29/11/2016

A importância da educação física escolar para o desenvolvimento motor

 

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR

 

 

LEITE, D.M.1; OLIVEIRA, E.S. 1; PAULA, G.M. 1; ROCHA, G.S.J. 1; SANTOS, M.N. 1; ZUNTINI, A.C.S2.

1 Discentes do Curso de Educação Física – UniÍtalo

2 Orientadora, Bacharel em Fisioterapia pelo UniÍtalo, Especialista em Anatomia Macroscópica pelo Centro Universitário São Camilo, Mestranda em Farmacologia e Fisiologia pela UNIFESP, Docente do Curso de Educação Física do UniÍtalo.

 

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi investigar o desenvolvimento motor em crianças de uma escola da rede particular de ensino fundamental I, por meio da aplicação de testes de coordenação global e equilíbrio, na Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto. O desenvolvimento motor é a alteração do comportamento motor humano durante a vida, visando sua individualidade e as tarefas impostas pelo meio em que se está. Os alunos foram observados, antes da aplicação dos testes, no período de dois meses, durante o estágio realizado no colégio. Com o resultado dos testes foi possível observar que a idade motora dos alunos, em sua maioria, estava de acordo com sua idade cronológica.

Palavras-chave: Desenvolvimento motor; Coordenação global; Equilíbrio; Educação física.

ABSTRACT

The purpose of this study was to investigate the motor development in children of a private elementary school I school through the application of global coordination and balance tests in the Rosa Neto Motor Development Scale. Motor development is the change in human motor behavior during life, aiming at their individuality and the tasks imposed by the environment in which they are. The students were observed, before the application of the tests, in the period of two months, during the stage realized in the college. With the result of the tests it was possible to observe that the motor age of the students, for the most part, was according to their chronological age.

Keywords: Motor development; Global coordination; Balance; Physical education.

 

INTRODUÇÃO

           

Quando se aborda o tema“educação física escolar”, trata-sedo quão importante ela é para o desenvolvimento motor humano, queestá ligado também aos aspectos cognitivos, afetivos, sociais e culturais na vida do aluno.

Os especialistas ressaltam que o ambiente em que a criança está inserida, é fundamental para o sucesso do seu desenvolvimento físico, tal importância é dada desde os primeiros contatos da criança com o meio sólido, principalmente aquilo que ainda é novo, pois conseqüentemente fará com que ela experimente novos movimentos, para então se adequar ao meio em que se encontra, ou seja, se trata do próprio ambiente familiar da criança, aonde acontecem estímulos praticamente vinte e quatro horas por dia, vindo dos próprios pais, ou de desafios e barreiras que a criança encontra em seu cotidiano. Fatores como os espaços existentes na casa, os tipos de pisos, a variedade de brinquedos e objetos, a roupa que a criançausa, a presença ou não de irmãos, e até mesmo o nível socioeconômico, fazem parte dos desafios que são impostos à criança em desenvolvimento (NOBRE, COSTA, OLIVEIRA, CABRAL, CAÇOLA, 2009).

 Nesse sentido, as ações feitas por essas crianças, sem a intervenção da educação física escolar, são determinantes para o nível de desenvolvimento que essa criança terá futuramente, isso claro, porque a educação física escolar é constantemente aprimorada, para que tenha embasamento suficiente para reverter este quadro para melhor.Porém, ainda há incertezas que cercam a educação física escolar e sua metodologia, que de certa forma interferem em sua aplicação pelos profissionais da área, que devem fundamentar-se em teorias para desenvolver um plano de aula, com ênfase no desenvolvimento do aluno, em todos seus aspectos. (NOBRE, COSTA, OLIVEIRA, CABRAL, CAÇOLA, 2009).

A Educação Física deve utilizar-se, portanto, da fisiologia, biomecânica, estudos sobre o desenvolvimento motor e do corpo humano, com o objetivo de aumentar o acervo motor, a consciência corporal e a qualidade de vida do aluno, por meio de uma metodologia adequada às expectativas motoras do desenvolvimento humano, que valorize o conteúdo da educação física e o desenvolvimento do aluno em geral (ROSA NETO, SANTOS, 2010).

