16/07/2018

A Inclusão da Inclusão: Aspectos Com Olhares Multifacetados

Por Ivan Carlos Zampin – Professor Doutor, Docente no Ensino Superior, Ensino Fundamental, Médio e Gestor Escolar. 

 

Na sociedade brasileira foi visto durante muito tempo que portadores de deficiência mental eram criados sem nenhum contato com a sociedade, confinados a quartos escuros e instituições isoladas ou escondidas pela própria família. Às pessoas com deficiências nada era ensinado, não conseguiam ocupar o lugar e os direitos de seres humanos, eram vistas em muitos dos casos como inválidos, inúteis ou ainda como pessoas tristes, patéticas, loucas, doentes destinados a levar tristeza a todos e a conduzir uma vida difícil e trágica.

No decorrer de décadas as consequências deste pensamento ou formas práticas de se tratar essa questão, no passado ainda não muito distante tiveram efeitos prejudiciais às pessoas com deficiência, às escolas e à sociedade como um todo. A ideia fixa no ponto de que poderiam ser ajudadas em ambientes de segregação tal como no sistema manicomial, alijadas do resto da sociedade, fortaleceu com muita solidez os estigmas sociais e rejeição.

A compreensão da deficiência é decorrente de conteúdos e estigmas impregnados na sociedade, que historicamente vêm rotulando o deficiente como não eficiente. É uma concepção negativa que acaba por balizar profundamente a segregação destes nos meios sociais apesar de todos os direitos adquiridos. A pessoa com necessidades especiais, precisa participar do processo de socialização, caso não ocorra é certo que desenvolve uma autoimagem de si de um individuo incapaz.

Relatando historicamente, o processo de Educação no Brasil, o mesmo, constitui-se com conteúdo de uma educação à parte da educação em geral, cujo pressuposto foi de dar assistência às pessoas com necessidades especiais. As classes especiais, escola e instituições especializadas se proliferaram. Nesse decorrer nasce e consolida-se uma pedagogia diferente, tomando como base os níveis de capacidade intelectual e diagnosticada em termos do quociente intelectual perpetuando a rotulação segundo diversas etiquetas.

As escolas especiais multiplicam-se e se diferenciam em função das diferentes necessidades: cegos, surdos, deficientes mentais, paralisia cerebral e distúrbios de aprendizagem entre outros.

Com a redemocratização do país que percorreu em sua transição toda a década de 1980 do século passado, fato é que uma nova Carta Magna foi escrita e aprovada no final dessa década de 1980, assim, é possível citar que com relação a Constituição Federal do Brasil, o capítulo III, art. 205; A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, esse portanto, aponta a importância da colaboração da sociedade incentivando o direito de todos à educação e, o dever do Estado e da família neste processo. O art. 208, inciso III, informa que indivíduos que possuam alguma deficiência devem ter um atendimento educacional especializado na rede regular de ensino. A LEI Nº 7.853/89 apoia a integração social dos deficientes, visando ao preconceito considerado como crime, com prisão e multa aos que não obedecerem à lei.

Com as devidas expectativas prevê-se que o ambiente diversificado, heterogêneo e plural proporcionado pela rede regular de ensino, as situações-problema, os desafios, despertem a motivação e a curiosidade necessária que levarão os alunos com necessidades especiais a tentar enfrentá-los e superá-los.

 Fator determinante em sequencia é então a oportunidade de convívio com pessoas não portadoras de deficiência, torna-se possível uma vida de normalidade para a pessoa com necessidades especiais, que desta forma pode perceber-se como uma pessoa capaz de se desenvolver em todos os aspectos. O modelo de educação para todos, é um modelo aberto e que procura atingir aos alunos com necessidades especiais.

Partindo dessa diretriz que norteia o direito dos alunos com necessidades de toda e qualquer ordem a participarem do ensino regular, reconhecemos que a construção de uma nova identidade a essa pessoa trará benefícios tais como: independência, amizade, educação, trabalho, amor, casamento, recreação e muitos outros. A realidade brasileira ainda apresenta muitos obstáculos que dificultam a concretização dos ideais previstos em Lei, a fim de se estabelecer a Educação para Todos, sob a ótica da Educação Inclusiva. Isso se dá, porque as Secretarias Governamentais demoram a ampliar as condições necessárias para que as escolas públicas se apresentem em condições viáveis para a realização do ideal no atendimento, devidamente com materiais e profissionais capacitados.

Outro fator importante nesse contexto é a falta de informação e orientação da sociedade em geral em relação à deficiência e a viabilidade de um processo de Educação Inclusiva, acarretando muitas dificuldades. No âmbito escolar os professores têm medo do desconhecido; têm medo de não dar conta por não saber lidar com o aluno com necessidades especiais; têm medo de perder o controle da sala de aula, que geralmente são muito numerosas. Isso acontece como já foi dito pela falta de investimentos nos profissionais e materiais, contudo, muitas escolas e profissionais da área da educação, estão caminhando, ainda que lentamente, mas lutando e obtendo, talvez não os resultados esperados, mas os já alcançados, são grandes vitórias e o início de grandes mudanças ou transformações na história da inclusão no Brasil.

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