25/04/2017

A Influência da autoestima No Processo de ensino-Aprendizagem Na Educação Infantil

A INFLUÊNCIA DA AUTOESTIMA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Adriana Aparecida dos Santos

RESUMO: O processo ensino-aprendizagem acontece passo a passo, onde a criança é estimulada a brincar, a interagir com novos amigos e assim começa a ter um  olhar e compreender um ambiente cheio de pessoas diferentes, cada um com o seu modo de ser, de agir.O aluno se sente incentivado para realizar as atividades prescritas e através da ludicidade este processo se torne mais amplo e concreto. Segundo  Cavalcanti (2003) a autoestima e a aprendizagem se relaciona de maneira direta uma vez que as dificuldades do aprender podem provocar uma baixa na autoestima e os problemas de baixa valorização pessoal culminam para desajustes e dificuldades de aprendizagem.Entende-se que a criança ao ter o primeiro contato com a escola, necessita de um olhar que perceba a transposição de casa para a escola podendo influenciar no seu processo de aprendizagem. O presente artigo tem como objetivo apresentar um estudo sobre a influência da autoestima no processo de aprendizagem da criança. Neste sentido para que tais pontuações fossem apresentadas utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que buscou delimitar a pesquisa, ou seja, estabelece limites para a investigação (MARCONI e LAKATOS, 2007). Autoestima é entendida como as implicações e manifestações do processo de aprendizagem que podem  influenciar o desenvolvimento do aluno. O estudo mostra  que  autoestima pode ser vista como algo que melhore a vida das pessoas, estimulando-o , motivando-o, sendo ela formada por fatores internos e externos, onde suas interações fazem parte da personalidade do indivíduo. Portanto, pode-se alegar que não se separa autoestima da personalidade.

Palavras-chave: Autoestima. Professor. Ensino-aprendizagem. Escola.

INFLUENCE IN THE PROCESS OF TEACHING-LEARNING IN EARLY CHILDHOOD EDUCATION

Adriana Aparecida dos Santos

ABSTRACT: The teaching-learning process takes place step by step, where children are encouraged to play, to interact with new friends and so begins to take a look and understand an environment full of different people, each with their way of being, acting .The student feels encouraged to carry out the prescribed activities and playfulness through this process becomes wider and concrete. According to Cavalcanti (2003) self-esteem and learning is related in a direct way as the difficulties of learning can cause low self-esteem and problems of low self-worth to culminate mismatches and difficulties aprendizagem.Entende up the child to have the first contact with the school, you need a look that realize the house of transposition to school can influence their learning process. This article aims to present a study on the influence of self-esteem in the child's learning process. In this sense so that these scores were presented used the literature review, which sought to define the research, ie, sets limits for research (Marconi and Lakatos, 2007). Self-esteem is understood as the implications and manifestations of the learning process that can influence the development of the student. The study shows that self-esteem can be seen as something that improves people's lives, encouraging them, motivating him, she being formed by internal and external factors where their interactions are part of the individual's personality. Therefore, it can be argued that does not separate self-esteem of personality.

Keywords: Self-esteem. Professor. Teaching and learning. School.

INTRODUÇÃO

O processo ensino-aprendizagem acontece passo a passo, onde a criança é estimulada a brincar, a interagir com novos amigos e assim comece a ter um  olhar e compreender um ambiente cheio de pessoas diferentes, cada um com o seu modo de ser, de agir, incentivando-o a socialização com os demais, desenvolvendo maturidade para a inserção da aprendizagem significativa, onde o aluno se sente incentivado para realizar as atividades prescritas e através da ludicidade este processo se torne mais amplo e concreto.

Segundo  Cavalcanti (2003) a autoestima e a aprendizagem se relaciona de maneira direta uma vez que as dificuldades do aprender podem provocar uma baixa na autoestima e os problemas de baixa valorização pessoal culminam para desajustes e dificuldades de aprendizagem.

