A Culpa não é das Escolas
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A docência não é e nunca foi um sacerdócio. É uma profissão que necessita formação em licenciatura e muita dedicação, embora o Estado ignore o esforço hercúleo de seus docentes, pagando menos que o piso exigido por lei.
Como se não bastasse escolas sucateadas em algumas cidades e Estados, a desvalorização do docente é uma variável que contribui com a educação de baixa qualidade, sendo que outro agravante para esta ocorrência está no próprio sistema que busca não a criticidade de seus educandos, mas a alienação para aumentar cada vez mais a massa de manobra.
Por meio do sistema, busca-se formar pessoas subalternas, docilizadas e manipuláveis para que seja enraizada em nosso sistema político, a escória da sociedade.
Sendo assim, qualquer meio que o docente busca para trabalhar o protagonismo cognoscente, o discernimento, ou algo que faça o aluno ser crítico e seu próprio agente de mudanças, o sistema por meio de políticos oportunistas afirmam que as escolas estão doutrinando seus alunos e criam-se formas de subtrair tudo que poderia alavancar a cidadania e as transformações oriundas de uma educação de qualidade.
O analfabetismo funcional e político passa a ser a bandeira levantada por estes oportunistas, uma vez que este binômio se torna a pedra angular para perpetuar a mais vil política e totalmente sem vínculo com o seu povo.
São pessoas que se encontram idiotizadas, mas com grande parcela de culpa dos pais e/ou responsáveis, que simplesmente acatam, como também compactuam com tais ações.
Em época remota, era afirmado que a escola era uma extensão do lar, hoje, nós educadores não poderemos aceitar esta afirmação, uma vez que uma instituição educacional tem regras e regulamentos, o que nem sempre se encontram nos lares de seus educandos.
Em muitos lares encontram-se pais desiquilibrados e omissos quanto o ato de educar seus filhos.
São relapsos, permissivos e desrespeitosos quando um professor resolve “educar” seu aluno, ao ponto de ser péssimo exemplo ao agredir com palavras ou fisicamente o professor que apenas cumpriu o seu dever como docente.
Comportamentos assim, reverberam em seus filhos, tornando-os também desrespeitosos, individualistas, licenciosos, tudo isso, reflexo de uma educação informal falida, isso porque a verdadeira educação vem do berço[1].
A escola voltará a ser uma extensão do lar quando os pais voltarem a ser respeitados pelos filhos e quando estes mesmos pais se tornarem os verdadeiros parceiros da escola, apoiando em suas ações educativas e exigindo pelo menos, o respeito de seus filhos aos professores.
Tudo que tem acontecido na atual educação, tem corresponsabilidade do sistema político, sistema educacional e dos pais permissivos, omissos e licenciosos.
Hoje estamos com uma geração formada por pessoas cheias de opiniões baseadas em fakenews e falácias, alimentando um ego falho e com forte desvio de caráter, o que acarretará em uma geração de gente fraca que trará consigo tempos difíceis, mas como consequência as gerações seguintes serão formadas por homens fortes.
Homens que não deixaram subtrair sua consciência de classe, seu humanismo e tampouco sua dignidade.
Que os professores, mesmo apesar de tantos reveses, possam continuar com seu árduo trabalho em ensinar e como também educar, já que este último verbo foi olvidado pela família.
[1] TAVARES, Wolmer Ricardo. Escola não é Depósito de Crianças: A importância da família na educação dos filhos. Rio de Janeiro: WAK, 2012.