17/02/2019

A CUMPLICIDADE ENTRE PROFESSOR E ALUNO NA APRENDIZAGEM: UMA POSSIBILIDADE DE SUCESSO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

A CUMPLICIDADE ENTRE PROFESSOR E ALUNO NA APRENDIZAGEM: UMA POSSIBILIDADE DE SUCESSO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM


Loane Alves Ferreira[1]

Antônio Gomes[2]

Edione Teixeira de Carvalho[3]

José Olímpio dos Santos [4]

 

RESUMO: O presente trabalho intitulado “a cumplicidade entre professor e aluno na aprendizagem: uma possibilidade de sucesso no processo de ensino”, é de natureza qualitativa e metodologicamente se procedeu da observação do trabalho docente in loco. O mesmo perpassa pelo processo da triangulação, visando compreender algumas características importantes entre a relação professor aluno no processo de ensino-aprendizagem. A mesma tem como objetivo propor uma reavaliação da prática pedagógica do professor, mediada pela diferença entre a qualidade da aula e a quantidade de informações repassadas ao aluno. Ao observar que a dificuldade de aprendizagem existe desde que surgiu o ensino, que para grande parte dos alunos apresentam desde a pré-escola e perduram nas séries finais. Nesse sentido salienta-se sobre a importância de conhecer as dificuldades inerentes ao processo de ensino- aprendizagem, que são apresentadas pelos alunos nas séries iniciais, tendo-as como primordial ao professor, possibilitando-o compreendê-las visando assim saná-las proporcionando aos alunos uma aprendizagem mais prazerosa e eficaz.

Palavras- Chave: Respeito. Amor. Dificuldades. Superação.

 

ABSTRACT: The present work entitled "the complicity between teacher and student in learning: a possibility of success in the teaching process", is of a qualitative and methodological nature, proceeding from the observation of the teaching work in loco. The same goes through the process of triangulation, aiming to understand some important characteristics between the student teacher relationships in the teaching-learning process. It aims to propose a reassessment of the pedagogical practice of the teacher, mediated by the difference between the quality of the class and the amount of information passed on to the student. Noting that the difficulty of learning has existed since the emergence of teaching, which for most of the students present from the preschool and last in the final grades. In this sense, it is important to know the difficulties inherent to the teaching-learning process, which are presented by the students in the initial grades, taking them as the primary teacher, enabling them to understand them in order to remedy them by providing students a more enjoyable and effective learning.

 

 

Key Words: Respect. Love. Difficulties. Overcoming.

 

1 ALGUMAS OBSERVAÇÕES PERTINENTES SOBRE O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: DUETO FUNDAMENTAL PARA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

 

Há uma grande lacuna de aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental em consequência do número de alunos com dificuldade em aprendizagem, influenciando o seu futuro desenvolvimento cognitivo, acadêmico e social. Com isso, constata-se que tal dificuldade de aprendizagem tem sido constante e se tornado um problema preocupante nos dias atuais.

Nisto, de acordo com a psicologia da aprendizagem, conhecer os limites do outro é a forma mais carinhosa e eficaz de possibilitar um alfabetizar significativo.

Assim, a aprendizagem acontece de acordo com as experiências vividas entre o doador e o receptor.

Ao longo da convivência e das manifestações de interesse vão surgindo às formas viáveis para a aprendizagem, o desdobramento para o conhecimento, (Freire, 1986), evitando o fracasso escolar.

Aqui o fracasso escolar, mais especificamente a dificuldade na elaboração da leitura e da escrita, tem preocupado tanto aos educadores, pesquisadores quanto aos pais/responsáveis. Apesar das inúmeras discussões, se constata, por meio de pesquisas (Shimazaki, 2006) que grande parte dos alunos que estudam na segunda e terceira séries do ensino básico e/ou no I Ciclo de formação, precisamente na II Fase, não elaboraram a leitura e escrita de forma eficiente.

Neste processo muito desses alunos que apresentam dificuldades de aprendizagens são encaminhados para as salas de projetos e/ou de recursos multifuncionais, apesar de não apresentar vestígios de deficiência ou distúrbio de aprendizagem, e na maioria das vezes estes alunos são atendidos por profissionais que tem pouca ou nenhuma formação que possa contribuir para o desenvolvimento desses alunos. E também se deparam com salas que não dispõem de materiais e/ou equipamentos que possibilitem uma aprendizagem significativa, e com isso acabam por contribuir infimamente para o desenvolvimento dos alunos.

