A INTERDISCIPLINARIDADE
Karolynne Peres de Sousa Ramos
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Marijane Batista Dias
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Especialista em Alfabetização e letramento. Primavera do Leste, MT.
Valda Rodrigues dos Santos
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em educação infantil e letramento com ênfase em psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Paulla Fernanda Praxedes
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Educação infantil e Alfabetização. Primavera do Leste, MT.
Maria da Glória Ramos dos Santos
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Especialista em Educação Especial/ AEE. Primavera do Leste, MT.
Segundo Morin (2002), a organização disciplinar foi instituída no século XIX, nitidamente com a formação das universidades modernas, e a partir de então, desenvolveu-se no século XX com o impulso dado à pesquisa científica; ou seja, a noção de disciplina foi e ainda é fundamental para que possamos entender o desenvolvimento do conhecimento e do próprio pensamento humano, dando a elas a importância histórica de seu nascimento, desenvolvimento, evolução e possível esgotamento; uma vez que é uma categoria organizada dentro das diversas áreas do conhecimento. Assim, para entendermos o que é a interdisciplinaridade, para que ela veio e quais suas intenções, é imprescindível valorar a noção de disciplina, bem como o processo de disciplinarização, apontando, sem dúvidas, fortalezas e fragilidades para assim, inferir sugestões para evolução científica, tecnológica e pedagógica.
Para que possamos compreender o apogeu do surgimento da interdisciplinaridade, torna-se necessário discutir o epicentro da disciplinaridade e suas lutas para permear os anos e se consolidar ao longo dos séculos para estar presente nos dias atuais com tanta força e “indispensabilidade”.
O termo “disciplina” pode ser analisado sob diferentes significações, pois em dados contextos utilizam as mais variadas formas, com os mais diversos objetivos. Uma delas circunda justamente o contexto da dinâmica social, cujas relações humanistas tornaram-se referência entre as personas. Para Hamilton (2001, p. 57), ainda no século XVI, “disciplina e didática tinham uma preocupação conjunta no estabelecimento da ordem e da promoção do método. Podiam referir-se à promoção de uma disciplina mental ou ao inculcar de uma disciplinar corporal”. Este entendimento nos remete à concepção de disciplina como forma comportamental. Para Foucault (1979, p. 135) este entendimento compreendia elementos em que “prefiguravam a modelagem de corpos dóceis, isto é, passiveis de serem ensinados [...]”.
Para Chervel (1990, p. 177),
[...] o termo ‘disciplina’ e a expressão ‘disciplina escolar’ não designam, até o fim do século XIX mais do que a vigilância dos estabelecimentos, a repressão das condutas prejudiciais à sua boa ordem e aquela parte da educação dos alunos que contribui para isso. No sentido que nos interessa aqui, de ‘conteúdos de ensino’, o termo está ausente de todos os dicionários do século XIX, e mesmo no Dictionnaire de I’Academie de 1932. Como designavam, antes dessa época, as diferentes ordens de ensino? Que título geral se dava às rubricas dos diferentes cursos? [...].
Chervel (1990) busca suscitar respostas sobre o uso comum de termos com múltiplos significados para denominar objetos e/ou matérias de ensino. Tornou-se frequente no século XIX, o uso de expressões como: “objetos”, “partes”, “ramo” e até ainda o surgimento do termo “matéria de ensino”. Hamilton (2001) corrobora com as ideias de Chervel (idem), quando discute que o caráter metódico do conhecimento tinha uma íntima relação com a concepção de disciplina, ainda no sentido de doutrinação corporal de viés disciplinar. Somente nos primeiros decênios do século XX é que o termo “disciplina” passou a ser apreendido em novo sentido – o de conteúdo a ser aprendido.