Desta forma, percebe-se que a criança ao ter o primeiro contato com a escola, necessita de um olhar que perceba a transposição de casa para a escola podendo influenciar no seu processo de aprendizagem.

Assim, deve-se analisar que a criança também precisa ser estimulada, incentivada e observada no ambiente escolar, para que sua autoestima seja sempre positiva. Isso pode ser visto como um fator essencial para o processo de ensino-aprendizagem. Vale ressaltar que os alunos quando estão agitados, impacientes, devem ser observados pelos professores, para que este trabalhe a autoestima do aluno, para que o ambiente escolar se torne um local de prazer.

Neste contexto, o presente artigo tem como objetivo apresentar um estudo sobre a influência da autoestima no processo de aprendizagem da criança. Para garantir tal objetivo, a preocupação central desse trabalho buscou apresentar pontuações a respeito da autoestima, discorrendo sobre o seu conceito, apresentando assim como ela se forma, pontuando a sua a influencia no processo ensino-aprendizagem, bem como a importância da família e da escola no seu resgate, no qual se observa o papel do professor no processo do ensino aprendizado da criança.

Diante do tema tratado a pesquisa limita-se na abordagem teórica, sendo que esta se limitará aos conceitos tratados na literatura especializada sobre o tema aqui abordado, pautando-se em autores que pesquisaram, analisaram e estudaram essas colocações em suas obras, artigos, dissertações e teses. Neste sentido para que tais pontuações fossem apresentadas utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que buscou delimitar a pesquisa, ou seja, estabelece limites para a investigação (MARCONI e LAKATOS, 2007).  

1. AUTOESTIMA: CONCEITOS E PONTUAÇÕES

É importante ressaltar que  a autoestima é entendida como as implicações e manifestações do processo de aprendizagem que podem ou não influenciar no desenvolvimento do aluno.

 [...] auto-estima é sem dúvida uma das grandes descobertas das ciências do comportamento do século XX. Para os investigadores é um vasto terreno deonde não emerge nenhuma teoria global. As abordagens são múltiplas não é fácil orientarmo-nos. Embora a teoria está continuamente desafiada a manter-se ligada aos acontecimentos de diversas atividades (Aragón e Diez , 2004, p. 9 apud CABRAL, 2006, p. 18).

Daí a necessidade de conceituar a autoestima, onde vai além de uma simples conceitualização, podendo ser compreendida como um fenômeno complexo e que faz parte essencial de nossa personalidade e que nem sempre temos consciência de sua existência.

Para Tiba (2002, p. 157) a autoestima: “É o sentimento que faz com que a pessoa goste de si mesma. Aprecie o que faz e aprove suas atitudes. Trata-se de um dos mais importantes ingredientes do nosso comportamento”.  Verifica-se que a autoestima representa o que se sente acerca de nós próprios, a afetividade, os sentimentos acerca do que realmente somos.

Assim sendo a autoestima pode ser entendida também como nossos sentimentos, o que sentimos em relação a nós mesmos. Quando vista de um ângulo positivo, significa que as pessoas têm uma boa imagem de si, espera-se que os outros gostem de nós e confiem em nossas habilidades de lidar com seus próprios desafios, percebendo também, quando vista do ponto negativo, pode causar sérios problemas, quando achamos que não merecemos o amor de ninguém, não acreditamos em nosso potencial, que não somos capazes, considerando que não sabemos fazer nada direito, imagine tais situações no ambiente escolar, no processo ensino-aprendizagem das crianças (GONÇALVES, 2004).

A autoestima afeta o aprendizado. As pesquisas sobre a autoimagem e o desempenho escolar mostram a forte relação entre a autoestima e a capacidade de aprender. A elevada autoestima estimula a aprendizagem. O aluno que goza de elevada autoestima aprende com mais alegria e facilidade. Enfrenta as novas tarefas de aprendizagem com confiança e entusiasmo. Seu desempenho tende a ser um sucesso, pois a reflexão e o sentimento precedem a ação, demonstrando “firmeza” e expectativas positivas, diferente de um que se sente incompetente, fracassado (BEAN et al., 1995 apud SOUZA, 2002, p. 19).

