A Invisibilidade do Visível
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Tendo a educação como fator primordial para transformação do ser humano, cabe aqui uma simples pergunta e que até hoje não teve sua resposta efetivada: Porque a educação pública continua sendo sofrível para o povo?
A premissa que nos cabe é justamente seguir uma linha foucaltiana em que afirma a relação entre poder e conhecimento, e ambos são usados para um controle social cada vez mais acirrado, entretanto, conta-se para isso com o auxílio das instituições educacionais.
O próprio Michael Foucault já afirmava que o saber não é feito para compreender, o saber é feito para cortar, ou seja, ter sempre o controle de uma determinada situação, é o conhecido como corte-e-controle que será mencionado mais a frente.
Por isso, usando de sua máxima, cabe a nós professores, fazermos com que esta massa amorfa consiga perceber a invisibilidade do visível, ou seja, o visível só o é para quem tem o discernimento de percebê-lo.
É enfático percebermos que realmente o conhecimento é usado para controlar e definir o poder, sendo assim, este conhecimento não pode ser passado e/ou trabalhado pelas instituições públicas de ensino, já que o verdadeiro conhecimento é um fator corrosivo para quem o detém, certo de que este não se contentará com a situação em que se encontra.
Por isso muitos afirmam que realmente a ignorância é uma benção, já que você se torna totalmente alienável e sem discernimento das coisas, em contrapartida, o conhecimento é sempre incompleto, já afirmava Edgar Morin no seu livro Introdução ao pensamento complexo publicado pela editora Lisboa em 1990.
Assim sendo, este mesmo conhecimento está sempre inacabado, e isso passa a ser um fator que deveria ser trabalhado nas instituições de ensino, justamente este buscar incessante de conhecimento, esta insaciável sede de sabedoria, fato que não é sequer cogitado por estas mesmas escolas públicas, pois estas não estimulam a busca do conhecimento, a curiosidade, a pesquisa e tampouco, a autonomia de seus alunos.
Em questão de poder, o próprio Morin esclarece que o "pensamento mutilador conduz necessariamente a ações mutiladoras", ou seja, os cortes justificados por Foucault acima, são aqui justificados.
Interessante saber que este corte-e-controle de acordo com Burke e Ornstein no livro O Presente do Fazedor de Machados – Os dois gumes da história da cultura humana, publicado pela Bertrand Brasil em 1998, existia desde o século II, cujo conhecimento era estritamente controlado, e assim tem sido a mais de 19 séculos. Mais uma torna-se invisível a invisibilidade do visível, já citado por Foucault.
Nossas instituições de ensino estão indo na contramão da verdadeira educação, pois elas estão caminhando para a contraluz, produzindo a ignorância sistemática tão advertida por Demo em seu livro Saber pensar, publicado pela editora Cortez em 2000.
Temos em muitos casos, instituições modernizadas, porém nada desenvolvidas, criando cada vez mais um povo dócil e servil, pois desta forma, se faz valer as falas de Maquiavel quando afirma que o povo assim, fica incapacitado de encontrar forças e motivações para conquistar o mundo, assim sendo, ela é utilizada para a prática de dominação alertado por Freire como pedagogia dos dominantes.