De certa forma, acredita-se que a relação professor x aluno não se dá instantaneamente, ela vai sendo construída cotidianamente e estabelecendo um certo grau de confiança. E aos poucos, a criança percebe a necessidade em buscar no professor seu porto seguro. Pois entre ambos prevalecem o respeito e a confiança.

Com relação ao professor, detectar e respeitar as diferenças de aprendizagem individual dos alunos contribui para uma relação de amizade e cumplicidade nas demandas do cotidiano escolar. Isto deve ser diagnosticado já no início do ano letivo, momento propicio de perceber as possíveis dificuldades da classe.

Assim, todo início de ano letivo sempre é uma incógnita, professores e alunos estão ansiosos por se conhecerem e dar início a trilha que os levará ao conhecimento entre si mesmos, e da classe, bem como a respeito dos conteúdos a serem trabalhados, mas somente o tempo e a boa convivência tomará conta disto com sucesso.

 

 

2      OBJETIVOS:

2.1 Geral

Investigar à luz das teorias como se constrói a relação professor/aluno e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem, bem como propor uma reavaliação da prática pedagógica, mediada pela diferença entre a qualidade da aula e a quantidade de informações transmitidas para os alunos.

 

2.2  Objetivos específicos:

 

ü  Identificar algumas características entre a relação professor aluno no processo e suas implicações no ensino-aprendizagem;

ü  Analisar a origem das principais dificuldades de ensino- aprendizagem apresentadas pelos alunos do 2º ano/II Fase do I Ciclo; 

ü  Possibilitar uma reavaliação da prática docente com vistas a compreender a diferença entre a qualidade da aula planejada e a quantidade de informações transmitida ao aluno.

 

3 METODOLOGIA

 

Esta é uma pesquisa de natureza qualitativa que foi desenvolvida em uma escola municipal da zona rural em Pontes e Lacerda-MT, numa turma de 2º ano do Ensino Fundamental, ou seja, II Fase do I Ciclo, em que partiu-se da observação da prática docente de uma professora, onde primou por observar algumas características importantes entre a relação professor aluno no processo de ensino-aprendizagem, que implicam na dificuldade de aprendizagem.

Nesse sentido salienta-se a importância de conhecer tais dificuldades do processo de ensino- aprendizagem, visando possibilitar compreendê-las no intuito de saná-las, proporcionando aos alunos uma aprendizagem mais prazerosa e eficaz.

Além da observação, primou-se pela pesquisa bibliográfica, onde foram encontrados suportes necessário para a realização desse trabalho. Entre os caminhos percorridos, para tal desenvolvimento, está o processo de triangulação na visão de Triviños, (2015) Günther (2006), Denzin e Lincoln (2006), bem como Bauer e Gaskell (2012).

 

 

4 O PROCESSO DE MEDIAÇÃO NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO CONTEXTO SALA DE AULA: UMA REFLEXÃO À LUZ DAS TEORIAS

 

Este trabalho foi desenvolvido após observar alunos do 2ºano do ensino fundamental I, ou seja, II Fase do I Ciclo de ensino-aprendizagem. Nisto evidencia-se que os alunos chegam à escola com muitos anseios e expectativas em relação à postura do professor que irá recebê-lo; com isto a criança cria uma imagem de seu futuro professor, até mesmo bem antes das aulas iniciarem.

Dentro desse imaginário, o aluno se auto indaga, projetando um professor perfeito.  Ele, de antemão, visa saber no seu imaginário que tipo de professor ou professora irá encontrar, se esse profissional será ou não bonzinho ou bravo e assim por diante.

Com essa imaginação fértil ao adentrar na escola, pouco a pouco seus sonhos e anseios vão sendo esclarecidos pela recepção a ele dedicada, então já consegue formar certo conceito do seu professor.