É importante analisar quando se pensa e se escreve a respeito da autoestima pois necessário se faz tomar o cuidado de não torná-la parte da psicologia popular, considerando-a algo corriqueiro, pois Aragón e Diez (2004, p. 12 apud CABRAL, 2006, p. 20) afirmam que “a palavra autoestima significa tantas coisas para tanta gente e tão diferentes uma das outras”. Já para Briggs (2002, p.4) autoestima “é a maneira pela qual uma pessoa se sente em relação a si mesmo. É o juízo geral que faz de si mesmo, o quanto gosta de sua própria pessoa”.

A partir dessa reflexão, a autoestima pode ser conceitualizada de diversas maneiras, na visão de vários autores, como observado, uma vez que a autoestima vai sendo formada desde o nascimento da criança, ou seja, a partir do que é ouvido a seu respeito, elogios ou insultos são os determinantes para que no futuro essa criança se torne um adolescente ou adulto com uma boa/ou má autoestima na sua própria aceitação. Para Miras (2004 apud ANDRADE, 2007, p. 30) a autoestima refere-se à representação da avaliação afetiva que a pessoa tem de suas características em um determinado momento de sua vida.

Por este motivo, com o passar do tempo, esses conceitos se internalizam e as pessoas o tomam como sendo a sua definição real levando-a  a ser uma pessoa autoconfiante ou de baixa autoestima.

A expressão autoestima, além de trazer implícito o sentido de sucesso e de ser capaz, também traz em seu bojo a visão de um indivíduo que se ajusta às constantes mudanças da realidade. Criticamente, afirma que o senso comum considera que a autoestima: “é definida, assim, como visão positiva incontestável de si mesmo, [de modo que] acreditar nas possibilidades pessoais é parte das condições do sucesso escolar, sem considerar o contexto e outras dificuldades que possibilitam e dificultam o rendimento escolar” (TAVARES, 2002, p. 4 apud FRANCO, 2009, p. 326).

Assim, entende-se que a autoestima é um anseio, um sentimento de cada um, da maneira de ser, do que se quer ser ou pensa ser. Ela se compõe a partir das experiências coletivas e/ou individuais. A autoestima faz parte de como cada indivíduo vê o seu lado positivo ou negativo, observando se existe ressentimento ou não, a partir do que se é transmitido desde a infância, que poderá marcar a personalidade por toda vida, sendo de caráter primordialmente relacional (OLIVEIRA, 2008).

 

1. A influência da família e da escola na formação da autoestima

Segundo Souza (2002), a autoestima no ambiente familiar e na escola a partir do desenvolvimento humano não está pautada somente nos aspectos cognitivos, mas também e, principalmente, em aspectos afetivos. Assim, a sala de aula é um grande laboratório para que se observe e questione os motivos que levam o convívio escolar do professor e aluno, muitas vezes, a ficar desgastado e sem estímulo.

Ainda nesta vertente Souza (2002) descreve que o ser humano tem grande necessidade de ser ouvido, acolhido e valorizado contribuindo dessa forma para uma boa imagem de si mesmo. Assim, a afetividade está intimamente ligada à construção da autoestima. Diante disso, pode-se relatar que a tarefa de educar deveria ser, para a maioria das famílias e professores, uma função tão natural quanto respirar ou andar.

Mas, segundo Jesus (2013, p. 15):

A família e outras pessoas que convivem com a criança, fazem parte do seu primeiro grupo social representando neste momento, seu contato afetivo, que pode ser positivo ou negativo, influenciando no futuro dela. O autoconceito que essa criança terá de si refletirá em suas ações e na forma como será tratada ou mesmo percebida pelos outros.

