31/03/2021
A Dualidade da Educação
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Pode-se afirmar que a educação é uma ação intencional e transformadora, todavia existe neste processo educativo como também no sistema de educação, uma dualidade intrínseca na mesma, já que tal dualidade é representada segundo Campello em seu artigo Dualidade Educacional, publicado no Dicionário da Educação Profissional em Saúde, pela fragmentação da escola que norteiam caminhos diferenciados de acordo com a classe social e estilo de educação (pública e privada), o que definirão os educandos sob prismas antagonistas, sendo que de um lado formarão os exploradores representados por uma elite minoritária mas cujo poder é avassalador e por outro a exploração representada por uma massa que embora tenha alguns com diplomas de segundo e até mesmo nível superior, a sua maioria no geral é formada por analfabetos funcionais.
Para a autora, a dualidade da educação é perceptível quando se analisa os dois tipos de escolas que são para formação de elite e para a formação de proletariado. Como afirmado anteriormente, a que concebe e controla o processo de trabalho e a executa, sendo que esta última é representada pelas escolas públicas que hoje tem aproximadamente 2/3 da educação básica concentrada na rede municipal.
Apesar da maior concentração ser na educação básica conforme demonstrado pelo senso escolar, Campello elucida através das falas de Frigotto, Ciavatta e Ramos, que o dualismo tem a sua maior incidência no ensino médio, já que neste tipo de ensino evidenciando a contradição entre capital e trabalho, o que é expressa no falso dilema da sua identidade, destinando-se assim à formação propedêutica ou à preparação para o trabalho que na sua maioria das vezes equivale a uma mera mão de obra, ou seja, não precisa muito do capital intelectual.
Libâneo em seu artigo intitulado O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres é enfático ao resumir que a dualidade da educação pública brasileira se caracteriza como uma escola do conhecimento para os ricos e como uma escola do acolhimento social para os pobres.
Assim sendo, o autor é enfático quando elucida que isso se trata de uma perversidade, pois fomenta, reproduz e mantém as desigualdades sociais.
Lopes, Bortoloto e Almeida, no artigo Ensino Médio: trajetória histórica e a dualidade educacional presente nas diferentes reformas, publicado pela Perspectiva em 2016, ressaltam que a dualidade é um fator histórico que marca a dicotomia intermediária entre a continuidade do serviço ou a formação para o trabalho.
Para os autores, o capitalismo é um fator que impossibilita o rompimento deste dualismo, já que neste sistema há uma demanda por maior engajamento da classe trabalhadora não pensante, o que dá mais força a diferença de classes.
Cabe a nós educadores, minimizar esta dualidade, usando as falas de Libâneo supracitado, fazendo com que nossos educandos de escolas públicas possam ter uma maior contextualização e integração visando assim o desenvolvimento das individualidades capazes de pensamento crítico e autonomia intelectual, levando-os a um protagonismo cognoscente.