Enquanto isto, do outro lado, está o professor a receber os alunos, assim também a imaginar como serão durante o ano letivo, e assim a socialização vai respondendo a um e ao outro alguma das muitas perguntas guardadas que até então jamais foram ou serão pronunciadas. Logo, esse imaginário já se torna real e consequentemente o tempo possibilita o seu desencante.

Mesmo desencantados, mas animados com os materiais recém-adquiridos e ansiosos em saber o que vão aprender; ainda curiosos e muitas vezes preocupados em conhecer novas turmas e professores, estes se dividem em dois ou mais grupos, um dos mais chegados ao professor, outro dos que se ausentam totalmente, e por último o grupo tanto faz, dos desinteressados que só farão as atividades na base das ameaças.

Eis aí, portanto um momento bastante esperado por uns em detrimento de outros. Enquanto para uns as expectativas serão superadas, para outros, não farão diferença durante o ano letivo.

Nessa perspectiva, a atuação externa, isto é, o ensino, deve ser realizado pelo professor através de uma concepção construtivista, Piaget (1986), ou seja, uma proposta de ensino que visa ajudar no processo de ensino-aprendizagem.

Observa-se assim que o construtivismo possibilita o desenvolvimento necessário nas questões inerentes à cognição, porque sem ela é altamente improvável que os alunos cheguem a aprender da maneira mais significativa possível, e para que tal proposta surta os devidos efeitos, devem ser consideradas a realidade respeitando a ordem dos acontecimentos, bem como se atentar para a importância da diversidade.

Tais fatores são indispensáveis, tanto ao desenvolvimento pessoal quanto à sua capacidade de compreensão da realidade, bem como de atuação nela, sendo que a escola tem a responsabilidade social de transmitir o conhecimento de forma sistematizada e científica.

 Mesmo com essa incumbência, ela jamais deve se eximir de ajuda, de despertar nos alunos sentimentos humanos, carregados de significados, porque o ensino não deve substituir a atividade mental construtiva do aluno nem ocupar seu lugar na esfera social humanitária (COLL, 1998).

Desenvolvimento esse que requer uma elaboração de plano de ensino com definições e objetivos, dada sua seriedade, sobretudo numa ampliação do conceito de aprendizagem, pois aprender é algo mais que simples memorização de informações.

Deste modo o trabalho realizado apresenta uma visão construtivista, em que o aluno deve ser visto como sujeito principal do processo de ensino-aprendizagem, enquanto que cabe ao professor a função de mediador (CHARLOT, 2013).

Neste contexto, aspira-se a possibilidade do aprendizado se tornar mais proveitoso quando professor e aluno mantêm um bom relacionamento. Durante este processo ensinagem/aprendizagem há trocas de informações e de experiências que são valiosíssimas para a interação dos envolvidos, tornando as atividades mais empolgantes e menos cansativas (Pimenta e Anastasiou, 2014).

De acordo com os conceitos de Freire (1986), nota-se uma grande valorização ao referir-se nesse tema, sobre a importância do diálogo como instrumento na constituição dos sujeitos. Ainda para este autor, esta prática só é possível se os envolvidos no sistema acreditarem no poder do diálogo para melhorar a relação entre os seres humanos.

Para compreender melhor essa prática dialógica, Freire (2006) versa que:

 

 [...], o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE, 2006, p. 91).

 

 

Sendo assim, podemos compreender de fato que as ideias servem para engrandecer o conhecimento já adquirido, aumentar o campo de alternativas e para ser proveitoso é preciso ser recíproco entre professor e aluno, não basta o professor querer fazer prevalecer somente suas ideias ele deve se permitir ouvir o que o aluno tem a dizer.

Nesse sentido um fator que contribui para a falta de estímulo é a falta de diálogo. Nessa perspectiva, faz-se necessário haver reciprocidade entre os diálogos para então haver aprendizagem de forma que haja respeito quanto ao fato da dialética no contexto educacional. Pois a dialética é importante sempre que estarmos em contato com o outro e na dialógica o insubstituível poder da troca de experiências.

De acordo com Bettega (2010); Tardif (2012) e Hall (2015), nos últimos anos o número de alunos com dificuldades de aprendizagem teve um aumento considerável. Contudo, vale ressaltar a existência de um conjunto de fatores que contribuem para esse crescimento, dentre eles a incompreensão do conceito por parte dos profissionais e também dos pais/responsáveis devido essa era globalizada e globalizante, a formação exígua dos professores, ou seja, a falta de formação e com ela a falta de habilidade para trabalhar com a dificuldade de aprendizagem.