O presente trabalho é uma tentativa de abordagem, dentre outras possíveis, de trazer a devida importância da educação física escolar, visando fundamentar o processo de desenvolvimento motor dos alunos nos primeiros anos do ensino fundamental, dos seis aos dez anos de idade, trabalhando a necessidade de conhecer as mudanças no comportamento motor e suas respectivas fases, explorando os fatores que interferem e auxiliam a criança nesse desenvolvimento.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi baseado no teste de “EDM” (escala de desenvolvimento motor) de Rosa Neto (2002), na intenção de avaliar um determinado número de alunos, que foram observados durante as aulas de educação física, demonstrando os níveis de desenvolvimento motor adquiridos por meio das aulas, durante o período de observação do estágio realizado na escola.

O desenvolvimento motor das crianças foi observado durante as aulas de educação física durante o estágio realizado no colégio, no período de dois meses (agosto á outubro de 2016). As aulas foram bem aplicadas e o professor utilizava jogos e brincadeiras, trabalhando nos alunos, aspectos como a coordenação motora, organização espaço-temporal, coordenação óculo manual e visual, entre outras habilidades motoras. Foram aplicadas atividades como: corrida do saco, corrida com uma peneira na boca, aonde os alunos carregavam dentro dela seis pregadores, derrubar garrafas de água com uma bola, etc. Os alunos, de modo geral, conseguiram realizar as tarefas motoras solicitadas, a maioria com facilidade, porém, alguns alunos apresentaram dificuldade na coordenação global e no equilíbrio. Foram aplicados então, ao final do período de observação, os testes da escala de desenvolvimento motor “EDM”.

Os testes foram realizados na escola da rede particular, localizada no bairro Jardim São Bento Novo – São Paulo – SP, onde os alunos foram avaliados em um período de quinze minutos cada um, utilizando o uniforme e tênis, o ambiente para realização dos testes foi na quadra da escola. Foram avaliadas dezesseis crianças entre sete e nove anos de idade, do segundo ano do ensino fundamental I. Os testes aplicados foram de coordenação global e equilíbrio, da escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto.

Para a realização dos testes foram utilizados um banco de 15 cm de altura, uma corda de 1,5 cm, fita crepe, tatame para saltar, uma caixa de baralho e uma cadeira de 45 cm de altura.

 

DESENVOLVIMENTO MOTOR

Desenvolvimento motor é a contínua alteração no comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. O desenvolvimento motor era objeto de pesquisa há muitos anos, porém os psicólogos desenvolvimentistas o utilizavam como indicador visual do funcionamento cognitivo, ou seja, o funcionamento da mente, buscando entender a influência dele, referindo-se ao desenvolvimento social e emocional do indivíduo. Portanto, o estudo do desenvolvimento motor no passado, era ofuscado pelo interesse de estudar os processos cognitivos e afetivos do desenvolvimento humano em geral. (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

A partir dos anos 70 o campo de estudo do desenvolvimento motorganha sua legitimidade por meio dos profissionais de educação física, explorando, a partir de então, as áreas da fisiologia do exercício, biomecânica, aprendizado e controle motor. Uma quantidade de pesquisas, baseadas em teorias, foi realizada na década de 1980 até 1990, com desenvolvimentistas de varias áreas, confrontando-se com estudiosos de desenvolvimento motor (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

O processo de desenvolvimento motor é apresentado por Gallahue e Ozmun (2001) em uma forma de ampulheta (figura 1). O estudo visa o desenvolvimento motor na educação infantil caracterizando, abaixo, a fase do desenvolvimento na idade pré-escolar.

                                                                                                        

 

 

 

 

 

 

Figura 1. Desenvolvimento motor (GALLAHUE, OZMUN, 2001).

 

Gallahue e Ozumun (2005) dividem o desenvolvimento motor em quatro fases, descritas no quadro abaixo.

 

 

QUADRO 1. Fases do desenvolvimento motor, segundo Gallahue e Ozmun (2005).

FASE

CARACTERÍSTICAS

FASE MOTORA REFLEXIVA

Os reflexos são as primeiras formas de movimento humano. Os mesmos são movimentos involuntários, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade de reflexos, o bebê obtém informações sobre o ambiente.

FASE DE MOVIMENTOS RUDIMENTARES

Os movimentos rudimentares são determinados de forma maturacional e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento previsível. Esta sequência é resistente a alterações em condições normais. Elas envolvem movimentos estabilizadores, como obter o controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco; as tarefas manipulativas de alcançar, agarrar e soltar, e os movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar.

FASE DE MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS

As habilidades motoras fundamentais da primeira infância são consequências da fase de movimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do desenvolvimento motor representa um período na qual as crianças pequenas estão envolvidas ativamente na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos.

