07/12/2017

A difícil escolha de ser escritor no Brasil

Mercado editorial do país sofre com o desinteresse na leitura, 44% da população não possui o hábito de ler

 

A estatística preocupa. De acordo com a Pesquisa Retratos da Leitura, 30% dos brasileiros nunca comprou um livro, e 44% da população não tem o hábito da leitura dentro do seu cotidiano. Os dados relacionados à educação preocupam, e como manter a produção literária sem o consumo de livros enraizado na cultura da população?

A pesquisa, desenvolvida em sua 4° edição em seminário em São Paulo, foi realizada pelo Ibope através do Instituto Pró-Livro, entidade relacionada ao Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pela Associação Brasileira de Livros Escolares (Abrelivros). Por uma análise de 5.012 pessoas, com ou sem níveis de alfabetização, a pesquisa considerou leitor quem leu, inteiro ou até em partes, pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses. O não-leitor, quem não leu nenhum livro ou sequer parte no mesmo período de tempo.

O baixo nível de consumo literário preocupa a produção do mercado no ramo no país. Sem o incentivo do hábito de leitura e da compra de livros, sejam brasileiros ou não, a produção fica cada vez mais sem ter um destino, e dessa forma, sem conseguir lucro.

Os dados estão relacionados não apenas à falta de leitura no país, como também refletem o grave problema educacional brasileiro. Não existe uma “cultura” de leitura. Poucas pessoas leem livros de forma não-obrigatória, algumas nunca mesmo entraram em uma biblioteca, que dirá então uma leitura despreocupada, para se inserir no mundo e buscar conhecimentos diversos.

De acordo com um estudo realizado pela agência NOP World para medir hábitos de leitura em 30 países, o Brasil ficou em 27° lugar no ranking de consumo. A pesquisa revelou que o brasileiro gasta apenas 5 horas e 12 minutos por semana para a leitura de livros. O país que ocupou a primeira posição foi a Índia, com uma média de 10 horas e 42 minutos.

O Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) publicou uma pesquisa curiosa, e ao mesmo tempo, reveladora. R$ 25,18 milhões de reais, capital financeiro que está movimentando o setor literário no país, vem de uma editoria específica: livros de colorir. A febre do momento, os livros apresentam figuras e estampas para serem pintadas, e de fato, não apresenta nenhuma ligação com o campo literário das linguagens.

Somado a isso, a era da internet ocupa cada vez mais espaço; as pessoas estão disponibilizando tempo menos com literatura (seja física e digital) e cada vez mais com redes sociais e associados. O Brasil ocupa, então, a 9° colocação da pesquisa da agência NOP World sobre o consumo de internet. O brasileiro gasta, em média, 10 horas e 30 minutos navegando pela rede.

Com um baixo consumo de livros, e por conseguinte, uma baixa venda, como escritores conseguem se manter? Profissionais com formação, como a faculdade de letras, precisam, muitas vezes, apostar em carreiras paralelas para manter a renda.

É preciso investir não apenas na produção literária, como também em leitura. Segundo o presidente do Instituto Pró-Livro (IPL) Marcos da Veiga Pereira, pela Agência Brasil, existe a necessidade da inserção literária dentro das escolas, desde o ensino básico. “Na escola, você tem que ter um investimento no professor, na biblioteca escolar e no mediador de leitura. A gente precisa trazer esses programas, como o convívio com os autores”. De acordo com ele, é importante desenvolver uma perspectiva de construção dos hábitos literários junto com entidades do setor privado, organizações não-governamentais e o Poder Público.

 

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