A Importância do Diálogo
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
O diálogo é fundamental para nossa existência em sociedade, já afirmava o filósofo Thomas More ao dizer que nenhum homem é uma ilha, o que nos faz perceber que o ato de viver perpassa pelo conviver.
Andrada em seu livro Ciência Política e Ciência do Poder, publicado pela LTR em 1998, informa que a comunicação é que dá sentido e caminho aos homens, á sua faina, realizações e a própria existência.
Infelizmente a intolerância e a disseminação do ódio tem acabado com os diálogos entre as pessoas e consequentemente, aumentado o preconceito e as imbecilidades.
Fontes em seu artigo intitulado A escuta pedagógica à criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no hospital, publicado pela Revista Brasileira de Educação. em 2005 esclarece que o diálogo é a base de toda educação, já que a relação pedagógica é sempre dialógica.
Romão em seu livro Pedagogia Dialógica, publicado pela Cortez em 2002, esclarece que o diálogo é fundamental para o processo de humanização e indispensável ao ato cognoscente, muito usado a linha de pensamento freiriana.
No livro História da Educação, publicado pela Moderna em 2000, redigido por Aranha, deixa claro que diálogo está relacionado sempre com permuta e nunca com imposição, e em nossa conjuntura política, essa permuta é ago que não ocorre.
O ódio disseminado tem tolhido o diálogo e de forma concomitante, a esperança em uma sociedade mais humanista e solidária.
As imposições ideológicas prevalecem e os imbecis alienados se acham no direito evocar a violência para erradicar o diálogo, já que para estes, prevalece sempre um discurso estéril, mas defendido como uma única verdade.
Vivemos em um mundo ao qual as verdades encontram-se enraizadas e inalienáveis, entretanto são verdades fundamentadas em falácias, fake news, abdicando-se do diálogo e consequentemente da construção do ser, já que para Fontes no discurso prevalece a dominação de quem discursa, a passividade do outro que ouve, o que é corroborado por Fiorin em seu livro Linguagem e Ideologia, publicado pela Ática em 2000, quando ressalta que o discurso é rigorosamente individual, pois é sempre um eu quem toma a palavra, já que há nele uma manipulação consciente.
A nossa realidade política está refletindo bem o momento em que o diálogo dá a vez ao discurso, e isso atrapalha o processo democrático, já que de acordo com Morin em seu livro Pedagogia Dialógica, publicado pela Cortez em 2002, na democracia o indivíduo deve ser visto como cidadão ao qual exprime seus desejos e interesses sem renunciar do humanismo, a empatia e solidariedade com outro e com a sua cidade, entretanto para que isso ocorra, o autor afirma que na democracia deve imperar o consenso, e consenso se consegue com muito diálogo.
Ele se torna tão importante que se tornou indispensável no processo ensino-aprendizagem e na construção do conhecimento, já que toda relação pedagógica é dialógica.
Fontes ressalta que todo diálogo pressupõe um outro na relação, e essa relação tende a contribuir para esclarecimentos relevantes que poderão servir de auxílio em uma melhor compreensão sobre o seu entorno, o que é corroborado por Neiva em seu livro Lições Aprendidas, publicado pela Universidade em 2006. Nesta obra o autor esclarece que todo diálogo tem como propósito a incoerência do nosso pensamento, pois nele as pessoas tornam-se observadoras do próprio pensamento, e com isso, aprende a fazer discernimento do que está sendo trabalhado, e percebe que não existe uma ideia absoluta, pensamentos assim nos impedem de ter novas ideias, pois como dizia Marshall Berman ao informar que tudo que é sólido se desmancha no ar.
Precisamos perceber que quando existe um diálogo, não existe ali uma pessoa certa ou errada ou uma verdade em jogo, existe apenas uma forma de fazer os envolvidos pensarem sob outro prisma e talvez perceberem que a verdade é uma escolha individual e talvez temporal.