A INFLUÊNCIA DA MIDIA E SUAS CONSEQUENCIAS EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA.
A INFLUÊNCIA DA MIDIA E SUAS CONSEQUENCIAS EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA.
ROXO, Rosilene de Souza; TASSIRO, Edna Barbosa; FURIANI, João Ricardo;
SANTOS, Valdir Pereira; OLIVEIRA, Marcelo Araujo.
ARRUDA, Eduardo OKuhara (Orientador)
RESUMO
Essa pesquisa teve como foco a mídia como agente influenciador na ideologia de corpo e, nesse sentido, as implicações no âmbito das práticas corporais, bem como o espectro dos distúrbios da autoimagem. O objetivo desta pesquisa e compreender o papel do educador físico dentro de um cenário onde a mídia ganha cada vez mais força e aceitação social, influenciando os praticantes de atividade física a se exercitarem de forma indiscriminada. No que tange a questão metodológica, foram utilizadas as bases científicas de dados, como Scielo, Lilacs, entre outras para compor o quadro teórico e, ainda, alguns autores específicos do tema para alargar um horizonte de compreensão sobre a temática, uma vez que a Educação Física tradicionalmente orienta-se para as questões mais empíricas. A partir dos levantamentos realizados, foi possível compor algumas sínteses reflexivas que apontam para a emergente necessidade de um posicionamento crítico sobre as questões que envolvem as práticas corporais em especial, o papel da mídia na construção de ideologias de corpo que levam ao consumo das práticas corporais como reflexo de uma manipulação midiática e não com orientação para aquisição de bem estar biopsicossocial.
Palavras-chaves: Corpo, Mídia, Ideologia, Atividade Física e Autoimagem.
ABSTRACT
This research focused on the media as an influencing agent in body ideology and, in this sense, the implications of corporal practices as well as the spectrum of self-image disorders. The purpose of this research is to understand the role of the physical educator in a scenario where the media gains more and more strength and social acceptance, influencing the practitioners of physical activity to exercise indiscriminately. Regarding the methodological question, the scientific data bases, such as Scielo, Lilacs, among others, were used to compose the theoretical framework and also some specific authors of the theme to broaden a horizon of understanding about the subject, since the Physical education is traditionally oriented towards more empirical issues. Based on the surveys, it was possible to compose some reflexive syntheses that point to the emerging need for a critical position on the issues that involve corporal practices in particular, the role of the media in the construction of body ideologies that lead to the consumption of corporal practices as a reflection of a media manipulation and not with orientation towards the acquisition of biopsychosocial welfare.
Keywords: Body, Media, Ideology, Physical Activity and Self-image.
INTRODUÇÃO
Observa-se que a educação física associada a influencia da mídia, ligada às transformações que podem proporcionar ao corpo, pode se transformar em ferramenta estética de modelação do corpo a qualquer custo. Fomentando desajustes de ordem, pedagógicos, físicos, psíquicos e sociais, em troca da tão ambicionada estética corporal.
Para Santaella (2007), a palavra mídia, seu plural mídias e o adjetivo midiático referem-se atualmente aos meios de uma forma geral com as redes sociais integradas, com o avanço das tecnologias especialmente os smartphones, hoje a internet vem ganhando um enorme espaço quando o assunto é mídia diferente de épocas não tão distante quando apenas o rádio e a televisão dominavam os meios de comunicação em massa. Acredita-se que estes fatores estão trazendo mudanças sociais e mudanças na educação.
nos é apresentada como o “remédio universal”, que nos garante: a independência da medicina (a qual se revela como sendo aparente); a proteção de todos os males da sociedade moderna – adições de todo tipo (drogas, sexo, consumo), depressões e distúrbios alimentares; a receita da felicidade (ORTEGA, 2008, p. 40).
Parece haver uma supervalorização dos benefícios do fitness. Nos dias atuais, a influência da mídia sobre o padrão de beleza do corpo, vem crescendo, é estampada em propagandas de televisivas, vídeos, revistas, outdoors, atores famosos exibindo corpos lindos e moldados, passando a ideia de que com esse padrão corporal poderá conseguir bons relacionamentos, dinheiro e sucesso. A mídia esta cada vez mais apelativa com programas e filmes de baixa qualidade que visam apenas em mostrar corpos nus. A cultura do belo esta se sobressaindo da inteligência e padrões morais, ou seja, ter um corpo forte vale mais que ser inteligente.