Por mais que a Pedagogia seja considerada a ciência da educação, durante muitos séculos ela levou em conta somente uma parte do ser humano: o sujeito epistêmico, que se dedica somente ao conhecimento, baseando-se nas capacidades ou habilidades que o indivíduo tem para conhecer (PAIN, 1992).

 Essa pedagogia não levava em conta que o indivíduo tem, ao mesmo tempo, uma história, algo que o diferencia dos outros indivíduos, fatores que constitui a sua singularidade.

Nessa visão a autora ora mencionada, salienta que no ambiente escolar se faz necessário o reconhecimento de cada aluno com a sua subjetividade, com o seu modo de aprender a aprender, ou seja, considerar que ele é um ser humano único em desenvolvimento e com isso, para que haja o devido desenvolvimento, este ao ser ensinado, deve ser respeitado na sua diversidade e singularidade.

Nesse ínterim Imbernón (2017) coaduna com Charlot, (2013) ao referendar sobre o ensino, em que salientam que ensinar é um processo que envolve indivíduos num diálogo constante, propiciando recursos temporais, materiais e informacionais para que se desenvolva a autoaprendizagem e a aprendizagem com os outros ou a partir de outros (STOKROCKI, 2003).

 E nessa dimensão, há ainda uns que comentam que ensinar é algo fácil. Ledo engano ao pensar dessa forma, pois o ato de ensinar, nunca foi e tampouco será fácil, pois isto é ação humana, que envolve pessoas, e ainda nos últimos tempos, devido às mudanças na sociedade, tal ação tem se tornado ainda mais difícil.

Nisto se constata que deve ir além de transmitir conhecimentos, obedecendo a determinadas metodologias, cumprindo os currículos de disciplinas estanques ou inter-relacionadas e contemplando determinados assuntos.  Pois o ato de ensinar consiste em fazer com que os alunos se comprometem num questionamento dialético de princípios fundamentais, além de desenvolverem estratégias de discussão de verdades estabelecidas.

 É fazer com que analisem argumentos pró e contra, buscando a validação e/ou a contestação de hipóteses e crenças, com que estabeleçam novas hipóteses e novas crenças fundamentadas por pesquisa e reflexões sérias (CHARLOT, 2013).

Para o autor supracitado, esse comprometimento não pode se dar apenas no âmbito individual, mas também coletivo. Certo que para possibilitar um trabalho de qualidade na docência, os professores precisam estar em constante aperfeiçoamento no intuito de redimensionar e/ou ampliar o conhecimento, com vistas a análise do cotidiano, de questionamento da prática individual e coletiva.

Com isso, tais profissionais devem estar sempre em alerta às constantes transformações que ocorrem no mundo para além das paredes da escola. Esse aperfeiçoamento e questionamento precisa ocorrer tanto no isolamento individual, quanto em equipes colaborativas que desenhem e realizem projetos conjuntos baseados na prática escolar. Pois nessa era globalizante, não se pode ignorar a tecnologia que já está inserida no cotidiano da sociedade, bem como jamais ignorar que temos uma história individual entrelaçada a uma história social e cultural.

Nessa dimensão na sala de aula, professores e alunos partilham e compartilham as espacialidades propostas ao conhecimento, mas a forma da ocupação cria especificidade, não bastando estar na sala e não fazer dela a sala de aula de aprendizagem, em que prevaleça troca de ideias e experiências pedagógicas.

 Ao mesmo tempo a sala de aula pode ser no espaço aberto, dentro ou fora da escola e o comprometimento com a aprendizagem se tornará maior e possivelmente eficaz.

Nisto, a escola tem a função de receber o aluno e colaborar para que ele saia pedagogicamente bem melhor do que entrou. Taille (2003) define afetividade como uma fase do desenvolvimento das pessoas. Para o autor, a afetividade diferencia a vida racional.

