20/07/2017

A Educação Ambiental Como Ferramenta Para Construção de Espaços Educadores Sustentáveis

Cintia BAROLDI[1]

Mario Marcos LOPES[2]

RESUMO: A escola é o espaço onde aprender é compreender, é transformar e agir, local de se estabelecer relações significativas entre o novo e o que já se sabe, levando em conta o afetivo e o social; por meio da educação ambiental a escola sustentável prepara o aluno para o exercício da cidadania, por meio da participação individual e coletiva, levando em conta os processos socioeconômicos, políticos, culturais e ambientais. A necessidade de abordar este tema é de fundamental importância para a formação de alunos conscientes de suas ações perante o meio ambiente. Assim, a escola se transforma em um espaço de construção de transformadores sociais. Diante disso, o objetivo central deste artigo é discutir as mudanças e articulações que privilegiem as práticas educativas do conhecimento e transformação de variadas formas de pensar e agir em relação a mudanças de hábitos e costumes benéficos para o meio ambiente. A busca por boas práticas de educação ambiental deve ser frequente pelos educadores, resta esclarecer que estas práticas não podem ser instantâneas, determinando um período específico para o seu desenvolvimento, mas devem ser inseridas e praticadas nas diferentes formas de trabalho na rotina escolar e por toda a comunidade escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Meio ambiente. Sustentabilidade. Educação ambiental.

1 INTRODUÇÃO

A educação ambiental deve ser trabalhada de forma reflexiva ao construir uma prática entre professores e alunos com o objetivo de reconhecer a qualidade de vida através de aulas planejadas e vivenciadas; despertando no aluno o princípio do consumo consciente sobre os recursos naturais, explorando técnicas eficazes que podem induzir o aluno a evitar desperdícios e consumismos. Desse modo, a escola torna-se o espaço educador, indispensável para a formação tanto social quanto ambiental, dos seus alunos. 

A educação ambiental deve atender todos os que compõem os meios sociais, culturais, raciais e econômicos que se preocupam com a sustentabilidade socioambiental.

A educação ambiental interage com outras dimensões da educação contemporânea devido as suas características multidimensionais e interdisciplinares.

O aluno deverá ser estimulado a tomar decisões de grande importância para se tornar um cidadão sustentável e eticamente correto ao se tratar de questões ambientais. A inserção da Educação Ambiental tem como principal objetivo se transformar em atividades rotineiras e se tornar o foco principal de toda e qualquer atividade acerca da questão ambiental que esteja inserida no contexto do conteúdo que está sendo desenvolvido.

O contexto da atual realidade e necessidade de abordar o tema da complexidade ambiental decorre da percepção sobre o incipiente processo de reflexão acerca das práticas existentes e das múltiplas possibilidades de, ao pensar a realidade de modo complexo, defini-la como uma nova racionalidade e um espaço onde se articulam natureza, técnica e cultura.

Para Bernardi (2006) para a formação da mentalidade pró-sustentabilidade é necessário a compreensão do significado da crise socioambiental, e de como enfrentá-la, criando mecanismos, entre eles, institucionais, sociais e tecnológicos para estimular responsabilidade com os bens coletivos. Resultados positivos com trabalhos em escolas sobre a Educação Ambiental, se constitui na realização das seguintes etapas: a sensibilização, a informação, o exemplo e o incentivo.

A leitura dos artigos incentivou a pesquisar e coletar informações sobre as reais necessidades de se implantar a Educação Ambiental na escola, tendo como objetivo central debater as mudanças e articulações que privilegiem as práticas educativas do conhecimento e transformação de variadas formas de pensar e agir em relação a mudanças de hábitos e costumes benéficos para o meio ambiente. A metologia utilizada neste artigo foi pesquisa bibliográfica.  A revisão de literatura foi realizada através de livros e artigos científicos indexados sobre o tema proposto. Os artigos foram pesquisados nos portais Google acadêmico, Scielo e sites de instituições de referência entre outras. Foram selecionados os trabalhos que mencionassem preferencialmente os desafios relacionados a Educação Ambiental e a comunidade escolar de forma a embasar a sua importância.

A pesquisa foi realizada a partir dos seguintes descritores: Trajetória da Educação Ambiental, Educação Ambiental, questões ambientais, aspectos ambientais, projetos com enfoque ambiental nas escolas.

2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA TRAJETÓRIA

A crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável segundo relato de Jacobi (2003), representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades. A realidade atual exige que as práticas educacionais desenvolvam ações práticas e coletivas que criem identidades e valores diante de uma percepção de risco que valorize a reapropriação da natureza.