FASE DE MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS

Esse é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes.

 

HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS

 

As habilidades motoras fundamentais já são notadas por volta do segundo ano de vida, a criança começa a dominar as habilidades motoras rudimentares na primeira infância, e isso ajuda a formar a base de cada criança para desenvolver os padrões motores das fases seguintes do desenvolvimento motor, tanto das habilidades motoras fundamentais quanto das especializadas. A fase do desenvolvimento motor fundamental trata de habilidades motoras básicas, tais como:

 

QUADRO 2. Fases das habilidades motoras básicas, segundo Gallahue e Ozmun (2005).

FASE

CARACTERÍSTICAS

LOCOMOÇÃO

Após a descoberta dessas habilidades, as crianças não estão mais presas à inaptidão de apenas se mover, descobriu-se que elas são capazes de desfrutar das potências motoras do corpo ao se movimentar no espaço e no ambiente em que convivem.

ESTABILIDADE

A criança não tem mais dificuldade, em relação à gravidade para manter sua estabilidade em posição ereta, devido ao crescente aumento de sua musculatura, responsável pela estabilização do corpo, ela tem um maior controle de sua postura, portanto elas não dependem mais de ajuda para se equilibrar e andar.

MANIPULAÇÃO

A criança não precisa mais de um ato rudimentar de: segurar, lançar, chutar os objetos. O desenvolvimento delas está avançado, e seus movimentos são mais precisos, ela já tem o controle de manipular objetos e realizar determinadas tarefas motoras.

 

 

Crianças de zero a dois anos de idade estão na fase envolvente do processo do desenvolvimento e refinamento das habilidades motoras fundamentais, pois já adquiriram variedades desses movimentos, como: locomoção e manipulação, que são fundamentais para desenvolver experiências coordenadas e aspectos afetivos para aumentar o seu conhecimento corporal em relação ao movimento. As crianças passam pelos estágios de formação natural, influenciadas pela maturação e experiência vivenciada de modo geral as condições motoras usadas no dia a dia.(GALLAHUE, OZMUN, 2005).

 

HABILIDADES MOTORAS ESPECIALIZADAS

ESTÁGIO DE TRANSIÇÃO

O estágio de transição é caracterizado pelas primeiras tentativas do indivíduo em aprimorar e combinar suas habilidades motoras do estágio de desenvolvimento maduro. Nessa fase de transição, ocorre nas crianças, um interesse maior nas modalidades esportivas, e também no aumento do seu desempenho. As crianças geralmente comparam suas habilidades motoras com as habilidades motoras de outras crianças, nesse estágio, as crianças são atraídas para alguns tipos diferentes de esportes e não se sentem limitadas por fatores fisiológicos, anatômicos ou ambientais. As crianças que são líderes começam a ressaltar a precisão e as habilidades no desempenho de jogos, atividades de lideranças e uma grande variação de movimentos relacionados aos esportes. As pesquisas vêm demonstrando, que são exigidos de oito a doze anos de treino para um atleta alcançar o nível de elite, e é no estágio de transição que esse processo se inicia. (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

As habilidades motoras especializadas são resultados das habilidades adquiridas na fase motora fundamental, no estágio maduro, aprimoradas e refinadas para formar habilidades esportivas e outras habilidades motoras especificas e complexas, combinando os movimentos motores básicos, aplicados na fase anterior. A partir dos seis anos de idade, as crianças já tem um potencial elevado para ter bons desempenhos no estágio maduro, podendo iniciar então a transição à fase motora especializada. Alguns adolescentes têm suas capacidades motoras atrasadas devido à falta de oportunidades na prática regular, ambiente precário, nenhum incentivo e pouco encorajamento nas atividades. O indivíduo que não desenvolver formas maduras de movimentos fundamentais corretamente podeter consequências diretas na fase seguinte, ao realizar atividades da fase motora especializada. Uma progressão bem sucedida dos estágios de transição, aplicação e utilização permanente, em atividades motoras específicas, dependem, portanto, de níveis maduros de movimentos na fase motora fundamental. (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

Um indivíduo dificilmente terá bons resultados no Softbol, por exemplo, se suas habilidades de interceptar, arremessar, apanhar ou correr não estiverem no nível maduro. Existe uma barreira de eficiência entre a fase motora fundamental e a fase motora especializada do desenvolvimento. Dois pontos importantes: primeiro, mesmo que o indivíduo possa estar cognitiva e afetivamente preparado para passar de fase, a progressão de fase, depende da conclusão sucedida dos aspectos específicos da fase anterior. Segundo, o progresso de uma fase para outra não tem como objetivo de “tudo ou nada”, ou seja, não é preciso estar no estágio maduro em todos os movimentos fundamentais, antes de avançar para a fase especializada. (GALLHUE, OZMUN, 2005).