A mídia atualmente leva arrecadações milionárias através de propagandas em veículos de comunicação incluindo a internet e aplicativos de fácil acesso (ROCHA; ALVES, 2010). Bombardeando as pessoas de informações muitas vezes duvidosas que atinge todas as camadas da população gerando consumo e alimentando o capitalismo, despertando nas pessoas a ilusão de produtos e serviços que muitas vezes não irão satisfazê-las.
Contudo, quando se trata do corpo percebe-se que deveriam ser abordados vários aspectos os quais são extremamente relevantes à saúde. A dúvida e qualidade de informações parecem deixar algumas indagações.
Farhat (2008, p. 24), “a mídia é responsável por influenciar grande parte da população, em diversas esferas. Não é diferente com o corpo”. Todo ser quer ser aceito inserido no meio em que abita quer ser respeitado ou admirado. Nas últimas décadas modelos magríssimas de pouca idade vestindo roupas de grifes caríssimas como referencia de beleza feminina e por outro lado corpos construídos em academias, plásticas, dietas e esteroides anabolizantes. Neste ângulo a transformação do pensamento é influenciada pelos meios de comunicação sob os praticantes em busca da beleza ideal.
Talvez exista um paradigma de comunicação enquanto a mídia eleva e constrói de forma artificial os padrões estéticos e corporais parece que a sociedade se torna menos ativa fisicamente e mais longe da atividade física devido às necessidades do cotidiano, com ressalvas. Grande parte dos praticantes parece estar em uma busca e transformações corporais bruscas e desarmônicas na tentativa de conquistar á beleza idealizada o que provavelmente dificulta o trabalho de educadores físicos uma vez que envolva a imagem corporal.
Entende-se por imagem do corpo humano a figuração de nosso corpo formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós. Há sensações que nos são dadas. Vemos partes da superfície do corpo. Temos impressões táteis, térmicas e de dor (...) Além disso, existe a experiência imediata de uma unidade corporal. Esta unidade é percebida, porém é mais do que uma percepção. Nós a chamamos de esquema de nosso corpo (...) de modelo postural do corpo. O esquema do corpo é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos. Podemos chamá-la de imagem corporal (SCHILDER, 1999, p.7).
O poder de influencia da mídia na sociedade atual é cada vez maior. A publicidade utiliza varias estratégias para convencer as pessoas de que necessitam consumir. Ou tem que entrar em forma rapidamente e sem seguir um roteiro prescrito de forma assertiva.
uma pessoa que busca estar apenas dentro do peso ideal e satisfazer sua autoimagem através de atividade física dependerá de 50% de genética e 50% de dedicação, fato que raramente é esclarecido pelos meios de comunicação (MALDONADO, 2006, p. 66).
Entretanto quando se busca um corpo bonito a qualquer preço, a mídia produz ideias de que os resultados serão alcançados em um “passe de mágica”, ou seja, transformações profundas em um curto espaço de tempo (PALMA, 2008)
A mídia ao estabelecer um padrão estético Maldonato nos submete a refletir que os meios de comunicação poucas vezes citam fatos como variáveis de fatores genéticos ou dedicação. O referencial de peso ideal deveria ser respeitado pela a individualidade biológica, idade índice de massa corpórea. As propostas de saúde deveriam ser ditadas pelo individuo junto especialistas na área da saúde.
Costa (1996) indica que esse princípio encontra-se diretamente ligado ao próprio objetivo maior de uma atividade física utilitária que vise à saúde do indivíduo. Somando as literaturas revisadas sobre os princípios do treinamento esportivo podemos associar a atividade física e seus praticantes, observado que um dos princípios do treinamento esportivo o qual não pode ser descartado que é o principio da saúde. O qual o professor não pode perder o foco.
assim, não só a Ginastica localizada em si e suas atividades complementares possuem grande importância. Também os setores de apoio da academia, como o Departamento Médico, a Avaliação Funcional e o Departamento Nutricional assumem relevante função no sentido de orientar todo o trabalho, visando à aquisição e a manutenção dessa saúde (COSTA, 1996, p. 358).