Segundo Jacobi (2003), cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para um novo tipo de desenvolvimento - o sustentável. Como já sabemos o professor exerce sua função com o objetivo de ensinar, mas neste caso o professor exercerá a função de mediador da educação ambiental através de ações como instrumento de desenvolvimento de uma prática social centrada na sustentabilidade.

Envolver a Educação Ambiental nas aulas é repensar uma realidade que necessita de reflexão baseada na inter-relação dos saberes e práticas coletivas que buscam o desenvolvimento sustentável e também representa a possibilidade de garantir mudanças significativas e sociopolíticas que não comprometam os ecossistemas e os ambientes sociais das comunidades. A questão ambiental necessita de um envolvimento dos diversos atores do universo educativo orientados em trabalhar o conhecimento relacionado com a orientação e capacitação profissional, a formação e a preparação da comunidade escolar, principalmente dos educadores numa perspectiva multidisciplinar para alcançar novas posturas em relação ao meio ambiente.

De acordo com Aurea (2001), a aquisição de conhecimentos sobre Educação Ambiental sensibiliza a comunidade oferecendo significado, por exemplo, a aquisição de conceitos sobre separação dos resíduos domiciliares. Ressalta a importância, dos projetos de Educação Ambiental nas escolas, uma vez que crianças e adolescentes estão em processo de formação de identidade possibilitando uma mudança de hábitos e futuros multiplicadores das ideias. O autor ainda ressalva que a participação ativa dos alunos favorece o sucesso dos projetos.

Quando nos referimos aos novos conhecimentos adquiridos que necessitam contemplar as relações do meio natural com o social, buscamos alternativas de um novo desenvolvimento focado na sustentabilidade socioambiental. Para Leff (2001) é impossível resolver os complexos problemas ambientais e minimizar seus efeitos sobre as pessoas sem que ocorra uma mudança radical no conhecimento, na mudança de valores e de novos comportamentos fundados na racionalidade.

Natureza, técnica e cultura devem ser trabalhadas de forma a abordar o tema da complexidade ambiental sobre o processo de reflexão acerca das práticas existentes e das múltiplas possibilidades de, ao pensar a realidade de modo complexo, articulando espaço e racionalidade. A problemática ambiental busca de forma sistemática uma proposta para aprofundar a reflexão e a prática em torno do impacto das demandas da população das áreas mais afetadas pelos constantes e crescentes agravos ambientais.

A sociedade como um todo deve participar direta e indiretamente na educação ambiental. Os principais problemas ambientais foram discutidos na Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano em 1972, em Estocolmo, Suécia, onde surgiu à preocupação com os problemas ambientais, reconhecendo-se a necessidade do desenvolvimento de uma educação ambiental, sendo recomendado o início de programas neste âmbito. Os programas ambientais devem seguir técnicas e estratégias que atendam normas e políticas públicas preventivas.

Segundo Leff (2001, p. 134) colocar a racionalidade ambiental como produto das práxis, ou seja, “um conjunto de interesses e de práticas sociais que articulam ordens materiais diversas que dão sentido e organizam processos sociais através de certas regras, meios e fins socialmente construídos”.

A educação ambiental tornou-se um processo em construção de um programa que convergem ao encontro da prevenção dos acidentes ambientais, como parte de um conjunto de ações que tem como objetivo um saber ambiental materializado nos valores éticos e nas ações políticas de convívio social, que busca uma distribuição entre os prejuízos e os benefícios sobre o uso e apropriação do meio ambiente, ou seja, natureza. A educação ambiental deve ser direcionada para uma aprendizagem multidisciplinar onde os saberes são esclarecedores no sentido de pertencimento e responsabilidade que, por meio de ações coletivas e organizadas, buscam compreender e a superar as causas estruturais e conjunturais dos problemas ambientais. Deve ser orientada com uma identidade ambiental, em que o meio ambiente não seja entendido como sinônimo de natureza, mas como um conjunto de interações entre o meio físico -biológico com o homem.

Sendo assim, a educação ambiental insere-se nas políticas públicas do Estado brasileiro como algo que possibilita um crescimento quantitativo quanto qualitativo com uso de estratégias que incrementam a educação pública.

As ações educacionais pela responsabilidade ambiental resultam no envolvimento e na organização de grupos de pessoas e grupos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de vida, fundamentados em valores pós-materialistas. Como os problemas ambientais e os problemas sociais se entrelaçam, toda vez que atuamos em prol da melhoria da qualidade de vida na comunidade, estamos contribuindo para a resolução de problemas socioambientais.