 

ESTÁGIO DE APLICAÇÃO

A criança torna-se mais consciente das suas limitações físicas e habilidades, e tem como foco a especificidade nos esportes, seja para competir ou não. A prática nesse estágio é muito importante para desenvolver um grau mais elevado nas habilidades motoras. Os movimentos adquiridos na fase de transição serão corrigidos nessa fase, o indivíduo entra numa fase de maturação biológica, aonde irá se beneficiar de atividades mais intensas, como o aumento da força muscular e resistência. (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

 

ESTÁGIO DE APLICAÇÃO AO LONGO DA VIDA

Nesse estágio o indivíduo começa a reduzir a área de buscas, para escolher algumas atividades que possa praticar em situações competitivas, recreativas ou por lazer. As atividades para o estágio permanente são selecionadas com base nos interesses pessoais do indivíduo(GALLAHUE, OZMUN, 2005).

 

COORDENACAO GLOBAL

É a compreensão dos gestos, atitudes, deslocamentos e ritmos da criança, possibilitando um melhor conhecimento sobre ela, levando em consideração que a criança imita os gestos do seu cotidiano, ou seja, ela expressa sua afetividade e exercita sua inteligência. Na escola, a criança passa grande parte da sua vida, e por isso, seu comportamento está ligado diretamente com sua atividade motora. A criança tem alegria em realizar movimentos, imitando tudo que vê, como carros, animais, aviões, etc., portanto, é importante respeitar a individualidade e originalidade de cada criança, tanto quanto a diferença de maturação do seu sistema nervoso. (ROSA NETO, 2002).

Segundo Rosa Neto (2002), a perfeição progressiva do ato motor implica o funcionamento global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude. O movimento motor global, seja ele mais simples, é um movimento cinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e assim por diante. Os movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e das percepções. 

 

EQUILÍBRIO

O equilíbrio é o estado do corpo quando diferentes forças estão sobre ele e se compensam e anulam se mutualmente. Do ponto de vista biológico, quando o indivíduo tem capacidade própria de manter posturas, posições e atitudes, indica a existência de equilíbrio. Para Rigal (1998), o reflexo do organismo é à base do controle postural. Diferentes sensações, tanto de origem visual e vestibular como de sensibilidade proprioceptiva permitem a detecção do deslocamento do centro de gravidade e consequentemente desenvolve mecanismos de reação para que possa reconduzi-los de volta para uma posição de estabilidade. (ROSA NETO, 2002).  

 

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÂO FÍSICA ESCOLAR

 

Rodrigues (2005) enfatiza que uma vez que as crianças têm contato com brincadeiras, dinâmicas, trabalhos em grupos (métodos utilizados nas aulas de E.F.), ocorre um aprimoramento muito maior das esferas cognitivas, motora e auditiva, diferente da criança que não participa dessas mesmas aulas.

Freire (2007) ressalta que a educação física escolar é um passo importante para o conhecimento de uma criança e para o seu desenvolvimento motor e diz ainda que, os jogos e as brincadeiras, não são a solução definitiva para um problema pedagógico, por exemplo, mas como qualquer outro recurso pedagógico, podem ser muito importantes para o desenvolvimento motor e geral de uma criança.

Segundo Etchepare (2000) e Canfield (2000), a prática da educação física escolar nas séries iniciais e seguintes é importante para que a criança possa entender de forma mais clara, as suas habilidades motoras.Conhecendo o seu corpo e sua capacidade motora mais claramente, ela poderá adaptar essas habilidades não só dentro do ambiente escolar, como também fora dele. A educação física escolar deve criar a consciência da importância do movimento motor humano, assim como as suas causas e também os seus objetivos e, assim, criar significados e relações com o dia a dia e o cotidiano.

Rodrigues (2005) complementa dizendo que a educação física escolar é um componente curricular imprescindível no bom funcionamento do organismo, melhorando a saúde da criança em geral, ajudando também na criação de hábitos saudáveis.

O desenvolvimento motor está ligado também, ao desenvolvimento cognitivo, pois há uma relação no que a criança aprende com o que a criança consegue realizar.

