14/02/2023

A Importância da Literacia em Saúde Para a Melhora da Promoção da Saúde na APS

          Segundo a Unesco (2023) o termo Literacia em saúde (LS) está relacionado com a capacidade do indivíduo para ler, interpretar, usar a linguagem e comunicar as informações disponibilizadas corretamente a outra pessoa a partir do acesso e compreensão destas informações obtidas.

 

         O  termo literacia em saúde é derivado da tradução em inglês Health Literacy, comum nos países que compõem a Lusofonia (Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Portugal, entre outros), apesar de fazer parte dos países lusófonos, o Brasil, possui publicações com diversas traduções do termo Health Literacy.

         No Brasil há significativos estudos, discussões e publicações científicas sobre Health Literacy que é comumente traduzida para os vocábulos: literacia em saúde, letramento funcional em saúde,  alfabetização em saúde e Literacia para a Saúde. Em razão a variedade do termo, pode-se observar, por meio da análise de determinadas publicações, que a utilização do termo Letramento em Saúde  têm sido apresentado como sinônimo mais comum de Health Literacy. Contribuindo para este viés, o termo letramento em saúde, também é apontado como descritor em português na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) segundo Saboga-Nunes, Farinelli e Juliao (2019).

         Como descrito por Madeira, (2016), o uso do conceito de Literacia para a Saúde foi introduzido pela primeira vez em 1974 por Scott Simmonds e com o tempo, foi aos poucos, conquistando maior importância nas áreas da Saúde Pública, principalmente na Atenção Primária.

         A importância da literacia ou letramento em saúde, está na possibilidade de  identificar e medir a capacidade que uma determinada população tem para usar individualmente ou coletivamente seus conhecimentos de saúde adquiridos, para compreender sua situação e determinar meios de enfrentamento as situações de saúde a que estão expostas (BRASIL, 2014). Desta maneira, é preciso que a abordagem sobre Literacia não esteja focada apenas no compromisso de identificar o domínio sobre o conhecimentos e informação disponibilizadas e acessadas, mas principalmente de reconhecer a capacidade para seu uso, conforme as individualidades e demandas apresentadas por cada indivíduo.

      

         De acordo Saboga Nunes et al., (2019), A LS poderá ser a chave para impulsionar o indivíduo a ser protagonista do gerenciamento do processo saúde-doença, se tornando ator principal da promoção de sua saúde, possibilitando com eficácia a prevenção de possíveis doenças e agravos a saúde.

         Nesta perspectiva, Mascarenhas et al.  (2012) aponta que com uma adequada LS o indivíduo pode contribuir ativamente na construção de sua saúde, se envolver de forma participativa na construção e efetivação das políticas públicas, com destaque na prevenção de doenças e promoção da saúde.

         Sabe-se que a Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada da população aos serviços públicos de saúde. Nela devem ser planejadas e estimuladas a realização de meios para a promoção da saúde. Assi, através da APS se estabelece a responsabilidade de resolutividade da maioria das demandas que chegam ao Sistema Único de Saúde (SUS).

         Assim, como apontado por Moreira et al (2020), os profissionais de saúde tornam-se os  principais atores envolvidos na promoção da LS, junto da população alvo, de maneira a contribuir com as mudanças comportamentais dos indivíduos em busca da saúde. Estudos revelam que os indivíduos mais preparados, conscientes e com maior e melhor informação sobre sua saúde, ou seja, com maior nível de Literacia em  Saúde, tendem a evoluir com maior autonomia para gestar, investir e fazer suas escolhas em sua saúde.

         Por fim, a LS se faz essencial para a garantia efetiva do cuidado em saúde, trazendo impactos positivos como: diminuição de agravos a saúde, diminuição da necessidade de encaminhamentos para outros níveis de atenção à saúde mais complexos e diminuição dos custos de saúde.

 

 

 

REFERÊNCIAS: 

ANDRADE, Monica; BOLELA, Cláudia Alexandra; FIGUEIREDO, Glória Lucia Alves. In: FIGUEIREDO, Glória Lucia Alves; MARTINS, Carlos Henrique (orgs). Políticas e práticas em promoção da saúde. Hucitec: São Paulo, 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política nacional de promoção de saúde: PNaPS: revisão da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006. Brasília: Ministério da Saúde, 2014

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Atenção Primária e Promoção da Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília: CONASS, 2011

MADEIRA, Tiago Filipe Marques. Literacia para a Saúde: o perfil de um conceito em construção, 2016.

SABOGA-NUNES, L.; Martins, R.A.S.; Farinelli, M.R.; Juliao, C.H. (Orgs.). O papel da literacia para a saúde e educação para a saúde na promoção da saúde. CRV: Curitiba, 2019

MOREIRA, K.C.C.; Martins, R.A.S.; Saboga-Nunes, L. A Literacia para a saúde no setting escolar. Revista de Educação Popular, v. 18, n. 3, p.

STARFIELD, Barbara. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2003. 726p.

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