Segundo Dias (1992, apud SILVA, 2011, p. 50):

 

Sabemos que a maioria dos nossos problemas ambientais tem suas raízes em fatores socioeconômicos, políticos, culturais, e que não podem ser previstos ou resolvidos por meios puramente tecnológicos. Sabemos que as dificuldades são grandes quando se quer trabalhar verdadeiramente a Educação Ambiental, mas precisam ser enfrentadas, está neste pressuposto a importância da inserção da Educação Ambiental nas escolas, a fim de conscientizar nossos alunos e ajuda-los na compreensão sobre a importância de se cuidar do meio em que vive.

Não tem como falar em educação ambiental sem compreender os problemas reais que atingem a gente, as outras pessoas e o meio ambiente. Paulo Freire dizia que devemos assumir a natureza ética da prática educativa, enquanto prática especificamente humana (FREIRE, 1996).

Quando nos referimos a ética, estamos falando de um compromisso com a vida, com os estudos e ações para a superação dos problemas ambientais. Sentir-se ético é ter esperança, ter sonhos e trabalhar por uma sociedade mais justa, solidária, pacífica e sustentável.

Iniciaremos a partir de agora a trajetória da Educação Ambiental, conforme Loureiro (2003 apud SILVA, 2011, p. 31):

De 1501 a 1760, com base na expansão colonial europeia e no crescimento do capitalismo agrário, verifica-se uma ampliação desenfreada de domínio nos diversos lugares nas Américas como na Europa e por consequência disso uma ampla degradação de espécies decorrentes da ação humana.

Continuando a trajetória da educação ambiental, citamos o crescimento desorganizado da indústria e da urbanização, entre os anos de 1760 a 1945 levou a sufocar o meio ambiente, contribuindo para os primeiros sinais de extinção decorrentes das ações humanas.

O descontrole da ação demográfica, industrial, consumista e tecnológica ocasionando o surgimento de problemas sofridos pelo meio ambiente mundial de maneira acelerada. O que se percebe é que os problemas ambientais não são recentes e o que temos atualmente é o agravamento desses, gerado pela humanidade, ao longo do processo civilizatório. No ano de 1965, educadores reunidos na Conferência de Keele, na Grã-Bretanha, concordavam que a educação ambiental deveria ser abordada imediatamente nas escolas, fazendo parte da educação de todos os cidadãos, foi a partir de então que surgiu o termo Educação Ambiental.

Na sequência em 1970, a Sociedade Audubon – Fundação criada na Inglaterra para conservar e restaurar os ecossistemas naturais, com foco em aves, outros animais selvagens e dos seus habitats em benefício da humanidade e da diversidade biológica da terra, publicou um manual explicativo que incorporava a dimensão ambiental com atividades curriculares e que acabou por virar um clássico da literatura sobre educação ambiental (DIAS, 1991). O autor, relata que em 1970, fundava-se no Brasil a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, e isso ocorreu mesmo sem ter uma legislação especifica, como a maioria das nações.

Em 1972, foi publicado pelo Clube de Roma o relatório, Os limites do crescimento econômico, denunciando que o crescente consumo mundial levaria a humanidade a um possível colapso. Neste mesmo ano também foi realizada a Conferência da Organização Nações Unidas – ONU sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, reunindo representantes de 113 países.

Em 1975, em Belgrado a Organização para a Educação e Ciência e a Cultura das Nações Unidas – UNESCO promoveu um encontro internacional sobre a Educação Ambiental, reunindo representantes de todos os países ligados a ONU. Onde foi gerado um programa sobre a Educação Ambiental – denominado a Carta de Belgrado (DIAS, 1991).

Freire (2006) considera que a Carta de Belgrado é dos elementos vitais para a solução da crise do meio ambiente mundial. A preocupação com uma nova ética global, capaz de promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e da dominação humana e rebate o desenvolvimento de uma nação à custa de outra, acentuando formas benéficas para o desenvolvimento da humanidade.

Em 1981 o movimento ambientalista brasileiro conquista à publicação da Lei 6.938, que legalizava sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, e seus fins e mecanismos de aplicação. Essa legislação não alterou muito coisa na prática, a questão ambiental continuou sendo algo destinado as florestas, mares e animais ameaçados de extinção.

Em 1997 a UNESCO realiza a primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambienta, na cidade de Tbilisi, na Geórgia (ex- URSS) em parceria com o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, onde foi definido objetivos, características, recomendações e estratégias pertinentes ao plano Nacional e Internacional.

Segundo relatos de Silva (2011), no Brasil as universidades brasileiras começaram a inserir a educação ambiental através dos Seminários sobre Universidade e meio ambiente na América Latina e no Caribe. Freire (2006) relata que em 1986 foi realizado o primeiro Seminário em Brasília com o objetivo de iniciar um processo de integração entre as ações do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e do sistema universitário.

