A Educação: Aprendendo com as Abelhas
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Quando um governo briga para que seu povo tenha o mínimo em sua mesa, não é apenas porque vivenciou a fome e a miséria ou é empático ao povo excluído e marginalizado pela sociedade soberba, é porque ele sabe da importância de se ter pelo menos, o mínimo no quesito nutricional.
Uma curiosidade interessante é perceber que uma abelha se faz rainha não é pelo seu DNA ou herança, como era comum em uma monarquia (com algumas exceções), pois todas as abelhas são possuidoras do mesmo DNA, o que a define é o seu tipo de alimentação.
As abelhas nascem iguais, em larvas, todavia, algumas são alimentadas com geleia real em grande quantidade durante o estado larval, enquanto as demais têm uma alimentação comum, ou seja, néctar e pólen.
É a alimentação que faz a diferença em sua vida e consequentemente em seu destino, já que a larva que consumiu apenas geleia real terá o dobro do tamanho das outras abelhas e viverá anos ao invés de semanas como as abelhas operárias.
Este fenômeno é conhecido como epigenética, ou seja, o campo que estuda como o ambiente e a alimentação podem influenciar na qualidade de vida das pessoas ou dos demais seres.
Ciente destes saberes é que um governo quando preocupado com o seu povo, não mede esforços para que as instituições escolares ofereçam uma alimentação balanceada para um bom andamento do processo ensino aprendizagem.
Assim sendo, é sabido que a alimentação exerce uma influência significativa na educação, tanto no desempenho escolar quanto no desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos, isso porque uma alimentação equilibrada e nutritiva fornece energia e nutrientes essenciais para o aprendizado, melhor concentração e foco, bem como um bem-estar geral.
Em contrapartida, a má alimentação ou até mesmo a sua ausência, pode fazer com que os alunos desenvolvam problemas de saúde, dificuldades na aprendizagem, na concentração além de dificuldades de comportamento.
As falas acima são corroboradas por Izidoro (2014)[1] et al quando afirmam que uma alimentação inadequada é uma das principais causas de distúrbios nutricionais e tais distúrbios ocasionam na vulnerabilidade a doenças.
Os autores supracitados ressaltam como exemplo, que déficit de nutrientes específicos como ferro, “leva muitas vezes ao absenteísmo escolar e ao atraso de desenvolvimento em relação às demais crianças da própria turma”.
Para os autores, há de se considerar também que a ausência de certos nutrientes tem como consequências na criança irritabilidade elevada, dificuldade de concentração e baixos níveis de energia, baixo desempenho escolar dentre outros reveses que comprometerão o seu desenvolvimento cognitivo.
Essas falas remetem a um dizer de uma professora de mestrado que afirmava que “barriga vazia não tem orelha”, ou seja, a fome te impede de ouvir para aprender.
Vale lembrar que a alimentação escolar é um direito garantido por meio da Lei 11.947/2009, mas que muitos governos estaduais e municipais desconsideram esta lei e fazem desvios de verbas das merendas.
Apesar de não existir uma pesquisa que demonstre um percentual único, refletindo a proporção de crianças que tem na alimentação escolar a principal fonte de nutrição, estudo revelou que no Grande Rio, 56% dos estudantes consideram a alimentação escolar como a principal refeição do dia[2].
Uma criança bem alimentada e nutrida tem melhora em sua concentração e foco, mais energia e disposição, redução de problemas comportamentais, prevenção e/ou ausência de doenças, bom desenvolvimento cerebral, saúde mental, formação de hábitos alimentares saudáveis dentre outros benefícios que serão de suma importância para o bom desenvolvimento do educando.
Dito isso, que a educação pública possa alimentar seus alunos com os nutrientes essenciais e também com o conhecimento, formando não simples abelhas, mas verdadeiras rainhas que transformarão o nosso país.