“O desenvolvimento motor é um processo sequencial, relacionado à idade cronológica, trazido pela interação entre os requisitos das tarefas, a biologia do indivíduo e as condições ambientais, sendo inerente às mudanças sociais, intelectuais e emocionais”. (ROSA NETO, SANTOS, XAVIER, AMARO, 2010, Pg.423).

 

No início da escolarização ocorre um ganho de habilidades motoras, que possibilita à criança uma consciência motora e maior domínio do seu corpo,realizando atividades motoras básicas como andar, correr, saltar, arremessar, lançar, e de percepções do corpo, como orientação espacial, temporal, etc. A aquisição dessas habilidades, que dão à criança uma maior aprendizagem motora, tem influência indiretamente no desenvolvimento intelectual do aluno, prevenindo que estas apresentem comprometimento nas habilidades escolares. Portanto, a avaliação dentro das escolas deve se tornar rotineira, pois é uma forma do professor conhecer as limitações de seus alunos, podendoter um melhor acompanhamento das crianças e de seu desenvolvimento em geral, tendo em vista que essas atividades físicas auxiliam em problemas de atenção, escrita e socialização. (ROSA NETO, SANTOS, XAVIER, AMARO, 2010).

Existem inúmeros testes para avaliar o desenvolvimento motor, porém nenhum tão completo, abrangendo todos os aspectos do desenvolvimento.Nas rotinas de avaliação, uma das escalas que contribui para avaliar o desenvolvimento em geral da criança, é a escala de “EDM” (ROSA NETO, SANTOS, XAVIER, AMARO, 2010).

 

A MATURAÇÃO DAS ÁREAS CORTICAIS E A ATENÇÃO NA APRENDIZAGEM MOTORA

 

A segunda infância ocorre na vida da criança, na faixa dos seis aos dez anos de idade, onde as crianças já têm um controle mais aperfeiçoado dos mecanismos de movimentos. No início desta etapa, a criança ainda apresenta um tempo de reação considerado lento (Gallahue e Ozmun, 2005)o que causa dificuldade na coordenação viso-manual e podal,e a partir dessas dificuldades, elas não estão aptas para um extenso período de atividades. Nesta fase as crianças apresentam operações concretas às associações, à identidade, e à razão dedutiva; os relacionamentos e as classificações já estão bem desenvolvidos. Ou seja, nessa idade, as habilidades motoras fundamentais que são desenvolvidas na primeira infância, tem potencial para definir movimentos que são utilizados no dia a dia da criança, mas ainda estão lentas e pouco desenvolvidas para atividades que envolvam a visão e a coordenação motora. (ANDRADE, LUFT, BARROS, 2004).

            O desenvolvimento de habilidades motoras mais complexas é proporcionado nesta fase pelo aprendizado motor proporcionado pela maturação da área pré-frontal, associado às experiências da criança (Kolb e Whishaw, 2002). Nessa fase, há uma maturação progressiva da região pré-frontal do córtex, permitindo à criança planejar dois movimentos de forma consciente, esse planejamento de movimento causado pelo córtex pré-frontal se torna então cada vez mais refinado, e é essencial à estimulação de movimentos associados para o desenvolvimento das áreas corticais, possibilitando assim uma aprendizagem motora bem eficiente. Sobre a mielinização que ocorre nessa fase de maturação, a área pré-frontal ainda não é completa, mas continua a ocorrer durante as fases seguintes, até aproximadamente os dezoito anos de idade. (ANDRADE, LUFT, BARROS, 2004).

 Foi criado por Piaget (1971) um nível de desenvolvimento que teve um grande impacto no âmbito da educação, chamado de processo cognitivo, que defende que a construção de cada ser humano é um processo que acontece ao longo do desenvolvimento da criança, o processo divide-se em quatro fases: Sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório-concreto (7 a 11 anos) e operatório-formal (a partir dos 11, em média até os 16 anos). E na fase operatório-concreto, a criança torna-se capaz de realizar operações, ou seja, ações mentais, adquirindo a capacidade de desenvolver habilidades e solucionar problemas, pois existe uma organização mental integrada, o que influencia diretamente em sua aprendizagem motora nesse período. (ANDRADE, LUFT, BARROS, 2004).

IDADE CRONOLÓGICA E IDADE MOTORA

Idade cronológica mostra por quanto tempo se habita na terra desde o primeiro dia de nascimento, no entanto, essa idade cronológica se refere ao tempo real de vida a um ser humano e tem um índico de envelhecimento durante a vida. Idade motora é um procedimento aritmético para pontuar e avaliar os resultados dos testes.

