia reprovações, é verdade, mas isso não acarretava em evasão. As recuperações não podiam passar de 3 disciplinas, senão seria reprovação direta, mas para muitos, era comum uma reprovação aqui, outra ali, e hoje, temos alunos empurrados em séries engrossando o número de analfabetos funcionais. Alunos com o primeiro grau completo que mal sabem as operações básicas ou até mesmo interpretar um texto, e isso tudo em nome de uma educação de qualidade que nunca aconteceu depois que aumentaram dias letivos.

Alguns pedagogos de mesa que não vivenciam a realidade de uma escola tentam equacionar educação de qualidade com aumento de dias letivos, pois tem-se hoje 200 dias letivos totalmente sem qualidade contra 180 (cento e oitenta) dias de trabalho escolar efetivos.

As escolas públicas tinham status e os alunos oriundos de lá, poderiam prestar vestibular em faculdades públicas sem passar por “cursinhos”. Concorriam de igual para igual com alunos de escolas privadas, entretanto hoje, muitos entram em uma faculdade privada que visa apenas o retorno financeiro e não se preocupa com a qualidade do curso.

Muitas instituições de ensino superior enxugaram suas grades curriculares, reduzindo os dias de aulas e consequentemente aumentando assim o lucro das mesmas, e seus alunos são tão alienados que sequer reclamam, pois, as mensalidades em momento algum foram reduzidas.

Veja como exemplo um curso de engenharia em uma instituição que no seu décimo período tinha 20 aulas presenciais e hoje tem 8 a 10 aulas. Como o curso poderia estar ganhando em qualidade? Este diploma será valorizado no mercado? Com certeza será apenas mais um cidadão com um diploma de curso superior a engrossar as estatísticas de analfabeto funcional.

A lenda da educação pública fica cada vez mais forte, e se a educação continuar assim, em pouco tempo não teremos mais nem lendas para contarmos aos nossos alunos, aliás, teremos tudo, menos educação.

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