Por espaço de aprendizagem, o educador necessita refletir, rever seus conceitos, sobre seus métodos e seus velhos paradigmas para despertar em seu aluno a vontade de aprender. Ainda de acordo com Charlot (2013), para que um educador tenha êxito no processo de construção do conhecimento e no estímulo do seu aluno, necessita-se de bem mais do que metodologias modernas e titulações.

Ele enfatiza que o professor precisa ter consciência de que está em suas mãos a possibilidade e responsabilidade de construir o conhecimento do seu aluno, sendo, que cabe ao docente tornar esse momento agradável e prazeroso.

Diante do exposto, entende-se que para termos a educação como fonte transformadora do ser humano e da sociedade é preciso que o professor se coloque como mediador e em contínuo processo de formação e essa não é uma tarefa fácil. Para ver coisas novas é necessário renovar o olhar e desprender-se das antigas ideias (FREIRE, 1996).

Nesse percurso, o professor passa a ser visto como um ser que também deve estar em constante construção no intuito de poder contribuir no processo formativo central do educando, sendo que, ambos devem estar sincronizados com/no processo de formação.

Para tanto, ser professor na atualidade, implica, além de assumir uma profissão, estar sempre em constante busca mediante ao processo de ressignificação, pois nisto se insere o ato de ensinar, o qual culmina com o ato de aprender. Ambos necessitam de um diálogo constante, pois através desse dispositivo acontecem as trocas de informações e automaticamente de conhecimentos. E ao mesmo tempo permite uma aproximação por meio da afetividade.

De acordo com vários estudiosos, educar é permitir aos alunos atos educativos, que possibilitam sanar as dúvidas e ao mesmo tempo saber enfrentar e aceitar o erro. Nisto, o erro passa a ser parte fundamental do/no processo de ensino-aprendizagem, pois ele possibilita uma retomada de decisões diante da proposta pedagógica estabelecida. Assim, possibilita um revisar e alterar posições a partir de argumentação sólida que serão trabalhadas, considerando passo a passo de uma aprendizagem significativa no processo de ensino-aprendizagem (LUCKESI, 2013).

Freinet (2017) corrobora com a premissa de que nessa nova contemporaneidade, há uma grande necessidade da educação escolar retomar seus objetivos como a descentralização da posse dos saberes e sua difusão e a interpenetração da escola com a comunidade, sendo essa a característica da pedagogia, pois com tais procedimentos pode surgir ações positivas em relação às formas de aprendizagens/ensinagens (Pimenta e Anastasiou, 2014), que precisam ser consideradas nas instituições escolares, tendo por base a respeitabilidade curricular (VASCOCELLOS, 2011 e ARROYO, 2013).

Ademais, entende-se a necessidade de desenvolver atitudes que permitam maior conexão com a realidade do aluno, bem como novas técnicas para se lidar com o desconhecido, com o inesperado, almejando ações possíveis.

Com isso, para Morin (2002) e Delors (2018) tais atitudes visam possibilitar aprender a fazer, aprender a aprender, encarar problemas de vários pontos de vista, desenvolver relacionamentos interpessoais (aprender a viver com os outros) e a liberdade de escolha (currículo diversificado).

 É fundamental que se prepare o indivíduo para fazer escolhas apropriadas, para projetar o futuro com tempo suficiente de análise antes da tomada de decisão. A escola e principalmente o professor, faz a ponte para novas atitudes e descobertas do que realmente o aluno quer saber, e isso é importante para que ele não perca a motivação na vontade de aprender.

 

 

5 ANÁLISES E DISCUSSÕES: ALGUMAS PONDERAÇÕES SOBRE O FAZER DOCENTE

 

Diante do exposto, é importante refletir que, para dar um grande passo visando buscar transformações concretas na vivência entre o docente e o discente, se faz necessário muita observação e estudo. Pois a vivência que se dá em sala de aula, no dia a dia das instituições é muitas vezes pautada pelo instinto manipulador.

Nesse sentido, entre o professor e o aluno deve existir uma relação saudável, de transferência de saberes, de cultura e afeto, não usando o abuso do poder. Mais do que nunca Bettega (2010), salienta que nessa era globalizada, a função do educador é fundamental para construir a subjetividade humana.

O docente deve ser um sujeito pensante com identidade estruturada para poder “alfabetizar” emocionalmente aos bebês e crianças pequenas, para que sejam um modelo de identificação para os adolescentes e jovens.