A partir disso poderíamos refletir o que vem acontecendo como em pessoas praticantes de atividade física de diversas modalidades onde seu papel de desenvolver, condicionar e transmitir qualidade de vida tomando os cuidados necessários e não reforçar problemas de autoimagem.
o corpo-imagem que você apresenta ao espelho da sociedade vai determinar sua felicidade não só por despertar o desejo ou o amor de alguém, mas por construir o objeto privilegiado do seu amor-próprio: a tão propalada autoestima da qual depende a aceitação e a inclusão social (KOWALSKI; FERREIRA, 2007, p. 94).
Segundo o autor ter uma boa estrutura sociológica tem grande importância no cotidiano do ser humano. Para ser inserido na sociedade atual tem que estar dentro dos padrões moldados por ela, atualmente a cultura do corpo perfeito esta acima de tudo, acredita-se que vivemos uma época de supervalorização corporal, ou seja, época do culto ao corpo perfeito. São ressaltadas implicações sociais. As quais poderiam criar um impacto tão significativo na vida das pessoas, que muitas vezes é esquecido que a saúde corporal, mental, e o equilíbrio emocional devem estar acima de muitas variáveis. Talvez estejam valorizando apenas a parte externa do nosso corpo de forma fragmentada e não o individuo de forma integralizada.
Para Tavares (2013), a compreensão do conceito de imagem corporal esta vinculada ao significado dos termos imagens e corpo e que sua definição não é simplesmente uma questão de linguagem, tem uma dimensão muito maior, se pensarmos na subjetividade de cada individuo.
Atualmente as relações com o corpo são amplamente influenciadas por diversos fatores socioculturais. Estes fatores conduzem homens e mulheres a apresentarem um conjunto de preocupações e insatisfações com a imagem corporal, influenciando diretamente a busca pela melhor aparência física. (BLOWERS, 2003; POPE, 2003; SILVA, 1999 Apud DAMACENO, 2006).
Todos estes fatores devem ser refletidos no planejamento de aulas em academias, pois a busca do belo parece ter mais importância que a saúde. A saúde em, que deveria ser vista como referencial de beleza. A necessidade de se enquadrar em padrões de beleza corporal pode resultar em consequências negativas como a anorexia, bulimia e vigorexia.
A Anorexia Nervosa é um tipo de Transtorno Alimentar que envolve “severas perturbações no comportamento alimentar” do indivíduo, sendo sua principal característica o medo mórbido de engordar (APA, 1994, pp.511-513). A anorexia nervosa (AN) é um transtorno do comportamento alimentar caracterizado por limitações dietéticas auto impostas, padrões bizarros de alimentação com acentuada perda de peso induzida e mantida pelo paciente, associada a um temor intenso de tornar-se obeso (BUSSE; SILVA, 2004). A bulimia nervosa (BN) é caracterizada pela ingestão compulsiva e rápida de grande quantidade de alimento, associado a sensação de perda de controle, o que leva o paciente a adotar medidas extremas a fim de evitar este fato (LAMOUNIER; VILELA, 2001). A BN pode ser dividida em: purgativa, quando durante o episódio bulímico, o paciente envolve-se regularmente na autoindução de vômitos ou no uso indevido de laxantes, diurético ou enemas; não-purgativa, quando durante o episódio bulímico, o indivíduo usa outros comportamentos compensatórios inadequados, mas não se envolve regularmente na autoindução do vômitos (AZEVEDO; ABUCHAIM, 1998).
A vigorexia, também conhecida como dismorfia muscular pela classe medica ou complexo de adônis ( deus grego que possuía grande beleza física) é um transtorno de imagem corporal, onde os indivíduos desenvolvem uma preocupação exacerbada diante um padrão corporal, buscando geralmente definição e desenvolvimento muscular, apesar de já possuírem um hipertrófico acima da média Assunção (2002). Afirmativa nos leva a uma reflexão e percepção do pode estar acontecendo em alguns casos na utilização da atividade física. Seu objetivo não é a pratica saudável, mas sim satisfazer o distúrbio da autoimagem o que pode levar aos praticantes ritos e treinos exacerbados requerendo tempo e energia. A busca pela definição muscular se torna exagerada.