Observa-se assim, que a família ainda continua sendo a base de toda estrutura do ser, pois quando a criança ingressa no ambiente escolar e tem uma visão negativa de si, isto é, demonstra um comportamento diferente dos demais colegas como: agressividade ou apatia e, na maioria das vezes é considerado preguiçoso, desatento, irresponsável, ou seja, “aluno-problema”, é automaticamente, encaminhada pela professora para a coordenação da escola, pois seu desempenho escolar apresenta-se comprometido (SOUZA, 2014).

Segundo Jesus (2013) existe inúmeros fatores, inclusive, ao autoconceito que este aluno faz de si, quando não acredita no seu potencial de resolver situações desafiadoras e desanima no primeiro obstáculo que encontra,  fatores esses que devem ser percebidos na maioria das vezes no ambiente familiar, para que esta criança não comece a perder a sua autoestima, antes de entendê-la como algo essencial a sua formação humana.

Diante disso (SOUZA, 2002) menciona que o afeto, um dos fatores da autoestima apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos, tais como: amor, raiva, tristeza e, os aspectos expressivos: sorrisos, gritos e lágrimas.

Dentro da teoria de Piaget, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência e, é responsável pela ativação intelectual. Com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, as crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmas. Neste aspecto, a autoestima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender. O afeto é o princípio norteador da autoestima (SEBER, 1997 apud SOUZA, 2002, p. 19).

Segundo Jesus (2013, p. 20),

A escola deve propiciar melhores condições de aprendizagem, selecionando atividades e posturas necessárias, que promovam o resgate da auto-estima do aluno. O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, e determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará e, na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo que, desenvolvem-se paralelamente. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral.

Mesmo, com todas essas análises, e conceitualizações, Martins (2013, p. 11) ainda pontua que:

Cada vez mais os casos de agressões e desrespeitos verbais entre alunos e professores vêm aumentando nas escolas e na comunidade externa, despertando, em alguns educadores e pais, a preocupação em resgatar nestes alunos e professores uma relação de afetividade considerada fundamental para que situações como estas sejam superadas.

Nessa perspectiva Souza (2002) descreve que teóricos como Wallon, Piaget e Vygotsky, relatam que se pode enxergar a escola, como parte integrante e fundamental em uma sociedade, onde a mesma apropria-se de pensamentos que buscam basear-se em ações pedagógicas que devem transformar a relação professor e aluno em um momento mais rico no processo ensino-aprendizagem.

Barbosa (2004) menciona que a escola não é a solução para todas as dificuldades existentes do ser humano, porém, como instituição de ensino que tem como uma de suas funções a formação do cidadão como sujeito que faz parte do processo histórico, podendo contribuir constantemente para mudanças significativas na relação professor e aluno, pois, deve ser visto além da sala de aula que muitas vezes só oferece conteúdos e provas, podendo assim identificar que a afetividade está presente em cada ação buscando seu espaço no reflexo “espelho” que a turma repassa aos professores quando dispõem do diário de notas, conselho de classes, conselho escolar e tantos outros instrumentos e setores que retratam esta relação, muitas vezes percebidas como avaliativas sem um processo de construção contínua.

Entretanto, diante de tais abordagens que envolvem a educação, deve-se observar segundo Daruis (2006) que para a construção da autoestima é essencial buscar a responsabilidade e não a culpa, onde possa designar um clima de confiança que faça com que a pessoa sinta-se verdadeiramente aceita, compreendida e respeitada, sentimentos que ajudam a trabalhar núcleos emocionais que bloqueiam condutas inadequadas. Os professores sabem que as crianças aprendem melhor quando estão satisfeitas com elas mesmas e que bons sentimentos são importantes, e que muitos de seus alunos copiam, imitam suas atitudes e até mesmos pensamentos.

