A DISCISCIPLINARIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Marielia Castelli da Costa
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Jackeline Souza Domingos
Licenciatura em Educação Especial. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Beatriz Oliveira dos Santos
Licenciatura em Educação Especial. Especialista em Educação infantil, anos iniciais e Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Catia Janine Nilsson
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Laura Rejane do Nascimento Pereira
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Educação infantil, anos iniciais e Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
O processo de “disciplinarização” pelo qual passou o conhecimento científico é produto das relações humanas e sociais, resultado das práticas sociais, que evoluíram substancialmente das interpretações empíricas da realidade. Tais descobertas decorrem especialmente da produção científica e analítica cartesiana. Pois, segundo Capra (2014), a grande ênfase percebida no método analítico de Descartes possibilitou a especificação do conhecimento, fazendo surgir áreas de conhecimento, e por consequência, as “disciplinas”.
A divisão promovida pela lógica cartesiana evidencia a perspectiva reducionista do conhecimento, uma vez que esta lógica de organização é insuficiente para conseguir compreender todos os fenômenos e suas múltiplas dimensões complexas da atualidade. No entanto, foi a partir deste século que o processo de diferenciação entre conhecimento filosófico e científico (formação de disciplinas) se mostrou cada vez mais intenso, tanto do ponto de vista epistemológico, quanto institucional (RODRIGUES, 2007).
Muitos fatores podem ser mencionados para justificar estes desdobramentos, não limitando somente a este, mas talvez a um dos mais relevantes, Rodrigues (2007, p. 24), menciona que “[...] tal processo teve influencia da concepção ocidental racionalista, empirista e experimental de conhecimento, na qual práticas metódicas de análises e sínteses se constituíram em axiomas centrais”, para promover mudanças na forma como o conhecimento seria tratado nos anos seguintes, entretanto, não se considerou o avanço eminente da sociedade, das exigências decorrentes do igual avanço da humanidade.
Segundo Wallerstein (1996), com efeito, o surgimento de inúmeras disciplinas, ora específicas, ora desdobramentos de si próprias foi abrindo-se em um grande leque epistemológico, teórico e metodológico, dividindo a ciência de forma tal, a surgir, em um dos extremos – a matemática (não experimental) e as ciências naturais (experimental); no outro extremo, as humanidades – literaturas e as artes. No centro, estavam os estudos da realidade social, a história e as ciências sociais.
É importante considerar que o processo de “disciplinarização” do conhecimento é um fato relativamente recente, pois se observarmos a consolidação dos fragmentos do saber em disciplinas, percebemos que muitas delas se consolidaram somente no fim da primeira metade do século XX. O que nos traz à luz da discussão o surgimento da ideia de interdisciplinaridade. A emergência do conceito “interdisciplinaridade” vem apontando grandes mudanças de ordem epistemológica e institucional, ao que considera a produção de conhecimento. Assim, a lógica interdisciplinar se fundamenta no esforço contínuo em compreender a realidade de forma integrada no qual “[...] o [atual] processo de “instabilização” tanto epistemológico como institucional do conhecimento, decorre do próprio desenvolvimento da ciência” (RODRIGUES, 2007, p. 37).
A atual dinâmica da organização política e social da humanidade exigiu e está exigindo uma nova visão acerca da aplicação do conhecimento; e isto tem anunciado a exaustão da episteme cartesiana, ao mesmo passo que mostra a necessidade emergente da compreensão de um novo paradigma educacional frente às mudanças educativas contemporâneas. O paradigma da complexidade.