De forma geral, a vigorexia acomete as várias classes sociais, e afetam predominantemente o publico masculino, na idade entre 18 e 35 anos, entretanto também existem casos observados em mulheres (Alonso, 2006).
Com as mudanças de padrões do que se diz ser o modelo de corpo perfeito vendido pela mídia, festas, desfiles, propagandas na mídia em geral vem influenciando e contribuindo e pode trazer o aumento de mulheres que desenvolvem o transtorno de vigorexia nos dias atuais. Atualmente vivemos em uma época em que o corpo tem que ser belo exuberante, todos esses fatores pode estar contribuindo para que a mulher também desenvolva estes transtornos.
Nas academias, verdadeiros shoppings do corpo, mesclam-se homens e mulheres que se envolvem em diversificadas práticas corporais com o intuito de entrar em forma (esse é outro tipo de chavão difundido no meio, que também representa um estado corporal idealizado, do ponto de vista visual, estético). Mas não é só a busca pela boa forma que motiva tal público. Conseguir um enlace afetivo ou exibir um corpanzil irretocável (aqueles já possuidores de um) também são opções consideradas pelos distintos frequentadores, que costumam destinar muitas horas de seus dias para gastar em tais espaços (ESTEVÃO; BAGRICHEVSKY, 2004 apud MALYSSE, 2002).
O autor apresenta um enunciado revelador quanto à construção de uma dimensão imaginária, ao mesmo tempo, alienante e balsâmica, Malysse (2002, p.95) afirma que:
Ao entrar nessas academias, descobri um universo que parecia ser apenas a cópia perfeita daquilo que a mídia [novelas e revistas femininas, principalmente] veiculava. A decoração, em primeiro lugar, se parecia com a dos estúdios de televisão (Malhação, da TV Globo), com muita iluminação e cores destinadas a criar atmosferas como as da televisão.
Talvez neste sentido pode-se afirmar que não só os praticantes, mas estruturas e redes de academias e professores estão ligados ao envolvimento de tal influencia dos meios de comunicação. Temos aqui a representação física estruturada e construída com tal objetivo.
A autoimagem distorcida leva os indivíduos com vigorexia a pratica exagerada de exercícios físicos, utilizando altas cargas de treino e induzindo os praticantes a passarem varias horas na academia, fazendo com que incorporem novos hábitos e comportamentos a sua rotina de vida, privando-o do convívio social e familiar (MATOS, GENTILE e FALZETTA, 2004). Nesse sentido, considerando a análise dos autores, pode-se compreender que para satisfazer o padrão distorcido da imagem o individuo pode adquir padrões de comportamento e rituais de treinamento desprezando treinamentos e métodos recomendados por profissionais de educação física e profissionais da área da saúde além de comportamento de dessocialização e afastamento da família, pois o objetivo é satisfazer a autoimagem que neste caso pode estar prejudicada. A insatisfação corporal e a busca incessante pelo corpo perfeito, parece um grande problema que aumenta a cada dia em praticantes de atividade física principalmente nas academias Esta pratica errônea do exercício físico visando apenas o ganho pode ser de massa muscular pode estar causando sérios danos a saúde física e mental, fazendo com que o individuo desenvolva apenas para os aspectos físicos. Perdendo assim a dimensão total da pratica da atividade que envolve também atitudinal, social, mental e físico. Aqui estaríamos diante o paradigma da orientação fundamentada que são funções do educador físico.
Além da pratica de exercícios físicos em excesso, o transtorno faz com que os individuo vigorexico mude totalmente o padrão alimentar. Na busca pelo corpo perfeito os indivíduos sacrificam-se, ultrapassando seus próprios limites, iniciando assim um ciclo de distúrbios alimentares que descontrolam e desajustam o organismo (Baptista, 2005).
Desajustes que podem levar a restrição de alimentos ou o excesso na ingestão de alimentos de acordo com a fase de treinamento desbalanceado. Esta fase pode ser o ganho de massa muscular ou a perca de peso. Está também envolvida a ingestão excessiva de alimentos durante os treinos e possível ganho de massa muscular. Todo este condicionante de ganho de massa muscular versos definição poderia trazer com o tempo, desgaste orgânico trazendo prejuízos à saúde, portanto a vigorexia parece ser um transtorno grave.