Assim, entende-se que se os professores percebem essa imitação sem dúvida procurariam policiar suas palavras e posturas. Que maravilhoso seria se professores e alunos pudessem espelhar-se em fatos e pessoas positivas, que emanassem confiança, autonomia e sinceridade (SOUZA, 2002).

Segundo  Martins (2013) com todos os cursos de formação de educadores, com diversos investimentos na área da educação, ainda esperam-se mudanças na educação a partir da conscientização de novas metodologias que insiram cada vez mais o aluno em uma vida escolar que retrate sua realidade e que busque a contextualização, porém, olhando-se de outro prisma, a solução para a educação pode estar no afeto.

Diante dessas concepções, os educadores ou futuros educadores necessitam estar atentos para garantir a autoestima dos alunos e jamais compactuar com a obediência no sentido tradicional, pois deve-se compreender o quanto é importante que os educandos tenham boa criticidade e boa autoestima (SCHMITZ, 2004).

2. AUTOESTIMA E A APRENDIZAGEM: RELAÇÕES EDUCACIONAIS

Segundo Briggs (2002), a autoestima das crianças não é formada unicamente em uma fase, mas eternamente construída e sujeita a mudanças, por isso a base familiar e escolar desta criança deve ser segura e confiante para que possa superar as dificuldades da vida com mais facilidade.

Assim se as crianças não aprendem sozinhas, entende-se que elas precisam de apoio para aprenderem a manter seu comportamento direcionado a uma meta, com aprendizagem consistente de valores que as guiem, pois como já percebemos a autoestima surge com o sentimento, experimentado pela criança, de que pode ser amada e de que é digna.

Segundo Souza (2002) a escola está a todo o momento, buscando mudanças para que possa melhorar a qualidade do ensino e, o professor em sua formação continuada tem contato com novas metodologias que sugerem o respeito pela produção do aluno, valorizando o que consegue fazer e incentivando o que pode vir a fazer.

Neste contexto, Souza (2002, p. 24):

Relata que necessariamente o professor deve rever as práticas pedagógicas que apenas preocupam-se com o conteúdo a ser trabalhado, avaliando somente o lado cognitivo, e com isso, desprezando o que o aluno tem a oferecer ou precisa receber, que é a afetividade nesta relação, favorecendo assim, um melhor desempenho.

Para Silva (2008) é importante lembrar de alguns professores que marcaram a vida dos alunos, uns de maneira alegre e amorosa, outros de forma dolorosa, por terem feito passar por situações vexatórias ou humilhantes diante da turma, fazendo com que a figura do mesmo se tornasse monstruosa, por exemplo, quando liam, ou quando menores íam pintar, pintávam fora do traçado ou liam com dificuldade, era motivo suficiente para virar atração na sala de aula.

Contudo, ressalta Souza (2002) que a afetividade tem grande influência na vida, pois quem gosta de ser maltratado por outra pessoa em uma loja, no cinema ou em qualquer outro lugar. Outra situação que ninguém gosta, é a de ser chamado atenção de maneira grossa na frente dos outros. Ninguém nasceu para sofrer ou fazer outro sofrer. Desta forma, o aluno também tem o direito de receber tratamento que o respeite enquanto cidadão e que trate o outro da forma como vem recebendo atenção.

Ensinar e aprender é o estabelecimento de uma relação de causa e efeito, é produto da troca das informações e das experiências pessoais entre aprendiz e mestre. Nessa troca ninguém sai ileso e os resultados serão marcantes e especiais, na medida em que marcantes e especiais forem o empenho, a responsabilidade e as influências mútuas de quem ensina aprendendo e de quem aprende se educando (BRIGGS, 2002).

Percebe-se no ambiente escolar que a criança interage livremente com aquilo que descobre à sua volta, muitas vezes sem a influência de ideias preconcebidas, ela explora, experimenta, a sua curiosidade deve ser aceita como válida, ela busca aprender (SILVA, 2008).