 

 

RESULTADOS

Os resultados obtidos por meio dos testes de coordenação global e equilíbrio demonstraram que as crianças, em sua maioria, possuem uma idade motora de acordo com sua idade cronológica, atingindo os oito anos de idade. Algumas crianças ultrapassaram a idade cronológica, estando bem desenvolvidas, enquanto poucas apresentaram um nível menor na idade motora, principalmente no aspecto equilíbrio, aonde encontraram maior dificuldade. Apenas três das dezesseis crianças apresentaram uma idade motora superior tanto na coordenação global, quanto no equilíbrio, e não houve nenhuma que apresentou os dois aspectos abaixo da idade motora. Os resultados demonstram que o desenvolvimento motor está dentro dos parâmetros de normalidade em 98,75% das crianças; o que indica alta correlação entre a idade cronológica e idade motora geral.

 

Figura 2 – Escores obtidos pela EDM.

 

DISCUSSÃO

A educação física escolar é de suma importância já nas séries inicias da criança, uma vez que a educação física tem como principal responsabilidade o desenvolvimento motor do ser humano e suas evoluções. O movimento especializado em si, tem o importante papel de solidificar essas evoluções feitas durante as séries iniciais, visando à ideia de que a criança precisa e deve, não só construir, mas reforçar as estruturas corporais e intelectuais de que dispõe. Dispõe. (FREIRE, 1992; GALLAHUE, OZMUN, 2005; GALLAHUE, DONNELLY, 2008).

Um dos maiores objetivos da educação física escolar é criar uma interação e socialização entre os alunos, por isso o professor, deve passar atividades que permitam que o aluno possa ter liberdade para Correr, Girar, Saltar, Arremessar, etc. Permitindo assim, que o aluno possa se sentir mais à vontade e poder obter vários benefícios à sua saúde, não só física, como mental. A educação física escolar não possui influência somente no âmbito escolar, mas também na vida da criança fora da escola e uma vez levada adiante, faz significativa diferença, também na sua vida adulta.

Os testes na área da educação física vêm sendo trabalhados apenas para avaliação física do indivíduo, como força, resistência e flexibilidade, enquanto a avaliação motora, não tem sido devidamente explorada e muitas vezes, até deixada de lado. E é justamente nessas tarefas que as crianças têm maior dificuldade, sendo intituladas como “descoordenadas” ou “desajeitadas”, afetando assim, todo o contexto que as envolve, podendo causar um atraso em seu desenvolvimento, não somente motor, mais cognitivo e afetivo também. (ROSA NETO, SANTOS, XAVIER, AMARO, 2010).

Um estudo realizado em uma escola da rede particular de ensino de Cuiabá – MT, que avaliou a motricidade de quatorze crianças por meio dos testes da escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto (2002). Os testes de coordenação global mostraram que com as aulas de educação física, as crianças tiveram uma melhora em seu desempenho, enquanto os testes de equilíbrio apresentaram proporções aproximadas da idade cronológica com a idade biológica, sem apresentar diferença significativa. Foram aplicados o teste e o reteste, com o intervalo de trinta meses entre um e outro. (COSTA, SILVA, 2009).

Outro estudo investigou o perfil motor de crianças de seis a dez anos, analisando a confiabilidade do teste EDM (Rosa Neto, 2002). Os resultados demonstram que o desenvolvimento motor está dentro dos parâmetros de normalidade em 96% das crianças; o que indica alta correlação entre a Idade Cronológica e Idade Motora Geral, indicando boa consistência interna. Os dados desses testes evidenciaram a concepção lógica e estruturada que a EDM apresenta, legitimando sua confiabilidade. (ROSA NETO, SANTOS, XAVIER, AMARO, 2010).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os resultados aqui obtidos e apresentados nos permitem concluir que as aulas de educação física escolar podem de fato contribuir para o desenvolvimento motor das crianças, para que elas consigam alcançar as habilidades motoras esperadas de acordo com sua idade cronológica, relacionando-a com sua idade motora.

 

 

REFERÊNCIAS

ANDRADE; LUFT; ROLIM. O desenvolvimento motor, a maturação das áreas corticais e a atenção na aprendizagem motora. Revista digital – Buenos Aires – Año 10 – N° 78 – Noviembre de 2014.

GALLAHUE, D. L; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005.