O individuo vigorexico apesar de ter um corpo visivelmente escultural, correm grandes riscos com a saúde, pois essas pessoas treinam incessantemente e fazem dietas restritas. Com isso ossos, tendões, músculos e articulações podem sofrer lesões, algum tipo de patologia também alterar o metabolismo (UTIYAMA, 2011). A lesão física e a constatação dos malefícios e resultados da atividade física desordenada. O que nos leva a refletir sobre a disposição e incorporação da importância do educador físico fundamentado. Mas talvez se reflita que o interesse midiático é discordante do objetivo do educador físico que adota e administra o treinamento de forma que minimize o risco destas lesões e patologias.
A história da Educação Física no Brasil, assim como a da educação, em cada época liga-se à representação de diversos papéis determinados pelos interesses da classe dominante. Assim, assume funções com diversas tendências: militarista, higienista, de biologização, de psicopedagogização, que ainda hoje permeiam sua prática (GONÇALVES, 1994).
Assim, a partir das reflexões da autora, podemos compreender que por motivos de manutenção de um sistema capitalista as elites moldam sistemas em que a Educação Física se torna cristalizada.
a partir da década de 1980, os estudiosos da Educação Física começaram a questionar o papel dessa disciplina dentro do currículo escolar. Houve reações não só contra o mecanicismo, mas também contra a Educação Física acrítica e subjugada (BETTI, 1991, p. 127).
Indica e, nos remete a pensarmos que a forma acrítica, talvez produzindo a uma Educação física ultrapassada. Onde desempenho se torna a meta. Meta esta que se torna acrítica e mecanicista, portanto, desviando o sentido pedagógico da Educação física. Então poderíamos refletir a melhor forma ou talvez a mais adequada em que deveríamos nos comportar perante a sociedade moderna.
Devido o que a Educação Física tem de potencial em cumprir como instrumento pedagógico. Onde a cultura corporal do movimento seria nosso protagonista. Porque a linguagem e corpo estão inter-relacionados. Seria um erro desprezamos esta linhagem ou aspecto cultural. Mas se observamos como afirma (gonzalves, 1994).
“A educação física urgentemente. Precisa questionar criticamente seus valores. Precisa ser capaz de Justificar a si mesmo. Precisa procurar a identidade”. (MEDINA, 2007, p.35). Aponta o autor para que, a Educação Física tenha boa continuidade ela precisa de auto avaliação, a crise trás anomalias, percepções e comportamentos que levaram a Educação Física a entrar em uma crise de identidade, onde o professor pode estar limitado em suas atitudes e conhecimentos e entreter-se na manutenção superficial do sistema, não se entretendo em difundir uma pratica critica. Mas o que parece ser um problema maior são as mudanças de referenciais influenciados pela midia do mundo moderno então...
Esta insuficiência de fontes que mostrem como questões ligadas a valores estéticos hegemônicos têm sido discutidas na formação de professores de educação física é um elemento preocupante, especialmente em um cenário onde prevalece um poderoso discurso midiático, que, em última instância, influencia comportamentos e, obviamente, os corpos dos próprios professores de educação física e os daqueles com os quais interagem. O corpo talvez seja um dos mais fortes vetores de construção de identidade no mundo contemporâneo VAZ (2002, p.92)
São assuntos imagens e persuasões veiculadas aos profissionais e alunos onde, ha influencia midiática interferindo na maneira de pensar e agir tanto do professor quanto aluno. Colocando o profissional da educação em situações limitadas acredita-se que aqui seja onde nasça a discussão citada, pois se perde o aspecto mais importante da metodologia do ensino á confiança.
Atualmente, porém, vivemos em uma “[...] ordem tecno-científica empresarial [...]” (SANT’ANNA, 2005, p. 99) onde o corpo se torna objeto de supervalorização e consumo. Baudrillard (2005, p. 136) refere “[...] tudo hoje testemunha que o corpo se tornou objeto de salvação. Substitui literalmente a alma, nesta função moral e ideológica”. Atualmente o corpo vem se tornando mais valorizado que a alma, a salvação o espirito vem cada vez mais ficando em segundo plano talvez um erro da sociedade moderna. Sant’Anna (2005, p. 103) também chama a atenção para esta mudança, defendendo que “[...] quando o corpo adquire o valor e o estatuto semelhantes ao da alma, é preciso conquistá-lo, e controlá-lo rapidamente, pois, diferente daquela, sabe-se que o corpo não possui vida eterna”. Percebe-se, que talvez fosse um desperdício investirmos tanto potencial apenas no corpo vendo amplitude do potencial do ser humano.