O marco importante para a educação ambiental brasileira ocorreu em 1988 com a Constituição Federal, que estabeleceu, no inciso VI do artigo 225, a necessidade de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e principalmente promover a conscientização pública para preservar o meio ambiente. Já em 1991, ocorreu o Encontro Nacional de Políticas e Metodologia para a Educação Ambiental, promovido pelo Ministério da Educação (MEC) e Secretaria de Meio Ambiente, com o apoio da UNESCO/Embaixada do Canadá em Brasília, com o objetivo de discutir diretrizes para definição da Política da Educação Ambiental e foi assinada a Portaria 678/91 do MEC. Segundo relatos de Silva (2011, p.33):

Esta portaria determinou que a educação escolar deveria contemplar a educação ambiental, permeando todo o currículo nos diferentes níveis e modalidades de ensino, enfatizando a necessidade de investir na capacitação de professores e foram criadas duas instâncias no Poder Executivo, destinadas a lidar exclusivamente com a Educação Ambiental.         

Em 1992, o IBAMA instituiu os Núcleos de Educação Ambiental em todas as suas superintendências estaduais, visando operacionalizar as ações educativas no processo de gestão ambiental na esfera estadual.

Em 1993, um grupo de trabalho de Educação Ambiental do MEC, se transformou na Coordenação Geral de Educação Ambiental – COEA/MEC, com a meta de definir secretarias Estaduais de Educação, as metas e estratégias para a implantação da educação ambiental no país e elaborar a proposta de atuação do MEC na área educacional formal e não-formal para a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. No ano de 2002, a Lei nº 9.795/99 foi regulamentada pelo Decreto nº 4.281, que define a composição e as competências do órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) lançando, assim, as bases para a sua execução. A educação ambiental de acordo com a Lei nº 9.795/99 envolve a promoção de processos pedagógicos que favoreçam a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para a conquista da sustentabilidade socioambiental e a melhoria da qualidade de vida. No dia 21 de julho de 2003, o MMA e o MEC promoveram a reunião de instalação do órgão Gestor da PNEA, um passo decisivo para a execução das ações em educação ambiental no governo federal. Neste mesmo ano foi realizada a Conferência Nacional do Meio Ambiente, em suas versões adulto e infanto-juvenil.

2.1 Educação Ambiental: na escola e nos currículos

            O trabalho de Educação Ambiental nas escolas demonstra importância quando contribui para a construção de uma sociedade sensibilizada capaz de despertar na comunidade escolar, a autonomia, a participação e o aprendizado significativo (SEGURA, 2001).

Dias (1993) relata que os sistemas de ensino incorporaram em seus programas, objetivos e conteúdos, relacionados ao Meio Ambiente considerando apenas os aspectos biológicos e geográficos.  Neste aspecto podemos dizer que não foi levada em consideração a contribuição das ciências sociais na perspectiva e compreensão do conceito de ecossistemas.

            O autor recomenda ainda que a Educação Ambiental representa um processo no qual deveria ocorrer num desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o Meio Ambiente em relação com o ser humano.

Dias (1994 apud SILVA, 2011, p. 36) ainda relata:

O resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a percepção integrada do meio ambiente tornando possível uma ação mais racional e capaz de responder às necessidades sociais.         

A educação ambiental no Brasil é considerada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente como processos pelos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente e para a qualidade de vida e sua sustentabilidade. Sendo assim, a educação ambiental enquanto conhecimento sistematizado encontra-se em processo de construção e bases teóricas e conceituais que buscam refletir o aprendemos de forma muitas vezes contraditória. Necessitamos de avançar cada vez mais no sentido de aproximar nossas reflexões a prática educacional e atitudes mais reflexivas e efetivamente emancipadoras, bem como o objetivo de mudanças nos cercam e que alimentam nossa capacidade de lidar com os desafios postos.

            A educação ambiental deve ser entendida como um conceito em construção, mas que deve ser responsável em conduzir a uma contextualização de uma prática educativa transformadora da realidade ambiental em que se encontra.