Em função disso Silva (2008, p. 18) relata que:

Infelizmente, algumas crianças aprendem muito cedo a não aprender. Como isto acontece? É comum a criança utilizar determinado brinquedo ou produtos de outra forma, pois a curiosidade faz com que esta manipulação seja guiada pela imaginação; porém, por uma questão de segurança, as investigações devem ser, em certos casos, limitadas, mas as frequências excessivas destas limitações são desnecessárias. Suas necessidades de descobrir não encontram apoio e a curiosidade é eliminada para evitar a desaprovação.

Assim, as crianças não só precisam de uma atmosfera que estimule a curiosidade e a exploração, como também precisam de amplos contatos com uma grande variedade de experiências. Para Briggs (2002, p.162), “Toda criança precisa do máximo de experiência direta possível. Só dessa maneira ela pode chegar a conhecer o seu ambiente pessoal”.

Diante disso, Souza (2002) relata que nesse processo de aprendizagem as escolas oferecem, evidentemente, grande ênfase à palavra falada e a escrita, uma prática utilizada no lar, que desenvolve uma habilidade muito valorizada na escola, a linguagem escrita. No entanto, pode-se estimular a criança a falar através dos exemplos familiares respeitando as suas ideias e sentimentos. A comunicação realmente aberta só floresce num clima de segurança, ou melhor, no ambiente escolar.

Neste sentido, Cabral (2006) discorre sobre o processo de formação do professor, onde a autoestima faz parte nas relações educacionais, pois durante anos, a instrução mínima era exigência das sociedades que trilhavam a democracia e muitas continuam perseguindo esse objetivo, embora estejam longe de alcançá-la integralmente, ou seja, a formação deve ser vista como um processo contínuo de conhecimento.

Mesmo com todas essas mudanças, grandes transformações sociais são enfrentadas pela sociedade brasileira, particularmente no contexto educacional, mas, tais mudanças se processam cada vez mais lentamente. Sem dúvida, não poucos pensadores, diretores, educadores, profissionais da educação de diversas áreas, políticos, pais e educandos estão começando a tomar as rédeas da situação brasileira no sentido de sensibilizar, conscientizar e agir para que mudanças necessárias ocorram no sistema educacional Brasileiro (CABRAL, 2006).

Vale destacar que tornar-se pessoa no contexto educacional perpassa pelo entendimento das ideias de Vygotski (1991, p. 38 apud CABRAL, 2006, p. 44), quando ele afirma que:

O desenvolvimento da aprendizagem está inter-relacionado com o meio físico e social, onde a criança realiza uma série de aprendizados, observando, experimentando, imitando e recebendo informações das pessoas que a cerca. Afinal, ela é membro de um grupo sócio-cultural. Dessas relações resulta o seu desenvolvimento mental que vai se transformando, assim como o seu meio, numa construção permanentemente dinâmica.

Ressalta-se  neste contexto que a educação sucede do contato com os outros, isto é, as potencialidades e as habilidades das pessoas moldam a dimensão e a estrutura de cada um de nós. Quanto à formação do professor, Cabral (2006, p. 44) diz que:

Acreditamos que é necessária uma mudança pessoal e institucional voltada para uma visão interligada que culmina na compreensão do aluno e do processo ensino–aprendizagem como um todo. Considerando que o aluno é alguém que deve ser visto não só como um ser humano global, constituído do corpo, e razão, mas também de emoção e psiquismo, como afirma Branden (2000, p. 212) ao dizer “... se a educação apropriada inclui a compreensão de que é preciso pensar, deve incluir também a compreensão dos sentimentos”. Entender o educando como um todo, requer do professor, conhecimento do outro, enquanto pessoa, além dos conhecimentos específicos de sua profissão, da responsabilidade assumida e da importância de se capacitar para a tarefa de educar com suficiente abertura e aceitação de si mesmo, como pessoa e do educando, para que o processo de ensino-aprendizagem se efetue satisfatoriamente, efetivando seus objetivos educacionais.

