14/05/2021

A Importância das Pesquisas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Pesquisas costumam acompanhar a vida do homem moderno, seja para abertura de um novo negócio, criação de um produto e/ou serviço, saber opinião de um determinado grupo, descobrir novos nichos, mudanças atitudinais, tendências políticas, sem contar que as mesmas tem também o viés científico para descoberta de vacinas, antídotos e tratamentos para males oriundos de bactérias e/ou vírus.

Para Giles em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela EPU em 1983, as pesquisas de cunho científico afastam opiniões duvidosas submetendo-as ao crivo da crítica metódica.

Com base nestas falas, Piana em seu artigo intitulado A construção do perfil do assistente social no cenário educacional, publicado em 2009[1] acrescenta que "não existe pesquisa sem o apoio de técnicas e de instrumentos metodológicos adequados, que permitam a aproximação ao objeto de estudo", e com isso, tem o intuito de conhecer qualquer fenômeno inserido nesta realidade, sem desconsiderar sua complexidade e dinamicidade dialética, que segundo Giles, esta mesma dialética, depara-se com conhecimento rigoroso de forma a excluir opiniões, conjecturas e hipóteses, sem comprovações adequadas.

Piana continua a afirmar que uma pesquisa não se trata de um ato isolado, e sim uma atitude processual de investigação diante do desconhecido, o que reforça as falas de Freire em seu livro intitulado Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em 1996, quando elucidada que "pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo me educo e educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço".

Assim sendo, pode-se perceber nas falas de Piana, a importância da pesquisa e como ela pode nos direcionar para uma melhor tomada de decisão, baseado em aspectos teóricos, metodológicos e práticos de forma a transpor "o reducionismo do empirismo", que para Feijoo, em seu livro intitulado A pesquisa e a estatística na psicologia e na educação [online], publicado pelo Centro Edelstein de Pesquisas Sociais em 2010[2], este reducionismo se dá devido a pesquisa sistemática.

Para a autora, nesta pesquisa, primeiro é estabelecida relações entre as variáveis, sendo estas passíveis de mensurações por meio de instrumentos adequados, aferidos e confiáveis, e estas variáveis devem ser expressas numericamente, e quando, neste contexto consegue-se organizar estes dados numéricos, deve-se estabelecer uma sequência como coleta de dados, classificação e condensação dos resultados, apresentação dos dados por meio de tabelas e gráficos, descrição dos dados e análise dos resultados.

Observe que todo o processo de pesquisa é trabalhado de forma séria para que o resultado não seja tendencioso e tampouco manipulador, pois se assim for, todo o seu crédito será lançado ao vento, mas, por mais seriedade que as pesquisas possam ter, muitas pessoas não darão importância, afirmando que "não acreditam em pesquisas" ou declarando que “quem acreditar em pesquisa no Brasil é um desmiolado”[3], colocando em dúvida os resultados levantados e analisados por instituições renomadas como O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica - IBGE; Fiocruz; Butantan dentre outras de mesmo renome.

É sabido ser por meio de pesquisas que se descobre a realidade e nela interfere, por conseguinte, uma pesquisa realizada de forma metódica e por empresa renomada, deve sempre ser analisada e levada em consideração para que não se cometa erros crassos, como ocorreu com nosso governo quando pesquisas apontavam para fatalidades causadas pelo Covid-19, e o o mesmo fez afirmações em relação as manchetes e as tais pesquisas, que o que se via “ali é mais fantasia, a questão do Coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga”.

Para complicar e ressaltar a completa debilidade cognitiva do nosso governo em relação as referidas pesquisas sobre o Covid-19, é declarado por ele que “não podemos nos comparar com a Itália. Lá o número de habitantes por quilômetro quadrado é 200. Na França, 230. No Brasil, 24. O clima é diferente”[4]. Com esta afirmação, ele novamente contraria as pesquisas ao deixar claro que no Brasil o número de mortes não seria alto assim.

Vale ressaltar o seu ledo e genocida "engano", pois na Itália o Covid-19 dizimou 119 mil vidas e na França 103 mil vidas[5], enquanto no Brasil, que tem apenas 24 habitantes por quilômetro quadrado, até o dia 14 de maior de 2021, foram mais de 430 mil mortes.

Estas mortes representam o alto preço a se pagar pela ignorância de um governo e seus representantes, dito isso, que nas próximas eleições, possamos fugir aos comportamentos de manada e votarmos com consciência focando sempre o bem comum e a coletividade, e que a educação pública saiba preparar seus educandos para que os mesmos tenham discernimento e também um protagonismo cognoscente.

 

[1] Para mais informações vide http://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/piana-9788579830389-06.pdf

[2] Para mais informações vide https://static.scielo.org/scielobooks/yvnwq/pdf/feijoo-9788579820489.pdf

[3] Para mais informações vide https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/quem-acreditar-em-pesquisa-no-brasil-e-um-desmiolado-diz-bolsonaro

[4] Para mais informações vide https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/01/07/interna_politica,1227002/da-gripezinha-aos-200-mil-mortos-veja-frases-ditas-ao-longo-da-pandemia.shtml

[5] Para mais informações vide https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/04/29/ranking-da-covid-como-o-brasil-se-compara-a-outros-paises-em-mortes-casos-e-vacinas-aplicadas.ghtml

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