A Indisciplina no Ensino Fundamental: Desafios, Causas e Estratégias Pedagógicas

Vanilda de Deus Silva
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Juliana Cristina Rogerio dos Santos
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Maria Cristina Fagundes Correa Rosa
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Maria Leonice Monteiro
Licenciatura em Pedagogia. Licenciatura em Matematica. Especialista em Alfabetização e Letramento. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Cristilene Franco da Cruz
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
A indisciplina nas turmas do Ensino Fundamental é um dos temas mais recorrentes nas discussões educacionais, tanto no âmbito da prática docente quanto nas pesquisas acadêmicas. Frequentemente apontada como obstáculo ao processo de ensino e aprendizagem, a indisciplina envolve comportamentos que desafiam a organização escolar, a autoridade docente e a convivência em sala de aula. Contudo, reduzi-la a um problema de obediência é insuficiente: trata-se de um fenômeno social, cultural e pedagógico, que exige compreensão ampla e estratégias coletivas (Aquino, 1996; Vasconcellos, 2013).
Ao refletir sobre a indisciplina, é necessário reconhecer que a escola contemporânea enfrenta novas demandas sociais e culturais. Crianças e adolescentes estão inseridos em um mundo digitalizado, com múltiplas formas de comunicação e sociabilidade, o que influencia suas atitudes dentro e fora da escola. Assim, compreender as causas da indisciplina e elaborar práticas de gestão pedagógica adequadas é essencial para a qualidade do processo educativo.
Segundo Aquino (1996), indisciplina escolar refere-se a comportamentos que perturbam o funcionamento da sala de aula ou da instituição, não se restringindo a atos graves, mas incluindo pequenas atitudes que comprometem o clima educativo. Pode manifestar-se de várias formas: conversas paralelas, atrasos, desatenção, desrespeito às regras, agressividade física ou verbal, e resistência às atividades propostas.
Para Charlot (2000), a indisciplina deve ser entendida em relação ao sentido que os alunos atribuem à escola. Muitas vezes, o que aparece como falta de disciplina é resultado de uma desconexão entre os conteúdos escolares e a realidade vivida pelos estudantes. Quando o aluno não percebe relevância no que aprende, tende a adotar atitudes de desinteresse ou oposição.
A indisciplina é um fenômeno multifatorial, influenciado por aspectos individuais, familiares, escolares e sociais.
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Aspectos individuais
Cada aluno traz consigo uma história pessoal, marcada por sua personalidade, experiências e necessidades. Problemas de autoestima, dificuldades de aprendizagem ou transtornos de comportamento podem se refletir em atitudes indisciplinadas (Coll, 2000). -
Contexto familiar
A família exerce papel central na formação de valores e limites. A ausência de acompanhamento das atividades escolares ou conflitos familiares podem impactar o comportamento do aluno na escola (Patto, 1990). -
Organização escolar
A indisciplina também pode ser reflexo da própria estrutura escolar. Ambientes rígidos, autoritários ou pouco acolhedores contribuem para o aumento de conflitos. Da mesma forma, a falta de clareza nas regras e a incoerência em sua aplicação fragilizam a autoridade pedagógica (Vasconcellos, 2013). -
Sociedade contemporânea
Vivemos em uma sociedade marcada pela valorização do consumo, da velocidade da informação e pela fragilidade das relações. Esses fatores influenciam as crianças, que muitas vezes reproduzem, na escola, valores como imediatismo e individualismo (Charlot, 2000).