            Não se pode repensar a educação ambiental ao longo de sua história sem resultar em um compromisso com a construção da ética e da cidadania, em uma perspectiva de compreensão da realidade social dos direitos e responsabilidade em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental. O ambiente escolar, trata o assunto “ambiental” como um tema transversal, ou seja, explorando-o apenas dentro da escola. Portanto, o mais adequado aos educadores seria fazer valer os objetivos e princípios que Plano de Educação Nacional desenvolveram para a Educação Ambiental. Não podemos pensar em uma educação ambiental somente por meio de práticas sem sentido e paralelas ao cotidiano do ensino, ou seja, as questões inerentes a Educação Ambiental se tornaram ações pontuais de significado paliativo e muito cobradas por toda a comunidade escolar. O aluno precisa e deve perceber a real necessidade de repensar o comportamento, portanto, cabe ao professor trabalhar com exemplos práticos e significativos para que ocorra uma tomada de consciência como, por exemplo, trazer informações de outras realidades para próximo dos alunos, para isso há necessidades de permitir a autonomia em sala de aula, ou seja, usufruir dos conhecimentos que os alunos possuem, através de levantamento de conhecimentos prévios.

          Projetos realizados com temas sobre Educação Ambiental em várias escolas nas diversas regiões do Brasil visam à conscientização e sensibilização da população sobre os graves e atuais problemas ambientais. Dados do Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, apontam que em média o Brasil gera cerca de 90 milhões de toneladas de lixo por ano, e que cada brasileiro produz, em torno de 500 gramas por dia. O estimulo ao consumo desenfreado e sem consciência é apontado como principal fator para esses números (SOUZA, 2013).

            Outra forma de trabalhar a prática da educação ambiental é apresentar aos alunos os impactos, suas causas e consequências para o meio ambiente e quais são as alternativas para sua recomposição. A perspectiva ambiental permeia num modo de ver o mundo e as ações que nele se evidenciam, dentro de um campo que se divide entre inter-relações e a interdependência da humanidade, da participação, da coparticipação, da solidariedade e da equidade entre os homens.

           De acordo com Blauth (1994), projetos desenvolvidos nas escolas com enfoque na educação ambiental devem contemplar a motivação e a realização de   programas que estimulem a sensibilização, pois sentimentos e valores são capazes de alterar atitudes, estabelecer vínculos afetivos e uma intervenção positiva com o ambiente.

            Para tanto, o tema “Meio ambiente” deve ser trabalhado e tratado de forma que os alunos sejam capazes de: conhecer e compreender, de modo integrado e sistêmico, as noções básicas relacionadas ao meio ambiente; possuir e adotar posturas na escola que contribuam em casa e na comunidade para as interações construtivas e sustentáveis; analisar, observar os fatos e situações, de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo ativo para garantir um meio ambiente saudável que proporcione uma boa qualidade de vida; compreender a necessidade de dominar alguns procedimentos de conservação e manejo dos recursos naturais com os quais precisam para a sobrevivência.

             O fato dos professores trabalharem essas habilidades em sala de aula, não significa que será entendido por todos e isso bastará. Será necessário que o aluno se identifique como parte integrante da natureza, percebendo suas ações e postura de respeito diante de diferentes situações e aspectos do patrimônio natural, ético e cultural.

            O desenvolvimento do trabalho dos professores em uma escola sustentável deverá acontecer em vários momentos, pois será amplo o caminho a ser percorrido, enfatizando a construção coletiva do conhecimento, através de ações que levam a compreensão dos problemas socioambientais, estimulando o respeito e convívio com as diferenças, proporcionando ações e decisões coletivas..É preciso implantar em seus alunos uma consciência sobre a temática ambiental e torná-la realidade, despertando neles o espirito de uma cidadania atuante e ao mesmo tempo, consciente de todas as ações, atos e atitudes. A questão ambiental deverá ser tratada e centrada no desenvolvimento de valores, atitudes e postura ética, e no domínio de procedimentos. Tratar da questão ambiental requer que o professor se baseie em variados assuntos ambientais e os trate de forma interdisciplinar. Diante da temática ambiental, existe uma dificuldade de se eleger uma gama de conteúdos que contemplem, de forma satisfatória, as exigências e diversidade que trabalhe dentro da realidade brasileira.

A gestão escolar tem papel fundamental na implantação da educação ambiental e escolas sustentáveis. Oferecer a oportunidade à reflexão, na construção de momentos de participação coletiva, para tomadas de decisões em grupo, além de criações de comissões de meio ambiente e qualidade de vida na escola.

2.2 Meio ambiente e a sociedade

            Para trabalhar a questão ambiental em sala de aula o professor deverá se valer das principais ideias relacionadas ao meio ambiente. A abordagem deve ser reflexiva em relação: a diversidade cultural e ambiental; trabalhar os limites da ação humana em termos quantitativos e qualitativos; as características do ambiente ou da paisagem regional em que vivem seus alunos; relações pessoais e culturais dos alunos e da comunidade, trabalhar num processo permanente, ou seja, desde a educação infantil e continuar durante todas fases do ensino fundamental e médio; aproveitar o enfoque interdisciplinar específico de cada área que consiga uma relação global da questão ambiental.