Não se pode negar o quão é importante a responsabilidade do professor no sentido de desenvolver a ação docente. Nisto faz-se necessário repensar o ato educativo e a convivência em sala, assim como a aproximação do educador junto à família do educando, pois elementos como o saber ouvir e observar se faz de fundamental importância neste processo, almejando um resultado de trabalho em conjunto ou seja, um trabalho interdisciplinar, permeado tanto pela Pedagogia quanto pela Psicopedagogia, as quais vem dando suporte ao trabalho do professor.

Dessa forma, de acordo com as ciências ora mencionadas, existem vários fatores que podem implicar na objetividade da educação, entre os quais se encontram, clareza em relação ao docente ao expressar suas ideias e seus pensamentos; utilizando uma linguagem que os alunos têm dificuldade em compreender, ou compreendem-na erradamente, entre outros.

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS - ALGUMAS POSSIBILIDADES PARA SE REFLETIR SOBRE O FAZER DOCENTE

O tema abordado neste estudo acerca da afetividade e aprendizagem, relação professor/aluno é muito importante para que todos os educadores reflitam o fazer docente como educador dentro da sala de aula.

 A expectativa que se tem do papel do professor é a de que ele intervenha de forma ativa junto ao corpo discente e consiga atingir o objetivo de aprendizagem com autoridade, afetividade e autenticidade, proporcionando autonomia individual, bem como a participação consciente e responsável em sala de aula.

Sua função hoje mudou de paradigma, não é mais aquele que dá aulas, mas, aquele capaz de assumir, fazer frente às exigências da vida, com tarefas diferentes daquelas que tradicionalmente lhes eram atribuídas ou seja, professor com a preocupação de cumprir currículos, alheio à realidade, apenas transmitia o saber historicamente acumulado na sociedade que apresentava pouca ou nenhuma serventia.

Essas questões nos levam a indagar novamente até que ponto a formação desse novo professor estará sendo trabalhada para além de ministrar aulas. O professor, assumindo-se como cidadão, tendo consciência da sua cidadania e dos pressupostos teóricos que fundamentam sua prática pedagógica, com certeza, irá colaborar na formação social de seus alunos.

Em aquiescência com tal disposto, Freire (1996), versa que o bom educador é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é desafiante e não um conto de fadas. Nisto os alunos não cansam, não dormem, participam. Pois estão afoitos em acompanhar o desenvolvimento da aula no intuito de sanar suas dúvidas e dificuldades.

Ainda segundo esse mesmo autor o educador autoritário, licencioso, sério, incompetente, irresponsável, mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, passa pelos alunos sem deixar marca positiva, e dessa forma pouco contribui para o ensino-aprendizagem dos alunos pois o ensinar necessita de empatia.

Nesse sentido, a proximidade e a empatia podem ser consideradas como um instrumento da dialogicidade, na medida em que, quando nos juntamos para descobrir, conhecer, resolver problemas, ficar juntos e referendar o outro no seu jeito de ver o mundo, de explicá-lo e mobilizar as experiências e saberes de que é portador, vivenciamos uma relação ontológica, uma relação de totalidade do ser, existencialmente produtiva, nunca uma busca objetivista do conhecimento, muito menos um esforço de uso do parceiro.  (TARDIF, 2012).

Nessa contemporaneidade sabe-se que a construção de relações de proximidade, empatia e significado, no processo de ensino-aprendizagem, será sempre um desafio, visto que é contextualizada, isto é, necessita considerar a história, o ambiente, as trajetórias formativas de professores e alunos, seus saberes e experiências, entre outras habilidades. Pode-se apontar algumas recomendações que contribuem na superação do desafio de construir relações de proximidade e empatia, e perseguir a excelência no ensinar e no aprender.

Entre os desafios é importante salientar ao docente a obrigação de adotar uma postura dialógica, fundada na construção da parceria do saber e na afirmação da vida de cada ator do processo educativo, visando construir coletivamente um ambiente de aprendizagem onde todos possam ser ouvidos, acolhidos e valorizados em seus saberes e experiências, implicando o conhecimento das histórias, trajetórias, perfil dos alunos, seus gostos, problemas e dificuldades, (TARDIF, 2012).