NOBREL F. S. S; COSTA C. L. A; OLIVEIRA D. L; CABRALL D. A; NOBREL G. C; CAÇOLA P. Análise das oportunidades para o desenvolvimento motor em ambientes domésticos no Ceará – Brasil – Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento humano, 2009.

RODRIGUES A. D; DONELLY J; FREIRE P; ETCHEPARE. EFDeportes.com A importância da Educação Física Escolar no desenvolvimento motor de crianças nos anos iniciais do ensino fundamental – Revista Digital Buenos Aires – Ano 16 – N° 156 – maio de 2011.

ROSA NETO F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed; 2002.

ROSA NETO F; SANTOS A. P. M; XAVIER R. F. C; AMARO K. N. A Importância da avaliação motora em escolares: análise da confiabilidade da Escala de Desenvolvimento Motor. Rev. Bras. Cineantropom Desempenho Humano, 2010. 12(6):422-427.

 

 

 

 

 

 

A importância da educação física escolar para o desenvolvimento motor

 

LEITE, D.M.1; OLIVEIRA, E.S. 1; PAULA, G.M. 1; ROCHA, G.S.J. 1; SANTOS, M.N. 1; ZUNTINI, A.C.S2.

1 Discentes do Curso de Educação Física – UniÍtalo

2 Orientadora, Bacharel em Fisioterapia pelo UniÍtalo, Especialista em Anatomia Macroscópica pelo Centro Universitário São Camilo, Mestranda em Farmacologia e Fisiologia pela UNIFESP, Docente do Curso de Educação Física do UniÍtalo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR

 

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi investigar o desenvolvimento motor em crianças de uma escola da rede particular de ensino fundamental I, por meio da aplicação de testes de coordenação global e equilíbrio, na Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto. O desenvolvimento motor é a alteração do comportamento motor humano durante a vida, visando sua individualidade e as tarefas impostas pelo meio em que se está. Os alunos foram observados, antes da aplicação dos testes, no período de dois meses, durante o estágio realizado no colégio. Com o resultado dos testes foi possível observar que a idade motora dos alunos, em sua maioria, estava de acordo com sua idade cronológica.

Palavras-chave: Desenvolvimento motor; Coordenação global; Equilíbrio; Educação física.

ABSTRACT

The purpose of this study was to investigate the motor development in children of a private elementary school I school through the application of global coordination and balance tests in the Rosa Neto Motor Development Scale. Motor development is the change in human motor behavior during life, aiming at their individuality and the tasks imposed by the environment in which they are. The students were observed, before the application of the tests, in the period of two months, during the stage realized in the college. With the result of the tests it was possible to observe that the motor age of the students, for the most part, was according to their chronological age.

Keywords: Motor development; Global coordination; Balance; Physical education.

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

           

Quando se aborda o tema“educação física escolar”, trata-sedo quão importante ela é para o desenvolvimento motor humano, queestá ligado também aos aspectos cognitivos, afetivos, sociais e culturais na vida do aluno.

Os especialistas ressaltam que o ambiente em que a criança está inserida, é fundamental para o sucesso do seu desenvolvimento físico, tal importância é dada desde os primeiros contatos da criança com o meio sólido, principalmente aquilo que ainda é novo, pois conseqüentemente fará com que ela experimente novos movimentos, para então se adequar ao meio em que se encontra, ou seja, se trata do próprio ambiente familiar da criança, aonde acontecem estímulos praticamente vinte e quatro horas por dia, vindo dos próprios pais, ou de desafios e barreiras que a criança encontra em seu cotidiano. Fatores como os espaços existentes na casa, os tipos de pisos, a variedade de brinquedos e objetos, a roupa que a criançausa, a presença ou não de irmãos, e até mesmo o nível socioeconômico, fazem parte dos desafios que são impostos à criança em desenvolvimento (NOBRE, COSTA, OLIVEIRA, CABRAL, CAÇOLA, 2009).

 Nesse sentido, as ações feitas por essas crianças, sem a intervenção da educação física escolar, são determinantes para o nível de desenvolvimento que essa criança terá futuramente, isso claro, porque a educação física escolar é constantemente aprimorada, para que tenha embasamento suficiente para reverter este quadro para melhor.Porém, ainda há incertezas que cercam a educação física escolar e sua metodologia, que de certa forma interferem em sua aplicação pelos profissionais da área, que devem fundamentar-se em teorias para desenvolver um plano de aula, com ênfase no desenvolvimento do aluno, em todos seus aspectos. (NOBRE, COSTA, OLIVEIRA, CABRAL, CAÇOLA, 2009).