O que se viu e o que se vê programas com conteúdos quase sempre frios, desinteressantes e estáticos, que tratam o mundo e o homem que estão ai como se este mundo não tivesse nenhuma relação conosco e como se o homem não fôssemos nós mesmos. A ênfase tem recaído sempre- e cada vez mais nas técnicas nas chamadas “ receitas culinárias”, nos “pacotes” ou nas informações abstratas que servem quanto muito, para instruir, mais nunca para educar de verdade (MEDINA, 2007, p.35).
Percebe-se que á educação física pode estar comprometida não apenas aos kits que você compra nas bancas de jornal televisão rádio internet etc. Idolatrias de times e receitas processadas e moldadas. Ambiciona-se que a educação física estivesse comprometida de forma mais integralizada, onde o praticante conheça o porquê, quando e as motivações e benefícios da pratica agregando seu valor cultural em seu meio de vida, libertando-o de informações superficiais, contudo o profissional educador tem que direciona-lo. O profissional de educação física é orientado em seus estudos no aspecto físico, psicológico e metodológico. Para que a evolução do conteúdo ministrado seja adequada ao praticante. Buscando ou não um objetivo especifico, ou de manutenção. Mas a discussão se torna mais intensa quando o objetivo seja o aspecto emocional. Que invariavelmente podemos entrar na corporeidade e autoimagem e questões de autoestima.
corpolatria é definida como uma espécie de “patologia da modernidade” caracterizada pela preocupação e cuidados extremos com o próprio corpo não exatamente no sentido da saúde, mas, particularmente, no sentido narcísico de sua aparência ou embelezamento físico” (JADER 2015, p.1).
Se de um lado podemos observar a existência de alguns professores frios desinteressados ministrando suas aulas como receitas de “culinárias” “pacotes” ou nas informações abstratas que servem quanto muito, para instruir, mais nunca para educar de verdade. Temos por parte de alunos a corpolatria “patologia da modernidade”. Parece que este comportamento de narcisismo seria a barreira intransponível para os educadores físicos. Criando um problema serio de comunicação e defasagem na troca de conhecimentos perdendo-se assim a essência da socialização, inclusão e amizade. Consequentemente perda, aprimoramento pessoal, físico e emocional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Parece que a intolerância intransigente e o preconceito estético podem ter raízes nos meios de comunicação induzindo praticantes de atividades físicas e educadores. Contudo, vem bem mascarados e subjetivamente ocultados por campanhas contra o preconceito e aumento da tolerância e ideologias de igualdade social. Pergunta-se, mas como poderia existir está igualdade se temos referenciais de supremacia e ícones de comunicação próximos ao ideal de beleza suprema, mas criadas de forma artificial. Percebesse que o professor do século XXI para ministrar deverá estar munido de conhecimentos que vão as técnicas de treinamentos importantíssimas e fundamentais somadas normativas éticas e sociais, pois poderia se tornar um replicante do sistema midiático e produtor apenas de manutenção de um sistema de compra e venda encantado apenas com os resultados de imagem corporal, esquecendo-se da integralidade e benefícios da pratica a qual reforçam e geram benefícios á saúde; integralizada em seus aspectos dimensionais; psíquicos físicos e sociais.
Parece que a sociedade moderna se esqueceu do social ou supervaloriza vaidosamente o social representado pelo corpo. Observa-se que a complexidade de emoções, desejos e metas do praticante podem ser individuais podendo se misturam com á interferência do educador físico e mídia.
O trabalho pode exigir uma equipe multidisciplinar para que se possa alcançar um resultado mais salutar e eficiente. Talvez seja imprescindível a colaboração, atuação, percepção e atenção de educadores e praticantes quanto a estes distúrbios e distanciamento na comunicação. Priorizando informações de base cientifica e filtrando as informações dos meios de comunicação de massa tão divergentes.
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Graduandos do curso de Bacharel em Educação Física do Uniitalo¹
Docente do curso de Educação Física do Uniitalo²