Para Jacobi (2006), é necessário promover o crescimento da consciência ambiental, possibilitando toda a comunidade a participar no processo decisório, questionando o poder público na implantação de políticas com foco na sustentabilidade e objetivos em diminuir os impactos ambientais.

Segundo relatos de Silva (2011) vários movimentos ambientalistas buscavam defender o melhor uso dos recursos naturais e dos espaços onde o homem vive, também foi expressa nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para demonstrar e definir a Educação Ambiental:

Por ocasião da Conferência Internacional Rio/92, cidadãos representando instituições de mais de 170 países assinaram tratados nos quais se reconhece o papel central da educação para a construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado, o que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário. E é isso o que se espera da Educação Ambiental no Brasil, que foi assumida como obrigação nacional pela Constituição promulgada em 1988 (BRASIL, 1997, p. 22).

             Silva (2011) também relata que os PCNs justificam o uso da palavra sustentabilidade:

Optou-se pelo termo “sustentabilidade”, pois muitos consideram a ideia de desenvolvimento sustentável ambígua, permitindo interpretações contraditórias. Desenvolvimento é uma noção associada à modernização das sociedades no interior do modelo industrial. Um dos aspectos mais relevantes para a compreensão da discussão diz respeito a uma característica fundamental dessa ideia de desenvolvimento: a busca da expansão constante e, de certo modo, ilimitada. Neste sentido, a necessidade de garantir o desenvolvimento sustentável, consenso nos pactos internacionais, é uma meta praticamente inatingível numa sociedade organizada sob esse modelo de produção (BRASIL, 1997, p.177).

           Segundo Silva (2001) para fazer dos temas ambientais mais presentes nas salas de aula, a Educação Ambiental foi inserida no currículo escolar, como tema transversal.  De acordo com os PCNs:

A preocupação em relacionar a educação com a vida do aluno – em seu meio, sua comunidade – não é novidade. Ela vem crescendo especialmente desde a década de 60 no Brasil. (...) Porém, a partir da década de 70, com o crescimento dos movimentos ambientalistas, passou-se a adotar explicitamente a expressão “Educação Ambiental” para qualificar iniciativas de universidades, escolas, instituições governamentais e não governamentais por meio das quais se busca conscientizar setores da sociedade para as questões ambientais. Um importante passo foi dado com a Constituição de 1988, quando a Educação Ambiental se tornou exigência a ser garantida pelos governos federal, estaduais e municipais (artigo 225, § 1º, VI) (BRASIL, 1998, p.181).

            A escola dever ser entendida como uma instância social capaz de contribuir na orientação e promoção da sustentabilidade, através de monitoramento, tomada de decisão, avaliação e redimensionamento de ações de Educação Ambiental. Para os PCN (BRASIL, 1997, p. 31), “trata-se de um princípio ético que reflete o dever de nos preocuparmos com as outras pessoas e outras formas de vida, agora e no futuro”.

            A temática ambiental no dia a dia escolar deve considerar as oportunidades para que o aluno compreenda melhor o ambiente em que se encontra para que ocorra aprendizagens a partir da percepção dos alunos: observando as características do meio ambiente e identificando a existência de ciclos e lixo na natureza, contribuindo para a conservação e a manutenção do ambiente onde vivem.

            Com essas ações espera-se que os alunos sejam capazes de observar diferentes formas de vida e organização, a existência de processos de transformação da vida, processos de renovação dos ciclos dos recursos naturais e reciclagem de nutrientes.  Espera-se que o aluno participe de atividades cotidianas de cuidado e respeito aos ambientes coletivos, como jogar lixo no cesto e não no chão, utilizar o banheiro de modo a mantê-lo limpo, manter a organização e valorizar os aspectos estéticos nas dependências da escola, utilizar lixeiras específicas para cada tipo de material e participar, individualmente ou coletivamente de atividades que envolvam tomadas de posição diante de decisões relacionadas ao meio ambiente. O aluno também poderá participar de pequenos projetos que promovam a tomada de decisão relacionada ao meio ambiente, como por exemplo a coleta seletiva do lixo de seu bairro,  a reciclagem do óleo de cozinha, o uso incorreto de detergentes, ou seja, cabe ao professor diversificar sua aula e torna-la atrativa para que os alunos se sintam envolvidos com a Educação Ambiental.