A Educação Física deve utilizar-se, portanto, da fisiologia, biomecânica, estudos sobre o desenvolvimento motor e do corpo humano, com o objetivo de aumentar o acervo motor, a consciência corporal e a qualidade de vida do aluno, por meio de uma metodologia adequada às expectativas motoras do desenvolvimento humano, que valorize o conteúdo da educação física e o desenvolvimento do aluno em geral (ROSA NETO, SANTOS, 2010).

O presente trabalho é uma tentativa de abordagem, dentre outras possíveis, de trazer a devida importância da educação física escolar, visando fundamentar o processo de desenvolvimento motor dos alunos nos primeiros anos do ensino fundamental, dos seis aos dez anos de idade, trabalhando a necessidade de conhecer as mudanças no comportamento motor e suas respectivas fases, explorando os fatores que interferem e auxiliam a criança nesse desenvolvimento.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

 

O estudo foi baseado no teste de “EDM” (escala de desenvolvimento motor) de Rosa Neto (2002), na intenção de avaliar um determinado número de alunos, que foram observados durante as aulas de educação física, demonstrando os níveis de desenvolvimento motor adquiridos por meio das aulas, durante o período de observação do estágio realizado na escola.

O desenvolvimento motor das crianças foi observado durante as aulas de educação física durante o estágio realizado no colégio, no período de dois meses (agosto á outubro de 2016). As aulas foram bem aplicadas e o professor utilizava jogos e brincadeiras, trabalhando nos alunos, aspectos como a coordenação motora, organização espaço-temporal, coordenação óculo manual e visual, entre outras habilidades motoras. Foram aplicadas atividades como: corrida do saco, corrida com uma peneira na boca, aonde os alunos carregavam dentro dela seis pregadores, derrubar garrafas de água com uma bola, etc. Os alunos, de modo geral, conseguiram realizar as tarefas motoras solicitadas, a maioria com facilidade, porém, alguns alunos apresentaram dificuldade na coordenação global e no equilíbrio. Foram aplicados então, ao final do período de observação, os testes da escala de desenvolvimento motor “EDM”.

Os testes foram realizados na escola da rede particular, localizada no bairro Jardim São Bento Novo – São Paulo – SP, onde os alunos foram avaliados em um período de quinze minutos cada um, utilizando o uniforme e tênis, o ambiente para realização dos testes foi na quadra da escola. Foram avaliadas dezesseis crianças entre sete e nove anos de idade, do segundo ano do ensino fundamental I. Os testes aplicados foram de coordenação global e equilíbrio, da escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto.

 

Para a realização dos testes foram utilizados um banco de 15 cm de altura, uma corda de 1,5 cm, fita crepe, tatame para saltar, uma caixa de baralho e uma cadeira de 45 cm de altura.

 

DESENVOLVIMENTO MOTOR

 

Desenvolvimento motor é a contínua alteração no comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. O desenvolvimento motor era objeto de pesquisa há muitos anos, porém os psicólogos desenvolvimentistas o utilizavam como indicador visual do funcionamento cognitivo, ou seja, o funcionamento da mente, buscando entender a influência dele, referindo-se ao desenvolvimento social e emocional do indivíduo. Portanto, o estudo do desenvolvimento motor no passado, era ofuscado pelo interesse de estudar os processos cognitivos e afetivos do desenvolvimento humano em geral. (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

A partir dos anos 70 o campo de estudo do desenvolvimento motorganha sua legitimidade por meio dos profissionais de educação física, explorando, a partir de então, as áreas da fisiologia do exercício, biomecânica, aprendizado e controle motor. Uma quantidade de pesquisas, baseadas em teorias, foi realizada na década de 1980 até 1990, com desenvolvimentistas de varias áreas, confrontando-se com estudiosos de desenvolvimento motor (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

O processo de desenvolvimento motor é apresentado por Gallahue e Ozmun (2001) em uma forma de ampulheta (figura 1). O estudo visa o desenvolvimento motor na educação infantil caracterizando, abaixo, a fase do desenvolvimento na idade pré-escolar.

                                                                                                        

 

Figura 1. Desenvolvimento motor (GALLAHUE, OZMUN, 2001).

 

Gallahue e Ozumun (2005) dividem o desenvolvimento motor em quatro fases, descritas no quadro abaixo.

 

 

 

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