E ao mesmo tempo, buscar   estabelecer, em cada aula ou espaço propicio de ensino-aprendizagem, com condições alegres e gentis para se trabalhar, vivenciando momentos de inquietação epistemológica; produção individual e coletiva, sistematização e valorização das descobertas, procurando identificar os significados da convivência pedagógica.

Consequentemente, cabe ao professor criar espaços de avaliação, entendendo essa avaliação não só como aferição de resultados inerentes à ensinagens-aprendizagem, mas como identificação dos sentidos e significados do saber e do fazer epistemológico e social.  Nessa perspectiva, prima-se por trabalhar o gosto pela curiosidade e a coerente investigação de resultados, motivando atitudes e práticas produtivas, proporcionando um sentido social para a produção do saber.

 

 

 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROYO, Miguel G. Currículo, território em disputa. 5º ed. editora Vozes – Petrópolis, RJ,2013.

 

BAUER, Martin. W. e GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático.  10 ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

 

BETTEGA, Maria Helena Silva. Educação continuada na era digital.  2.ed. – São Paulo: Cortez,2010. – (Coleção questões da nossa época; v. 18).

 

CHARLOT, Bernard. Da relação com saber as práticas educativas. Ed. Cortez – São Paulo, 2013.

 

COLL, César. Ensino, aprendizagem e discurso em sala de aula.Ed. Artmed – São Paulo, 1998.

 

 DELORS, Jackes. Educação tesouro a descobrir. Relatório para Unesco da comissão internacional sobre educação para o século XXI. 7º ed. Editora Cortez. São Paulo,2018.

 

DENZIN, N.K.; LINCOLN, Y.S. O planejamento da pesquisa qualitativa. Porto Alegre; Penso, 2006.

 

FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Ed, Paz e Terra. S.P, 1986.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006, 42.ª edição.

 

FREINET, Celèstin. Pedagogia do bom senso. Ed. WMF Martins Fontes – São Paulo, 2017.

 

GÜNTHER, H. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: Esta é a questão? Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2006.

 

HALL, Stuart. A identidade Cultural na Pós-Modernidade 12º edição – ed. Lamparina, 2015.

 

IMBERNÓN, Francisco. Inovar o ensino e a aprendizagem na universidade. Ed. Cortez – São Paulo, 2017.

 

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. Ed. editora Cortez. São Paulo,2013.

 

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MORIN, Edgar. Os sete saberes para a educação do futuro. Editora Instituto Piaget. São Paulo, 2002.

 

PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. ed. Artmed. – RS,1992.

 

PIAGET, J. A Linguagem e o pensamento da criança. Trad. Manuel Campos. São Paulo: Martins Fontes, 1986. 212p

 

PIMENTA, Selma Garrido e ANASTASIOU, Léa das G. C.  Docência no Ensino Superior 5. Ed. – São Paulo: Cortez, 2014.

 

SHIMAZAKI, E.M. Alfabetização e Letramento em jovens e adultos com deficiência mental. (Tese de doutorado. S.P, 2006).

 

STOKROCKI, R. Eli Andrade. Reflexões para o pôr-do-sol. ed. Sergraf – Curitiba, 2003.

 

 TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 14. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

TAILLE, Yves de La. Limites: Três dimensões educacionais. ed. Ática – São Paulo,2003.

 

TRIVIÑOS, Augusto Nivaldo da Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. Ed. SP: Atlas, 2015.

 

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Currículo: A atividade humana como princípio educativo.  3º ed- editora Libertad – São Paulo, 2011.

 

 

[1] Bacharel em Serviço Social (Fund. Univ. do Tocantins); Acadêmica do último período de Pedagogia(FIAVEC);

[2] Licenciado em Pedagogo (UNEMAT); Mestre em Ensino (UNIC/IFMT);

[3] Licenciada em Geografia pela Faculdade de Educação Ciências e Letras de Iporá; Doutora em Ciências Pedagógicas pela Universidad Central Marta Abreu de Las Villas (Cuba)

[4] Licenciado em Pedagogia (UFMT); Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade de Goiás e mestre em Ciências da Educação pela Universidade Marta Abreu (CUBA).

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