O professor e o aluno devem buscar estabelecer relações entre o ambiente construído, suas diferentes formas de produção humana e as modificações que ocorreram no ambiente natural consequência do crescimento urbano desordenado, sugerir e também receberem sugestões relacionadas a atitudes positivas que possivelmente colaborem com a melhoria da qualidade de vida e consequentemente melhoram o meio ambiente. Cabe ao professor trabalhar com exemplos próximos da realidade de seus alunos e deixe de lado exemplos ou situações distantes de suas realidades e volte para o espaço vivenciado por seus alunos e seu cotidiano.  

             Pontalti (2005 apud SILVA, 2011, p.49):

A escola é o espaço de social onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização, iniciado em casa, com seus familiares. Assim fica clara a importância da escola no processo de formação, tanto social quanto ambiental, dos seus alunos.

 Segundo relatos de Andrade (2000 apud SILVA, 2011, p.51):

A efetiva implementação de uma proposta ambiental na escola, fica claro que posicionamo-nos por um processo de implementação que não seja hierárquico, agressivo, competitivo e exclusivista, mas que seja levado adiante fundamentado pela cooperação, participação e pela geração de autonomia dos atores envolvidos.

                  A educação ambiental tem se mostrado uma tarefa difícil, porque ainda existem vários fatores que dificultam as escolas a incorporar de forma homogênea por todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. As principais dificuldades vão desde a sensibilização e formação, na implantação de atividades e projetos e, principalmente na manutenção destas ações já existentes.

Andrade (2000 apud SILVA, 201, p.51) relata:

Fatores como o tamanho da escola, número de alunos e de professores, preocupação destes professores em passar por um processo de treinamento, vontade da diretoria de realmente implementar um projeto ambiental que vá alterar a rotina da escola, etc., além de fatores resultantes da integração dos acima citados e ainda outros, podem servir como obstáculos à implementação da Educação Ambiental.

São vários os fatores que dificultam atividades que envolvem a Educação Ambiental, mas por toda a mudança de paradigmas que exige uma contínua reflexão e apropriação dos valores que remetem a ela, as dificuldades enfrentadas assumem características ainda mais contundentes. A Educação Ambiental dever ser inserida na perspectiva de se buscar alternativas que promovam uma continua reflexão que culmine na mudança de mentalidade, pois somente dessa forma que se conseguirá implementar nos alunos e na comunidade escolar a verdadeira Educação Ambiental.

Por fim, a Educação Ambiental deve ser promovida ativamente transformando simples ações em aprendizagens a todo momento e em qualquer disciplina que se trabalhe.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Ambiental deve contribuir para que os alunos sejam capazes de analisar, conhecer e compreender, de modo integralizado e sistêmico, as noções básicas relacionadas a problemática que envolve as questões do meio ambiente.

Educadores e comunidade escolar devem se ocupar de adotar medidas e posturas na escola, em casa e na sociedade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis, desenvolvendo novos valores éticos, culturais, sociais e econômicos para uma mudança de comportamentos, sentimentos e atitudes reorientando novos estilos de consumo e relações com a nossa verdadeira felicidade.

O mais importante deste trabalho é a mostrar a real importância da Educação Ambiental para a comunidade escolar, possibilitando o desenvolvimento de procedimentos e valores básicos para o exercício pleno da cidadania sustentável e consciente de seus atos. A Educação Ambiental poderá contribuir e muito para a formação de milhares de pequenos brasileiros e para a construção de inúmeros espaços educadores sustentáveis.

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[1] Especialista em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis pela Universidade Federal e São Paulo. Docente da Rede Estadual de Ensino de São Paulo.

[2] Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Especialista em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Docente do Centro Universitário Barão de Mauá; Tutor na Faculdade de Educação São Luís e Professor Coordenador na Rede Estadual de Ensino de São Paulo.

Cintia BAROLDI[1]

Mario Marcos LOPES[2]

 

RESUMO: A escola é o espaço onde aprender é compreender, é transformar e agir, local de se estabelecer relações significativas entre o novo e o que já se sabe, levando em conta o afetivo e o social; por meio da educação ambiental a escola sustentável prepara o aluno para o exercício da cidadania, por meio da participação individual e coletiva, levando em conta os processos socioeconômicos, políticos, culturais e ambientais. A necessidade de abordar este tema é de fundamental importância para a formação de alunos conscientes de suas ações perante o meio ambiente. Assim, a escola se transforma em um espaço de construção de transformadores sociais. Diante disso, o objetivo central deste artigo é discutir as mudanças e articulações que privilegiem as práticas educativas do conhecimento e transformação de variadas formas de pensar e agir em relação a mudanças de hábitos e costumes benéficos para o meio ambiente. A busca por boas práticas de educação ambiental deve ser frequente pelos educadores, resta esclarecer que estas práticas não podem ser instantâneas, determinando um período específico para o seu desenvolvimento, mas devem ser inseridas e praticadas nas diferentes formas de trabalho na rotina escolar e por toda a comunidade escolar.