Pensando assim, Rogers, (1982, p. 47 apud CABRAL, 2006, p. 45), estudioso de temas educacionais, alertava que “provavelmente o próprio sistema educacional é a mais influente de todas as instituições, superando a família, a igreja, a política e o governo no que se refere ao moldar da política interpessoal da pessoa em crescimento, de tal modo que promove antes alunos conformistas do que alunos criativos, independentes e responsáveis”. O referido autor considerou que o aluno conformista de Blaustein, citado por Rogers (1982, p. 269) é aquele que cumpre ordens, espera diretrizes, que só se sente valioso se os outros o aprovam. Outras pessoas decidem por ele, é dependente, obedece é complacente e imita a perfeição.

É provável diante dessa conceitualização que alunos que tenham sofrido as consequências de um sistema educacional que promoveu o conformismo e a obediência sem limites, acima da liberdade de pensamento e expressão e da crítica sincera, construtiva e honesta. Assim, pode-se entender que as ideias de Rogers (1982 apud CABRAL, 2006) sejam muito pertinentes para esclarecer o processo do crescimento pessoal dos educandos que estão sob cuidados da escola, ao mesmo tempo que acontece a estruturação da sua autoestima, mesmo sob influência do sistema educacional.

Observa-se que ainda nos dias atuais é possível que algumas pessoas sequer pisem numa escola ou só assistam a um, dois anos de aula e nunca mais voltem ao ambiente escolar. De todo modo, segundo Cabral (2006) a importância do sistema educacional na autoestima da criança não depende do número de anos frequentados na escola, mas como foram estes anos escolares, se foram significativos ou não para ela. Entretanto essa influência não se limita apenas ao período da infância, como foi mencionado anteriormente, mas durante toda a vida haverá  de alguma forma.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se trata de um artigo que veio com a intenção de pontuar algumas conceitualizações, estudos e pesquisas que abordam a temática aqui apresentada, percebe-se que a autoestima pode ser vista como algo que melhore a vida das pessoas, estimulando-o , motivando-o, sendo ela formada por fatores internos e externos, onde suas interações fazem parte da personalidade do indivíduo. Portanto, pode-se alegar que não se separa autoestima da personalidade.

Pois, neste sentido ressalta que a autoestima influencia no processo ensino-aprendizagem, porque a escola oferece grande ênfase ao ensinar a palavra escrita e falada, algo que também é muito utilizada em casa, assim a continuidade desse aprendizado deve ser valorizado na escola, pois a comunicação e o ensinar de forma objetiva oferta ao aluno um clima de interação, ou melhor, uma interação de segurança no ambiente escolar.

Neste contexto, a família e a escola tem grande importância no resgate da autoestima, uma vez que quando se trata de articular a família e a escola deve -se ter o cuidado de não colocar o problema do aluno, somente na responsabilidade da família ou da escola, pois uma necessita da outra para o processo ensino-aprendizagem, visto que a família é a base de toda estrutura do ser, pois é no ambiente familiar que devem ser percebidos os primeiros comportamentos das crianças, algo que muitas vezes só é percebido no ambiente escolar.

Assim, o papel do professor deve ser entendido como determinante na formação pessoal e profissional dos alunos, uma vez que o professor orienta o aluno na busca de conhecimentos e informações. É imporante lembrar que existe também no decorrer desse processo um preparo, o discernimento de todos os que se dedicam à Educação, para com o trato às famílias.

Portanto, não se trata de um trabalho conclusivo, mas sim, de um estudo que apresenta considerações relevantes com a intenção de auxiliar o professor em como esse deve articular as práticas pedagógicas, mudar a sua maneira de perceber o aluno, pois muitas vezes ele se encontra com baixa autoestima, e não é percebido no ambiente escolar. 

Assim, esse trabalho teve o objetivo de mostrar alguns pontos que podem ser essenciais para que o professor consiga contribuir para a melhora da autoestima no ambiente escolar .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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