 

PALAVRAS-CHAVE: Meio ambiente. Sustentabilidade. Educação ambiental.

 

1 INTRODUÇÃO

 

A educação ambiental deve ser trabalhada de forma reflexiva ao construir uma prática entre professores e alunos com o objetivo de reconhecer a qualidade de vida através de aulas planejadas e vivenciadas; despertando no aluno o princípio do consumo consciente sobre os recursos naturais, explorando técnicas eficazes que podem induzir o aluno a evitar desperdícios e consumismos. Desse modo, a escola torna-se o espaço educador, indispensável para a formação tanto social quanto ambiental, dos seus alunos. 

A educação ambiental deve atender todos os que compõem os meios sociais, culturais, raciais e econômicos que se preocupam com a sustentabilidade socioambiental.

A educação ambiental interage com outras dimensões da educação contemporânea devido as suas características multidimensionais e interdisciplinares.

O aluno deverá ser estimulado a tomar decisões de grande importância para se tornar um cidadão sustentável e eticamente correto ao se tratar de questões ambientais. A inserção da Educação Ambiental tem como principal objetivo se transformar em atividades rotineiras e se tornar o foco principal de toda e qualquer atividade acerca da questão ambiental que esteja inserida no contexto do conteúdo que está sendo desenvolvido.

O contexto da atual realidade e necessidade de abordar o tema da complexidade ambiental decorre da percepção sobre o incipiente processo de reflexão acerca das práticas existentes e das múltiplas possibilidades de, ao pensar a realidade de modo complexo, defini-la como uma nova racionalidade e um espaço onde se articulam natureza, técnica e cultura.

Para Bernardi (2006) para a formação da mentalidade pró-sustentabilidade é necessário a compreensão do significado da crise socioambiental, e de como enfrentá-la, criando mecanismos, entre eles, institucionais, sociais e tecnológicos para estimular responsabilidade com os bens coletivos. Resultados positivos com trabalhos em escolas sobre a Educação Ambiental, se constitui na realização das seguintes etapas: a sensibilização, a informação, o exemplo e o incentivo.

A leitura dos artigos incentivou a pesquisar e coletar informações sobre as reais necessidades de se implantar a Educação Ambiental na escola, tendo como objetivo central debater as mudanças e articulações que privilegiem as práticas educativas do conhecimento e transformação de variadas formas de pensar e agir em relação a mudanças de hábitos e costumes benéficos para o meio ambiente. A metologia utilizada neste artigo foi pesquisa bibliográfica.  A revisão de literatura foi realizada através de livros e artigos científicos indexados sobre o tema proposto. Os artigos foram pesquisados nos portais Google acadêmico, Scielo e sites de instituições de referência entre outras. Foram selecionados os trabalhos que mencionassem preferencialmente os desafios relacionados a Educação Ambiental e a comunidade escolar de forma a embasar a sua importância.

A pesquisa foi realizada a partir dos seguintes descritores: Trajetória da Educação Ambiental, Educação Ambiental, questões ambientais, aspectos ambientais, projetos com enfoque ambiental nas escolas.

 

2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA TRAJETÓRIA

 

A crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável segundo relato de Jacobi (2003), representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades. A realidade atual exige que as práticas educacionais desenvolvam ações práticas e coletivas que criem identidades e valores diante de uma percepção de risco que valorize a reapropriação da natureza.

Segundo Jacobi (2003), cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para um novo tipo de desenvolvimento - o sustentável. Como já sabemos o professor exerce sua função com o objetivo de ensinar, mas neste caso o professor exercerá a função de mediador da educação ambiental através de ações como instrumento de desenvolvimento de uma prática social centrada na sustentabilidade.

Envolver a Educação Ambiental nas aulas é repensar uma realidade que necessita de reflexão baseada na inter-relação dos saberes e práticas coletivas que buscam o desenvolvimento sustentável e também representa a possibilidade de garantir mudanças significativas e sociopolíticas que não comprometam os ecossistemas e os ambientes sociais das comunidades. A questão ambiental necessita de um envolvimento dos diversos atores do universo educativo orientados em trabalhar o conhecimento relacionado com a orientação e capacitação profissional, a formação e a preparação da comunidade escolar, principalmente dos educadores numa perspectiva multidisciplinar para alcançar novas posturas em relação ao meio ambiente.

De acordo com Aurea (2001), a aquisição de conhecimentos sobre Educação Ambiental sensibiliza a comunidade oferecendo significado, por exemplo, a aquisição d

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